Sexta-feira bem puxada em São Paulo. Final da reunião para especificação das modificações em sistema de uso no trabalho. Muitas ligações de Brasília para decisões à distância. Cólica na bexiga, sinal que o cálculo renal desceu e está pronto para ser expelido. Buscopan de seis em seis horas. Almoço rápido, compras na Livraria Cultura e nova reunião, desta vez na regional de São Paulo, com os chefes locais. Consigo retornar ao hotel no início da noite, com fome e cansado. Confiro as atrações teatrais da cidade. Decido ficar no próprio hotel, onde está localizado o Teatro Jaraguá. A bilheteria é no piso térreo. Compro uma entrada (R$ 50,00 - inteira) para ver O Inferno Sou Eu. Texto de Juliana Rosenthal K. e direção de José Rubens Siqueira. No elenco Marisa Orth e Paula Weinfeld. A história se passa no quarto de um apartamento em Recife, quando Simone de Beauvoir (Marisa Orth) está se recuperando de um tifo que contraiu em sua visita ao Brasil. Para acompanhá-la, a dona da casa e amante de Sartre, contrata uma estudante de letras, Dorinha (Paula Weinfeld). Beauvoir totalmente entediada, com vontade de retornar à França, quer distância de Dorinha no início, mas, aos poucos, ela trava um diálogo com ela, deixando-se afeiçoar. Nestes dias, falam sobre amores, sexo, livros, paixão, vida, condição feminina, entre outros temas. Quem espera ver uma Marisa Orth comediante, pode se decepcionar, pois ela faz uma Simone amarga, bruta, sem senso de humor, em contraste com a jovialidade e a alegria da estudante de Letras. Achei diferente ver Marisa em um papel dramático. Gostei de sua interpretação, porém não gostei muito do texto. Acho que ficou faltando mais filosofia nos diálogos, afinal, mesmo mostrando a faceta mulher, Simone Beauvoir era uma feminista, uma intelectual. Não conhecia a atriz Paula Weinfeld e também gostei de sua interpretação. A peça é bem curta e, embora baseada na vinda da escritora francesa ao Brasil, o encontro entre Simone de Beauvoir e Dorinha é fictício e isto é deixado bem claro antes do início do espetáculo, quando é anunciado os apoiadores da peça.
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