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terça-feira, 30 de novembro de 2021

FERIDA (BRUISED)

Ferida (Bruised), 2020, 129 minutos.

Filme dirigido e protagonizado por Halle Berry, que estreia na direção.

Berry é uma lutadora de MMA que abandona o octógono durante uma luta, no auge da carreira. Alguns anos depois, ela vive uma relação tóxica com seu companheiro, também seu empresário, mergulhou de cabeça no alcoolismo, não consegue se fixar em emprego e precisa de grana. Para piorar, o filho de seis anos que ela havia abandonado, deixando-o com pai, fica órfão de pai e vai viver com ela. O menino não fala pelo trauma de ter visto o pai morrer. Ela, então, volta a treinar para encarar novamente o octógono e ganhar dinheiro.

História de superação, de redenção, de afirmação como mulher, negra, em um universo essencialmente masculino.

Este tipo de filme já vimos um montão de vezes. Não consigo deixar de fazer comparação com o filme Menina de Ouro, dirigido por Clint Eastwood.

Ferida é mais cru, menos sentimental, com ótima performance da atriz Halle Berry.

Embora não sejam os temas centrais, racismo e misoginia estão inseridos na trama.

A luta final é muito bem filmada, cheia de detalhes técnicos de uma luta livre (que não aprecio), mas é longa demais. A luta de disputa do título mundial é entre uma negra (Berry) e uma argentina, com uma bela mensagem, ao final, de união entre as mulheres, especialmente as mais discriminadas no território norte-americano: negras e latinas.

No mais, muitos clichês neste tipo de trama.

Vi, em 26/11/2021, na Netflix.  

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

SPENCER

Spencer (Spencer), 2021, 117 minutos.

Direção de Pablo Larraín, roteiro de Steven Knight, estrelado por Kristen Stewart (Diana).

Primeiramente, até ver Spencer, tinha sérias restrições quanto ao trabalho de Stewart, especialmente por seu papel na saga Crepúsculo e como protagonista do horrível Branca de Neve e O Caçador. Mas minha percepção dela como atriz mudou totalmente depois de sua performance como a Diana-Spencer, a eterna Lady Di, no filme Spencer. Realmente é digna de indicações como melhor atriz como apontam as pré-listas e apostas para as premiações do cinema norte-americano de 2021, em especial o Oscar.

Nunca li nenhuma biografia sobre Lady Di, por isso não posso dizer se a história narrada em Spencer é fiel aos fatos ou se há muita licença poética do roteirista e do diretor. O que sei é que o filme é muito bom, com bela direção de arte, figurinos deslumbrantes e uma fotografia de encher os olhos.

A história se concentra nas festividades do Natal de 1991 em um castelo da família real inglesa.

Diana está completamente perdida mentalmente (na cena inicial, um indicativo deste transtorno, ela entra em uma lanchonete na beira da estrada e pergunta onde ela está), se sentindo um peixe fora do aquário dentro da família real. Seus problemas psíquicos se tornam um transtorno, tanto para ela, como para seus filhos e para a realeza. Sofre de bulimia, tem um pé na esquizofrenia, enxerga o fantasma de Ana Bolena, cuja biografia ela estava lendo. Fica apática, sem vontade de nada, ou melhor, sua vontade é se livrar do casamento, das amarras daquela família e ser livre (há uma metáfora interessante, quando ela conversa com um faisão que está prestes a ser morto, juntamente com vários outros da mesma espécie, em um tiro ao faisão, tradição da família real. Ela insiste para o faisão fugir, ir para longe dali).

Ela é vigiada o tempo todo, tanto pelos paparazzi, que ficam de tocaia nas imediações do castelo onde passa as festividades do Natal, quanto pelos empregados, todos fidelíssimos à rainha.

É um filme sobre a solidão. Mesmo cercada de empregados e de familiares, Diana sempre está cabisbaixa, com olhares parados, imersa em seus pensamentos e em seus devaneios, não podendo ser dona de seu próprio destino (até as roupas que ela vai vestir em cada refeição é ditada pelas regras da realeza).

Nesta etapa de sua vida, o casamento com o Príncipe Charles já estava degringolado, sua relação com ele era meramente formal, o caso extraconjugal dele já era público. Há um ótimo diálogo entre Diana e Charles onde ele diz que todos eles deviam ser dois. Um tipo para ser visto pelo público e outro, entre paredes.

O filme mostra uma rainha má, um príncipe distante e uma Lady Di com sérios transtornos psicológicos. Até que ponto cada uma destas características é verdadeira é o grande nó da questão.

Vi, em 26/11/2021, no Stremio.


domingo, 28 de novembro de 2021

O DEMÔNIO DAS ONZE HORAS (PIERROT LE FOU)

O Demônio das Onze Horas (Pierrot le fou), 1965, 110 minutos.

Direção de Jean-Luc Godard. Protagonizado por Jean-Paul Belmondo (Ferdinand) e Anna Karina (Marianne).

Eu vi este filme no início dos anos 1980, quando era estudante de economia na UFMG. Na faculdade tinha um cine clube que eu costumava frequentar. Só passava filmes de cineastas cultuados, como é o caso de Godard.

Confesso que detestei o filme.

Quatro décadas depois, o revi, pois estou inscrito no Clube de Análise Fílmica, coordenado pelo Prof. Alisson Gutemberg, cujo tema das aulas de novembro é o cinema de Jean-Luc Godard.

Revi Pierrot le fou com outro olhar. Já tinha participado de duas aulas sobre o cineasta francês, adquirindo conhecimentos, não só do professor, mas também da galera que participa do clube, com intervenções, ao final da exposição de Alisson, muito enriquecedoras. Com tal bagagem, além de centenas de filmes assistidos neste intervalo entre o primeiro contato com o filme e este último, minhas impressões foram outras.

O filme é uma ode de amor, não só pelo próprio roteiro, com a fuga de Ferdinand, casado com uma burguesa fútil, com Marianne, uma mulher decidida, com bagagem cultural, mas também um amor às artes.

A obra cinematográfica de Godard é repleta de citações e isto não é diferente em Pierrot le fou. Citações explícitas, verbais, como no diálogo de Ferdinand com a esposa, quando ele afirma que deu folga para a empregada da casa três vezes naquela semana para ela ir ao cinema ver Johnny Guitar, de Nicholas Ray, ou quando ele lê diversos trechos de livros, que é o caso da cena inicial, na qual Ferdinand está em uma banheira lendo, em voz alta, trechos sobre o pintor espanhol Diego Velázquez para um menininha, que não presta atenção, mirando o infinito.

Também há citações visuais, com diversas reproduções de pinturas na parede dos quartos, a exemplo de Renoir, Modigliani, Chagall e Picasso.

Ao participar da análise do filme no Clube de Análise Fílmica, tomei conhecimento de que a maior citação de todas é a do poeta francês Arthur Rinbaud. Citações verbais, citações visuais (desde a formação do título no início do filme), características do próprio personagem Ferdinand, até um poema declamado em off na cena final.

Outro ponto a destacar é o uso das cores para ajudar a transmitir os momentos/sentimentos vividos por Ferdinand. Ainda casado, ele vai a uma festa de ricos. Na medida em que seu tédio vai aumentando, as cenas ficam monocromáticas, passando pelo vermelho, o azul, chegando ao verde pálido, cena em que ele trava um diálogo com o diretor norte-americano Samuel Fuller (neste diálogo, Fuller define o cinema como "emoção") e sai da festa.

Nesta mesma festa, o diretor mostra a diferença de Ferdinand para a maioria dos presentes. Enquanto ele buscava sempre cultura, os homens presentes discutiam qual carro era melhor: Alfa Romeo X Oldsmobile, e as mulheres debatiam sobre desodorantes e laquês. A futilidade X o conhecimento. 

Quando ele estava vivendo com Marianne em uma casa no litoral, a fotografia é vibrante, é solar.

Ainda coube no filme inserções/críticas contra a violência das guerras, pois ainda havia marcas da Guerra da Argélia nos franceses, e estava em curso a Guerra do Vietnã na época em que o filme foi feito.

Desta vez não achei chato, muito antes pelo contrário, pois fiquei entretido, observei vários aspectos que tinham passado despercebido quando o vi pela primeira vez. Gostei muito.

Vi, em 25/11/2021, no Telecine Play.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O CASO COLLINI (DER FALL COLLINI)


O Caso Collini
(Der Fall Collini), 2019, 123 minutos.

Filme alemão dirigido por Marco Kreuzpaintner, estrelado por Elyas M'Barek (Caspar Leinen), Alexandra Maria Lara (Johanna Meyer), Manfred Zapatka (Hans Meyer) e Franco Nero (Fabrizio Collini).

Caspar Leinen, jovem defensor público, assume seu primeiro caso: defender Fabrizio Collini acusado de um assassinato, sem saber, inicialmente, que o morto era Hans Meyer, um senhor que praticamente o criou juntamente com seus dois netos. Ele tem um caso amoroso com Johanna, neta de Meyer. Ao saber que estaria defendendo o assassino de Meyer, ele tem conflitos internos entre defendê-lo, um desafio e tanto para se dar bem em sua carreira jurídica, e abandonar o caso porque tem um sentimento carinhoso por aquele que lhe ajudou a ter estudos. A coisa se complica porque Collini se recusa a falar qualquer palavra no tribunal. Não fala nem mesmo com Caspar, seu defensor público. Mas ao estudar o passado de Collini, Casper identifica que não se trata de um simples assassinato, pois na época da II Grande Guerra, Meyer cometeu crimes de guerra em uma cidade italiana. Muitas reviravoltas, com final surpreendente.

