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segunda-feira, 12 de abril de 2010

UM HOMEM SÉRIO

Neste último domingo, depois de um belo almoço oferecido por Emi e Ro, decidimos ir ao cinema. O filme escolhido foi À Moda da Casa, sessão das 17:10 horas no Cine Academia (Academia de Tênis). Ric não quis nos acompanhar, ficando em casa. Cheguei primeiro na bilheteria. Ao pedir as entradas para o filme pretendido, a bilheteira me informou que a máquina de projeção da sala onde estava em cartaz a película espanhola estava quebrada. Como consequência, a sessão por nós escolhida fora cancelada. Já que estávamos no local, não perdemos a viagem, comprando entradas para o mais recente trabalho de Ethan e Joel Coen, concorrente ao Oscar 2010 de melhor filme estrangeiro, Um Homem Sério (A Serious Man), produção americana de 2009. Gosto muito da obra dos irmãos Coen. Sempre seus filmes geram uma expectativa positiva em mim. Desta vez foi diferente. Elenco desconhecido, encabeçado por Michael Stuhlbarg, um bom ator, diga-se de passagem, tem como roteiro a vida de um professor de física em uma universidade no interior dos Estados Unidos na década de 1960. Não há indicação da época em que se passa o filme, mas tal identificação torna-se fácil a partir da visualização dos objetos, trajes, penteados e carros que estão ao longo da película. Há um preâmbulo com uma espécie de curta metragem falado em hebraico (ou algo parecido), como se fosse uma parábola, comuns nos livros sagrados das religiões, mas o enredo começa mesmo com Larry (Stuhlbarg), um judeu (o professor de física), em um consultório médico fazendo exames de rotina e sendo submetido a uma radiografia. Sua vida começa a virar um inferno na terra, com problemas em sua família, na sala de aula, na escola onde leciona. Quando tudo parece chegar ao fundo do poço, ainda há mais espaço para desgraças na vida deste pobre professor. Há de tudo um pouco: tentativa de suborno de um aluno para alterar a nota de reprovação, separação, drogas (maconha), adultério, filhos problemáticos, estabilidade no emprego, irmão com distúrbios mentais. Tudo isto dentro de um contexto onde a religião judaica dá o tom. Woody Allen é famoso por retratar os judeus em seus filmes, mas os Coen fizeram diferente, colocando num mesmo filme muitas referências da cultura judaica, como cerimônias e consultas aos rabinos, incluindo termos totalmente desconhecidos para a maioria dos brasileiros (muitos dos termos sem tradução e sem maiores explicações durante a projeção). O final não me surpreendeu por se tratar de um filme com a marca registrada dos Coen, mas deixa uma mensagem pessimista em relação ao futuro da cidadezinha onde se desenrola a história (uma nova parábola em relação ao mundo em que vivemos hoje?), bem como para o próprio Larry. Digamos que o futuro é representado por uma massa de nuvens escuras. Para mim, é um filme ácido, sem concessões, com um humor negro refinado. No entanto, na sessão em que estávamos, havia uma pessoa que ria como se estivesse assistindo a uma comédia pastelão dos Três Patetas. Quando a risada cortava o ar, muitos se mexiam na cadeira incomodados, pois o filme é mais destinado a uma reflexão do que para gargalhadas estrondosas. De toda forma, considero este filme como um autêntico irmãos Coen, porém um filme menor, que jamais superaria Onde Os Fracos Não Tem Vez, Fargo ou O Grande Lebowski. Não gostei do que vi, mas comprarei o dvd quando disponível, pois coleciono os filmes destes irmãos americanos.

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