Um pouco de tudo do que curto: cinema, tv, teatro, artes plásticas, enogastronomia, música, literatura, turismo.
Pesquisar este blog
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
DO COMEÇO AO FIM
TRABALHO EM SP - DIA 1
domingo, 29 de novembro de 2009
A AURORA DA MINHA VIDA
NOVAMENTE EM SÃO APULO
VAGAROSA
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
CABARÉ DAS DONZELAS INOCENTES
Dia complicado no trabalho. Muito stress. Nada melhor do que deixar o serviço mais cedo e se preparar para ver uma boa peça. Foi o que fiz. Desde o último domingo já havia comprado os ingressos (R$7,50 a meia por ser correntista do Banco do Brasil) para conferir o sucesso de público Cabaré das Donzelas Inocentes, texto de estreia na dramaturgia de Sérgio Maggio. A peça inaugura também um novo espaço no Centro Cultural Banco do Brasil para as artes cênicas. Todos os envolvidos são radicados em Brasília: dramaturgo, diretores, iluminador, figurinista e atrizes. Direção de Murilo Grossi e William Ferreira, conta com as excelentes atrizes Bidô Galvão (China), Adriana Lodi (Saiana), Carmem Moretzsohn (Minininha) e Catarina Accioly (Cabeluda), que interpretam quatro decadentes prostitutas que rememoram suas trajetórias de vida no bordel à espera de clientes que não mais existem. Interpretações fortes, marcantes. Há um aviso na bilheteria e no folder da peça que as atrizes fumam em cena. Fumam muito, mas o que incomodou o público mais velho foi a quantidade de palavras chulas que são ditas ao longo do espetáculo. Ao final da peça, presenciei uma senhora dizendo que se soubesse dos diálogos, não iria. Não há cadeiras fixas. A disposição do público é feita em cadeiras, bancos, sofás e pufes espalhados no espaço, dando uma maior intimidade com as personagens. Não há interatividade com a plateia, mas o público se envolve com as histórias tristes das quatro prostitutas. Um barulho me incomodou durante a peça. Parecia um toca discos girando sem o disco com um ranger, semelhante a algo sem a devida lubrificação. Pode-se dizer que são quatro grandes monólogos. Se fossem ditos de forma separada e sem a presença das outras atrizes, cada uma poderia ser uma peça diferente. Para pontuar a virada de dia, os diretores optaram por um solo de cada uma delas, iluminadas por velas, quando declamam um texto poético. Não gostei desta opção. Além da interpretação iluminada de todas elas, destaco a evolução da decadência das personagens pontuada na desarrumação e no desleixo no modo de vestir, na caracterização e na maquiagem. Excelente achado da direção. Na soma geral, gostei do que vi.
Terminamos a noite em um bom restaurante da cidade.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
REVER AMIGOS
terça-feira, 24 de novembro de 2009
APARECI NO CQC
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
UM DIA NO CINE BRASÍLIA
01) Senhoras, de Adriana Vasconcelos, com 11 minutos de duração. História singela de duas senhoras, mãe e filha, dentro de um apartamento em Brasília em pleno feriado de Carnaval. Achei fraco. Aplausos protocolares da plateia.
02) A Descoberta do Mel, de Joana Limongi, com 16 minutos de duração. Baseado em um quadro de Piero di Cosimo, é um delírio. Faunos descobrem o mel e se fartam em uma orgia no cerrado. Lembrei-me dos filmes experimentais da década de setenta. Detestei. Plateia dividida, com aplausos ensandecidos e com algumas vaias.
03) Reconhecimento, de Ítalo Cajueiro, com 12 minutos de duração. Início com atores que se transformam em animação. História de um sequestro relâmpago baseado em fatos reais. Inusitado. Gostei. Aplausos e vivas da plateia.
Sem o longa, fiquei na Praça de Alimentação montada atrás do cinema. Uma verdadeira estufa. Li jornais e revistas que tinha dentro da mochila, até a hora do início da sessão noturna. 20 horas. Fila grande. Muita gente vai chegando e ficando na frente. Não se identificava mais a fila. Um bolo de gente se armou na frente da porta. Com novo atraso, abrem as portas às 20:45 horas. Não conferem os ingressos de quem pagou meia ou inteira. Sala novamente muito cheia, com pessoas sentadas nas escadas e vias de acesso. Novamente, nenhum brigadista, embora presentes, age. Os apresentadores anunciam os filmes competidores da noite e as respectivas equipes sobem ao palco para agradecer. O longa, É Proibido Fumar, de Anna Muylaert, trouxe para o palco o par de atores principais, Glória Pires e Paulo Miklos. A projeção tem início na seguinte ordem:
01) Carreto, de Marília Hughes e Cláudio Marques, produção da Bahia com 12 minutos de duração. História de amizade entre um garoto e uma menina com deficiência nas pernas, se passa no Recôncavo Baiano. Emocionante, ganhou a plateia com muitos aplausos. Gostei.
