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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DO COMEÇO AO FIM


Início de noite, decidimos ir ao cinema. Cine Bombril (Conjunto Nacional), próximo de nosso hotel. Lugar marcado, sala ampla e muito confortável. O filme é Do Começo Ao Fim, de Aluizio Abranches, produção brasileira de 2009. No elenco Fábio Assunção, Júlia Lemmertz, Gabriel Kaufmann, Jean Pierre Noher, Mausi Martínez, Louise Cardoso, Lucas Cotrim, Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos. História de amor entre dois irmãos filhos da mesma mãe e de pais diferentes. Dois temas fortes, ou seja, incesto e homossexualismo. O filme causou furor na internet no início deste ano, especialmente com as tórridas cenas de amor entre os dois protagonistas. Filmado no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, a fita tem bela fotografia, um bom elenco, trilha sonora divina (André Abujamra), bonitas cenas de sexo, um par de protagonistas muito bonito (Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos), mas é totalmente inverossímel. Os dois temas são de difícil aceitação na sociedade. No filme, situado no fim do governo Collor e início dos anos 2000, tudo é lindo e maravilhoso. Não há nenhuma forma de preconceito retratada, muito antes pelo contrário. A mãe (Júlia Lemmertz) acha lindo, o pai e padastro (Fábio Assunção) dá a maior força, o professor de natação acha normal. Há furos no roteiro. Não há informação suficiente sobre quem é Rosa (Louise Cardoso). Da forma que entra no filme, ela sai. O diretor gastou muito tempo mostrando a infância dos meio irmãos. O grau de intimidade das crianças é assombroso e não há nenhuma reação da mãe para modificar isto. A maioria das personagens sai do filme ainda na metade da história, incluindo a mãe. A segunda metade mostra o dia a dia dos irmãos que passam a morar sozinhos na bela mansão onde cresceram juntos. As cenas mais bonitas estão reservadas para um tango em Buenos Aires. O filme passa uma ideia que a vida é cor de rosa, que tudo é permitido, enfim, que o amor entre dois homens é visto pela sociedade brasileira como normal. O diretor tinha um excelente tema nas mãos e o desperdiçou. Esperava mais. Não gostei.

TRABALHO EM SP - DIA 1


Calor logo de manhã. Café da manhã no quarto. Metrô. Reunião na Luz. Especificação de sistema. Almoço no Lótus (Rua Brigadeiro Tobias, 420, Santa Efigênia), um restaurante vegetariano com toques orientais no sistema self service a quilo. Muitas opções de pratos frios e quentes, todos bem saborosos. Comida barata e boa. Retorno ao trabalho. Cantamos parabéns para o aniversariante do dia. Cansaço mental ao final dos trabalhos. Metrô. Hotel.

domingo, 29 de novembro de 2009

A AURORA DA MINHA VIDA



Primeiro dia em São Paulo. De início, um lanche na Bella Paulista (Rua Haddock Lobo, 354, Cerqueira César), uma padaria 24 horas com serviço de restaurante. Como sempre, lotado com fila de espera. Mesa para dois é mais rápido. Depois de 10 minutos, chegou nossa vez de sentar. Resolvemos olhar o cardápio. Uma infinidade de opções no menu, além do buffet. Optei por uma omelete de três queijos e um suco verde com laranja (laranja, rúcula, agrião e hortelã). Suco muito ácido. Precisei colocar adoçante. Refrescante. Calor insuportável dentro da padaria. A omelete demorou a chegar. Reclamamos. Mais alguns minutos e chegam os dois pratos, ambos omeletes. Enormes. Deliciosos. Quente, fez subir um calor maior ainda. Vários monitores de tv com os jogos decisivos do campeonato brasileiro de futebol. Pagamento direto no caixa. Pegamos um táxi na saída. Destino: Teatro Ruth Escobar (Rua dos Ingleses, 209, Bela Vista). Fila na bilheteria. Há três salas. Já havíamos escolhido a peça mais cedo, lendo o jornal. Entramos na fila, com um calor infernal dentro do prédio. Quando faltavam duas pessoas para nossa vez, uma funcionária do teatro pergunta a peça para a qual compraríamos entrada e com a resposta, sugere irmos para a bilheteria no andar superior, quando seríamos os primeiros da fila. Ela só se esqueceu de avisar que a máquina do cartão de crédito na tal bilheteria estava quebrada. Tarde demais, paguei em dinheiro a entrada inteira (R$30,00). Saímos para aguardar do lado de fora, em local mais fresco. Perto das 20 horas, voltamos para dentro do prédio e entramos na sala Dina Sfat, no andar superior do teatro. Com 390 lugares, tinha menos da metade da lotação para conferir a peça A Aurora da Minha Vida, texto de Naum Alves de Souza e direção de Bárbara Bruno. Remontagem do texto já dirigido pelo próprio autor. No elenco Eliete Cigaarini, Gilmar Guido, Magali Biff, Marta Baião, Paula Arruda, Paulo Goulart Filho, Roberto Arduin e Rubens Caribé. A história se passa em uma escola católica na época da ditadura militar no Brasil, com os atores se revezando entre alunos e professores. Texto datado, desconectado da realidade em que vivemos. Não há atualização, nem adaptação para os dias de hoje. Os atores, todos muito bons, ficam imbecilizados fazendo papeis de alunos adolescentes, já que a real idade de cada um já está para lá da fase adulta. A única atualização no texto é uma gag no diálogo entre a aluna gorda (Marta Baião) e o professor de português (Roberto Arduin), quando ela diz que ele não é professor, mas sim o Tio Sukita (o ator fez o tio que ficou famoso no comercial do refrigerante Sukita). As personagens não tem nomes. Cenário e figurinos são cinzas, marcando os anos de chumbo no Brasil. Achei chata a montagem. Não gostei. Foram 100 minutos longos de se aguentar. Voltamos a pé para o hotel, em uma caminhada de quase uma hora, em uma noite muito quente.

NOVAMENTE EM SÃO APULO

Domingo, muito calor em Brasília. Fico na cama, com ventilador de teto ligado no máximo até 10 horas da manhã. Levanto, arrumo a mala e tomo meu café da manhã. Viagem para São Paulo no voo TAM das 13:10 horas. Viagem a serviço. Ficarei a semana toda na capital paulista. Aproveitarei o próximo final de semana para me atualizar em todas as formas culturais.
Voo tranquilo, sem atrasos, com chegada no aeroporto de Congonhas no horário previsto. Aeroporto sem muito movimento, facilidade para pegar um táxi. Check in no hotel de sempre na Rua Padre João Manoel, bem próximo da Avenida Paulista. Estou dividindo um apartamento com um colega de trabalho.
Compras no Pão de Açúcar bem pertinho do hotel. Abastacemos o frigobar com água e acepipes para o café da manhã durante a semana.
A semana promete.

VAGAROSA


Depois de uma ótima tarde com amigos e amigas, saboreando um ceviche de lagosta, um camarão na moranga e uma torta sarcher, fui conferir o novo show de Céu. Vagarosa é o nome do novo disco, no qual o espetáculo é baseado. Com o Teatro Brasília lotado, o show atrasou em meia hora. O público é jovem, descolado. A cantora é acompanhada por três músicos e um dj. Desfilou o repertório do novo álbum, intercalando com os maiores sucessos do primeiro cd. Ela convida a plateia para dançar, mas praticamente ninguém sai das poltronas. O show é para ser curtido sentado, apreciando cada nuance da voz desta cantora paulista. É o terceiro show que vejo de Céu e o que menos gostei. Achei monótono, com as mesmas bases eletrônicas na maioria das músicas. O melhor momento é o final, quando ela canta Its Take Two Tango (Al Hoffman e Dick Manning), sucesso da década de cinquenta. No show, Céu dá a esta canção uma roupagem moderna, com toques eletrônicos. A última música é a ótima Rainha (Céu). O bis continua no clima alto astral do final do show, com a galera de pé dançando Ave Cruz (Alec Haait e Céu) e Concrete Jungle, do repertório de Bob Marley. Quando engrenou, o show acabou. Uma pena. Poderia ser melhor. A cantora tem voz, tem carisma, tem classe, tem charme, mas faltou direção.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