O diretor de fotografia optou por uma paleta de cores com tons amarelados, dando um visual de desgaste ao filme, situação que demonstra o que os personagens no tribunal vão sentindo ao longo do julgamento, que é interrompido várias vezes pela juíza que o preside.

Atuações convincentes de todo o elenco, com destaque para Franco Nero, que confere a Collini um ar de poucos amigos, de amargurado com o passado e atormentado por seu único objetivo de viver.

Vi, em 24/11/2021, na Netflix.

NO RITMO DO CORAÇÃO (CODA)

No Ritmo do Coração (CODA), 2021, 111 minutos.

Filme dirigido por Siân Heder, que também assina o roteiro, adaptado do filme francês La Famille Bélier ( Victoria Bedos, 2014).

Estrelado pelos atores surdos Marlee Matlin (Jackie Rossi), Troy Kotsur (Frank Rossi), Daniel Durant (Leo Rossi), além da atriz protagonista, que não é surda, Emilia Jones (Ruby Rossi).

Ruby é a única da família Rossi que não é surda, o que a faz intérprete da família em diversas situações. Ela ajuda o pai e o irmão em um basco pesqueiro e, mais tarde, também vai auxiliá-los na criação de uma cooperativa de pescadores. Ruby tem paixão pela música, entra no coral da escola, se destaca, recebe aulas particulares de seu professor de música e se inscreve para uma audição cujo objetivo é entrar em prestigiosa faculdade de música de Boston. Ela vai vivenciar conflitos com a família, especialmente com sua mãe, em relação a esta aspiração musical.

O roteiro é muito previsível, sem nenhuma surpresa ou reviravolta. O tema é sensível, agrada grande parcela dos expectadores, tanto é que sua nota é alta nos sites de avaliação de cinema e está presente em várias listas de possíveis indicações para os prêmios do cinema norte-americano de 2021/2022.

O roteiro é redondinho, mas sem algo que saia da zona de conforto.

Há cenas bem marcantes, especialmente quando na apresentação do coral da escola, em que Ruby canta no palco, seus pais estão na plateia, mas como não ouvem nada, conversa utilizando linguagem de sinais sobre o que irão comer.

Em um certo momento, a diretora tira totalmente o som do filme para que nós, os expectadores, tenhamos uma noção do que é ser surdo, especialmente em uma sala de espetáculo musical. Mexe com o sentimento de quem está assistindo, como uma ligeira quebra da quarta parede. O expectador entra no clima dos personagens surdos, deixando de ser um mero expectador. Sacada interessante da diretora.

No mais, filme leve e sem maiores pretensões.

Fiquei curioso com o título original - CODA. É uma sigla para crianças filhas de adultos surdos (children of deaf adults). O título brasileiro tem uma relação grande com a protagonista e suas aspirações.

Esteve em cartaz nos cinemas de Belo Horizonte, mas já não está mais. Vi, em 24/11/2021, no Stremio.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

NOITE PASSADA EM SOHO (LAST NIGHT IN SOHO)

Noite Passada em Soho (Last Night in Soho), 2021, 116 minutos.

Dirigido por Edgar Wright e estrelado por Thomasin McKenzie (Eloise), Anya Taylor-Joy (Sandie) Mat Smith (Jack), Diana Ring (Ms. Collins), Terence Stamp (homem idoso) e Rita Tushingham (avó de Eloise).

Garota do interior, Eloise é criada pela avó materna, pois não conheceu o pai e sua mãe se matou quando ela tinha 7 anos. Ela é fascinada com os anos 1960, adora moda, é aprovada para fazer curso de moda em uma faculdade de Londres, para onde se muda. Inicialmente foi dividir um quarto na moradia estudantil, mas não se deu bem com as colegas. Mudou-se para um quarto na parte de cima de um casarão antigo de Londres, tendo como senhoria uma senhora idosa, que dita as regras para a mocinha: nada de cigarros e homens depois das 20 horas no quarto. Ao dormir, ela se transporta para os anos 1960, ficando entusiasmada com o que vê, quando conhece Sandie. O que era no início fascinação e inspiração para suas aulas, suas "viagens" à década de 60 torna-se um suplício, um verdadeiro horror.

O filme tem paleta de cores fortes, com tons de vermelho determinando o momento de cada cena nos anos 60, e tons mais neutros/pastéis nos dias atuais quando vemos a sala de aula.

O diretor parece gostar dos anos 60, pois a trilha sonora é fantástica, o figurino e penteados estão perfeitos, com muito cigarro e charuto em cena.

O que mais me chamou a atenção é o uso constante do suspense psicológico, deixando-nos em dúvida se as idas ao passado são sonhos de Eloise ou é um início de uma esquizofrenia, doença que sua mãe tinha.

Wright homenageia filmes da década de 1960, como O Bebê de Rosemary (1968), quando usa o suspense psicológico implícito; A Bela da Tarde (1967), com várias mãos e braços masculinos pegando Eloise em seu quarto; A Noite dos Mortos Vivos (1968), quando aparecem para Eloise dezenas de homens com os rostos desfigurados.

Elementos característicos de Alfred Hitchcock, especialmente os de filmes de sua fase inglesa, também estão presentes. Mas as reviravoltas nestas apropriações de filmes clássicos é constante, pois há também uso de elementos dos filmes slasher (serial killer, faca como instrumento de assassinato, mulheres bonitas, o medo de dormir e sonhar - A Hora do Pesadelo) ou daqueles que exploravam os corpos femininos.

Para seguir nas homenagens, estão no elenco três atores idosos que fizeram sucesso em filmes ingleses e europeus nos anos 60: Terence Stamp, Diana Ring (a quem o filme é dedicado, pois veio a falecer em 2020 quando o filme estava em fase de finalização) e Rita Tushingham.

E, como todo bom suspense, uma reviravolta na parte final do filme existe e é sensacional.

Gostei muito da performance de todo o elenco, com destaque para Thomasin McKenzie e Anya Taylor-Joy.

Filme com potencial para figurar em várias indicações para os prêmios do cinema norte-americano de 2021/2022.

Vi, em 23/11/2021, no Stremio.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

TICK, TICK... BOOM!

tick, tick…Boom!, 2021, 115 minutos.

Filme dirigido por Lin-Manuel Miranda e estrelado por Andrew Garfield.

O ano de 2021 está profícuo em matéria de musicais, a maioria figurando nas pré-listas de indicados para os prêmios mais famosos do cinema norte-americano. Tick, tick…Boom! é um desses musicais.

É um musical sobre a concepção de um musical autobiográfico feito por Jonathan Larson (interpretado de forma magistral por Andrew Garfield).

Larson concebeu Rent, o grande sucesso da Broadway que ficou mais de uma década em cartaz e gerou um filme.

Interessante ver um astro dos musicais atuais - Lin-Manuel Miranda - prestando um tributo a um ícone dos musicais.

A trama se passa no início dos anos 1990, e muitos amigos de Larson estavam morrendo de Aids. Seguindo os conselhos de Stephen Sondheim para escrever sobre o que conhece, Larson traz para seu musical Rent o drama dos amigos soropositivos, embora o musical Rent seja citado apenas no finalzinho do filme.

Garfield é muito versátil, exprimindo bem os momentos de euforia, de tristeza, de ansiedade, de alegria do personagem.

Vi, em 21/11/2021, na Netflix. 

GOVERNANÇA (GOVERNANCE - IL PREZZO DEL POTERE)

Governança (Governance - il prezzo del potere), 2021, 89 minutos.

Filme dirigido por Michael Zampino e estrelado por Massimo Popolizio.

A trama trata de jogo sujo de empresa e governo em uma licitação de construção de postos de gasolina em uma nova estrada federal na Itália.

O poder do dinheiro, do capitalismo sem pudores, do ganhar a qualquer custo.

Embora seja um tema atual e que desperta interesse, o filme é lento, chato de acompanhar, apesar das excelentes atuações do elenco. Mas retrata a vida como ela é.

Filme integra o catálogo do 16º Festival do Cinema Italiano.

Vi, em 21/11/2021, de forma on-line e gratuita, na plataforma do Belas Artes À La Carte.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

A MORTE DO DEMÔNIO (EVIL DEAD) - 2013

A Morte do Demônio (Evil Dead), 2013, 91 minutos.

Baseado no roteiro de Sam Raimi para filme de mesmo nome lançado em 1981 que teria mais duas sequências, todas estreladas pelo canastrão Bruce Campbell.

Nesta versão de 2013, dirigida por Fede Alvarez, cinco jovens se isolam em uma casa no meio do mato, propriedade da família de 2 deles, com o objetivo de ajudar Mia a se livrar das drogas. São dois casais de namorados e Mia nesta cabana de madeira. Na casa, houve, no passado, um ritual para mandar o demônio de volta às trevas. O livro maldito é encontrado por um dos jovens, que acaba invocando o tal demônio. Aí começa uma verdadeira carnificina.

Ao contrário de 1981, agora uma mulher é protagonista, Mia, e a famosa cena do personagem de Bruce Campbell cortando sua própria mão com uma serra elétrica agora é homenageada em 2 momentos desta versão de 2013, ambas protagonizadas por personagens femininos.

