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domingo, 30 de maio de 2010

FILMOTECA ESSENCIAL - BRASIL (04)

Romance da Empregada, filme brasileiro de 1988, dirigido por Bruno Barreto. Quando vi pela primeira vez, gostei apenas um pouco. Confesso que a segunda vez que o vi, foi totalmente diferente. A história de Fausta (Betty Faria) me conquistou. Depois de algum tempo, conheci Pek, o autor do blog Insensatez, e este é um dos filmes que ele mais elogia. Fausta é empregada doméstica e leva uma vida miserável, mora longe, à beira de um rio fétido, no subúrbio do Rio de Janeiro. Vive um casamento fracassado com João (Daniel Filho), um motorista de caminhão em uma pedreira que não gosta de trabalhar. Diariamente, pega o trem para ir ao trabalho. Na saída da estação de trem, conhece Zé da Placa (Brandão Filho), que carrega uma placa anunciando retratos 3 X 4, chapa de pulmão e xerox. Ele é louco por ela e lhe presenteia com um perfume, destes bem vagabundos. Apesar de também não ter posses, Fausta enxerga nele a sua salvação e aproveita dos seus gracejos para chegar perto de seu dinheiro. Ela quer ao mesmo tempo um carinho, um companheiro que lhe faça feliz, mas também quer os presentes e o dinheiro que o velho (como ela o chama) lhe dá. O filme não tem nada de glamour. Muito antes pelo contrário, ele é anti-glamour. A interpretação de Betty Faria é marcante. Ela constroi uma empregada sem modos, com gestos e atitudes vulgares, mas que sabe aproveitar a vida, seja bebendo sua cachaça diária, fazendo um passeio à Ilha de Paquetá, com direito a uma praia cheia de farofeiros (há uma tomada que um figurante se serve de macarrão dentro de uma panela em plena areia), ou indo dançar no forró os sucessos do momento. Brandão Filho também tem um desempenho memorável, embora com caras e bocas que sempre lhe foram características. E Daniel Filho, gordo, bêbado e vagabundo é outro destaque. Além destes três ótimos atores, há um desfile de rostos conhecidos da televisão brasileira, alguns em aparições meteóricas, como Cristina Pereira, Zezé Polessa, Cláudia Gimenez, Raul Gazolla, Stella Freitas, Neuza Borges, Antônio Pedro, Marcos Palmeira, Tonico Pereira, Tamara Taxman, Fafi Siqueira e Vic Militello.
Destaco três inusitadas cenas, entre várias de grande interesse:

01) Fausta ouvindo seu rádio/headphone na fila para pegar a barca para Paquetá;
02) A única cena de sexo do filme, entre João e a mulher que carrega lata d'água na cabeça, enquanto Fausta vai dormir na casa da patroa;
03) Fausta vestindo as roupas da patroa enquanto ela está viajando, dublando Sandra de Sá cantando a versão brasileira para o sucesso Typical Male, de Tina Turner.

A cena final é emblemática, com Fausta e as galinhas em cima do telhado de sua casa, inundada até a metade pela enchente. O máximo do anti-glamour.

2 comentários:

  1. Noel,
    Como bem sabe, adoro esse filme.
    E a Betty Faria está sensacional!!!
    Bjs

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  2. Pek,

    Nem precisava dizer,pois sei o quanto gosta deste filme. Betty Faria realmente está fantástica.

    Bjs.

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