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sábado, 20 de novembro de 2021

PRIMAVERA / GIRA - GRUPO CORPO

Acompanho o Grupo Corpo há muitos anos. Fiquei apaixonado com o que vi na Praça do Papa, local onde tomei contato, pela primeira vez, com o grupo, no início dos anos 1980. Era o espetáculo O Último Trem, que depois, tive a oportunidade de rever no Palácio das Artes. De lá pra cá, fui várias vezes aos teatros - BH, São Paulo e Brasília - para ver os espetáculos de dança do Corpo. Ainda não conheço tudo, mas as obras de 1990 para os dias de hoje, conferi todas.

Quando vi no Instagram que uma nova obra estrearia em São Paulo, no mês de outubro (eu estava lá, mas preferi comprar ingresso para a temporada de Belo Horizonte), fiquei atento para o início das vendas de entradas para BH. Quando vi, já tinha bastante ingresso vendido. Como o melhor dia para Gastón me acompanhar é o domingo, comprei 2 entradas para o dia 14/11/2021, às 19:00 horas. Havia pouco ingresso. Comprei dois assentos na penúltima fileira da plateia - MM29 e MM31. Cada ingresso custou R$100,00. Como comprei pelo App Eventim, ainda paguei mais R$ 10,00 por ingresso pela taxa de administração. Meio sem grana, adorei a opção de dividir a compra em três parcelas iguais. Até o dia em que comprei, ainda vigorava decisão da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte de não poder ter 100% da ocupação dos teatros. No entanto, esta vedação foi revogada na sexta-feira, dia 12/11, ainda durante as vendas de ingressos. Obviamente que mais entradas foram postas à venda.

Seria a primeira vez que iria ao teatro com ocupação 100% desde o início da pandemia da Covid 19.

Saímos de casa por volta de 18:30 horas. Fomos de carro. Não gosto de estacionar na Avenida Afonso Pena, em frente ao Palácio das Artes, pois é tumultuado na hora de sair e ainda tem sempre flanelinhas pedindo dinheiro. Estacionamos muito próximo, no quarteirão da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Caminhamos duas quadras e vimos a fila enorme que se formava na calçada, ao longo do Palácio das Artes. Todo mundo usando máscaras.

Gastón entrou na fila, enquanto eu fui verificar se estávamos na fila correta, ou se teria outras filas, muito comum ali. Era, até então, uma única fila. Andava devagar, mas andava. Quando chegamos na calçada da entrada, tocou o primeiro sinal. Eram 18:55 horas. Os funcionários do teatro direcionavam o público para outras filas. Tem gente que demora muito para mostrar os tíquetes, principalmente quem paga meia entrada de estudante. Ao invés de já ficar na mão com o ingresso e o comprovante da meia entrada, deixam para procurar na bolsa/carteira junto ao funcionário que checa as entradas.

Quando entramos, tocava o segundo sinal. Diferente das outras vezes que estive no Palácio das Artes, as pessoas estavam entrando direto, sem parar no café que é armado em dias de espetáculos. Poucos lanchavam.

Acomodamo-nos em nossos assentos. Teatro totalmente lotado. No telão, vídeos dos patrocinadores e informes sobre o programa da noite. Primeiro, seria apresentado o novo espetáculo, Primavera, e, após o intervalo, mostrariam Gira, que já tinha visto, inclusive com postagem aqui neste blog. Às 19:20 horas, soou o terceiro sinal, as luzes se apagaram, as cortinas se abriram e os primeiros acordes da música chegaram aos nossos ouvidos.

Primavera tem coreografia de Rodrigo Pederneiras, música do duo Palavra Cantada, cenografia de Paulo Pederneiras, figurino de Freusa Zechmeister, iluminação de Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras.

O Palavra Cantada tem como foco o público infantil. Usou suas músicas, vertendo-as para o instrumental, casando muito bem com a proposta do novo espetáculo. Figurinos com cores vibrantes, coreografia transmitindo alto astral, e uma projeção com imagens captadas na hora do próprio grupo se apresentando, em tamanho gigante. Em muitas partes da coreografia, vi nitidamente a representação de brincadeiras infantis. A ideia de movimento constante, de alegria e de perspectivas de um futuro melhor está presente durante os 40 minutos que durou a apresentação. Para mim foi um retorno aos palcos com fé e esperança de que esta pandemia vai passar e a cultura seguirá firme sua trajetória. Como sempre, final triunfal, com aplausos entusiásticos do público. Era hora da pausa para troca de cenários e figurinos.

Foram vinte minutos de intervalo. Não saí de minha cadeira, só fiquei um pouco de pé para esticar minhas costas. Evitei aglomerações desnecessárias. Às 20:20 horas as luzes se apagaram, dando início ao espetáculo Gira.

Gira tem coreografia de Rodrigo Pederneiras, música do grupo Metá Metá, cenografia de Paulo Pederneiras, figurino de Freusa Zechmeister, iluminação de Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras.

O Metá Metá é um grupo de jazz de São Paulo. Fez uma trilha sonora pujante para um espetáculo também pujante.

A escolha de Gira foi bem apropriada para o momento em que vivemos, pois traz elementos de religiões de matriz africana para o palco, especialmente perto do Dia da Consciência Negra. Além da cultura negra em destaque, tem também a questão de gênero, pois todos os bailarinos usam o mesmo figurino, com saias brancas esvoaçantes, tendo a parte de cima dos torsos dando a impressão de que não estão usando nada (as bailarinas usavam uma malha cor da pele quase transparente, que deixava o torso delas parecido com os torsos masculinos). A música é poderosa. O astral é lá em cima. Novamente, 40 minutos de espetáculo em que eu não desgrudei os olhos do palco. Aplausos de pé.

Para evitar aglomeração, assim que os aplausos se iniciaram, eu e Gastón saímos logo, aproveitando que estávamos na ponta da fileira e bem próximos da porta. Caminhamos até o carro, voltando para casa satisfeitos com o que vimos.

Vida longa ao Grupo Corpo. Viva a cultura mineira! Viva a cultura brasileira!


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