Bons efeitos especiais e interpretações de filme B, como “exige” este tipo de produção.

Outros filmes homenageados: O Massacre da Serra Elétrica, Hellraiser e, obviamente, Helloween.

Vi, em 20/11/2021, na Star+ .

SHANG-CHI E A LENDA DOS DEZ ANÉIS (SHANG-CHI AND THE LEGEND OF THE TEN RINGS)


Shang-Chi e A Lenda dos Dez Anéis
(Shang-Chi and The Legend of The Ten Rings), 2021, 132 minutos.

Filme dirigido por Destin Daniel Cretton. Estrelado por Simu Liu (Shaun/Shang), Awkwarfina (Katy), Tony Leung (Xu Wenwu), Michelle Yeoh (Ying Nan) e um irreconhecível Ben Kingsley (Trevor).

Herói asiático do universo Marvel que eu nada conhecia. Lutas super bem coreografadas, quase um balé, cor em abundância, interpretações convincentes.

Foi legal ver Michelle Yeoh em luta coreografada que remeteu ao filme O Tigre e o Dragão, de 1993, dirigido por Ang Lee, que ela protagonizou. Por falar nesse filme, as lutas são bem parecidas.

Também percebi uma “chupada” de cenas de Jurassic Park, quando os carros andam em uma savana repleta de animais exóticos.

Por fim, tenho uma certa atração por Tony Leung, desde os filmes de Wong Kar-Wai, e adorei vê-lo super bem com seus 59 anos de idade.

Vi, em 20/11/2021, na Disney+. 

IDENTIDADE (PASSING)

Identidade (Passing), 2021, 98 minutos.

Estreia na direção de Rebecca Hall, que também assina o roteiro. Estrelado por Tessa Thompson (Irene) e Ruth Negga (Clare).

Nova Iorque, 1920, Irene passa uma tarde calorenta no centro de Nova Iorque, longe do Harlen, onde nasceu, cresceu e ainda vive. Ela usa um chapéu grande que esconde boa parte de seu rosto. Ela é negra fingindo ser branca. Encontra, por acaso, uma amiga de infância, que há anos finge ser branca. Embora a questão do racismo esteja presente, o foco da trama é a relação reavivada pelo encontro de Irene e Clara. Ambas casadas, ambas mães, ambas com inseguranças em relação à raça, identidade, casamento, maternidade.

Há um clima homoerótico no ar sempre quando as duas amigas se encontram.

Filme sensível, com interpretações contidas, de forma excepcional.

Fotografia em preto e branco com coloração que lembra uma foto antiga de documentos. A fotografia é elemento essencial para o desenrolar da trama.

O figurino também tem esse condão de ajudar a narrar cada cena do filme.

Vi, em 20/11/2021, na Netflix. 

domingo, 21 de novembro de 2021

OS OLHOS DE TAMMY FAYE (THE EYES OF TAMMY FAYE)

Os Olhos de Tammy Faye (The Eyes of Tammy Faye), 2021, 126 minutos.

Filme dirigido por Michael Showalter, estrelado por Jessica Chastain (Tammy Faye) e Andrew Garfield (Jim Bakker).

Baseado em fatos reais.

Tammy Faye e seu marido, Jim Bakker, são cristãos, evangélicos, e constroem um império televisivo para difundir a palavra de Deus.

O filme acompanha os bastidores deste crescimento, cheio de falcatruas, manipulações e maracutaias. Tudo o que pregavam, não seguiam.

Interpretação de Jessica Chastain impressiona, pela qual já ganhou dois prêmios de melhor atriz e deve figurar em várias outras indicações de atuação 2021.

Cada vez que vejo um filme destes, relatando fatos reais sobre religião, fico com mais raiva da insensibilidade dos “capos” destas religiões, explorando fiéis inocentes, para enriquecer. Um horror, um horror, um horror.

Vi, em 19/11/2021, on-line, no Stremio.

O PÁSSARO DAS PLUMAS DE CRISTAL (L'UCCELLO DALLE PIUME DI CRISTALLO)

O Pássaro das Plumas de Cristal (L’uccello dalle piume di cristallo), 1970, 96 minutos.

Filme de estreia na direção de Dario Argento.

Dalmas, escritor americano em Roma, testemunha uma tentativa de assassinato em uma galeria de arte, torna-se suspeito do assassinato em série de mulheres na cidade, resolve investigar por conta própria e acaba tornando-se o principal alvo do serial killer.

Filme do subgênero giallo, o diretor brinca com esta classificação com várias cenas em que o amarelo é a cor de destaque, em especial o uniforme usado por uma associação de ex-pugilistas em uma convenção.

O clima de tensão está sempre presente. Música, iluminação, closes e enquadramentos garantem o clima de horror sem a necessidade de mostrar muito sangue.

A melhor sequência: a tentativa do serial killer em atacar a namorada do escritor. Deu vontade de entrar no filme para ajudar a moça.

Quanto ao título do filme: apenas uma breve aparição do pássaro que é fundamental na trama.

Trilha sonora sensacional de Ennio Morricone.

Um dos meus filmes de terror favoritos.

Vi em 19/11/2021, on-line e de forma gratuita, na plataforma Belas Artes À La Carte, por ocasião do 16º Festival do Cinema Italiano.

sábado, 20 de novembro de 2021

PRIMAVERA / GIRA - GRUPO CORPO

Acompanho o Grupo Corpo há muitos anos. Fiquei apaixonado com o que vi na Praça do Papa, local onde tomei contato, pela primeira vez, com o grupo, no início dos anos 1980. Era o espetáculo O Último Trem, que depois, tive a oportunidade de rever no Palácio das Artes. De lá pra cá, fui várias vezes aos teatros - BH, São Paulo e Brasília - para ver os espetáculos de dança do Corpo. Ainda não conheço tudo, mas as obras de 1990 para os dias de hoje, conferi todas.

Quando vi no Instagram que uma nova obra estrearia em São Paulo, no mês de outubro (eu estava lá, mas preferi comprar ingresso para a temporada de Belo Horizonte), fiquei atento para o início das vendas de entradas para BH. Quando vi, já tinha bastante ingresso vendido. Como o melhor dia para Gastón me acompanhar é o domingo, comprei 2 entradas para o dia 14/11/2021, às 19:00 horas. Havia pouco ingresso. Comprei dois assentos na penúltima fileira da plateia - MM29 e MM31. Cada ingresso custou R$100,00. Como comprei pelo App Eventim, ainda paguei mais R$ 10,00 por ingresso pela taxa de administração. Meio sem grana, adorei a opção de dividir a compra em três parcelas iguais. Até o dia em que comprei, ainda vigorava decisão da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte de não poder ter 100% da ocupação dos teatros. No entanto, esta vedação foi revogada na sexta-feira, dia 12/11, ainda durante as vendas de ingressos. Obviamente que mais entradas foram postas à venda.

Seria a primeira vez que iria ao teatro com ocupação 100% desde o início da pandemia da Covid 19.

Saímos de casa por volta de 18:30 horas. Fomos de carro. Não gosto de estacionar na Avenida Afonso Pena, em frente ao Palácio das Artes, pois é tumultuado na hora de sair e ainda tem sempre flanelinhas pedindo dinheiro. Estacionamos muito próximo, no quarteirão da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Caminhamos duas quadras e vimos a fila enorme que se formava na calçada, ao longo do Palácio das Artes. Todo mundo usando máscaras.

Gastón entrou na fila, enquanto eu fui verificar se estávamos na fila correta, ou se teria outras filas, muito comum ali. Era, até então, uma única fila. Andava devagar, mas andava. Quando chegamos na calçada da entrada, tocou o primeiro sinal. Eram 18:55 horas. Os funcionários do teatro direcionavam o público para outras filas. Tem gente que demora muito para mostrar os tíquetes, principalmente quem paga meia entrada de estudante. Ao invés de já ficar na mão com o ingresso e o comprovante da meia entrada, deixam para procurar na bolsa/carteira junto ao funcionário que checa as entradas.

Quando entramos, tocava o segundo sinal. Diferente das outras vezes que estive no Palácio das Artes, as pessoas estavam entrando direto, sem parar no café que é armado em dias de espetáculos. Poucos lanchavam.

Acomodamo-nos em nossos assentos. Teatro totalmente lotado. No telão, vídeos dos patrocinadores e informes sobre o programa da noite. Primeiro, seria apresentado o novo espetáculo, Primavera, e, após o intervalo, mostrariam Gira, que já tinha visto, inclusive com postagem aqui neste blog. Às 19:20 horas, soou o terceiro sinal, as luzes se apagaram, as cortinas se abriram e os primeiros acordes da música chegaram aos nossos ouvidos.

Primavera tem coreografia de Rodrigo Pederneiras, música do duo Palavra Cantada, cenografia de Paulo Pederneiras, figurino de Freusa Zechmeister, iluminação de Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras.

