Cartas de Amor - Electropoprockoperamusical é o nome da peça em cartaz no Teatro II do CCBB de Brasília. Tem roteiro, letras e direção de Flávio Graff, co-direção de Emílio de Mello, direção musical e música original de Felipe Storino. O elenco é formado por Dedina Bernardelli, Fernando Alves Pinto, Flávio Graff e Felipe Storino. Ingresso a R$ 7,50 a meia entrada (correntista do Banco do Brasil). Logo que se entra no teatro, já vemos que o que assistiremos é diferente. As cadeiras estão espalhadas de forma irregular no espaço, cada uma virada para um lado. Alguns não entendem a proposta e consertam-nas, virando-as para a mesa de madeira no centro. Mas, no decorrer do espetáculo, percebem que o musical acontece nos quatro cantos do teatro, além da própria mesa central. Há um vira e revira corpo para seguir, às vezes, mais de uma cena acontecendo ao mesmo tempo. O que vemos é uma mistura de teatro, vídeo-arte, música (ao vivo e gravada), performance, leitura de cartas e postais, e, até mesmo, artes plásticas, pois as cenas projetadas nas laterais do teatro parecem quadros ou fotografias expostas em uma galeria. Ainda com as portas abertas, os atores circulam entre as cadeiras sussurrando frases nos ouvidos do público. O ator Fávio Graff disse, bem baixinho, no meu ouvido três frases, me entregando duas tiras de papel com os seguintes dizeres: "Porque eu não quero me sentir assim para sempre", Porque eu não quero mais sofrer" e "Nem me iludir mais de felicidade". Não há uma história linear. São cenas retratando o amor ou a desilusão do amor, seja ele na forma de reconciliação, separação, amizade, solidão, busca de si próprio. As músicas são cantadas ao vivo pelos atores, mas também há duetos dos atores com eles próprios em projeção nos vídeos, numa bela sincronia. Há um momento do espetáculo em que há uma clara opção pelo naturalismo, quando os atores leem cartões postais ao redor da mesa central, enquanto um couscous marroquino é preparado por Dedina. Ela chega a dialogar com um espectador (no caso, eu) sobre um cartão postal que havia recebido onde continha a receita de um fácil bolo de fubá. Talvez esta cena com os postais tenha destoado um pouco da proposta de todo o espetáculo, mas a plateia já está tão absorta nas idas e vindas do amor, que não se importa com este momento natural. Ao final da cena, o couscous é servido para quase toda a plateia, que, diga-se, lotou o teatro em plena quarta-feira à noite, mostrando que há público para espetáculos de artes cênicas durante a semana em Brasília. Enquanto o público apreciava a iguaria marroquina, eles voltaram a cantar. Já estávamos perto do final. Flávio Graff aproveitou para fazer os agradecimentos de praxe e apresentar o elenco. Fim de um belo espetáculo.
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