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sábado, 27 de março de 2010

NOSSA LÍNGUA NOSSA MÚSICA - MARIA DAPAZ & NANCY VIEIRA

Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília (Setor de Clubes Sul, Trecho 02, Conjunto 22) um novo projeto musical. Desta vez, uma celebração à música dos países que falam e cantam a língua portuguesa. Recebeu o ótimo nome Nossa Língua Nossa Música, trazendo à cidade oito shows onde, em cada um, um artista brasileiro convida um artista dos países irmãos. Mesmo com ingresso comprado (R$ 7,50, meia entrada), perdi o primeiro show no dia 25/03/2010, com Maria Dapaz, de Pernambuco e Joana Amendoeira, de Portugal, pois estava muito cansado após um estafante dia de trabalho. Já na sexta, dia 26/03/2010, quando dei for finalizado os trabalhos, segui direto para o CCBB. Cheguei uma hora mais cedo, sentei-me no Bistrô Bom Demais para um rápido lanche, tendo a oportunidade de ouvir uma roda de debate sobre a poesia, com a presença de vários poetas brasilienses em torno do convidado Antônio Cícero. Enquanto comia, ouvi deliciosa história de Nicolas Behr sobre a questão da poesia estar sempre associada à sensibilidade. Mas como não tinha ido para ver o debate, quando estava próximo de 21 horas, me dirigi ao Teatro I. O teatro não estava com lotação esgotada, mas havia um bom público. Muitos africanos de língua portuguesa. Nesta noite, os provenientes de Cabo Verde, por motivos óbvios, estavam em maior número, incluindo a presença do embaixador daquele país em terras brasileiras. O espetáculo começa com Gerson Lobo, um ator pernambucano, paramentado como um navegador português, fazendo a introdução do projeto. Com sotaque lusitano e esbanjando bom humor, conquistou a plateia. Ele é o responsável por introduzir o show da noite, chamando Maria Dapaz para o palco. Entra a cantora pernambucana com um violão a tiracolo, que a acompanha durante todo o show, e apenas um músico, Bruno Serroni, com seu cello. Já na primeira música ela cativa o público, tornando o show um encontro de amigos. Com voz marcante e presença segura no palco, canta clássicos do cancioneiro brasileiro, especialmente composições nordestinas, dando uma interpretação com marca própria. Luiz Gonzaga é o seu homenageado, de quem extraiu para seu repertório as conhecidas Sabiá, Pau de Arara, O Xote das Meninas (numa versão rock'n roll), Qui Nem Jiló e A Vida do Viajante. Sobra também espaço para apresentar composições próprias, como Meu Amor, Meu Amorzinho, quando o público acabou cantando junto. Não a conhecia, apreciei sua voz e seu trabalho. Ao final de sua apresentação, chama a caboverdiana Nancy Vieira para entrar em cena e, juntas, interpretaram lindamente Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Maria Dapaz saiu do palco aplaudida de pé. Nancy Vieira veio acompanhada de três músicos, Jorge Cervantes, peruano (guitarras e cavaquinho), Ciro Berini, português (piano e guitarra), e Marcos Alves, português (bateria e  percussão). Com um show menor em duração, mas não em qualidade, Nancy mostrou a que veio. Cantou os ritmos de Cabo Verde , incluindo músicas interpretadas em crioulo, o dialeto local, com uma voz bonita e afinada. Também colocou o público para acompanhá-la, batendo palmas e respondendo na canção Nha Kumadri, que dedicou aos caboverdianos presentes. Perguntou se havia alguém da Guiné-Bissau e uma pessoa se manifestou. Explicou que nascera na Guiné e lá estava enterrado seu umbigo. Mas ressaltou que era caboverdiana de corpo e alma. Confundiu o nome de Maria Dapaz por duas vezes, chamando-a de Maria da Fé. Na segunda vez, o público a corrigiu. Ela se desculpou e dedicou a música É Morna à pernambucana. Explicou que a morna é um ritmo popular em seu país, que um poeta português o conceituou como sendo uma melancolia alegre. É verdade, o ritmo é melancólico, mas não dá sensação de tristeza. Quando começaram os acordes conhecidos de Andar Com Fé, de Gilberto Gil, Nancy chama Dapaz para cantarem juntas. Foi lindo. Aplaudidíssimas, elas deixam o palco, mas a plateia não arreda pé, pedindo mais um. Retornam e interpretam Força Estranha, de Caetano Veloso. O dueto ficou muito bonito, mesmo com Nancy tendo que ler a primeira parte da letra, mas não perdeu a harmonia desta bela canção. Foram duas horas de um show simples, mas cheio de energia, de alegria, de celebração, como é a proposta do projeto. Na medida do possível, vou tentar conferir os demais shows que se estenderão até o dia 11 de abril (haverá uma pausa na semana santa).



5 comentários:

  1. Noel,
    Deve ter sido lindo mesmo esse show.
    Só uma correçãozinha.
    Ainda que Força Estranha seja um sucesso do meu amado Rei, a música é de Caetano Veloso.
    Bjs

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  2. Pek,

    Foi realmente lindo. Obrigado pelo alerta. Já fiz a devida correção no post.

    Bjs.

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  3. Adorei saber da participação e do sucesso de Maria Dapaz. Esta estrela precisa de mais oportunidades para brilhar. Torcemos e esperamos o momento dela ocupar o ápice no cenário da música popular brasileira, lugar que já é dela por direito.
    Rosa Pires

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  4. Prezada Rosa Pires,

    Concordo contigo. Maria Dapaz já deveria se conhecida no Brasil inteiro. Ótima cantora!

    Abraços,

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  5. "Um Sabiá de Saia" (palavras de Assis ângelo). Assim compara Maria Dapaz. Com sua voz forte e letras marcantes, Dapaz canta e encanta por onde passa. Concordo com Rosa que devemos divulgar nossas perólas que "a mídia" insiste em deixá-las ainda em suas "conchas". Parabéns Dapaz que representa muito bem Nossa Língua, Nossa Música!

    Sylvan Almeida:.
    Recife - PE

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