CABARÉ DAS DONZELAS INOCENTES


Dia complicado no trabalho. Muito stress. Nada melhor do que deixar o serviço mais cedo e se preparar para ver uma boa peça. Foi o que fiz. Desde o último domingo já havia comprado os ingressos (R$7,50 a meia por ser correntista do Banco do Brasil) para conferir o sucesso de público Cabaré das Donzelas Inocentes, texto de estreia na dramaturgia de Sérgio Maggio. A peça inaugura também um novo espaço no Centro Cultural Banco do Brasil para as artes cênicas. Todos os envolvidos são radicados em Brasília: dramaturgo, diretores, iluminador, figurinista e atrizes. Direção de Murilo Grossi e William Ferreira, conta com as excelentes atrizes Bidô Galvão (China), Adriana Lodi (Saiana), Carmem Moretzsohn (Minininha) e Catarina Accioly (Cabeluda), que interpretam quatro decadentes prostitutas que rememoram suas trajetórias de vida no bordel à espera de clientes que não mais existem. Interpretações fortes, marcantes. Há um aviso na bilheteria e no folder da peça que as atrizes fumam em cena. Fumam muito, mas o que incomodou o público mais velho foi a quantidade de palavras chulas que são ditas ao longo do espetáculo. Ao final da peça, presenciei uma senhora dizendo que se soubesse dos diálogos, não iria. Não há cadeiras fixas. A disposição do público é feita em cadeiras, bancos, sofás e pufes espalhados no espaço, dando uma maior intimidade com as personagens. Não há interatividade com a plateia, mas o público se envolve com as histórias tristes das quatro prostitutas. Um barulho me incomodou durante a peça. Parecia um toca discos girando sem o disco com um ranger, semelhante a algo sem a devida lubrificação. Pode-se dizer que são quatro grandes monólogos. Se fossem ditos de forma separada e sem a presença das outras atrizes, cada uma poderia ser uma peça diferente. Para pontuar a virada de dia, os diretores optaram por um solo de cada uma delas, iluminadas por velas, quando declamam um texto poético. Não gostei desta opção. Além da interpretação iluminada de todas elas, destaco a evolução da decadência das personagens pontuada na desarrumação e no desleixo no modo de vestir, na caracterização e na maquiagem. Excelente achado da direção. Na soma geral, gostei do que vi.

Terminamos a noite em um bom restaurante da cidade.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

REVER AMIGOS

Sempre é bom rever amigos que não vemos há muito tempo. Happy hour com direito a esticada na noite, eu e colegas de trabalho vamos ao Daniel Briand (SCLN 104, Bloco A, loja 26, Asa Norte) para nos encontrar com uma amiga que já trabalhou conosco e agora está em outro órgão. Ótima noite, com bons vinhos, boa comida e conversa agradável.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

APARECI NO CQC

Quando cheguei ao trabalho, muita gente veio comentar comigo sobre a minha aparição no programa CQC da Band desta segunda-feira. Eu não vi o programa, mas como havia até mensagem no celular, já em casa, procurei no YouTube. Achei. Foi o programa sobre a abertura do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na terça-feira dia 17 de novembro, quando da exibição do filme Lula, O Filho do Brasil. Apareço rapidamente entrando no local do evento. É fácil a identificação, pois colocaram a imagem do rosto do Lula em cima do meu rosto. Ficou engraçado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

UM DIA NO CINE BRASÍLIA

Depois de um ótimo café da manhã neste domingo, decido passar a tarde/noite no Cine Brasília (EQS 106/107, Asa Sul), acompanhando a programação do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Com a experiência de anos anteriores, fui cedo comprar entrada para a sessão da mostra competitiva das 20:30 horas. A bilheteria abria às 15 horas. Saio de casa antes das 14:30, pensando que encontraria uma fila enorme. Ledo engano. Apenas quatro pessoas na minha frente. O primeiro da fila era um senhor que acompanha há vinte anos o festival. Ele me disse que a edição de 2009 está igual à de 2008 (não acompanhei a edição do ano passado), com uma participação de público mais modesta. Os ingressos (R$6,00 a inteira) não estavam mais sendo disputados. Comprei a minha entrada e fui almoçar. Como a intenção era ficar até o final da noite e tendo encontrado uma excelente vaga para estacionar o carro, resolvi ir a pé até o Beirute (SCLS 109, Bloco A, lojas 2 a 4, Asa Sul). Foi uma caminhada de vinte minutos com um sol escaldante. Restaurante cheio, como sempre. Consigo uma mesa bem localizada. Peço um filé a cavalo. Básico. Comida bem feita, preço justo. Volto a pé para o Cine Brasília, já por volta das 16 horas, para conferir a Mostra Brasília 35 mm, com entrada gratuita. Havia duas filas grandes para entrar. Escolho uma e espero. Abrem as portas somente às16:50 horas, quando a sessão tinha início marcado para 16:30 horas. A sala logo ficou cheia, com gente sentada nas escadas e laterais. Nada de brigadistas para retirar estas pessoas. Qualquer situação de emergência podia ter consequências ampliadas, pois não havia acessos livres para as saídas. Para piorar, colocaram nas laterais caixas de som e armações para luzes. A hora passa e nada de começar a sessão. Mais uma prova da desorganização que permeia esta edição do festival. Comentam em cadeiras próximas a que eu estava que no sábado foi o mesmo atraso com o agravante de o ar condicionado ter sido desligado e o som ter falhado na exibição da cópia restaurada do filme A Hora da Estrela, de Suzana Amaral. Às 17:30 horas a apresentadora oficial do festival sobe ao palco e anuncia os três curtas da tarde. Quanto ao longa, O Galinha Preta, de Cibele Amaral, ela comunica que não ficou pronto a tempo. Sobem ao palco diretores e respectivas equipes técnicas dos curtas e fazem seus agradecimentos. O produtor do primeiro curta, Rojer Madruga, critica a gestão de Silvestre Gorgulho à frente da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Aplausos da plateia. Ao final dos agradecimentos, a produtora e a diretora do longa que seria exibido sobem ao placo para pedir desculpas. Cibele Amaral, visivelmente transtornada, diz que fez de tudo para o filme ficar pronto e estrear naquele domingo. Se desculpa mais uma vez, em especial à comunidade de Brazlândia que foi prestigiar o filme. Parte da plateia se levanta e sai da sala. Creio que eram parte das pessoas que se deslocaram para ver O Galinha Preta. As projeções dos três curtas começaram, na seguinte ordem:
01) Senhoras, de Adriana Vasconcelos, com 11 minutos de duração. História singela de duas senhoras, mãe e filha, dentro de um apartamento em Brasília em pleno feriado de Carnaval. Achei fraco. Aplausos protocolares da plateia.
02) A Descoberta do Mel, de Joana Limongi, com 16 minutos de duração. Baseado em um quadro de Piero di Cosimo, é um delírio. Faunos descobrem o mel e se fartam em uma orgia no cerrado. Lembrei-me dos filmes experimentais da década de setenta. Detestei. Plateia dividida, com aplausos ensandecidos e com algumas vaias.
03) Reconhecimento, de Ítalo Cajueiro, com 12 minutos de duração. Início com atores que se transformam em animação. História de um sequestro relâmpago baseado em fatos reais. Inusitado. Gostei. Aplausos e vivas da plateia.
Sem o longa, fiquei na Praça de Alimentação montada atrás do cinema. Uma verdadeira estufa. Li jornais e revistas que tinha dentro da mochila, até a hora do início da sessão noturna. 20 horas. Fila grande. Muita gente vai chegando e ficando na frente. Não se identificava mais a fila. Um bolo de gente se armou na frente da porta. Com novo atraso, abrem as portas às 20:45 horas. Não conferem os ingressos de quem pagou meia ou inteira. Sala novamente muito cheia, com pessoas sentadas nas escadas e vias de acesso. Novamente, nenhum brigadista, embora presentes, age. Os apresentadores anunciam os filmes competidores da noite e as respectivas equipes sobem ao palco para agradecer. O longa, É Proibido Fumar, de Anna Muylaert, trouxe para o palco o par de atores principais, Glória Pires e Paulo Miklos. A projeção tem início na seguinte ordem:
01) Carreto, de Marília Hughes e Cláudio Marques, produção da Bahia com 12 minutos de duração. História de amizade entre um garoto e uma menina com deficiência nas pernas, se passa no Recôncavo Baiano. Emocionante, ganhou a plateia com muitos aplausos. Gostei.
02) A Noite Por Testemunha, de Bruno Torres. Produção de Brasília com 24 minutos de duração. Atores e equipe técnica da cidade, quase todos presentes no cinema. Baseado na fatídica noite de 20 de abril de 1997 quando jovens de classe média atearam fogo no índio Galdino em uma parada de ônibus de Brasília. Filme forte, com boas atuações e muitos cortes, com idas e vindas no tempo. Final marcante e reflexivo. Plateia em delírio. Gostei muito.
03) É Proibido Fumar, de Anna Muylaert, produção de São Paulo com 86 minutos de duração. É uma história de amor entre duas pessoas da classe média baixa paulistana, Baby (Glória Pires), uma professora de violão que mora em um apartamento herdado da mãe, e seu novo vizinho Max (Paulo Miklos), um cantor de churrascaria. Para quem viu Durval Discos, o primeiro e único, até então, longa da diretora, pode soar mais do mesmo, embora com uma roupagem diferente. A solidão, a música, o vinil e a estética retrô estão presentes, como no primeiro filme. A primeira metade é melhor, uma comédia leve. Já a segunda metade, com nuances de policial, perde um pouco o viço. Nada, porém, que prejudique o filme como um todo. Glória Pires e Paulo Miklos dão um show de interpretação. Interessante as aparições relâmpago de Paulo César Pereio (o dono da churrascaria), Antônio Edson (Seu Chico, o porteiro), veterano ator do Grupo Galpão de Belo Horizonte, Antônio Abujamra, André Abujamra e José Abujamra (vô, pai e filho no elevador); Etty Fraser (uma avó que mora no prédio de Baby e Max), Lourenço Mutarelli (o corretor), Pitty (uma das pretensas locatárias), Alessandra Colassanti (Stellinha), Marisa Orth (Pop, irmã de Baby) e Dani Nefussi (Teca, irmã de Baby). Divertido, cativou a plateia com muitas risadas. Palmas calorosas ao final. Parece que já é o favorito do público. Gostei muito, mesmo com a perda de ritmo na segunda metade. Final surpreendente. Ao final, a organização do festival informa que o filme O Galinha Preta será exibido na tarde de segunda-feira. Muitos questionaram em risadas. Será?
O episódio do filme de Cibele Amaral é mais um neste infindável festival de desorganização desta edição do FBCB. Como programam um filme não acabado para uma mostra competitiva? Lastimável. O festival precisa se modernizar. Ele ainda é prestigiado pela imprensa nacional, há muitos prêmios, inclusive em dinheiro, disponíveis e um público cativo em Brasília. Porque não melhorá-lo? Fazer um rodízio de curadoria, por exemplo. Porque não fazer uma pesquisa junto ao público para sentir os motivos da perda de interesse nos últimos dois anos? Excesso de documentários? Fora as questões de infraestrutura, com necessidade de reforma do Cine Brasília mais do que urgente, fato já anunciado e propagado pela imprensa local.
Cansado, ainda dou uma passada na Praça de Alimentação e converso com amigos. Volto para casa depois de meia noite, já na madrugada de segunda-feira.