02) A Noite Por Testemunha, de Bruno Torres. Produção de Brasília com 24 minutos de duração. Atores e equipe técnica da cidade, quase todos presentes no cinema. Baseado na fatídica noite de 20 de abril de 1997 quando jovens de classe média atearam fogo no índio Galdino em uma parada de ônibus de Brasília. Filme forte, com boas atuações e muitos cortes, com idas e vindas no tempo. Final marcante e reflexivo. Plateia em delírio. Gostei muito.
03) É Proibido Fumar, de Anna Muylaert, produção de São Paulo com 86 minutos de duração. É uma história de amor entre duas pessoas da classe média baixa paulistana, Baby (Glória Pires), uma professora de violão que mora em um apartamento herdado da mãe, e seu novo vizinho Max (Paulo Miklos), um cantor de churrascaria. Para quem viu Durval Discos, o primeiro e único, até então, longa da diretora, pode soar mais do mesmo, embora com uma roupagem diferente. A solidão, a música, o vinil e a estética retrô estão presentes, como no primeiro filme. A primeira metade é melhor, uma comédia leve. Já a segunda metade, com nuances de policial, perde um pouco o viço. Nada, porém, que prejudique o filme como um todo. Glória Pires e Paulo Miklos dão um show de interpretação. Interessante as aparições relâmpago de Paulo César Pereio (o dono da churrascaria), Antônio Edson (Seu Chico, o porteiro), veterano ator do Grupo Galpão de Belo Horizonte, Antônio Abujamra, André Abujamra e José Abujamra (vô, pai e filho no elevador); Etty Fraser (uma avó que mora no prédio de Baby e Max), Lourenço Mutarelli (o corretor), Pitty (uma das pretensas locatárias), Alessandra Colassanti (Stellinha), Marisa Orth (Pop, irmã de Baby) e Dani Nefussi (Teca, irmã de Baby). Divertido, cativou a plateia com muitas risadas. Palmas calorosas ao final. Parece que já é o favorito do público. Gostei muito, mesmo com a perda de ritmo na segunda metade. Final surpreendente. Ao final, a organização do festival informa que o filme O Galinha Preta será exibido na tarde de segunda-feira. Muitos questionaram em risadas. Será?
O episódio do filme de Cibele Amaral é mais um neste infindável festival de desorganização desta edição do FBCB. Como programam um filme não acabado para uma mostra competitiva? Lastimável. O festival precisa se modernizar. Ele ainda é prestigiado pela imprensa nacional, há muitos prêmios, inclusive em dinheiro, disponíveis e um público cativo em Brasília. Porque não melhorá-lo? Fazer um rodízio de curadoria, por exemplo. Porque não fazer uma pesquisa junto ao público para sentir os motivos da perda de interesse nos últimos dois anos? Excesso de documentários? Fora as questões de infraestrutura, com necessidade de reforma do Cine Brasília mais do que urgente, fato já anunciado e propagado pela imprensa local.
Cansado, ainda dou uma passada na Praça de Alimentação e converso com amigos. Volto para casa depois de meia noite, já na madrugada de segunda-feira.
domingo, 22 de novembro de 2009
MANHÃ FRANCESA
sábado, 21 de novembro de 2009
COMIDA ÁRABE
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
AINDA SOBRE A ABERTURA DO 42º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
LULA, O FILHO DO BRASIL
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
42º FESTIVAL DE BRASILIA DO CINEMA BRASILEIRO
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
SILVIA MACHETE
39ª REUNIÃO DA CONFRARIA VINUS VIVUS
domingo, 15 de novembro de 2009
HOMENAGEM AO MALANDRO
sábado, 14 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
SIMONE EM BOA COMPANHIA
EXPAND - BODEGAS RODA
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
BIBI CANTA E CONTA PIAF
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
A RAINHA DOS DUENDES
No dia seguinte, notei que a energia estava de volta. Liguei a televisão. Não funcionou. Parece que queimou com o raio que caiu no transformador. O telefone deu sinal. Liguei para reclamar e perguntar se a companhia pagaria o conserto de minha tv. Uma voz sensual atendeu:
- Central Elétrica, bom dia, Maninha falando, serviço de reclamações, anote o número do protocolo por favor, esta conversa está sendo gravada.
Muita informação em uma frase dita de um só fôlego. Prossegui a conversa.
- Minha tv queimou depois que um raio caiu na minha rua durante a chuva de ontem. Quero que a empresa arque com meu prejuízo e conserte meu aparelho.
- Forneça seu endereço, por favor. Já lhe falaram que você tem uma voz deliciosa?
Fiquei sem entender a última frase. Disse meu endereço. Ela voltou a falar:
- Endereço anotado. Em 72 horas o senhor receberá um retorno da empresa. Se a voz é assim, imagino o todo.
Entrei no jogo:
- Quer conhecer o corpo?
- Porque não?
- É só agendar, disse eu.
- Que tal hoje, depois do expediente? Trabalho no prédio conhecido como pinheiro iluminado.
Sabia onde era o prédio. No centro da cidade. Era assim chamado porque, no período natalino, suas janelas ficavam acesas em formato de pinheiro.
