Cheguei ao décimo primeiro título da série James Bond. Coloquei no aparelho para rodar o filme 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker), primeiro a ter uma co-produção: França e Reino Unido. Dirigido por Lewis Gilbert, tem 126 minutos de duração. Foi lançado nos cinemas em 1979, em meio à onda de filmes com temas referentes ao espaço sideral. O roteiro não poderia deixar de pegar carona nesta onda e ainda faz referências a alguns filmes de sucesso nas bilheterias, como Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of The Third Kind), de 1977, (a música de contato com as naves espaciais é o código de acesso ao laboratório da Drax em Veneza); Guerra nas Estrelas (Star Wars), de 1977 (as armas a laser usadas na guerra entre mocinhos e bandidos no espaço), e 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey), de 1968 (o uniforme dos astronautas e o movimento dos personagens sem gravidade dentro da nave espacial). O enredo gira em torno de uma nave espacial americana sequestrada pelo vilão da vez que a utilizará para transportar casais escolhidos a dedo para a criação de uma nova raça, pura, atlética, para uma estação espacial, enquanto envenena os demais habitantes da Terra. 007 tem a missão de descobrir o vilão, seus objetivos e impedí-lo de agir. De toda a série, talvez este seja o filme com enredo mais inverossímil, muito mais do que qualquer filme de ficção científica. Há lançamentos constantes de aeronaves espaciais, luta no espaço entre soldados-astronautas, e uma mistura de cenários absurda. O Château de Chantilly, localizado na França, é o castelo do vilão construído em pleno estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Bond pilota uma lancha em algum rio da bacia amazônica que termina nas Cataratas do Iguaçu. E na mesma mata em torno da famosa catarata sul-americana fica um templo maia, que fisicamente está na Guatemala. O filme tem cenas rodadas no Rio de Janeiro e aquela imagem estereotipada do Brasil está super presente na tela: carnaval, samba e festa. Bond e uma auxiliar chamada Manuela (nome nada brasileiro) atravessam um desfile de escola de samba, mas nada indica que o agente secreto veio para o Brasil em época de Carnaval. Quem não sabia que aquele desfile acontece uma vez ao ano, ficava achando que no Brasil tudo era sempre festa. Para piorar, quando ele vai subir no bondinho do Pão de Açúcar, uma turma está fantasiada sambando em um bar próximo à entrada do bondinho. Uma das músicas que se ouve em um dos becos do Centro do Rio de Janeiro é a marchinha Cidade Maravilhosa. Roger Moore empresta seu carisma mais uma vez para James Bond, e neste filme ele está mais cínico do que nunca. Michael Lonsdale vive o vilão e multimilionário Hugo Drax. As bondgirls desta vez são Lois Chiles (Drª. Holly Goodhead) e Corinne Cléry (Corinne Dufour). Richard Kiel volta como o vilão Jaws (desta vez a tradução para o português deixou o Tubarão do filme anterior para Dentes de Aço, bem mais apropriado), que deixa seu coração amolecer por uma jovem loura e acaba ajudando Bond ao final. Há novamente mais de uma perseguição de lanchas, uma pelo canais de Veneza e outra pelos rios brasileiros, num interessante contraste, pois enquanto na primeira a perseguição é essencialmente urbana, a segunda é dentro da mata, sem traços de civilização. Moneypenney, Q e M continuam a ser interpretados pelos mesmos atores desde o primeiro filme da série. E mais uma vez Shirley Bassey interpreta a música tema. Quanto ao luxo, o champanhe Dom Pérignon cede lugar mais uma vez para a Bollinger e como os relógios digitais estavam em alta na época, o Rolex deixa o pulso do agente secreto para dar lugar a um Seiko, digital, obviamente. Mesmo com toda a loucura do enredo e com as imagens clichês do Brasil, eu gostei do filme. Ou melhor, gostei de rever o filme, pois já o tinha visto no antigo Cine Jacques, em Belo Horizonte, no final dos anos setenta.
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