O Palavra Cantada tem como foco o público infantil. Usou suas músicas, vertendo-as para o instrumental, casando muito bem com a proposta do novo espetáculo. Figurinos com cores vibrantes, coreografia transmitindo alto astral, e uma projeção com imagens captadas na hora do próprio grupo se apresentando, em tamanho gigante. Em muitas partes da coreografia, vi nitidamente a representação de brincadeiras infantis. A ideia de movimento constante, de alegria e de perspectivas de um futuro melhor está presente durante os 40 minutos que durou a apresentação. Para mim foi um retorno aos palcos com fé e esperança de que esta pandemia vai passar e a cultura seguirá firme sua trajetória. Como sempre, final triunfal, com aplausos entusiásticos do público. Era hora da pausa para troca de cenários e figurinos.

Foram vinte minutos de intervalo. Não saí de minha cadeira, só fiquei um pouco de pé para esticar minhas costas. Evitei aglomerações desnecessárias. Às 20:20 horas as luzes se apagaram, dando início ao espetáculo Gira.

Gira tem coreografia de Rodrigo Pederneiras, música do grupo Metá Metá, cenografia de Paulo Pederneiras, figurino de Freusa Zechmeister, iluminação de Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras.

O Metá Metá é um grupo de jazz de São Paulo. Fez uma trilha sonora pujante para um espetáculo também pujante.

A escolha de Gira foi bem apropriada para o momento em que vivemos, pois traz elementos de religiões de matriz africana para o palco, especialmente perto do Dia da Consciência Negra. Além da cultura negra em destaque, tem também a questão de gênero, pois todos os bailarinos usam o mesmo figurino, com saias brancas esvoaçantes, tendo a parte de cima dos torsos dando a impressão de que não estão usando nada (as bailarinas usavam uma malha cor da pele quase transparente, que deixava o torso delas parecido com os torsos masculinos). A música é poderosa. O astral é lá em cima. Novamente, 40 minutos de espetáculo em que eu não desgrudei os olhos do palco. Aplausos de pé.

Para evitar aglomeração, assim que os aplausos se iniciaram, eu e Gastón saímos logo, aproveitando que estávamos na ponta da fileira e bem próximos da porta. Caminhamos até o carro, voltando para casa satisfeitos com o que vimos.

Vida longa ao Grupo Corpo. Viva a cultura mineira! Viva a cultura brasileira!


TEMPERO DO CHEF (QUANTO BASTA)

Tempero do Chef (Quanto Basta), 2018, 92 minutos. Filme italiano dirigido por Francesco Falaschi e estrelado por Vinicio Marchione (Arturo), Valeria Solarino (Anna) e Luigi Fedele (Guido).

Integra o catálogo do 16º Festival do Cinema Italiano.

Arturo é um chef de cozinha que acabou de sair da prisão e vai cumprir pena social de prestação de serviços em uma escola de alunos com deficiência intelectual. Guido, que tem Síndrome de Asperger, se destaca por sua excelente memória e por saber reproduzir, de cor, as receitas. Guido se inscreve em um concurso culinário para jovens chefs, indicando Arturo como seu tutor. Anna, a professora, incentiva Arturo a aceitar, pois ele estava resistente. Ele aceita, viaja com Guido para a cidade onde ocorreria a competição em um carro velho do avô do jovem. Ao chegar no local, Arturo descobre que o presidente do júri é um desafeto seu. Lógico que rola um romance entre Arturo e Anna.

História de superação, de força de vontade, de afeto e amizade.

Algumas cenas são muito óbvias, previsíveis, mas o final surpreende um pouco.

O título brasileiro não significa muito, totalmente diferente do italiano - Quanto Basta (algo como “o necessário”) é bem mais representativo da trama do filme.

Bom entretenimento.

Vi em 16/11/2021, on-line e de forma gratuita, na plataforma do Belas Artes À La Carte. 

JUNGLE CRUISE - A MALDIÇÃO DOS CONFINS DA SELVA (JUNGLE CRUISE)

Jungle Cruise - A Maldição dos Confins da Selva (Jungle Cruise), 2021, 127 minutos. Dirigido por Jaume-Collet Serra, estrelado por Dwayne Johnson e Emily Blunt.

Depois de vários dias assistindo filmes mais densos, com necessidades de reflexão durante e pós projeção, resolvi ver um filme de aventura, leve, para se entreter e depois do fim, não precisar nem lembrar. Escolhi Jungle Cruise (esta mania de deixar o filme no título original me soa um tanto quanto elitista - o pior é que a maioria das pessoas que assistem este tipo de película, preferem ver dublado).

O filme se passa no norte brasileiro, poucos anos antes da II Guerra Mundial, quando uma botânica e seu irmão contratam um barco para uma aventura na selva amazônica em busca de uma flor com poderes curativos.

Clichês de filmes de aventura estão presentes: vilão com um bando de auxiliares não muito inteligentes, animais selvagens que se revelam amigos, balas que não atingem os mocinhos, elementos sobrenaturais. O filme é uma mistura de Tudo Por Uma Esmeralda, Piratas do Carine, e Indiana Jones.

Fez-me rir os nativos falando português.

Detalhe: embora a trama se passe no Brasil, tudo foi filmado nos Estados Unidos.

Há uma sutil insinuação que o personagem MacGregor seja gay.

Vi na Disney+.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

O DESPREZO (LE MÉPRIS)

O Desprezo (Le Mépris), 1963, 103 minutos. Dirigido por Jean-Luc Godard, o filme é baseado no livro il Disprezo, de Alberto Moravia.

Estrelado por Brigitte Bardot (Camille), Michel Piccoli (Paul), Jack Palance (Jeremy Prolosch), Fritz Lang (ele mesmo) e Giorgia Moll (Francesca Vanini).

O casamento de Camille e Paul se desmorona durante as conturbadas filmagens de Odisséia, dirigido por Lang. Paul é um dramaturgo sem emprego em Roma que é contratado por Jeremy, um produtor inescrupuloso, para reescrever o roteiro que está sendo rodado por Lang. Francesca é a secretária de Jeremy, que ele explora ao máximo, servindo de tradutora para as línguas que cada personagem fala no filme: francês, inglês, italiano e alemão. Jeremy se interessa por Camille, enquanto Paul fica inseguro, não só em relação ao seu relacionamento, mas também em relação ao trabalho para o qual foi contratado.

Como em Acossado, o filme tem nitidamente três partes. A primeira, rodada na Cinecittà, Roma, quando Paul é contratado por Jeremy. Nesta sequência, há várias citações de cineastas e filmes em cartaz na época. A segunda parte, também como em Acossado, é toda feita dentro de um apartamento, quando há uma longa DR. No apartamento, as cores vivas aparecem sempre quando Bardot está em cena. Quando Piccoli está só, tudo é predominantemente branco. A terceira parte é em Capri, com fotografia deslumbrante, em uma villa de propriedade de Jeremy, onde está sendo rodado o filme Odisséia e onde ocorre o ápice do desmoronamento da relação entre Camille e Michel.

Parece que Godard queria mostrar ao público os rumos de sua cinebiografia, pois claramente há um embate entre rodar Odisseia como um filme de arte (assim queria Lang no filme), ou partir para algo mais popular (como queria o produtor Jeremy que aspirava uma Odisseia com heróis, tipo Hércules). 

Lang também dá uma estocada no Cinemascope (o filme foi feito com esta tecnologia) ao dizer que ele só servia para cobras e caixões.

Enfim, meandros do cinema de Godard.

Vi, em 18/11/2021, no Stremio. 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

VAGA CARNE

Vaga Carne, 2019, 45 minutos. Roteiro e interpretação de Grace Passô. Direção também de Passô juntamente com Ricardo Alves Junior.

O filme integrou o catálogo da Mostra Cine Cidade, que tinha filmes feitos em Minas Gerais.

Meu estado de espírito não estava muito bom. Dito isto, o filme não me cativou.

Eu tinha visto a peça que originou esse média metragem e confesso que, para mim, funcionou muito melhor no palco do que na tela.

Grace Passô empresta seu corpo e sua voz para as personagens da película: exatamente um corpo de uma mulher preta, gorda e lésbica, e uma voz que penetra em pessoas, animais, alimentos, cremes, pedras e o que mais aparecer.

Na plateia do teatro (a trama se passa em um teatro) apenas pessoas pretas. Independente de eu ter gostado, impressiona a versatilidade de Passô. Ela altera a voz, tem gestuais que explicam bem o texto que a voz vai despejando no ar. Uma atriz que consegue concentrar os olhos da plateia nela, seja em palcos, seja nas telas de cinema.

O discurso da voz é contundente, com mensagens precisas: os corpos negros existem e resistem, fazendo um passeio, muitas vezes de forma metafórica, na história brasileira.

Se tiver outra oportunidade, verei novamente para me concentrar melhor no texto, pois teve um momento que me dispersei.

Vi on-line, em 13/11/2021, de forma gratuita, na plataforma da Mostra Cine Cidade.

CANELA


Canela, 2020, 75 minutos. Documentário dirigido por Cecília del Valle.

O documentário integra o catálogo do 29º Festival Mix Brasil.

A diretora acompanha Canela Grandi Mallarini, arquiteta, mulher trans, 58 anos, que vive em Rosário, Argentina, no seu dia a dia, com idas aos médicos, pois, começou a transição há pouco tempo, sua relação com dois filhos, um deles casado com uma filha, seu amor por uma amiga, consultas com psicóloga, suas dúvidas em fazer a cirurgia de redesignação sexual, o convívio com novas amigas trans, a busca pelo conforto espiritual, seu trabalho.