domingo, 22 de novembro de 2009

MÚSICA QUE OUÇO XIX


DIVERTIDO!

MANHÃ FRANCESA


Domingo. Verão em Brasília. Calor! Que tal um café da manhã agradável, fora de casa? Foi o que fizemos. Local escolhido: Daniel Briand (SCLN 104, Bloco A, loja 26, Asa Norte), um simpático café aos moldes de bistrôs parisienses. Perto de casa, dá para ir caminhando, mas Ric preferiu dirigir. Local cheio de gente interessante, lendo os jornais e revistas dominicais. Quando chegamos, ainda havia lugares. Escolhemos uma mesa no deck, próximo às plantas. Ficamos ouvindo pássaros e cigarras. Amigos estavam na mesa ao lado. Optamos pela Première Formule, com salada de frutas, cesta de pães, suco de laranja, geleia, manteiga, queijo grouyere e café. Como a opção é individual, pedimos um suco e um café extras, pois a comida serve tranquilamente duas pessoas. Em meia hora após nossa chegada, o café ficou lotado. Os pães (pain au chocolat, croissant, brioche, pão francês) são feitos na casa, muito saborosos. A xícara de café é grande. A salada de frutas sai do tradiconal maçã, banana e laranja. Vem com mamão e melão em bolinhas, uvas e carambola. Deliciosa. Nos sentimos em Paris, em pleno verão, saboreando, sem pressa, um ótimo e prazeroso café da manhã. A conta ficou em R$44,00 para duas pessoas. Com certeza, irei repetir a dose em outros domingos.

sábado, 21 de novembro de 2009

COMIDA ÁRABE


Gosto muito de comida árabe. Hoje decidi almoçar no Tanoor (Setor Hoteleiro Norte, Quadra 4, Bloco A, Torre Palace Hotel). Ric propõe irmos ao Zahle, na Asa Sul. Comunico que ele está fechado. Chegamos por volta de 13:30 horas. Tannor vazio. Apenas duas mesas ocupadas, com duas pessoas em cada uma. No mesmo momento em que entramos, três mulheres também chegam. O sistema é de buffet livre (R$47,00), com frios e quentes dispostos em bancadas, com placas indicativas dos pratos. À mesa, rodízio de quibes, esfihas, kaftas, michué e pães. A qualidade caiu muito. Frequento este restaurante há anos e agora está muito diferente. Poucos graçons, rodízio demorado, com apenas uma senhora passando a bandeja nas mesas. A fartura não está mais presente nos pratos quentes. O arroz com lentilhas e cebolas caramelizadas estava quase no fim e não foi reposto enquanto lá estive. A bandeja com quibe frito só passou uma única vez em minha mesa. Os pães não estavam frescos como outrora. Cobra-se caro para uma qualidade duvidosa. Não gostei.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

AINDA SOBRE A ABERTURA DO 42º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Li nos jornais de quarta e quinta-feira as matérias e notas sobre a abertura do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e sobre o filme de abertura. É incrível como que a imprensa, mesmo malhando a desorganização do evento, ainda omite certas informações. A principal delas é que a produção do festival liberou a entrada de quem estivesse na porta do teatro, indenpendentemente de estar com o convite, motivando o excesso de pessoas dentro da sala de exibição (falaram em 1,8 mil para uma capacidade total de 1,3 mil). Mas claro que a imprensa não viu isto, pois eram credenciados e entraram antes...
Fernando Adolfo, organizador vitalício do festival, comenta em uma das reportagens, que o festival sempre teve uma áurea política e que precisava daquela filme na abertura. Que ele fez o convite para o Barretão em agosto e em 15 dias recebeu a resposta positiva. Ficou óbvio que ele queria um filme-evento, talvez para fazer um contraponto à edição de 2008, muito criticada e com falta de público.
Às vésperas de completar 50 anos e uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, Brasília precisa aprender a organizar eventos deste porte. Não se pode colocar mais gente no teatro do que sua capacidade. A questão da segurança é importante. Gente sentada no chão (seja na Sala Villa Lobos, seja no Cine Brasília, sede do festival) não se pode mais admitir. O festival deve repensar sua forma de organização. A cidade precisa evoluir, se emparelhar com os grandes centros do mundo onde isto não acontece.
Também li as críticas sobre o filme. A Folha de São Paulo classificou Lula, O Filho do Brasil como ruim e o Correio Braziliense deu duas estrelas. Volto a comentar sobre os atuais críticos. Eles falam para quem? Não quero aqui dizer que a classificação deles está errada ou que todos devem achar o filme maravilhoso. No entanto, se verificarmos a crítica, veremos que ficaram preocupados em saber se a música Você (Tim Maia), que embala o encontro de Lula com sua primeira mulher, tinha sido lançada realmente na época que aconteceu o baile ou se a cena de novela com Tarcísio Meira e Glória Menezes é realmente do mesmo ano em que se passa o filme. Questões bobas e desnecessárias. Não pode haver licença poética? Sofia Coppola não colocou trilha sonora atual para o filme de época sobre Maria Antonieta? No mesmo filme ela colocou, entre a coleção de sapatos da rainha francesa, um par de tênis All Star. Também a crítica da Folha ressalta que foi omitido o fato de Lula ter tido uma filha com a enfermeira Miriam Cordeiro. Quem leu sobre o filme antes, desde o momento em que Barretão anunciou suas filmagens, já sabia que este fato não seria mostrado. O filme é uma ficção. Não é um documentário. A opção do que colocar ou não cabe aos produtores e diretor do filme.
O diretor quis mostrar uma parte da história de um brasileiro que superou situações ruins (pobreza, separação dos pais, ausência do pai, acidente de trabalho, desemprego, prisão por motivos políticos) e venceu, com luta e perseverança. Como já disse em outro post, é um melodrama, é cinemão. Não é filme para festival. É filme para arrebentar nas bilheterias.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

LULA, O FILHO DO BRASIL

Como já relatei em post de 18/11/2009, assisti ao filme Lula, O Filho do Brasil na abertura do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Dirigido por Fábio Barreto, conta no elenco com Glória Pires (Dona Lindu, mãe de Lula); Rui Ricardo Dias (Lula adulto), Cléo Pires (Lourdes, a primeira esposa de Lula), Juliana Baroni (Marisa Letícia), Antônio Pitanga (o mestre quando Lula era estagiário), Lucélia Santos (a professora primária de Lula), entre outros. Com 128 minutos de duração, é um belo filme. O diretor conseguiu fazer um filme emotivo sem ser piegas. A história de Lula é a história de milhares de brasileiros que vencem situações adversas, conseguindo se projetar na vida. A interpretação de Glória Pires é ótima. Ela está contida, mas enche a tela. Usa e abusa de ditos populares. Rui Ricardo faz um Lula bem próximo do real. Pensei, em certos instantes, que o Lula estava incorporado no ator. A cena reconstituindo a famosa assembleia dos metalúrgicos em um estádio de futebol no ABC paulista, com a reprodução do discurso de Lula de forma boca a boca, é perfeita. Barreto utiliza bem as cenas jornalísticas de arquivo, entremeando-as nas filmagens. A fita possui informações da vida de Lula que muitos desconhecem. Um filme que fará sucesso nos cinemas, não só pela curiosidade que todos tem em relação à história de nosso Presidente, mas também pela sua qualidade técnica. Será o blockbuster nacional de 2010, com certeza. Cinemão. Melodrama. Gostei do que vi.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

