Vingança & Castigo (The Harder They Fall), 2021, 130 minutos. Filme dirigido por Jeymes Samuel, com um super elenco: Jonathan Majors, Mary Fields, Jim Beckworth, Bill Pickett, Danielle Deadwyler, Regina King, Lakeith Stanfield, Idris Elba, Delroy Lindo, entre outros.
O filme já começa informando que se trata de uma história de ficção, mas as pessoas nele retratadas existiram realmente. É um faroeste no qual todos os personagens são negros, fazendo um resgate da história americana, já que nos faroestes clássicos de Hollywood a presença do negro era quase inexistente. Em Vingança & Castigo, o branco vai aparecer pouco, como coadjuvante, em um cidade na qual alguns negros assaltam um banco. O diretor, estreante em longas, quis contrapor bem os cenários onde a história se passa com a cidade dominada por brancos. Enquanto cores vibrantes dominam a cena nos primeiros, o branco é praticamente a única cor na cidade do assalto ao banco.
Mais um diretor que vai na linha de Tarantino, com belas cenas de tiros e sangue jorrando pela tela, espetacularizando os assassinatos. Em comparação com os faroestes de sucesso hollywoodianos, em Vingança & Castigo há cenas em câmera lenta dos tiroteios, do sangue saindo dos corpos das vítimas, e das lutas corporais. Outra diferença: as mulheres aqui são fortes, determinadas, participam das lutas, são certeiras em tiros. Nada de fragilidade, sofrendo e esperando o mocinho para resgatá-las como no passado.
Outro ponto a destacar é a trilha sonora. Moderna, recheada de hip hop e rap (Jay-Z é um dos produtores do filme e está na trilha).
O elenco está formidável. É como se fosse um único corpo a atuar. Estão afinados, protagonistas e coadjuvantes, entregando performances muito boas. Como há muitos personagens, cria-se o problema de não conseguir, mesmo em pouco mais de duas horas, aprofundar na história de cada um deles. O elenco ganhou o prêmio de Melhor Elenco no Gotham Awards 2021.
Achei muito interessante o cenário da luta entre as mulheres Mary Fields (Beetz) e Trudy Smith (King): uma tinturaria de tecidos com utilização de cores muito fortes, sinalizando o empoderamento feminino, pois as mulheres não estão na tinturaria para trabalhar nos tecidos, mas sim para lutar como os demais personagens masculinos. Os tecidos coloridos pendurados secando fez com que eu me lembrasse dos filmes do chinês Zhang Yimou da década de 1990.
A trama é muito simplória: uma vingança de Nat Love (Majors) contra Rufus Buck (Elba), que matou seus pais quando era criança e o marcou na testa com uma navalha o sinal da cruz. São dois bandos de bandidos lutando para ver quem leva a melhor.
Apesar da modernidade, muitos elementos clichês do faroeste estão presentes: assaltos a banco, assaltos a trens de ferro, cavalgadas por cenários ermos, ecos de balas de espingarda nas montanhas, saloon, entre outros. A cena final é típica de faroestes: personagens montam seus cavalos e saem cavalgando com a câmara abrindo, descortinando todo o vazio do oeste americano.
A estética do filme - cores, cenários, trilha sonora, enquadramentos, fotografia, direção de arte - é sensacional. Já o roteiro peca pela simplicidade.
Disponível na Netflix.
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