Ao terminar o filme, fiquei com aquele gostinho de quero mais na boca. Faltou aprofundar em algumas questões, principalmente informar a quem assiste quais foram as decisões de Canela.

Vi on-line, em 13/11/2021, de forma gratuita, na plataforma Sesc Digital.

TRANSVERSAIS


Transversais
, 2021, 84 minutos. Documentário dirigido por Émerson Maranhão.

Cinco pessoas: 2 trans homem, 2 trans mulher e 1 mãe militante pelos direitos de pessoas trans, cuja filha é trans mulher.

Samilla é funcionária pública, Érikah é professora de matemática, Caio José é enfermeiro do SAMU, Kaio Lemos é antropólogo e pesquisador acadêmico. Todos cearenses, todos trans.

Depoimentos sinceros, falando das dificuldades com família, sociedade, colegas de trabalho, mas todos com força e positividade para seguir em frente lutando por aceitação, por seus direitos como seres humanos iguais a qualquer pessoa, resistindo e dando, cada vez mais, voz a essa parcela da população, historicamente relegada aos guetos.

Comove, faz refletir, emociona.

O documentário integra o catálogo do 29º Festival Mix Brasil.

Vi on-line, em 13/11/2021, de forma gratuita, na plataforma Sesc Digital.

BRANCO SAI, PRETO FICA


Branco Sai, Preto Fica
, 2014, 90 minutos. Dirigido por Adirley Queirós.

Vi esse filme quando ele participou, e ganhou como melhor filme, no Festival de Brasília. Não tinha gostado.

Agora, participando de um curso de 4 aulas chamado O Brasil na Vertigem do Cinema, tive que revê-lo. E continuei não gostando.

É uma mistura de documentário com ficção científica. Confunde e entedia.

Até que a ideia de acompanhar duas pessoas pretas que ficaram deficientes em uma ação policial em uma balada na Ceilândia, região metropolitana de Brasília, é interessante, mas no momento em que usa estes personagens reais e os insere em uma ficção, fica confuso.

No entanto, é tranquilo identificar no texto as questões sociais que o filme quer levantar sobre o racismo estrutural, o privilégio dos brancos (o título já informa isso), a segregação de pobres, que ficam na periferia e têm que entrar em Brasília com um passaporte (ficção, mas com elementos reais: o custo de vida em Brasília é proibitivo para uma parcela enorme da população), mas o filme realmente não me agradou.

Ressalte-se que ele ganhou mais de dez prêmios e outras tantas vezes foi indicado para premiações em festivais de cinema nacionais e internacionais. Vi, em 15/11/2021, na Netflix.

SUK SUK

Suk Suk, 2019, 92 minutos.

Filme chinês dirigido por Ray Yeung e estrelado por Tai-Bo (Pak) e Ben Yuen (Hoi).

A trama gira em torno de um amor secreto entre dois homens idosos: Pak, taxista, casado com filhos; e Hoi, aposentado, viúvo, mora com filho, nora e uma neta.

O filme mostra, de maneira sensível, mas sem rodeios ou glamour, a dificuldade de dois homens assumirem o amor de um pelo outro, pois têm família, a sociedade de olho, religião (no caso, a católica), para impedir.

Os encontros dos dois se dão em saunas que não prezam muito pela higiene.

Há momentos de puro lirismo, como os dois fazendo a feira juntos para preparar, também juntos, um jantar na casa de Hoi, onde Pak iria passar a noite, pois Hoi estaria sozinho naquela noite. Ou quando Hoi aceita o convite de Pak e vai à festa de casamento do seu filho, conhecendo a sua mulher, filhos, noras e se divertindo muito na mesa do amigos do taxista.

O roteiro nos leva a torcer pelos dois. Belo filme.

Aluguei, on-line, por R$14,90, e vi, em 14/11/2021, na AppleTV.  

NO PASSO DE CHRISTIAN LOUBOUTIN (SUR LE PAS DE CHRISTIAN LOUBOUTIN)


No Passo de Christian Louboutin
(Sur le pas de Christian Louboutin), 2020, 52 minutos. Documentário dirigido por Olivier Garouste.

O documentário é dinâmico, mostrando o dia a dia do famoso desenhador de sapatos francês Louboutin, que, mesmo após atingir a fama e os  pés de milhares de mulheres pelo mundo afora, continua em um ritmo frenético de trabalho.

O foco do filme é o seu trabalho, seus momento de criação (em sua casa de veraneio, em um lugar paradisíaco em Portugal), a interação com a equipe de criação, a fábrica, a participação em desfiles. Nada de sua vida pessoal é abordado.

Interessante como veio a ideia da sola vermelha: ele trabalhava anteriormente com solas de sapatos pretas, mas em uma busca por ser mais fiel a seu desenho, ele pediu o vidro de esmalte vermelho que sua modelo experimentadora de sapatos estava usando para pintar as unhas, pintou a sola e voilà, a sola vermelha que tornou-se, juntamente com os saltos altíssimos, as mais reconhecidas características de suas criações.

Quando ele fala sobre conforto, solta uma ótima: se todos os sapatos fossem confortáveis, só teríamos no mercado pantufas e Dr. Scholl, o que me remeteu a um diálogo do filme A Casa Amaldiçoada (The Haunting), 1999, dirigido com Jan de Bon, quando a personagem interpretada por Catherine Zeta-Jones usava uma bolsa preta de cano alto e reclamava que ela machucava, e outro personagem diz que achava que eram confortáveis, Jones solta: é uma Prada!. Ou seja, o que vale é o design, o luxo, a marca, a posse e ostentar um sapato deste tipo.

O filme integrou o catálogo do Feed Dog Brasil, festival de documentários de moda.

Assisti, em 14/11/2021, de forma gratuita e on-line, na plataforma In-Edit TV.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

YELLOW IS FORBIDDEN


Yellow is Forbidden, 2018, 97 minutos. Documentário dirigido por Pietra Brettkelly sobre a estilista chinesa Guo Pei que ficou famosa no meio das celebridades quando Rihanna usou um deslumbrante e chamativo vestido amarelo no MET Gala 2015.

O documentário acompanha a trajetória de Guo Pei para entrar no seleto e fechado grupo da Alta Costura francesa. Ambiciosa e ciente de suas habilidades, muito autoconfiante, gasta milhões de euros em um desfile na Conciergerie dentro dos eventos da Semana da Moda de Paris, além de também gstar outros milhões na montagem de seu show room na capital francesa.

O título do documentário remete ao período imperial chinês onde os cidadãos comuns não podiam usar as cores dourado e amarelo, que eram exclusivas do imperador e seu séquito de nobres. Como seus vestidos têm preços caríssimos, alguns milhares de euros um único exemplar, justamente o vestido usado por Rihanna (que foi emprestado pela estilista, pois ela não o vende) remete a essa aura de produto exclusivo, de alto luxo acessível para poucas milionárias.

É interessante ver a trajetória da estilista, mesmo discordando de seus objetivos e ideologia muito capitalista.

Foi o filme de abertura do Feed Dog, festival de documentários de moda.

Vi, em 09/11/2021, de forma gratuita, na plataforma In-Edit TV.

A TERRA DOS FILHOS (LA TERRA DEI FIGLI)

A Terra dos Filhos (La Terra dei Figli), 2021, 122 minutos. Filme italiano dirigido por Claudio Cupellini e estrelado por Leon de La Vallé (o filho), Paolo Pierobon (o pai), Maria Rorevan (Maria). Tem participação especial de Valeria Golino (a bruxa).

Em um cenário pós apocalipse, um garoto luta por comida com seu pai. Casa precária e um rio para desbravar. Ele é proibido de passar a barreira do rio que o protege do "mal" que existe do outro lado. Ele sempre quis saber o que seu pai tanto escrevia em um caderno, pois os jovens não sabem ler no pós apocalipse. Com a morte do pai, ele pega o caderno e o barco a motor, passa a barreira e vai procurar alguém que possa ler as anotações de seu pai. Vai sofrer, vai descobrir a maldade do ser humano, vai, enfim, descobrir a realidade da vida pós apocalipse.

Há algumas questões que o roteiro não responde, como, por exemplo, onde eles conseguem combustível para o barco e o que causou o apocalipse.

Neste filme, apesar do cenário desolador para os humanos, a natureza sobreviveu.

Filme integra o catálogo do 16º Festival do Cinema Italiano.

Vi on-line, em 09/11/2021, gratuitamente, no Belas Artes À La Carte.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

SÃO PAULO - DIA 4 - 02/11/2021 (TERÇA-FEIRA) - PARTE 2 - DIA 5 - 03/11/2021 (QUARTA-FEIRA) - A VOLTA PARA CASA

02/11/2021 - Chegamos no shopping Pátio Higienópolis pouco antes da 17:00 horas. Enfim, Rogério iria a uma loja Sephora. Percorremos os andares do centro comercial. Estava muito movimentado. Os frequentadores são, em sua maioria, pessoas mais velhas, residentes da região, que carregam consigo, inclusive, os animais de estimação. Encontramos a loja. Fiquei do lado de fora, pois o cheiro forte de lojas de cosméticos me incomoda. Sentei em um banco que fica na entrada da loja e, enquanto esperava, joguei Pokemón Go.