42º FESTIVAL DE BRASILIA DO CINEMA BRASILEIRO


Todos os anos eu consigo entrada para a abertura do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A partir do momento em que foi confirmada a pré-estreia mundial do filme Lula, O Filho do Brasil na abertura do festival deste ano, a corrida pelos convites foi intensa. Todos os ocupantes de cargos na Esplanada dos Ministérios queriam garantir presença na abertura do dia 17 de novembro, na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Foi difícil. Tentei os contatos de anos anteriores e ninguém ainda havia garantido sequer o seu próprio ingresso. Depois de muito tentar, desisti. Como por encanto, um amigo me liga na manhã da terça-feira e diz que tinha uma vaga em seu convite (válido para duas pessoas). Agradeci e confirmei na hora. Combinamos de chegar uma hora antes do previsto para o início, pois não havia lugar marcado. Cheguei na porta do teatro às 19 horas e já havia um número considerável de pessoas, muitas delas sem o convite. Abordavam os que chegavam para ver se poderiam entrar com o mesmo convite, caso o convidado estivesse sozinho. Vi muitos conhecidos que raramente frequentam salas de cinema e que chegam a falar mal do cinema nacional. O calor era grande. A multidão só crescia em tamanho e nada de abrirem as portas para os convidados. Repórter do CQC em ação. Quando já eram 20:30 horas, portanto meia hora após o horário marcado para ter início a cerimônia de abertura, liberaram o acesso, sem pedir os convites. Foi um corre corre no saguão do teatro, parecia um estouro de manada. Idosos, deficientes, crianças, ninguém era poupado do empurra empurra. Novo bloqueio na porta de entrada para a rampa de acesso à sala onde seria exibido o filme. Quase fui esmagado de tanto que as pessoas empurravam. A desorganização da produção do festival já era gritante. Os funcionários do teatro estavam nervosos e não sabiam o que fazer. Um grupo de senhoras portava uma faixa pedindo que Lula libertasse Cesare Battisti e empurravam para entrar. Não tinham convites, assim como grande parte dos que estavam na porta de entrada. Houve um novo empurrão e os funcionários do teatro não consiguiram segurar. Houve correria e gente escorregando na rampa. Entrei rapidamente no teatro que já estava bem cheio. Havia um local destinado aos patrocinadores do festival, mas ninguém orientava nada. As pessoas começaram a se sentar neste reservado. Foi o que também fiz. Acomodado, comecei a ver quem estava presente. A esposa de Lula, Dona Marisa Letícia, Luiz Carlos Barreto e Bruna Barreto, produtores do filme, Fábio Barreto, o diretor do filme, o Vice-Governador do Distrito Federal Paulo Octávio, o Secretário de Cultura do DF, o responsável pelo festival Fernando Adolfo, o repórter do CQC, muito jornalista tirando fotos. De repente, o teatro estava tomado. Gente sentado em todos os espaços disponíveis, incluindo as escadas de acesso e as rampas laterais. Os atores do filme tiveram dificuldade de chegar até o palco, pois não havia lugar para passar. Glória Pires e seu marido Orlando Morais, Cléo Pires, Lucélia Santos, Antônio Pitanga, Milhem Cortaz tiveram que pedir licença e abrir espaço na multidão. Já com quase uma hora de atraso, os apresentadores oficiais do festival tomam os lugares no palco e anunciam a abertura do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Durante a apresentação, o grupo de senhoras invade o palco com a faixa e gritavam pela libertação do italiano. Um vexame. Um mico para a organização do evento que não providenciou a retirada delas do palco. Os apresentadores, sem saber o que fazer, continuaram a apresentação do festival. Alguém com a camisa da produção entrou e retirou as senhoras que continuaram gritando dentro do teatro. Um misto de aplausos e vaias para elas. É anunciada a Orquestra Sinfônica local. As cortinas se abrem. A orquestra inicia a execução de Asa Branca. As senhoras continuam gritando, num desrespeito aos músicos e aos presentes. Vaias. Elas, enfim, são retiradas do teatro. A orquestra executa a segunda música e termina sua apresentação. Os apresentadores anunciam o filme e chamam ao palco os produtores e o diretor. Barretão pega o microfone e faz uma denúncia. Diz que o teatro está lotado além de sua capacidade, que já havia reclamado isto com Paulo Octávio, o Vice-Governador, e com o Secretário de Cultura, ambos presentes, e que nada fora feito até aquele momento. Ele estava preocupado com o fato de muitas pessoas estarem sentadas no chão e não havia nenhum brigadista de incêndio ou mesmo membros do corpo de bombeiros presentes no teatro, que qualquer estouro de lâmpada por um simples aquecimento poderia trazer consequências imprevisíveis. Neste momento recebe algumas palmas. Pede, ao final de sua fala, que os que estavam no chão e nas laterais saíssem do teatro, garantindo uma exibição extra tão logo terminasse a primeira sessão. Vaias e gritos pedindo para ele calar a boca e sair do palco. Ele diz que já que ninguém quer sair, passariam o filme, mas a produção do filme se eximia de qualquer responsabilidade. Aproveitou para dizer que a responsabilidade pelo evento não era da Presidência da República, como poderiam pensar alguns dos presentes. Disse com todas as letras que tal responsabilidade era do Governo do Distrito Federal, através de sua Secretaria de Cultura e da organização do festival. Bruna Barreto pega o microfone e faz novamente o apelo para que as pessoas entendam a questão da segurança. Novas vaias. É a vez de Bruno Barreto que reclama do fato de a organziação do festival não ter reservado espaço para os atores, atrizes e equipe técnica do filme se sentarem durante a exibição. Que o filme tinha 128 minutos e eles teriam que assistir ao filme em pé. Pede para que alguns dos sentados cederem seus assentos. Novas vaias. Gritos foram direcionados ao Vice-Governador e ao Secretário de Cultura para que eles se levantassem e cedessem seus lugares. Bruno Barreto chama os atores ao palco e é breve nos agradecimentos, lembrando que gosta do Festival de Brasília e que foi nele onde recebeu seu primerio prêmio. Os atores se retiram. A organziação do festival arruma lugares para eles se sentarem (havia muita gente da produção do festival sentadinho para curtir o filme). Um deficiente visual começa a gritar sobre a falta de acessibilidade. As luzes se apagam e reclamam de uma pessoa em pé na lateral do teatro focada por uma luz fraca. Era a tradutora de libras para os deficientes auditivos que estavam presentes. Um mico da plateia, mal informada. O filme começa com os logotipos dos seus patrocinadores. Para cada logo, uma vaia. Depois reclamam que o cinema brasileiro não tem apoio. Parece que as pessoas foram à abertura com o intuito de vaiar. O filme, enfim, começa. Silêncio total. Ao final da exibição, palmas sem o entusiasmo que estou acostumado a ver em filmes que integraram os festivais anteriores. Também não foram palmas protocolares, como afirmou o Correio Braziliense em sua edição de quarta-feira. Os apresentadores convidam para o coquetel de abertura. Saio pela saída de emergência. Era muita confusão já vivida. Não queria enfrentar o avança de esfomeados no tal coquetel.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SILVIA MACHETE



À noite, fui para o CCBB Brasília para ver o último show do projeto Pode Apostar! (R$7,50 a meia entrada por ser correntista do Banco do Brasil). A cantora é Silvia Machete. Acompanhada por uma banda afinada composta por quatro músicos, ela é bem descontraída no palco, com um modo cativante de falar com o público, que lotava o teatro. No repertório, músicas de seus trabalhos gravados e algumas que farão parte de seu próximo disco que, segundo ela, ironicamente disse, sairá lá por 2020, depois de passada aCopa do Mundo e as Olimpíadas. Músicas de Erasmo Carlos, Marcos Valle, Itamar Assumpção, Rita Lee, Caetano Veloso e compositores da nova geração são interpretadas de uma forma especial. O show é bem divertido, pois ela coloca elementos circenses (já foi artista de rua em Nova York) durante o espetáculo. Assim, temos um número em que ela mostra seus dons em um trapézio, outro em que enrola um cigarro de orégano (deixou bem claro se tratar de uma erva inofensiva) enquanto roda um bambolê em seu corpo e um número de mágica com uma banana. O público ovaciona bastante. Ao final, ela solta a pérola de que é a única cantora performática do Brasil e uma das poucas que gosta de homem. Gostei muito e, com certeza, aposto nela. Aposto tanto que fiquei esperando-a para tirar uma foto com ela (momento tietagem explícita!).