- Combinado, eu falei. Como saberei que é você?
- 17:30 horas. Em frente ao prédio. Você me reconhecerá, com certeza.
Desliguei. Esqueci por completo da reclamação. Fiquei atordoado com a ideia deste encontro inusitado. O dia passou lentamente. A concentração me fugia no trabalho. Só pensava em Maninha.
Cheguei ao prédio um pouco antes do horário marcado. Loucura total. Muita gente saindo. Sem nenhuma referência da mulher com quem me encontraria. Enquanto esperava, fantasiava o encontro. No horário exato, uma estonteante morena veio em minha direção. Fiquei sem reação. Usava um vestido curtíssimo na cor preta, deixando à mostra suas belas pernas. Os seios brigavam com o decote, como se quisessem tomar um pouco de ar fresco e sair daquele aperto. Ela parou na minha frente.
- Sou Maninha. Vamos para minha casa. Moro em uma chácara nos arredores da cidade. Está de carro?
Apoplético, disse sim e a conduzi até meu carro. Ela indicava o trajeto. Eu dirigia sem saber o que estava fazendo. Entramos no anel rodoviário. Andamos cerca de 3 quilômetros e ela mandou que virasse à direita. Era uma estrada de terra. Pediu para que eu parasse. Parei. Achei que a transa aconteceria ali mesmo. Nada disto. Ela me mostrou uma Brasília velha estacionada no meio do mato.
- Meu carro. Siga-me, por favor.
A noite já dava sinais de sua chegada. O céu estava limpo, ao contrário da noite anterior. Meu carro ficou com o perfume dela. Estonteante. Não questionei nada. Simplesmente segui aquele carro velho. O veículo não combinava com a mulher.
Depois de rodarmos por vinte minutos, sem uma casa sequer no caminho, ela parou em frente a um portão de madeira. Desceu do carro. Abriu o portão. Voltou para o carro e entrou, fazendo sinal com as mãos para eu também entrar. Obedeci. Quando parei o carro, percebi que ela já estava fechando o portão com uma corrente e um cadeado. Não me preocupei. O tesão falava mais alto. Entramos na casa. A decoração me fez lembrar os filmes de Almódovar. Cores berrantes e muitas figuras de santos. Ela pediu para eu esperar. Sentei-me no sofá verde limão. Ela voltou somente com um véu transparente no corpo, deixando à mostra a perfeição. Fiquei louco e corri para abraçá-la, beijá-la. Ela me repeliu com as mãos. Disse que era uma rainha. Que deveria me ajoelhar. Achei ridículo, mas ajoelhei. Ela começou a gritar nomes. Perguntei o que fazia.
- Chamo meus duendes.
Ri muito. Um olhar de reprovação me fez calar. Fez um sinal para seguí-la. Fomos para um jardim, muito bem cuidado, nos fundos da casa. Ela começa a apontar e pede para eu conversar com seus súditos. Não via nada. Pensei que era um sonho. Dei um tapa em minha cara, mas estava acordadíssimo. Ela me puxava pelas mãos. Sua força era incrível. Disse que era seu prisioneiro. Achei aquilo demais.
- Que fetiche mais louco é este?
- Você agora me pertence. E o que é meu, também é de meus duendes. Eles te querem.
- Eu não sou de ninguém.
- É sim. Você é de Maninha, a rainha dos duendes.
- Eu sei. Eles me pedem um presente. Tenho em minha casa. Preciso buscá-lo.
- Não posso deixar você sair. Você não voltaria.
- Porque não? O duende mais velho confia em mim.
- Mesmo? Vou perguntar a ele.
- Ele quer um objeto que está no meu jardim.
Furiosa, ela vai até o portão e destranca o cadeado. Deixa eu entrar no carro e sair. Acho que ela acreditou que eu falei com um duende.
- Te espero amanhã com o presente.
- Até amanhã.
Esbocei um sorriso. Acelerei e só parei no asfalto novamente. As pernas tremiam. O coração estava na garganta. Abri a porta do carro e vomitei.
Já em casa, não consegui dormir. Só olhava o teto e pensava na fria em que me meti. No dia seguinte, fui trabalhar. Esqueci por completo a reclamação que havia feito em relação à minha tv queimada. Dois dias depois, ao recolher as cartas em minha caixa de correio, vi um envelope com o timbre da companhia de energia. Abri o envelope. Apenas um adesivo. "Eu agora acredito em duendes". Achei uma brincadeira de mal gosto e liguei para a empresa. Um homem me atende. Pergunto por Maninha. Ele disse que não havia ninguém com aquele nome na empresa. Pior, no setor de reclamações só trabalhavam homens. Dei o número do protocolo. Nada foi encontrado. Será que sonhei? Fui trabalhar novamente. Na saída, compro uma nova tv.
Quando chego em casa, não havia água nas torneiras. Resolvo ligar para a empresa responsável.
- Companhia de Águas, boa noite, Maninha falando, serviço de reclamações, anote o número do protocolo por favor, esta conversa está sendo gravada.
Pálido, desliguei o telefone.