Assim que eles saíram, fomos a algumas lojas esportivas, pois Rogério queria comprar um tênis confortável, o que acabou fazendo. Eu não estava com espírito de compras, nem tinha espaço na minha bagagem de mão para colocar coisas novas. Rogério nos convidou para um café, ali mesmo no shopping. Quando entramos, vimos uma filial da Cristallo, para onde decidimos ir. Estava cheio, mas ainda havia uma ou duas mesas vazias. Como é um café, o fluxo de gente é grande. Nas mesas, muitas senhoras idosas, provavelmente de famílias quatrocentonas paulistanas. Nem precisei de cardápio. Olhei para a vitrine, escolhendo uma fatia de uma torta de chocolate e um café espresso. Rogério pagou a conta.

Na saída, enquanto Emi fumava, entrei em contato com Bruno, o taxista do hotel, perguntando se ele poderia nos buscar. Resposta positiva. Ele demorou apenas 10 minutos para chegar. No caminho para o hotel, combinamos com ele para nos levar na manhã do dia seguinte para o Aeroporto de Congonhas. Tínhamos que estar lá às 06:15 horas, motivo pelo qual Bruno nos sugeriu sair do hotel às 05:30 horas. Acertamos este horário. Pelo trajeto Pátio Higienópolis-Novotel Jaraguá, a corrida ficou em R$ 15,00, pagos em dinheiro.

Chegamos no hotel depois das 18:00 horas. Combinamos de jantar por perto, em distância que poderíamos ir caminhando. Rogério sugeriu o Wanderlust, quase em frente ao hotel. Proposta acatada para 20:30 horas na recepção.

No quarto, liguei o chuveiro em temperatura mais quente e deixei cair água em abundância em minha lombar. Afinal, foram cerca de três horas em pé na Bienal de São Paulo. Minhas costas estavam em frangalhos. Após o banho, coloquei o relógio para despertar às 20:15 horas, tomei um relaxante muscular, deitei e apaguei, acordando com o alarme do celular.

Às 20:30 horas, estava na recepção. Fomos caminhando para o Wanderlust, mas ele estava fechado. O movimento na região era pequeno, com quase nada funcionando. A opção era ir ao Copan e ver se tinha alguma coisa aberta. Chegando lá, muito fraco o movimento, com exceção do Bar da Dona Onça, onde resolvemos jantar. Embora com bom público, tinha mesa disponível tanto interna, quanto externamente. Preferimos ficar na parte de dentro.

Restaurante: Bar da Dona Onça.

Endereço: Avenida Ipiranga, 200, lojas 27 e 29, Edifício Copan, Centro, São Paulo, SP.

Instagram: @bardadonaonca

Data: 02/11/2021 (terça-feira) - jantar.

Chef: Janaína Rueda.

Especialidade: culinária brasileira.

Tempo no restaurante: cerca de uma hora e meia.

Valor que paguei: R$ 129,00, com cartão de crédito.

Serviço: eficiente. Boa brigada de garçons e atendentes.

Ambiente: ao chegar na porta, uma recepcionista informou que tinha mesa disponível tanto do lado de dentro, quanto na calçada, do lado de fora. Preferimos a mesa interna. O restaurante tem um único salão, com as paredes de vidro dando para a rua, um bar ao fundo e banheiros, também ao fundo, na parte esquerda do salão. À direita do bar, há uma escada que dá acesso à cozinha, que fica na parte superior da loja. Mesas de madeira, sem toalhas, estilo boteco, bem próximas umas das outras (a la bistrôs parisienses), decoração em tons amarelados, com muita estampa de pele de onça, que reveste as geladeiras, está no jogo americano, na barra de madeira do balcão do bar, enfim, remete ao nome do restaurante. Nas mesas, álcool 70%, guardanapos individuais de papel e talheres envelopados em sacos de papel.

A experiência: compartilhamos uma entradinha e cada um pediu um prato principal. Para beber, fui de água com gás (R$ 8,00), pois o local só serve refrigerante natural ou orgânico. Ao final da refeição, tomei um café espresso (R$ 7,00), que veio servido em um lindo conjunto de cerâmica, acompanhado por um mini brigadeiro de chocolate e uma bala artesanal.

Entrada: bife a cavalo (R$ 59,00) - servidas seis mini porções próprias para comer de uma só bocada com as mãos. Uma base crocante assada , à base de farinha, com camadas dos ingredientes do prato: coxão mole picado bem fininho, cebola crocante, purê de batata (que também serve para segurar o recheio na base crocante) e um ovo de codorna frito por cima de tudo. Cada um comeu dois, mas a vontade foi de pedir mais. Coloquei tudo na boca e aconteceu a esperada explosão de sabores, com ótimo tempero.

Prato principal: galinhada moderna (R$ 82,00) - galinhada caipira, quiabo e gema curada. Servida em um prato fundo de porcelana branca, chegou exalando muito aroma. A apresentação é linda. Já tinha saboreado com os olhos e com o nariz. Faltava experimentar. Arroz bem molhadinho, com tempero sensacional. Pedaços de frango pequenos, sem osso, em abundância. Queria mais quiabo no prato. A gema, ao ser rompida, fez bonito no prato e no paladar. Aprovei e quero voltar para comer novamente.


Deixamos o restaurante, voltando a pé para o hotel. Já era perto de meia noite. 

Já no quarto, arrumei o que faltava na mala, coloquei o alarme para soar às 04:50 horas, deitei e dormi.

SÃO PAULO - DIA 5 - 03/11/2021 (QUARTA FEIRA)

03/11/2021 - quando tenho que acordar muito cedo, sempre desperto antes do alarme tocar. Acordei às 03:50 horas e não mais dormi. Às 05:00 horas, Bruno, o taxista, enviou mensagem dizendo que seu carro estava com problemas, que tinha chamado um guincho e que não poderia honrar seu compromisso. Tínhamos que chamar outro táxi na porta do hotel ou pegar um Uber.

Quando estava descendo para a recepção, Emi e Rogério, também prontos para a volta, entraram no elevador. Fizemos o check out bem rápido, pois nada tínhamos que pagar.

Não tinha táxi na portaria. O atendente do hotel disse que chamaria um, mas Emi saiu e chamou um táxi que estava parado na porta do Bar Estadão, que fica atrás do hotel.

Um motorista mal humorado. Confesso que senti cheiro de bebida alcóolica no carro. Era muito cedo, mas o trânsito já começava a ficar carregado. Percebi que o motorista estava cerrando os olhos, como se estivesse com sono. Comecei a falar alto para deixá-lo acordado. No aeroporto, ele nos deixou próximo ao balcão de despacho da Gol. A corrida ficou em R$ 45,00, pagos em dinheiro.

Resolvei despachar bagagem. Emi e Rogério me acompanharam no despacho premium. Eu fico impressionado com a demora no atendimento de certas pessoas no check in. Quando chega a minha vez, tudo é muito rápido. Despachei minha mala de mão. Eu e Rogério resolvemos entrar logo na sala de embarque, enquanto Emi foi fumar um cigarro no lado de fora do aeroporto. Passei rapidamente pela catraca, colocando o código QR no visor da máquina, e passei para a fila do raio X, que estava bem movimentada, mas fluía bem. Passados os controles, fomos para o Portão 9, de onde sairia nosso voo. Avião já estava na ponte de embarque. Chamaram para o embarque muito rápido. Meu lugar era o 3D. Entrei, e tive a sorte da pessoa que viajou na mesma fileira, no assento 3F, também ter entrado rápido. Estava com sono. Coloquei minha mochila no compartimento de bagagem acima do meu assento, sentei, coloquei o cinto de segurança, fechei os olhos e dormi. Só acordei quando o avião já se aproximava para pousar em Confins.

Pousou antes do horário, saída por fileiras, sem tumultos. Bagagem entregue rapidamente. As bagagens de nós três vieram juntas na esteira. Com os pertences nas mãos, fomos para a área de embarque para o Estapar Estacionamento. A van não estava. Tinha uma pessoa esperando. Liguei para o Estapar, sendo informado que o carro já estava a caminho. Ao desligar o telefone, avistei a van. O trajeto é muito curto até o estacionamento, onde descemos perto do caixa. Ficou em R$ 120,00, valor de uma semana (ficamos de sábado a quarta-feira). Paguei a metade, no cartão de crédito.

No caminho de volta para casa, tendo escolhido a Avenida Cristiano Machado, sempre cheia de caminhões e ônibus, Emi acabou batendo, de leve, seu carro em uma picape que estava na nossa frente. Nada de sério, trocaram telefones, e voltamos ao caminho de casa.

Emi e Rogério me deixaram na porta de casa por volta de 09:30 horas. Chegava ao fim um excelente feriado prolongado em São Paulo.

Abrindo a porta do prédio, ouvi meus lindos cachorros latirem de alegria.



SÃO PAULO - DIA 4 - 02/11/2021 (TERÇA-FEIRA) - PARTE 1

02/11/2021 - Despertei muito cedo com a movimentação de Gastón colocando seus últimos pertences na mochila para sua viagem à Argentina. O taxista Bruno enviou uma mensagem para ele dizendo que já estava na porta do hotel. Demos um beijo de despedida, pois ele ficaria longe de mim por sete dias. Assim que ele saiu do quarto, voltei a dormir, acordando com meu relógio despertando. Eram 08:15 horas, horário em que ele desperta todos os dias. Na noite anterior, tinha combinado com Rogério e Emi de tomar café da manhã mais cedo, por volta de 09:00 horas, para aproveitarmos mais nossa visita à 34ª Bienal de São Paulo.