39ª REUNIÃO DA CONFRARIA VINUS VIVUS

Domingo lindo em Brasília. Muito calor. Consigo expelir quatro pedaços de cálculo renal. As dores na bexiga terminam. Mais uma reunião da Confraria Vinus Vivus, a de número 39. Nos reunimos na casa de um dos casais confrades para degustação de quatro vinhos brancos. Todos sabem que não gosto de vinho branco, mas a escolha do tema sempre é democrática e tais vinhos também devem ser apreciados. Quem sabe um dia ainda mudo de ideia? A reunião começou, como sempre, com a descoberta de aromas do vinho, com o kit Le Nez du Vin. Esta rodada nos permite ter contato com os prováveis aromas que perceberemos quando da degustação em si. Em seguida, acomodados ao redor de uma mesa, por volta de 13:30 horas, o ritual teve início. Desta vez optamos em não fazer a degustação às cegas. O primeiro vinho branco foi o Chassagne-Montrachet Première Cru "Les Chaumées", safra 2004, 100% chardonnay, da região da Bourgogne, França. Importado pela Mistral (R$243,00). O segundo vinho foi o Moutonne Chablis Grand Cru, produzido por Albert Bichot na região de Chablis, Bourgogne, França. Safra de 2006, também 100% chardonnay, importado por Wine Brands (R$530,00). Terceiro vinho foi o Silex, também francês da região de Pouilly Fumé, safra 2004. Importado por Grand Cru (R$580,00), é 100% sauvignon blanc. O último vinho da tarde foi o Dr. Burklin-Wolf, da região de Pfalz, Alemanha. 100% riesling, safra 2005, importado por Mistral (R$240,00). Quando terminamos, a votação indicou a preferência de oito confrades pelo primeiro vinho degustado e dois pelo último. Em seguida, ainda regado a espumante argentino e vinho branco italiano, saboreamos uma belíssima paella marinera. Tarde agradabílissima.

domingo, 15 de novembro de 2009

HOMENAGEM AO MALANDRO



Mais um show em meu final de semana cultural. Homenagem ao Malandro, com Maria Alcina e Jards Macalé. Homenagem a Moreira da Silva, o Kid Moringueira, o show (R$10,00 a inteira) teve lugar no teatro da Caixa Cultural, que tinha bom público, embora não lotado. O horário de espetáculos na Caixa é diferenciado. Para sábado, o show tem início às 20 horas, o que possibilita esticar a noite com mais tranquilidade, especialmente para quem gosta de jantar, como é o meu caso. O show é dividido em duas partes. Cabe à Maria Alcina abrir o espetáculo. Ela canta sete músicas acompanhada apenas por Sérgio Arara no violão e computador. As quatro primeiras fazem parte do repertório de Moringueira. Ela, apesar de não ter mais aquela movimentação de palco da década de setenta, continua uma showwoman. Interpreta as canções como se fossem textos teatrais, com sua voz grave e ainda potente. Seduz a plateia logo na primeira música, O Último dos Mohiacanos. As três últimas músicas de seu set são de seu repertório. As famosas e sempre presentes Kid Cavaquinho e Fio Maravilha. Antes de cantá-las, ela interpreta uma canção de seu mais novo disco, Maria Alcina Confete e Serpentina. Anuncia que o cd é premiado e que estaria à venda ao final do show. Ela se retira do palco e entra em cena Jards Macalé, apenas com seu violão. O segundo set, com também sete músicas, é menos interessante do que o primeiro. Não entendia a voz de Macalé em alguns momentos. Uma pessoa comenta, em cadeira atrás de mim, que ele tinha uma batata quente na boca. Ao final, Maria Alcina retorna e os dois fazem juntos a música Resposta do Amigo Urso, com Alcina nos vocais e Macalé no violão. O bis é de Maria Alcina, que repete a música Cachorro de Madame, cantada por ela no primeito set da programação. Gostei muito do set de Maria Alcina e não gostei da parte de Macalé. Após o show, eu, Ric, Emi e Ro fomos beber vinho e comer algo no Café Savana, onde ficamos até o início da madrugada de domingo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SIMONE EM BOA COMPANHIA



Resolvi dar mais uma pausa no XI FIC Brasília e fui conferir o novo show de Simone, Em Boa Companhia na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro. (R$100,00, meia entrada para quem doasse um quilo de alimentos). Há quatorze anos moro na capital federal e somente vi Simone uma única vez, em 2008, em show conjunto com Zélia Duncan. Sempre foi minha cantora predileta, embora minha relação com suas fases são de amor e ódio. Hoje o teatro não estava lotado. Público majoritariamente feminino e mais velho. Ao final do espetáculo, estava em êxtase. Simone está solta no palco, brinca com o público, bem humorada, de paz com a vida. Mesmo quando pede para pararem de filmar, não perde a pose, nem a graça. Ao final de cada música, muitos aplausos. Ela desfila o repertório de seu mais recente disco, Na Veia, entremeado com canções que há muito não cantava, como Tô Que Tô (Kleiton e Kledir), que abre o show, e Paixão (Kleiton Ramil), num arranjo muito mais bonito do que na gravação de 1983. Também canta músicas que nunca gravou. Destaco a interpretação emocionante de Certas Coisas, de Lulu Santos e Nelson Motta. Fazer uma releitura de Perigosa, música de Rita Lee, eternizada na voz das Frenéticas, foi ousado, pois já beirando os 60 anos, Simone ainda desperta muitos suspiros e está em forma. O bis, com Encontros e Despedidas e Desamor, teve grande parte dos presentes de pé rente ao palco, com Simone pegando nas mãos de um por um e distribuindo rosas brancas e vermelhas. O show está lindo, com uma iluminação de destaque. A direção é de José Possi Neto. Gostei muito do que vi e, se tiver oportunidade, assisto de novo. Quem sabe em Belo Horizonte, no Palácio das Artes, no próximo dia 04 de dezembro.

EXPAND - BODEGAS RODA

Ainda dando um descanso do XI FIC Brasília, fui com amigos ao jantar harmonizado promovido pela Expand no Piantella (SCLS 202, Bloco A, loja 34, Asa Sul). O convite individual ficou em R$230,00. Vinhos da Bodegas Roda, da região de Rioja na Espanha. Presença de um dos enólogos da vinícola, Gonzalo Gutierrez. Houve uma breve apresentação da bodega e, em seguida, iniciamos o jantar. Logo quando chegamos, antes mesmo de nos sentarmos na grande mesa (capacidade para 22 pessoas sentadas), fomos recebidos com um brinde de boas vindas com o espumante Faìve Rosé Brut, que não é produzido pela bodega dos vinhos da noite. Quando todos estavam a postos, o enólogo mostrou fotos da vinícola e também apresentou os dois azeites por eles produzidos, um deles premiado como o melhor azeite espanhol. O interessante é que os proprietários fizeram a junção das duas primeiras letras de seus sobrenomes para nomear a bodega. RODA = Mario ROtland e Carmen DAurella. Já o azeite premiado tem a inversão das letras iniciais dos sobrenomes, ficando com o nome de DAURO. De entrada uma polenta com bacalhau e molho de tomate, acompanhada pelo vinho tinto Roda Reserva 2004 (R$198,00). Combinação perfeita. Vinho gostoso de se beber. Em seguida o primeiro prato, um ravioli de vitelo ao funghi, com o Roda I Reserva 2004. O vinho é sensacional (custo em torno de R$278,00). O molho de funghi estava um pouco enjoativo, mas o ravioli de vitelo estava bem saboroso. Para finalizar, um carré de cordeiro com risoto trufado, cujo aroma já sentimos antes mesmo dos pratos serem servidos. E o vinho que o acompanhou foi o Cirsion 2006, o top de linha da vinícola (R$1.128,00). Divino. Já ganhou como o melhor vinho produzido na Espanha nos anos de 1999 e 2000. A safra que degustamos ficou em terceiro lugar em seu ano. Foi minha primeira vez em uma degustação na Expand Store by Piantella. Já tinha ouvido os amigos comentarem que é a melhor de Brasília, não havendo miséria para servir os vinhos. Realmente os vinhos são servidos a todo instante, incluindo o top de linha. Tive que pedir para parar de servir. Gostei muito e vou participar, na medida do possível, das próximas que lá tiverem lugar.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

BIBI CANTA E CONTA PIAF


Oitavo dia do XI FIC Brasília. Resolvo dar um descanso. Não vou ao cinema. Prefiro ir para o show de Bibi Ferreira na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Desta vez, estou acompanhado de Ric e mais três amigos. O espetáculo é "Bibi Canta e Conta Piaf" que já roda o Brasil e o mundo por 25 anos. Já tinha visto este show em agosto de 2008. Para os demais que comigo estavam era a primeira vez. Quando o Ano da França no Brasil foi oficialmente aberto, em Ouro Preto, Minas Gerais, este show foi o escolhido e agora faz parte do encerramento deste brilhante ano que se encerra em 15 de novembro (já aguardo o Ano da Itália no Brasil, previsto para 2011). Acompanhada da Orquestra Filarmônica de Brasília e do Coral da Universidade de Brasília, Bibi desfilou treze músicas do repertório de Edith Piaf, com algumas das canções vertidas para o português. O teatro não estava cheio, mas o público estava entusiasmado, aplaudindo, ao final de cada música, a interpretação de Bibi. A atriz/cantora ficou de pé o show inteiro com um sapato de salto altíssimo, mostrando o vigor que possui, mesmo com uma idade avançada (ela não revela sua idade). Bibi coloca emoção em cada gesto, em cada nota musical e também emociona a plateia. Ao cantar as músicas eternizadas por Piaf, temos a sensação de que a própria cantora francesa está no palco, incorporada em Bibi Ferreira. Novamente gostei muito do show.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A RAINHA DOS DUENDES

Inspirado em fatos reais.

