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sábado, 23 de outubro de 2010

DOIS DIAS EM BELO HORIZONTE

Estive em Belo Horizonte para uma reunião de trabalho na sexta-feira. Cheguei no final da tarde da quinta-feira, aproveitando para comparecer ao show de Raquel Filogônio no Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21). Ela esteve afastada dos palcos nos últimos dez anos. Resolveu voltar em grande estilo, fazendo um show em celebração aos seus cinquenta anos de vida. Foi um lindo presente que ela deu aos convidados, amigos, familiares e colegas de trabalho, que lotaram o teatro. Visivelmente emocionada, iniciou, de forma arrebatadora, com uma música do mineiro Sérgio Moreira, Cafuso, evocando as origens de todos nós brasileiros. Ao final desta primeira música, confessou que estava nervosa e que o show era para todos nós. Foi uma sucessão de belas canções, interpretadas com emoção, mesclando sucessos conhecidos de todos e algumas surpresas, como as músicas Noir e O Grito, ambas de Cláudio Dias, seu marido. O Que É Amar, de Johnny Alf, foi apenas acompanhada pelo potente sax de seu irmão Ibrahim. Fez uma releitura de Coroné Antônio Bento (Tim Maia), com citação de um gostoso forró. Iniciou na levada hip hop a canção É (Gonzaguinha), fazendo citação de Comida (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito), cantando lindamente este hino à vida e à liberdade. Depois de uma hora de show, ela encerrou com O Grito, de seu marido, deixando o público com um gostinho de quero mais. Pedimos bis. Ela voltou, convidou todos para, de pé, dançarem Ai Ai Ai (Vanessa da Mata). A celebração estava plena. Todos saíram para cumprimentá-la pelo aniversário  e pelo belo show no saguão da biblioteca, onde houve uma confraternização regada a espumante e comidinhas.
Já na sexta, cheguei no final da manhã para a reunião de dia inteiro, com parada estratégica para almoçar, por volta de 13:30 horas. Eu e Kitty pegamos um táxi no Centro rumo ao Santo Agostinho para almoçarmos no Haus Munchen (Rua Juiz de Fora, 1.257), antigo restaurante da cidade especializado em comida alemã. Durante o dia, um serviço de buffet é oferecido pela casa em duas opções: um completo, com as iguarias alemãs e outro mais simples. Preferimos o completo. As carnes são servidas à mesa, preparadas na medida em que os pedidos são feitos. Pedimos salsichão branco com mostardas clara e escura, kassler, picanha e filé mignon. Todos muito bem temperados e bem feitos. No buffet, nos servimos de salada de batatas, repolho roxo e chucrute. De sobremesa, apfeltrudel, o famoso folhado de maçã alemão. Belo almoço, revisitando um restaurante que não ia pelo menos há duas décadas. Voltei ao trabalho e à reunião, que terminou perto de seis horas da tarde.
Aproveitei que estava no Centro, peguei um táxi e fui visitar um amigo, Murilo. Na casa dele, decidimos ir à Mostra Cine BH, um festival de cinema que acontece na Praça Santa Tereza, reduto de boêmios da cidade no bairro homônimo. O festival está em sua quarta edição, sempre com entrada gratuita para toda sua programação de filmes. Estes filmes são exibidos em quatro endereços: um no Centro, na Sala Humberto Mauro do Palácio das Artes e os outros três na famosa praça. Uma sala foi montada no antigo Cine Santa Tereza, que, injustamente, fica fechado o ano inteiro, só abrindo para esta mostra. Outro local de exibição é o Cine Tenda, em local fechado, armado na própria praça. O maior espaço está em céu aberto, no centro da praça, o Cine Praça, onde decidimos assistir ao excelente e informativo documentário Uma Noite em 67, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil. Antes do início do filme, marcado para 21:30 horas, sentamo-nos no Bar Bolão (Praça Duque de Caxias, 288, Santa Tereza), famoso por suas noites e madrugadas regadas a cerveja gelada e espaguete à bolognesa. Na hora de começar o filme, voltamos ao centro da praça que tinha um excelente público ocupando as cadeiras de plástico preto. O documentário traz histórias de bastidores, entrevistas com os envolvidos e apresenta os números musicais na final do 3º Festival de Música da Record, em 1967. Os depoimentos atuais de Chico Buarque, Solano Ribeiro, Caetano Veloso, Sérgio Cabral, Gilberto Gil, Zuza Homem de Mello, Sérgio Ricardo, Nelson Motta, Edu Lobo, MPB-4, aliados às entrevistas que os mesmos cantores deram à Cidinha Campos, Reale Jr. à época dão um toque especial neste documentário. Nas entrevistas de 1967, destaque para a com Sérgio Dias de um desconhecido grupo Mutantes, de Roberto Carlos, Marília Medaglia, que dividiu os vocais com Edu Lobo na vitoriosa Ponteio. Este festival ficou famoso pela vaia que impediu Sérgio Ricardo de cantar Beto Bom de Bola, quebrando o violão e o jogando na plateia, da mesma vaia que Caetano levou ao apresentar Alegria, Alegria, 4º lugar, mas que, ao final de sua apresentação, foi aplaudidíssima, de Gil tirando o segundo lugar com Domingo no Parque, quando colocou os Mutantes para tocar guitarra no palco (ele havia participado meses antes de uma passeata contra a guitarra elétrica), de Roberto Carlos levando uma vaia com o quinto lugar, o samba Maria Carnaval e Cinzas, das mulheres histéricas gritando pelo jovem Chico Buarque, terceiro lugar com Roda Viva. Gostei muito.
Ao final, nos encontramos com Pek, resolvendo aproveitar o fim de noite e início de madrugada como os belohorizontinos gostam de fazer. Sentamos em um dos vários bares da região, o Marilton's Bar (Rua Quimberlita, 205, Santa Tereza), para jogar conversa fora, petiscando um delicioso pastel de angu e, para quem bebe, uma cerveja bem gelada. Nada mais mineiro.

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