Novamente fomos à Marajá. Desta vez, tinha mais opção de mesas vazias para sentarmos. Ficamos no meio do salão. Como sempre, o serviço é rápido. Logo, uma garçonete tirava nossos pedidos. Eu estava com uma fome inexplicável. Escolhi, para começar, um suco de laranja com gelo e sem adoçar (R$ 9,00), uma salada de frutas (R$ 15,00) e um pão francês com manteiga na chapa (R$ 3,70). Terminada essa primeira parte do café da manhã, voltei a pedir um pão francês com manteiga na chapa (R$ 3,70) e um café espresso Don (R$ 5,50). Paguei R$ 36,90, cartão de crédito. Voltamos para o hotel combinando de sair às 10:00 horas.

Nesse meio tempo, trocava mensagens com Gastón, que já tinha, no check in da Aerolíneas Argentinas, enfrentado uma fila grande para conferência da muita documentação exigida por causa da Covid 19 para viajar para a Argentina.

No horário acertado, todos na recepção. Nosso destino: Pavilhão da Bienal no Parque do Ibirapuera, Portão 3. Fomos de Uber. Pelo trajeto Novotel-Jaraguá até a entrada do Parque Ibirapuera mais próxima do Pavilhão da Bienal pagamos R$ 19,99. Como era feriado, o trânsito fluiu bem. Ao chegar perto do lago do parque, o motorista nos mostrou a fila de carros para entrar, esclarecendo que o estacionamento agora é pago. Ele usou a pista ao lado da fila de carros e nos deixou praticamente na porta do estacionamento, onde há um ponto de táxi. 

O dia estava parcialmente nublado, fazia calor. Muita gente caminhando, andando de patins, de bicicleta, aproveitando o feriado. Já no Pavilhão da Bienal, identificamos que a entrada estava para a esquerda. Passamos por uma área de alimentação, onde, na chapelaria, emprestavam cangas para as pessoas fazerem piquenique. Eram 11:00 horas. Uma pequena fila à frente era sinal de que era a entrada para a exposição. Entrada gratuita, mas conferiam na porta o cartão de vacina contra a Covid 19. Acessei o Conecte SUS e baixei o meu para o celular. Rogério fez o mesmo. Emi não conseguia acessar seu aplicativo. A exigência era de somente uma dose da vacina. Meu certificado confirmava que eu já tinha tomado três doses, todas da Pfizer (a dose de reforço foi devido a eu ser imunossuprimido). Chegou nossa vez de entrar, mas Emi ainda pelejava com seu aplicativo. Voltamos para o fim da fila. Ele dizia que não ia mais entrar, que faria hora até a gente se encontrar de novo. Insistimos para ele continuar tentando. Chegou nossa vez de novo. Rogério disse para entrar. Entrei e ele também, mas antes, entregou seu celular para Emi tentar acessar por ele. Não conferem nenhuma identidade. Se a pessoa mostrar um certificado, especialmente no celular, de outra pessoa, entra tranquilamente. Emi continuou tentando, enquanto víamos uma participação coletiva, com fone de ouvido, em uma obra interativa. Para quem estava de fora, era muito estranho ver as pessoas com fone parando em frente às colunas do prédio, olhar para cima, andar batendo os braços como se estivessem voando, deitar no chão, olhar para o teto, fazer gestos. Enfim, arte.

Emi conseguiu acessar seu certificado pelo celular do Rogério. Juntos novamente, ele passou no balcão perto da entrada para deixar sua bolsa. Pegamos um guia impresso sobre o espaço expositivo, com a localização da obras dos mais de noventa artistas que participam da 34ª Bienal de São Paulo, cujo tema é Faz escuro mas eu canto. Era a oportunidade de conferir a produção mais atual de artistas de várias partes do mundo, mas também ver/rever obras de artistas consagrados, como Lygia Pape, Zózimo Bulbul, Pierre Verger, Giorgio Morandi e Regina Silveira. Muita obra com mensagens políticas claras, falando de racismo, de devastação do meio ambiente, questões indígenas, caos urbano, entre outros. São três andares no pavilhão, todos ocupados com os mais diversos tipos de obras: pinturas, desenhos, fotografias, instalações, videoinstalações, esculturas, performances ao vivo e gravadas (não tivemos a oportunidade de ter performance ao vivo quando de nossa visita). Percorremos os três andares. Já no último andar, Emi reclamava de cansaço e que estávamos demorando muito. Ignoramos suas reclamações. Obviamente que em um universo tão amplo de obras e artistas, nem tudo me agradou, mas gostei de muitas peças que vi, como a obra Kahtiri Eõrõ (Espelho da vida), da brasileira Daiara Tukano. Esta obra me remeteu à exposição Brasil 500 Anos, que vi no mesmo Parque Ibirapuera, só que na Oca, quando estava exposto, em uma redoma de vidro, um belíssimo manto Tupinambá. Fizemos todo o percurso, em momentos apertando o passo ou fazendo uma leitura "dinâmica", em cerca de três horas. O ideal é ir mais vezes. Programar gastar de uma hora a uma hora e meia em cada pavimento.

Rosângela, amiga de BH, tinha indicado para Emi o restaurante Pipo, do chef Felipe Bronze. Pesquisamos no Google o endereço e horário de funcionamento. Ficava no Museu da Imagem e do Som - MIS, onde estava uma exposição sobre a Rita Lee. O movimento de carros para entrar no parque continuava intenso. Resolvemos pegar um táxi no ponto do lado externo do Portão 3 do parque, local onde tínhamos descido mais cedo. Havia apenas um carro parado, mas entrou passageiro enquanto caminhávamos para ele. Mas nem esperamos nada, pois um novo táxi chegou. Era um SUV super confortável. Demos o endereço, o motorista colocou no GPS e seguimos para o restaurante.

Percurso tranquilo e não muito distante. Acorrida ficou em R$ 25,00. Pagamos em dinheiro. Na entrada do museu, uma pequena fila para a exposição de Rita Lee. Um segurança informou que os ingressos estavam esgotados, mas dissemos que nosso destino era o Pipo. Seguimos reto até o final.

Restaurante: Pipo.

Endereço: Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo, SP (Museu da Imagem e do Som - MIS).

Instagram: @pipo_sp

Data: 02/11/2021 (terça-feira) - almoço.

Chef: Felipe Bronze.

Especialidade: comida feita na brasa.

Tempo no restaurante: cerca de uma hora e meia.

Valor que paguei: R$ 140,00, com cartão de crédito.

Serviço: eficiente.

Ambiente: salão amplo, com boa iluminação proporcionada pelas paredes de vidro, com vista para um jardim e para a entrada do museu. Há um bar na entrada, de onde se vê a movimentação de drinques, uma adega climatizada e um balcão onde as comidas na brasa são preparadas na grelha ou em um forno. Apesar destes equipamentos estarem no salão comedor, não há fumaça invadindo a área onde ficam os comensais. A decoração confere um ar moderno ao local, com uso de concreto, madeira e vidro. Mesas com tampo de pedra, cobertas com jogos americanos azuis, cadeiras de madeira ou assentos fixos com muita almofada. Guardanapos de papel individuais, protegidos em plásticos, talheres dentro de sacos de papel, álcool 70% nas mesas.

A experiência: na porta, mediram nossa temperatura e nos levaram para uma mesa no centro do salão. Acomodados, acessamos o cardápio digital, via código QR disponível na mesa. Para beber, pedi uma Coca Cola sem açúcar e copo com gelo, sem limão (R$ 9,00). Compartilhamos um entrada, enquanto cada um pediu um prato principal.

Entrada: guiozas de polvo defumado (R$ 44,00). São quatro unidades servidas em um prato de cerâmica escura. A guioza é cozida no vapor e depois passada, rapidamente, na brasa. O recheio de polvo estava bem marcante, mas com um discreto defumado. O toque braseado fez toda a diferença no sabor desta entradinha.

Prato principal: arroz socarrat de camarão (R$ 88,00). Quando vi que tinha socarrat no cardápio, nem pensei duas vezes, pois é mega difícil de achar. Socarat é o nome culinário para a rapa de arroz, aquela que fica tostadinha no fundo da panela. Aqui ela foi servida enrolada em forma de cilindro com os camarões feitos na brasa por cima, assim como o aioli e os tomatinhos assados. Dentro do socarrat, pedacinhos de linguiça. A crosta tostada do arroz estava divina. Por dentro, era suculento, com ótima umidade. O aioli foi o punch para o sabor. Comer todos os ingredientes na mesma bocada foi incrível. Belo prato.

Na saída, ainda tentei entradas para ver a exposição da Rita Lee, mas realmente estavam todos os horários com ingressos esgotados para aquele dia.

Rogério continuava querendo comprar na Sephora. Verificamos onde estavam as unidades na capital paulista. Decidimos ir para o shopping Pátio Higienópolis, onde havia uma.

Chamamos um Uber. Pelo trajeto MIS-Pátio Higienópolis, pagamos R$ 15,93.

