Em cartaz no Teatro I do CCBB de Brasília o projeto Pequenos Contemporâneos, voltado para o público infantil, mas que agrada aos adultos também. Durante o mês de janeiro, seis shows integram o projeto, no qual grupos ou cantores desenvolvem um show com músicas infantis. Três das atrações já tinham show montado com este foco, enquanto outros três foram convidados a fazer uma releitura de discos de compositores famosos da MPB também voltados para as crianças. Comprei ingresso para duas apresentações: Tum Pá, do grupo Barbatuques, e Arca de Noé, com André Abujamra e músicos convidados. Cada ingressou custou R$ 3,00. Infelizmente não pude comparecer ao show do Barbatuques, mas no último domingo, às 16 horas, estava sentado na poltrona B12, de frente para o palco, para conferir os novos arranjos que André Abujamra fez para algumas músicas do disco Arca de Noé, de Vinícius de Moraes, lançado em 1980, quando cada faixa era interpretada por uma estrela da música brasileira. Tinha dezessete anos na época do lançamento deste disco e lembro-me muito bem do sucesso que ele fez, principalmente depois de um especial produzido pela Rede Globo. Na plateia do teatro havia muita criança, meninos e meninas de 3 a 7 anos, com pais que eram crianças quando o disco original foi lançado. Durante o show, percebi que a maioria dos adultos presentes sabia as letras das músicas de cor, sinal que o disco fez parte da infância de muitos deles. André Abujamra trouxe nove músicos para sua releitura, todos usando um boné com o formato da cara de um bicho. Abujamra usava um boné de leão. O show começou assim que o telão do teatro foi recolhido, já com todos os músicos no palco. A primeira música foi A Arca de Noé, da mesma forma como no disco, com uma voz declamando uma poesia (não consegui identificar se era a voz do Chico Buarque como no disco ou outra voz, pois o som dos instrumentos estava bem mais alto). O Pato, interpretada por Theo Werneck, foi a segunda canção. Sua interpretação foi divertidíssima, imitando a voz do Pato Donald, utilizando o mesmo expediente que o MPB4 usou quando da gravação do disco original. Melina Mulazani, outra convidada, usando chapéu de coruja, foi a intérprete de Corujinha, defendida por Elis Regina no original. Gostei muito de como ela cantou esta música, meiga e doce, conquistando a plateia. Depois foi a vez do guitarrista Kiko Dinucci, com boné de jacaré, emprestar sua voz à Foca (Alceu Valença no disco). Ele cantou fazendo gestos em consonância com a letra da canção. Foi divertido. Assim que ele terminou sua interpretação, Abujamra se dirigiu ao público, quando disse que seu irmão gêmeo, Claudinho, só apareceria no show se fosse chamado. A plateia atendeu, gritando por Claudinho. Abujamra mudou sua voz e incorporou o tal irmão, desbocado e irritado com os arranjos infantis do show. Foi assim o show inteiro, garantindo diversão aos adultos e às crianças. A música seguinte foi As Abelhas, cantada por todos (Moraes Moreira no disco). Melina voltou a ocupar o centro do palco para cantar A Pulga (Bebel Gilberto no original), fazendo com que várias crianças chegassem junto ao palco e ali ficassem até o final do espetáculo. Aula de Piano, cantada pelo grupo As Frenéticas no disco, não foi cantada no show, mas apenas uma aula falada em uma língua enrolada que o guitarrista Du Moreira inventou. Um momento introspectivo foi a interpretação de Werneck para São Francisco, originalmente defendida por Ney Matogrosso. Mê também foi a responsável pela canção O Gato (Marina Lima no disco original). Mas o melhor momento do show foi a canção A Casa, no disco cantada pelo grupo vocal Boca Livre, e no palco do CCBB transformada em um rock pesado, com direito a introdução de mais uma estrofe por Abujamra, e com Melina fazendo a coreografia que todo mundo seguiu. Tanto foi o melhor, que no bis, A Casa fechou o show com a criançada no palco junto com os músicos. O show, por ser infantil, não teve todas as músicas do disco, ficando três canções de fora. Foi um ótimo espetáculo que agradou às crianças e aos adultos presentes.
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