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domingo, 25 de setembro de 2011

MOSTRA LUNA LUNERA 10 ANOS - "NESTA DATA QUERIDA"

Cheguei em Belo Horizonte no início da noite de sexta-feira, dia 23/09. Já havia combinado com Pek para nos encontrarmos na porta do Teatro Dom Silvério por volta das 20:30 horas, onde estava em cartaz a peça Nesta Data Querida do repertório da Cia Luna Lunera, que comemora seus dez anos com uma mostra durante o mês de setembro de três de suas montagens. Esta peça data de 2003. Pek me presenteou com o ingresso. Mais quatro amigos compraram bilhetes para a mesma data. A entrada do teatro fica no mesmo local da entrada para os camarotes do Chevrolet Hall. Não parava de chegar garotas acompanhadas de seus pais para ver um tal de Nick Jones. Eu não fazia a menor ideia de quem se tratava, mas, com certeza, era algum ídolo teen. As pessoas que chegavam para a peça tomavam um susto ao ver um grande número de adolescentes, a esmagadora maioria eram meninas. O susto inicial passava quando viam os cartazes, fotos e lembranças que os ambulantes vendiam na portaria alusivos ao show do tal Jones. Nunca tinha ido a este teatro, embora ele já exista há alguns anos. É bonito, com decoração que remete a décadas passadas, em tom esverdeado. A sessão recebeu um bom público, mas o teatro não ficou lotado. Quando entramos, os três atores que encenam Nesta Data Querida já estavam em cena, de costas para o público. O cenário invocava uma sala de uma típica casa das décadas de cinquenta/sessenta, com mesa de fórmica, cadeiras com estofado de napa azul e pés de ferro, radiola com pé palito, uma grande quantidade de abajour e muitos balões vermelhos e azuis no chão. Em cima da mesa estavam chapéus de festinha de criança, docinhos e um bolo de chocolate. Na radiola, discos de vinil de Gal Costa, Baby Consuelo (ainda não se chamava Baby do Brasil), A Turma do Balão Mágico, entre outros. Com dez minutos de atraso, às 21:10 horas, as luzes se apagaram e o texto de Guilherme Lessa começou a ser encenado, com direção de Rita Clemente. A trupe tem mais atores, mas nem sempre todo o elenco participa das montagens. Em Nesta Data Querida, apenas dois atores fazem parte da companhia: Cláudia Corrêa (Rosa) e Cláudio Dias (Erre). Ana Flávia Rennó  (Antonieta) já fez parte da trupe, mas hoje faz trabalhos independentes. É convidada nesta mostra comemorativa.. Em pouco mais de cinquenta minutos vemos uma festa triste. Antonieta preparou uma festa para o filho com muito balão, brigadeiro e coxinha (nada mais mineiro!). O filho não está. Dois convidados chegam à festa. Eles não conhecem o aniversariante e nem sequer sabem sua idade. Foram convidados no mesmo dia da festa em um salão de beleza onde Antonieta foi se preparar. Lá, ela convidou Erre, seu cabeleireiro, e Rosa, uma cliente do salão. Os convidados ficam sem lugar em uma festa estranha, o mesmo acontecendo com Antonieta, mas, aos poucos, as frustrações e medos das três pessoas vão sendo expostas. Suas máscaras caem e a solidão em que vivem é escancarada. Alguns temas ligados às neuroses do mundo moderno são abordados, mesmo que sem um maior aprofundamento, como a bulimia (há uma cena na qual a atriz, depois de comer várias coxinhas, vai até um canto da sala e provoca o vômito, enfiando o dedo na garganta - cena nojenta!), a não aceitação do corpo (o cabeleireiro anda com uma navalha no bolso e tenta cortar seu pênis, encerrando uma performance particular no centro da sala de Antonieta), e a não aceitação da perda de um ente querido, no caso o filho de Antonieta (fica claro que a festa é para uma criança que já morreu). Os três atores fazem belo trabalho, incluindo os sustos quando algum balão estourava. A performance é intensa, mostrando para a plateia as frustrações do homem moderno, a dificuldade de se relacionar, a solidão em meio a um mar de pessoas. Gostei da peça, mas não é, em minha opinião, a melhor do grupo. A montagem "Aqueles Dois", de 2007 é bem superior. Saímos do teatro direto para um bar de vinhos localizado bem próximo de onde estávamos, onde também é uma distribuidora da importadora Zahil. O bar chama-se Outono 81 (Rua Outono, 81, Carmo). Não havia mesa disponível no salão interno. Onde outrora foi uma garagem, há mesas altas, como se fosse um balcão em forma sinuosa, onde logo vagaram seis espaços, três cadeiras de cada lado. Ficamos ali batendo papo até o início da madrugada. Não comi nada e bebi apenas água com gás. Estava totalmente sem fome, algo difícil de acontecer.


2 comentários:

  1. Noel,
    A noite foi ótima.
    Só uma correçãozinha:
    - a Fafá Rennó é que faz a mãe, e foi a que deixou a Cia;é atriz convidada. A Claudia Corrêa, que faz a Rosa, continua na trupe.

    Bjs
    Pek

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  2. Pek,

    Noite agradabilíssima. Obrigado pela correção, já efetuada no texto.

    Bjs.

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