Continua...

domingo, 14 de novembro de 2021

SÃO PAULO - DIA 3 - 01/11/2021 (SEGUNDA-FEIRA) - PARTE 2

01/11/2021 - Descemos na estação Anhangabaú, linha vermelha do metrô. Subimos as escadas rolantes para a direção de nosso hotel, mas viramos à direita, pois Emi e Gastón queriam encontrar um café bonito para comer um doce e fazer boca de pito. Eu parei de insistir que naquela região nada iriam encontrar no padrão que queriam. Fomos na direção do Theatro Municipal. Na esquina, está o Shopping Light, onde resolvemos entrar. Eu sempre ia mais atrás, pois a coluna não me permitia andar mais rápido. Já mancava. Muita gente sem máscaras subindo e descendo as escadas rolantes que ligam os cinco pisos do centro comercial. Há várias lojas outlet de marca esportiva famosa. Demos uma volta completa em cada piso. Só encontramos dois cafés que davam para sentar: Starbucks e Café do Ponto, ambos rechaçados pela dupla Emi e Gastón. Percorridos todos os andares, voltamos ao térreo, caminhando em direção ao hotel, quando Gastón teve a ideia de ir na Marajá, onde tínhamos a certeza de ter doces e café. Todos toparam.

Como sempre, o local estava bem movimentado. Escolhemos uma mesa bem ao fundo do salão. Pedi um quindim (R$ 8,00) e um café espresso (R$ 5,50), enquanto Gastón escolheu uma média expresso (R$ 8,00), uma carolina (R$ 2,70) e um sonho grande (R$ 6,90). Total da conta para nós dois: R$ 31,10, pagos no cartão de crédito.  Ficamos cerca de 40 minutos na Marajá. Ali, combinamos de, enfim, sair para comer uma pizza na noite paulistana. Sugeri a Braz Pizzaria, unidade de Higienópolis, o que foi aceito.

Voltamos para o hotel. Ao sair no nosso andar, notei que não havia nenhuma bandeja ou saco de lixo nas portas dos quartos. Ao entrar em nosso quarto, cheiro de limpeza, cama arrumada com novo jogo de cama, toalhas limpas, amenities repostas. Parece até que estava sendo monitorado quanto à minha chegada ao quarto, pois o telefone fixo tocou. Era Marcelo, o gerente que tinha me ouvido na parte da manhã, querendo saber se estava tudo bem com o quarto, que tinha atendido todas as minhas solicitações, novamente pedindo desculpas. Respondi que tinha encontrado o corredor e o quarto devidamente limpos, mas que não tinha sido uma solicitação, mas sim uma reclamação, já que não estava pedindo nada além do que, em um hotel do nível do Novotel, já eram serviços incluídos na diária que eu paguei, diga-se de passagem, adiantado. Ele novamente pediu desculpas e afirmou que a limpeza do meu quarto seria feita diariamente. Rogério ligou para dizer que também fizeram limpeza no quarto deles.

Aproveitei a hora de descanso para fazer a reserva na Braz Pizzaria, utilizando o site do restaurante. Reserva confirmada para quatro pessoas, às 20:30 horas, unidade Higienópolis. Liguei para Rogério, combinando de nos encontrar às 20:00 horas na recepção, pois não era longe do hotel.

Tinha três horas para descansar. Dormi neste tempo, acordando a tempo para um banho rápido, arrumar e descer.

Não vimos Bruno, o taxista na portaria. Pedimos dois Uber. O trajeto Novotel Jaraguá - Braz Pizzaria (Rua Sergipe, 406, Higienópolis), custou R$ 11,53.

 A seguir, minha experiência na pizzaria.

Restaurante: Braz Pizzaria.

Endereço: Rua Sergipe, 406, Higienópolis, São Paulo, SP.

Instagram: @brazpizzaria

Especialidade: pizzas.

Ambiente: esta unidade fica em uma casa de dois pavimentos, com salões bem ambos, mas o interessante é ficar no salão térreo, onde está o movimento dos pizzaiolos, que ficam ao fundo, onde está um grande forno a lenha à mostra, cujas paredes são de tijolinho aparente. Decorado com paredes com dois tipos de acabamento, sendo a parte inferior com azulejos brancos e a parte superior com tijolinho a vista, conferindo ao salão um ar de cantina italiana. Mesas e cadeiras de madeira confortáveis, sem toalha de mesa, álcool gel na mesa, guardanapos de papel, talheres protegidos com sacos de papel.

Tempo no restaurante: cerca de uma hora e meia.

Data: 01/11/2021 - jantar.

Conta: R$ 187,40 (duas pessoas - eu e Gastón), pagos com cartão de crédito.

A experiência: quando chegamos, tinha uma pequena fila na porta, com duas pessoas na nossa frente. No meu relógio eram 20:29 horas. Quando chegou nossa vez de falar com o recepcionista, informei que tinha uma reserva, dando meu nome. Ele consultou o celular, dizendo que nossa reserva tinha caído, pois já eram mais de 20:30 horas, que o sistema derruba imediatamente. Argumentei que tinha chegado às 20:29 horas, que não iria furar fila, que eram 20:32 horas. Ele pediu um segundo, entrou, voltou e nos levou até uma mesa para quatro pessoas. Restaurante com todas as mesas ocupadas. Emi e Rogério ainda não tinham chegado. Com muita fome, pedimos uma fatia de pão de calabresa (fatia - R$ 29,00), pois estava bem à nossa frente, em um balcão, o que nos fez lembrar a Pizzaria Valentina em Brasília, onde costumávamos comer este tipo de pão que era delicioso, e cada um pediu H2OH limão 500 ml (R$ 9,80 cada). Gostei do pão da Braz. Em seguida, Emi e Rogério chegaram, a tempo de também desfrutar desta entradinha.

Pizzas: pedimos uma pizza grande (oito fatias), metade carbonara (R$ 99,00), metade bráz (R$ 82,00). Resolvemos pedir, depois de comer a grande, uma pizza individual (quatro fatias), sabor vai-vai (R$ 62,00). Experimentei fatias com os três recheios que escolhemos. A massa tem borda mais alta, como as pizzas napolitanas, sabor leve, que combina com qualquer recheio que lhe cubra.

1. carbonara: mussarela, pancetta em cubos, pecorino, ovo e pimenta do reino. Combinação perfeita. Tudo que tem ovo eu gosto. Levemente picante.

2. bráz: fatias de abobrinha ao alho assadas na lenha, mussarela e parmesão. O alho levantou o sabor deste recheio. Foi o que mais gostei, motivo pelo qual, comi duas fatias.

3. vai-vai: rúcula selvagem temperada e tomatinhos confit e mussarela. É difícil eu gostar de pizza com rúcula, pois geralmente essa verdura chega murcha por causa do calor da pizza e, na maioria das vezes, vem acompanhada de tomates secos (não gosto da acidez deste tipo de preparo do tomate). Neste caso, ela estava fresquinha, bem temperada e a combinação com tomates confit foi divina.

Ao final, cada um pediu uma xícara de café espresso Orfeu (R$ 7,00 cada uma).

O serviço é muito eficiente. Sempre os garçons estão atentos para servir mais alguma fatia aos comensais. As pizzas chegam em tempo adequado às mesas.

Pagamos com cartão de crédito. Saímos. Gastón enviou mensagem para Bruno, o taxista, para ver se ele poderia nos buscar. Resposta positiva. Enquanto esperava, fiquei sentado no banco de madeira que tem em frente ao restaurante. Bruno chegou logo. O trajeto Braz Pizzaria - Novotel Jaraguá foi rápido, uns 10 minutos, pelo qual pagamos R$ 20,00, valor em dinheiro. Gastón aproveitou para combinar com o motorista sua ida na manhã seguinte para Guarulhos, quando viajaria para Buenos Aires rever a família.

No hotel, decidimos dar uma volta, pois estava cedo, era véspera de feriado e o movimento nos bares da região devia estar intenso. Fomos para a Praça Roosevelt. Lá existem vários bares, a maioria vendendo cervejas. Era um reduto teatral antes da pandemia, mas não sei como estava agora. Caminhada de poucas quadras. Movimento grande, especialmente de jovens, indo e vindo, parando nos diversos bares, sempre com bebida alcóolica nas mãos. A esmagadora maioria estava sem máscaras. Passamos por toda a extensão do quarteirão, e não animamos ficar em nenhum bar, pois era muita aglomeração. Continuamos caminhando, decidindo voltar a beber vinho no Paloma, o bar de vinhos que estivemos no sábado anterior no Copan. Já passavam das 23:00 horas. O movimento era menor do que na noite de sábado, mas tudo estava cheio. Havia fila para beber no bar Fel. Todos avisavam que encerrariam o expediente à meia noite. Tentamos um bar mais adiante, ainda nas imediações do Copan, que fecharia a parte de bebidas à 1:00 hora, mas havia uma fila de espera com 22 pessoas na nossa frente. Decidimos voltar para o hotel. No caminho de volta, Emi e Rogério lembraram do Wanderlust (Rua da Consolação, 204, República), bar que estiveram na noite de sábado. Também estavam encerrando à meia noite, mas disseram que nos atenderiam apenas para bebidas. Era o que queríamos. Como não estou bebendo nada com álcool, fiquei apenas na água mineral com gás, enquanto os demais compartilharam uma garrafa de vinho tinto. Saímos quando o restaurante já estava pronto para fechar, pouco mais do que meia noite.

Voltamos para o hotel. Gastón acabou de fechar sua mala, deixando algumas coisas para colocar na mochila no dia seguinte. Bruno o pegaria às 07:00 horas da manhã de terça-feira.

Era hora de dormir.

Continua...