Um clarão. Um estrondo. Black out. Estava sentado em frente à televisão. Via um filme. A casa ficou mergulhada nas trevas. Procurei uma vela. Depois de acendê-la, fui ver o que aconteceu. A chuva desabou. Via da varanda de minha casa uma fumaça saindo do transformador que fica no poste em frente. Tudo estava escuro. Voltei para dentro de casa. Pensei em ligar para a companhia de energia, mas meu telefone fixo é ligado na eletricidade. Estava mudo. O telefone celular, sem bateria. Sem comunicação com o mundo fiquei. Esperei um tempo. Tentei ler, mas a luz da vela não era suficiente. Deitei. Dormi.
No dia seguinte, notei que a energia estava de volta. Liguei a televisão. Não funcionou. Parece que queimou com o raio que caiu no transformador. O telefone deu sinal. Liguei para reclamar e perguntar se a companhia pagaria o conserto de minha tv. Uma voz sensual atendeu:
- Central Elétrica, bom dia, Maninha falando, serviço de reclamações, anote o número do protocolo por favor, esta conversa está sendo gravada.
Muita informação em uma frase dita de um só fôlego. Prossegui a conversa.
- Minha tv queimou depois que um raio caiu na minha rua durante a chuva de ontem. Quero que a empresa arque com meu prejuízo e conserte meu aparelho.
- Forneça seu endereço, por favor. Já lhe falaram que você tem uma voz deliciosa?
Fiquei sem entender a última frase. Disse meu endereço. Ela voltou a falar:
- Endereço anotado. Em 72 horas o senhor receberá um retorno da empresa. Se a voz é assim, imagino o todo.
Entrei no jogo:
- Quer conhecer o corpo?
- Porque não?
- É só agendar, disse eu.
- Que tal hoje, depois do expediente? Trabalho no prédio conhecido como pinheiro iluminado.
Sabia onde era o prédio. No centro da cidade. Era assim chamado porque, no período natalino, suas janelas ficavam acesas em formato de pinheiro.
- Combinado, eu falei. Como saberei que é você?
- 17:30 horas. Em frente ao prédio. Você me reconhecerá, com certeza.
Desliguei. Esqueci por completo da reclamação. Fiquei atordoado com a ideia deste encontro inusitado. O dia passou lentamente. A concentração me fugia no trabalho. Só pensava em Maninha.
Cheguei ao prédio um pouco antes do horário marcado. Loucura total. Muita gente saindo. Sem nenhuma referência da mulher com quem me encontraria. Enquanto esperava, fantasiava o encontro. No horário exato, uma estonteante morena veio em minha direção. Fiquei sem reação. Usava um vestido curtíssimo na cor preta, deixando à mostra suas belas pernas. Os seios brigavam com o decote, como se quisessem tomar um pouco de ar fresco e sair daquele aperto. Ela parou na minha frente.
- Sou Maninha. Vamos para minha casa. Moro em uma chácara nos arredores da cidade. Está de carro?
Apoplético, disse sim e a conduzi até meu carro. Ela indicava o trajeto. Eu dirigia sem saber o que estava fazendo. Entramos no anel rodoviário. Andamos cerca de 3 quilômetros e ela mandou que virasse à direita. Era uma estrada de terra. Pediu para que eu parasse. Parei. Achei que a transa aconteceria ali mesmo. Nada disto. Ela me mostrou uma Brasília velha estacionada no meio do mato.
- Meu carro. Siga-me, por favor.
A noite já dava sinais de sua chegada. O céu estava limpo, ao contrário da noite anterior. Meu carro ficou com o perfume dela. Estonteante. Não questionei nada. Simplesmente segui aquele carro velho. O veículo não combinava com a mulher.
Depois de rodarmos por vinte minutos, sem uma casa sequer no caminho, ela parou em frente a um portão de madeira. Desceu do carro. Abriu o portão. Voltou para o carro e entrou, fazendo sinal com as mãos para eu também entrar. Obedeci. Quando parei o carro, percebi que ela já estava fechando o portão com uma corrente e um cadeado. Não me preocupei. O tesão falava mais alto. Entramos na casa. A decoração me fez lembrar os filmes de Almódovar. Cores berrantes e muitas figuras de santos. Ela pediu para eu esperar. Sentei-me no sofá verde limão. Ela voltou somente com um véu transparente no corpo, deixando à mostra a perfeição. Fiquei louco e corri para abraçá-la, beijá-la. Ela me repeliu com as mãos. Disse que era uma rainha. Que deveria me ajoelhar. Achei ridículo, mas ajoelhei. Ela começou a gritar nomes. Perguntei o que fazia.
- Chamo meus duendes.
Ri muito. Um olhar de reprovação me fez calar. Fez um sinal para seguí-la. Fomos para um jardim, muito bem cuidado, nos fundos da casa. Ela começa a apontar e pede para eu conversar com seus súditos. Não via nada. Pensei que era um sonho. Dei um tapa em minha cara, mas estava acordadíssimo. Ela me puxava pelas mãos. Sua força era incrível. Disse que era seu prisioneiro. Achei aquilo demais.
- Que fetiche mais louco é este?
- Você agora me pertence. E o que é meu, também é de meus duendes. Eles te querem.
- Eu não sou de ninguém.
- É sim. Você é de Maninha, a rainha dos duendes.
Aproveitei que ela me soltou e corri para o portão. Trancado. Pedi para que ela abrisse. Negativo. Comecei a ficar preocupado. Achei que iria morrer. Que aquilo era uma armação, quem sabe um ritual satânico. Comecei a suar frio. Pensei uma maneira de me safar. Entrei no jogo. Conversei com os duendes. Ela ficou calma. Sorria.
- Os duendes gostaram de você.
- Eu sei. Eles me pedem um presente. Tenho em minha casa. Preciso buscá-lo.
- Não posso deixar você sair. Você não voltaria.
- Porque não? O duende mais velho confia em mim.
- Mesmo? Vou perguntar a ele.
- Ele quer um objeto que está no meu jardim.
Furiosa, ela vai até o portão e destranca o cadeado. Deixa eu entrar no carro e sair. Acho que ela acreditou que eu falei com um duende.
- Te espero amanhã com o presente.
- Até amanhã.
Esbocei um sorriso. Acelerei e só parei no asfalto novamente. As pernas tremiam. O coração estava na garganta. Abri a porta do carro e vomitei.
Já em casa, não consegui dormir. Só olhava o teto e pensava na fria em que me meti. No dia seguinte, fui trabalhar. Esqueci por completo a reclamação que havia feito em relação à minha tv queimada. Dois dias depois, ao recolher as cartas em minha caixa de correio, vi um envelope com o timbre da companhia de energia. Abri o envelope. Apenas um adesivo. "Eu agora acredito em duendes". Achei uma brincadeira de mal gosto e liguei para a empresa. Um homem me atende. Pergunto por Maninha. Ele disse que não havia ninguém com aquele nome na empresa. Pior, no setor de reclamações só trabalhavam homens. Dei o número do protocolo. Nada foi encontrado. Será que sonhei? Fui trabalhar novamente. Na saída, compro uma nova tv.
Quando chego em casa, não havia água nas torneiras. Resolvo ligar para a empresa responsável.
- Companhia de Águas, boa noite, Maninha falando, serviço de reclamações, anote o número do protocolo por favor, esta conversa está sendo gravada.
Pálido, desliguei o telefone.

