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domingo, 17 de outubro de 2010

PULSAÇÕES

Vinte e oito. Este é o número máximo de público para o espetáculo Pulsações que entrará em cartaz no próximo dia 21 de outubro na Casa de Cultura da América Latina (Setor Comercial Sul, Quadra 04, Edifício Anápolis, 2º andar), com entrada franca. São textos fragmentados de Clarice Lispector cuja adaptação dramatúrgica coube a André Luís Gomes, enquanto a direção ficou a cargo de Rita de Cássia de Almeida Castro. Ambos são professores da Universidade de Brasília - UnB. Dois atores e cinco atrizes interpretam, durante 70 minutos, os textos sempre intrigantes de Lispector. Acompanham os atores dois músicos que executam ao vivo alguns instrumentos musicais. Eu e Ric fomos convidados para uma espécie de ensaio aberto na noite de sábado. O público é recebido, em uma sala escura, pelos atores que cantam uma música enquanto nos entregam sapatilhas para cobrir os pés. Um a um é vendado antes de entrar no espaço cênico. Fui um dos primeiros a ser conduzido por uma das atrizes ao meu lugar. Com os olhos vendados, fiquei sentado à espera de todos se sentarem. Nestes minutos, vivemos uma experiência diferente, onde as percepções sensoriais são potencializadas. O tato foi o primeiro, já que temos que entrar segurando a mão da atriz. Em seguida, sons de água sendo despejada em um vasilhame qualquer e de instrumentos musicais não convencionais, como o didgeridoo, são percebidos tanto perto, quanto longe de nós. Outra sensação do tato é possibilitada, desta vez com o vento produzido pelo abanar de leques no nosso corpo. Alguém borrifa no ar um perfume, garantindo o sentido do olfato se fazer presente. Quando todos já estão nos seus devidos lugares, uma atriz retirou minha venda e um espelho estava situado em frente aos meus olhos. Aliado ao texto de Clarice, o sentido da visão ficou aguçado. Faltava o paladar, pensei. Mas ao longo do espetáculo, em uma cena lúdica e deliciosa, chicletes são distribuídos para a plateia que é convidada a mascá-lo. O ambiente é todo branco, motivo das sapatilhas nos pés. O figurino é muito bonito, todo em tons de bege, sempre esmaecido, pastel. Há também uma interação entre encenação e projeção de vídeos feitos especialmente para a peça. Até mesmo um pequeno número em tecido faz parte da peça. O tecido é vermelho, fazendo um belo contraste com o branco total do ambiente. Os textos escolhidos são sensacionais e casam perfeitamente com a proposta de dramaturgia colocada em prática pelos atores. Sou suspeito para falar, pois gosto muito de Clarice Lispector, mas gostei muito do que vi. Destaco algumas cenas: o início vendado; as noivas caminhando fazendo o balanço das águas do mar; os dois garotos que nadam no mar, transformado em uma caixa de vidro; o voo no tecido vermelho, as rainhas más diante do espelho, em uma alusão à Branca de Neve. Alguns problemas técnicos ainda precisam ser corrigidos, como o volume da voz e barulhos na coxia, mas como era um ensaio aberto, tivemos a oportunidade de conversar com diretores e atores ao final da peça, quando expusemos nossas opiniões. Devo voltar para ver o espetáculo em sua versão final. Vale a pena conhecer.

4 comentários:

  1. Gostei da proposta. Espero que Roger e eu possamos ir. Bjs.

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  2. Voyeur,

    Se tiver oportunidade, não deixe de ir. Creio que você e Roger irão gostar.

    Bjs.

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  3. Noel,

    Adorei os comentários e agradeço sua presença sempre teatral e criteriosa. Seus comentários foram valiosos e esperamos por vc durante a temporada.
    Abraço pulsante,
    André

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  4. André,

    Voltarei, com certeza.

    Abraços.

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