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domingo, 13 de janeiro de 2013

SEXTON


Minha primeira peça em 2013 foi Sexton, em cartaz no Teatro II do CCBB Brasília. Ingresso a R$3 (meia entrada). O texto é da dupla Helena Machado e Julianna Gandolfe, vencedor da edição número 5 da Seleção Brasil em Cena. Por causa do prêmio, elas ganharam a montagem no centro cultural de Brasília de 10 de janeiro a 03 de fevereiro, quando viajarão para o Rio de Janeiro, onde a peça ficará em cartaz no CCBB Rio. A direção de Sexton coube a Rodrigo Fischer. O elenco é integrado por Jessica Cardoso, que dá vida à personagem Anne Sexton, a poetisa americana; Gaivota Neves, Jeferson Alves, Karol Oliveira, Mário Luz e Paulo Wenceslau. Com exceção de Jessica, todos os demais interpretam mais de um personagem em cena. Além da presença física dos atores, a peça conta também com a participação de Adriana Lodi e Alneiza Faria em vídeo. O teatro estava com sua capacidade máxima, sinal que o brasiliense aprecia a prata da casa quando o espetáculo é bom. E o texto realmente é muito bom. Em cerca de 90 minutos, a vida de Sexton passa à nossa frente. Ela tinha problemas psiquiátricos e seu analista lhe sugeriu que escrevesse, o que ela não só o fez, como alcançou o sucesso com suas poesias, carregadas de fatos pessoais, um verdadeiro relato autobiográfico. Nos seus textos, ela não esconde suas angústias, seus desejos, seus conflitos com o marido, com as filhas, com os amigos, seus vários homens e mulheres e sua amizade com outros escritores que partilhavam dos mesmos hábitos, como o cigarro e a bebida. Em tom realista, a encenação chega a ser perturbadora, fazendo com que os espectadores se mexam nas cadeiras. Nunca tinha visto nenhum dos atores em cena e Jessica Cardoso me surpreendeu, com seu porte mignon, cabeça raspada, mas conseguindo passar muita verdade como a atormentada poetisa. Alguns efeitos cênicos são muito interessantes, especialmente a sincronização de projeção e encenação no palco. Como os personagens fumam demais, o diretor optou por uma simulação, quando nenhum cigarro realmente está aceso em cena, mas no diálogo entre Sexton e Sylvia Plath, quando as duas escrevem suas poesias na mesma mesa, elas acendem um cigarro atrás do outro, um vídeo de fumaça de cigarro preenchendo o ambiente fica a passar na parede branca por detrás da mesa onde acontece o diálogo. O efeito ficou tão bom que parecia que a fumaça dos cigarros estava a flutuar pelo palco. Sexton era ninfomaníaca e isto não podia deixar de aparecer no texto. Há uma bela cena, com os atores Jessica Cardoso e Paulo Wenceslau nus, com iluminação bem fraca, uma penumbra, quando simulam o ato sexual. Plasticamente bonito. Gostei muito.



artes cênicas

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