A FUGA DA MULHER GORILA


Ainda no sétimo dia do XI FIC Brasília, depois de uma ótima conversa com um dos responsáveis pela legendagem de vários filmes do festival, entrei na sala de exibição para assistir ao décimo primeiro filme neste festival. Mais um nacional. A Fuga da Mulher Gorila, de Felipe Bragança & Marina Meliande. Produção de 2009. Uma kombi, duas irmãs, um show, obviamente da mulher gorila, uma viagem entre Campos e Rio de Janeiro. Filme apresentado com legendas em francês. Achei esquisito no início, mas ao longo do filme foi justamente a legenda que me salvou, pois a voz da atriz Flora Dias (Flora) é infantil e sem alcance, ficando determinados diálogos inaudíveis. Embora curto, parece uma eternidade. Não acaba nunca. À medida em que nada acontecia, as pessoas saíam da sala, sem esperar o final do filme. Roteiro ruim. Canções ruins. Detestei.

EL ULTIMO VERANO DE LA BOYITA


Sétimo dia do XI FIC Brasília. Eu continuo firme. Mais dois filmes no período da noite. O primeiro é El Ultimo Verano de La Boyita, dirigido por Julia Solomonoff. Produção argentina de 2009. Trata da descoberta da sexualidade na adolescência em uma fazenda no interior da Argentina. Em um inocente passeio a cavalo, Jorgina vê sangue na sela e na calça de Mario. A amizade dos garotos se aprofunda com este fato incomum para um menino, que vai descobrir que é diferente. História singela, filmada de maneira tocante e sensível, com belas fotografias. A opinião do público nos comentários nos corredores da Academia de Tênis é positiva, especialmente pela forma simples de contar a história. Achei que faltou alguma coisa. Poderia ter rendido mais um pouco. A relação de Mario com os pais depois da sua descoberta é pouco explorada. Apesar deste senão, gostei do filme.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE


Sexto dia do XI FIC Brasília. Segundo filme da noite. Também brasileiro. Produção de 2009, dirigida por Esmir Filho, o filme Os Famosos e Os Duendes da Morte é a estreia do diretor em longa metragem, já insensado pelo curta postado no YouTube "Tapa na Pantera", com Maria Alice Vergueiro. E a estreia de Esmir Filho em longas já lhe conferiu o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema do Rio de Janeiro neste ano. Com os atores Henrique Larré, Ismael Caneppele, Tuane Eggers, Samuel Reginatto, Áurea Baptista, o filme se passa em uma típica cidade do interior do Rio Grande do Sul colonizada por alemães, onde um adolescente tem vontade de sair daquele cidadezinha e ir para o show de Bob Dylan. Gasta seu tempo na internet, se comunicando com o mundo, vendo filmes e fotos postados no flickr; ouvindo música em mp3player ou fumando um baseado com seu melhor amigo (o baseado reaparece no longa de estreia, assim como era a figura chave no curta já citado). Sombras e fantasmas do passado acompanham este adolescente depois que se depara com um estranho sujeito. Uma fábula moderna, com estética setentista (especialmente nas cenas oníricas), nos faz refletir sobre o individualismo que a nova juventude tem como marca de vida, contrastando com a exposição extrema permitida pela internet. Gostei.

INSOLAÇÃO


Sexto dia do XI FIC Brasília. Novamente Academia de Tênis. Desta vez, escolho dois filmes nacionais. O primeiro é Insolação, produção de 2009, dirigida por Felipe Hirsch & Daniela Thomas. No elenco estão Paulo José, Antônio Medeiros, Simone Spoladore, Leonardo Medeiros, André Frateschi, Maria Luisa Mendonça, Leandra Leal, Jorge Emil, Daniela Piepszyk, Emílio di Biasi, entre outros em participações curtas. A sinopse do filme, no catálogo da mostra, diz que "Insolação conta histórias de desertos amorosos". Minha percepção foi além disto. Logo no início do filme, o personagem de Paulo José, uma espécie de Gentileza (já vivido por ele em recente novela da Globo), diz que a história que veremos trata de tristeza. Realmente é isto que vemos. Personagens à busca do amor, mas sempre tristes. Não podemos esperar finais felizes. As relações parecem impossíveis, incluindo adolescentes apaixonados por adultos. Brasília serve de cenário para o desenrolar das várias histórias, mas a cidade não tem nome. Possui um vazio assustador. Os monumentos mais conhecidos não são mostrados. Fora as personagens, não vemos ninguém nas ruas, no aeroporto, nos prédios. O tempo é seco, com muito sol. O calor está em toda parte, daí o título do filme. Esta insolação afeta a personalidade de quem vive as impossíveis relações amorosas. Bela fotografia, mostrando uma Brasília seca, com cores pasteis. Destaco Simone Spoladore. Gostei muito.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

OUTRAGE


Quinto dia do XI FIC Brasília. Tinha decidido assistir a três filmes seguidos, mas ao chegar na Academia de Tênis encontrei com cinéfilos e ficamos conversando sobre as películas já assistidas até então por longo tempo. Aproveitamos para curtir o show da orquestra feminina As Walquírias no Café Cine Academia. Acabei assistindo apenas um filme. O documentário americano Outrage, produção de 2009 dirigida por Kirby Dick. O filme é uma crítica aos políticos americanos que são gays enrustidos e sempre votam contra interesses dos homossexuais. Há entrevistas com militantes da causa, além de políticos (congressistas, prefeitos e governadores) que se assumiram durante os seus mandatos. O tema é interessante, mas o diretor não soube alinhavar direito a sequência dos depoimentos. Há muitas idas e vindas, tornando o documentário repetitivo. Era preferível seguir uma linha mais direta, esgotando a história de um político para passar ao próximo. Como não conhecemos a maioria dos políticos americanos, há momentos no filme que, se não estivermos bem atentos, podemos nos perder. Gostei pelo tema, não gostei do roteiro apresentado e esta parece ter sido a tônica ao final do filme, pois ouvi vários comentários sobre a repetição que acontece no documentário.

domingo, 8 de novembro de 2009

RODRIGO MARANHÃO


Terminado o filme Je Veux Voir, ainda no CCBB Brasília, encontro com Ric e Ro para conferirmos mais um show do projeto Pode Apostar. Rodrigo Maranhão não pode ser chamado de jovem, já com seus 39 anos e com algumas músicas gravadas por Maria Rita, Zélia Duncan e Roberta Sá. Ele próprio não se considera cantor. Gosta de ser identificado como compositor. Ele tem um cd lançado e outro previsto para janeiro de 2010. Neste show, somente músicas por ele compostas, tanto do primeiro quanto do cd em fase final de gravação. Acompanhado por três músicos: um acordeon, um violão e a percussão, faz um show intimista repleto de melodias que nos remetem a músicas e músicos consagrados do cancioneiro brasileiro. O formato é um banquinho, um violão e pernas cruzadas. Logo na primeira música, repetida no bis, tive uma sensação de dejá vu. Cheguei a comentar com Ro que a música, a postura do cantor e seu jeito de cantar me fazia lembrar os mineiros do Vale do Jequitinhonha, especialmente Paulinho Pedra Azul e Tadeu Franco. Ao final, esta sensação foi confirmada. Na saída do teatro, encontrei com uma amiga de BH que comentou a mesma coisa. Rodrigo Maranhão é bem humorado, bem afinado e canta de uma maneira tranquila. Seduziu a plateia com seus casos e suas músicas. Não parece carioca, nem mesmo nas letras de suas músicas. Apenas quando cita o seu time favorito, o Flamengo, ele entrega seu local de nascimento. Houve um corre corre para comprar o seu primeiro cd na saída do espetáculo. Sinal de que agradou ao público. Gostei médio. Aposto mais na faceta de compositor.

