Foram necessários quatros anos desde que sua estreia para que eu conseguisse ver a peça Cru, de Alexandre Ribondi. Sempre que ela estava em cartaz nos teatros de Brasília, ou eu tinha algum compromisso no mesmo horário ou estava fora da cidade. Enfim, na noite desta sexta-feira, 25 de janeiro de 2013, fui ao Teatro Plínio Marcos no Complexo Cultural da Funarte para conferir a tão bem falada peça. Pelo ingresso paguei R$ 10,00 (meia entrada usando o desconto do Sempre Você do Correio Braziliense). O espetáculo integra o projeto Em Cena no Planalto, dentro da Ocupação do Teatro Plínio Marcos 2012-2013. Comprei a entrada poucos minutos antes do horário de início do espetáculo. Um bom público compareceu ao teatro em noite com clima ameno em Brasília. Cru tem direção compartilhada entre o seu autor, Alexandre Ribondi, e Sérgio Sartório, que também integra o elenco com Chico Sant'Anna e Vinícius Ferreira. Foi vencedor de doze prêmios ao longo de suas temporadas nestes quatro últimos anos. A história se passa num açougue, cuja proprietária é Frutinha, uma travesti ousada e sem medo. Tal açougue fica em um rincão qualquer no Centro-Oeste brasileiro. No açougue, além de Frutinha (Ferreira), um senhor misterioso (Sant'Anna) negocia com um pistoleiro (Sartório) a morte de alguém. Em cerca de uma hora de encenação, o tema central dos diálogos é a violência, tratada de forma até mesmo banal, como algo corriqueiro, inserido no cotidiano das grandes cidades. A referência que o pistoleiro faz ao assassinato da freira Doroty Stang (sem citar o nome dela, obviamente) é de uma frieza total, um ponto de vista de quem é o matador de aluguel. Referências também são feitas a Chico Mendes e ao Presidente Lula, ambos também sem mencionar nome algum. O tom realista da encenação impressiona, especialmente nos momentos finais. Quem assiste fica incomodado na cadeira, mexe de um lado para o outro. A violência urbana é apenas uma ligação para explicitar a crueldade humana e dá vazão para um acerto de contas entre os personagens. Final inesperado e muito bem marcado cenicamente. Os três atores estão muito bem em cena, mas destaco a performance de Sérgio Sartório, que faz um pistoleiro sem escrúpulos, sem medo, que ama o seu ofício. Confesso que ele passa medo para a plateia. Ao final, Sartório agradece ao público e cita Jimi Figueiredo, diretor de filme homônimo baseado na peça, que estava na plateia. Desde então fica a minha curiosidade em ver esta história nas telonas. Valeu a pena ter visto este espetáculo. O teatro de Brasília pulsa forte.
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