JE VEUX VOIR


Quarto dia do XI FIC Brasília. Mais um filme na minha lista. Escolhi Je Veux Voir, de Joana Hadjithomas & Khalil Joreige, produção conjunta de Líbano e França de 2008. No catálogo da mostra (R$30,00 na Academia de Tênis e de graça no CCBB) este filme é classificado como drama e documentário. Os diretores libaneses escolhem seu ator predileto, o também libanês Rabih Mroue e a eterna musa do cinema francês Catherine Deneuve para percorrer o Líbano de carro logo após terminada a guerra, em 2006. A câmera acompanha os dois atores sozinhos em um carro percorrendo as ruas de Beirute em direção ao sul do país, já na fronteira com Israel. No caminho, muitos edifícios destruídos pela guerra sendo demolidos para uma futura reconstrução. Deneuve tem uma expressão de medo, apreensão e indignação com o que vê. A preocupação com a segurança é externada quando ela pergunta, em vários momentos do filme, se seu companheiro de filmagem, que dirigia o automóvel, não vai colocar o cinto de segurança. Há dois momentos de pânico no trajeto bem captados no rosto da atriz, especialmente quando se ouve, mas não se vê, os aviões israelenses quebrando a barreira do som, em contraste com uma bela paisagem dos campos verdes do Líbano. Apesar de toda a destruição, o documentário deixa uma mensagem de superação, acreditando na recuperação do país. Gostei.

sábado, 7 de novembro de 2009

FINO COLETIVO


Terminada a sessão de cinema, já entrei no teatro do CCBB para conferir o show do grupo carioca Fino Coletivo. Não conhecia o trabalho do grupo até então. O espetáculo faz parte do projeto Pode Apostar que traz ao palco do CCBB de Brasília 09 cantores brasileiros que, segundo os produtores, ainda darão o que falar no cenário musical brasileiro. Já se apresentaram pelo projeto: Mariana Aydar, Rodrigo Campos e Nina Becker. Além do Fino Coletivo, ainda Brasília terá a oportunidade de ver Rodrigo Maranhão, Marina de La Riva, Marcelo Jeneci, Curumin e Silvia Machete. A entrada para todos os shows tem o convidativo preço de R$15,00 (inteira). Paguei a metade por ser correntista do Banco do Brasil. Quando soou o terceiro sinal e as luzes se apagaram, o teatro não estava cheio. O grupo é formado por seis músicos, sendo dois deles vocalistas, Alvinho Lancellotti e Adriano Siri. Também cantam Álvaro Cabral (violão), Daniel Medeiros (Baixo) e Donatinho (teclado). Marcos César completa o grupo tocando bateria. As músicas são dançantes. Logo no início, Alvinho diz que o show não é para locais com cadeiras. Ele chegou a perguntar se as poltronas eram fixas. A plateia, mesmo balançando cabeça e mãos, não se animou a ficar de pé nas laterais ou no fundo do teatro para dançar. Isto só foi acontecer já no meio do show, curto, diga-se de passagem. Problemas no violão fizeram com que o show parasse. O grupo não soube segurar a paralização. Ficaram sem graça, sem saber o que dizer. A diferença de alcance de voz dos dois vocalistas é gritante. Alvinho tem mais presença, com voz marcante. Adriano Siri não estava à vontade no palco. Olha muito para os lados, como se esperasse um sinal para entrar em certo momento da música. Quando canta sozinho, tive dificuldades de entender o que cantava. Sua voz é baixa. Talvez o espaço tenha assustado o grupo, acostumado a dar shows com o público em pé, quando a galera bebe e dança. Quando o público está sentado, a atenção é maior, com erros e dificuldades mais aparentes. No folder do projeto há a informação de que o disco de estreia do grupo foi escolhido como um dos melhores de 2007 pelo jornal O Globo. Podem ser bons no disco, mas no palco o grupo não me agradou. Não sei se apostaria neles.

ARRANCA-ME A VIDA


Terceiro dia do XI FIC Brasília. Escolho um filme que está na sala do CCBB, pois tenho entrada para um show às 21 horas no mesmo local. Sessão de 19 horas, com metade da capacidade da sala ocupada. O filme é uma produção do México de 2008. Dirigido por Roberto Sneider, Arranca-me a Vida (Arráncame la Vida) é um filme de época que se passa nas décadas de 1930-1940 e conta a história de Catalina (Ana Claudia Talancón) que se encanta e se casa com um homem mais velho, general e político. Inicialmente, ela vê no General Andrés (Daniel Giménez Cacho) a possibilidade de se livrar de seu mundinho limitado e ter tudo o que deseja, mas, aos poucos, percebe que a vida com o general não é fácil e sua liberdade é tolhida. Há traição, corrupção, assassinato, eleição percorrendo a vida do casal. Ela tenta ser uma mulher forte, mas sempre presa ao seu marido. A atriz é muito bonita. Ela tem um ar ingênuo e sedutor, mas ao mesmo tempo consegue passar uma vontade de se livrar de tudo e ficar com seu grande amado, Carlos (José María de Tavira), um jovem maestro de uma orquestra na Cidade do México. O filme chega a ter nuances de um dramalhão mexicano, mas gostei do que vi.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

LA INVENCIÓN DE LA CARNE


Depois de assistir à comédia brasileira, escolho um drama argentino, La Invención de La Carne, ainda sem título em português. Produção de 2009 dirigida pelo jovem cineasta Santiago Loza, presente na sessão em que eu estava. Com pouco diálogo e fotografia em cores esmaecidas, o filme trata da relação de um estudante de medicina com uma mulher que serve de cobaia para os trabalhos práticos para os estudantes. O jovem fica obcecado por ela e a segue até que se falam e seguem viagem juntos, um tanto quanto sem rumo. Perto um do outro, mas ao mesmo tempo distantes. Parece que ninguém os nota nos espaços e locais em que passam. O filme, embora curto (82 minutos), é muito lento. A falta de diálogos incomoda. Os dois personagens possuem traumas que se afloram à medida em que o filme se desenrola. Há cenas desnecessárias e que nada contribuem para a história. Ao final da exibição estava programado um debate, mas ninguém perguntava nada ao diretor. Alguns sairam da sala com cara de quem não entendeu nada e outros com cara de o que é que eu estou fazendo aqui. Como não há muito diálogo, a sequência de imagens nos faz construir a sua história, possibilitando uma série de interpretações para a mesma cena. Não gostei.

TODO MUNDO TEM PROBLEMAS SEXUAIS


Segundo dia do XI FIC Brasília. Escolho dois filmes. O primeiro é Todo Mundo Tem Problemas Sexuais, dirigido por Domingos Oliveira. Produção brasileira de 2008, conta no elenco com Pedro Cardoso, Cláudia Abreu, Priscila Rozenbaum, Orã Figueiredo, Paloma Riani e Ricardo Kosowski. É a segunda exibição pública do filme, que teve uma participação no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2008. Tem previsão de estreia no circuito nacional no início de 2010. Sucesso de público no teatro, o texto de Domingos Oliveira é transposto para a telona. São cinco histórias distintas, todas baseadas em cartas reais recebidas em um consultório de psicologia. As cinco histórias tem como tema a sexualidade. Bem humoradas, retratam a impotência, a perversão, a sedução, o desejo e as preferências sexuais. Pedro Cardoso é o único ator que está em todas as histórias e está perfeito. Ele possui um timing de comédia maravilhoso, estando a vontade nos papeis, já que os viveu nos tablados. Priscila Rozenbaum também dá um show de interpretação (gosto muito dos papeis que ela interpreta em filmes de Domingos Oliveira). Orã Figueiredo também está perfeito como um chefe bêbado e gordo no segundo episódio. O diretor aproveita cenas gravadas quando da apresentação teatral e dos ensaios da peça e as insere no decorrer do filme, fazendo um contraponto do que é teatro e do que é cinema. No prólogo do filme, ele próprio anuncia que o filme apropria elementos teatrais. O epílogo é hilário, já com os créditos subindo na tela, com Pedro Cardoso fazendo uma espécie de monólogo do pênis. O público ri muito, em todos os episódios. Gostei.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A FITA BRANCA


Integrando a programação da abertura do XI FIC Brasília, o longa metragem exibido foi o ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2009: A Fita Branca (Das Weisse Band), produção conjunta da Áustria, Alemanha, França e Itália. Dirigido por Michael Haneke, a história se passa em uma pequena aldeia na Alemanha pré-Primeira Guerra Mundial. Haneke é conhecido por retratar a violência de maneira crua (vide Funny Games e Caché) e seu novo filme não fica de fora deste retrato. Em A Fita Branca ele optou por retratar a violência de outra forma. Ela não é tão explícita como em Funny Games e nem tão oculta quanto em Caché. A violência está presente durante os 127 minutos de duração do filme, seja no enredo, seja na fotografia em preto e branco (sufocante e opressiva) ou mesmo na falta de música (característica do diretor). Violência de todas as matizes: física, psíquica, sexual, religiosa. A primeira impressão é que todos os personagens são maus, especialmente as crianças e adolescentes. E realmente esta impressão se confirma. Acidentes estranhos e violência gratuita acontecem com adultos e crianças, sem nunca mostrar o verdadeiro culpado. Como se possuídos e unidos pela maldade, a população da aldeia se une para limpar o local dos "impuros", dos que denigrem a sua imagem. E ninguém é polpado: o médico, a criança com deficiência intelectual, a parteira, a rica baronesa, enfim, todos aqueles que podem "sujar" a imagem da aldeia. O filme nos leva a refletir sobre o nascimento do nazismo, já que a história acontece pouco tempo antes do estouro da Primeira Grande Guerra e as crianças são as que estão em todos os locais onde houve um ato violento (seriam elas os dirigentes do nazismo anos depois?). Não é um filme para qualquer um. Isto ficou claro com o número de pessoas que deixou a sala de projeção (local com 2.000 lugares e quase totalmente cheio) no decorrer do filme. A Fita Branca é para se refletir, é para se pensar no ontem e no agora. Gostei.