Enfim, o aclamado show Recanto, de Gal Costa, chegou em Brasília. Apresentação única, às 21 horas, no Salão Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, domingo, dia 1º de setembro de 2013. Comprei ingresso para a terceira fileira, poltrona centralizada em relação ao palco, o que me permitiu ter ótima visão da cantora. Pela entrada, paguei R$ 250,00, preço bem salgado, diga-se de passagem. O local estava bem cheio, com lotação praticamente esgotada. Com atraso de dez minutos, Gal Costa e os três músicos que a acompanham, Domenico Lancelotti, Pedro Baby e Bruno Di Lullo, entraram no palco. Nenhum cenário, nenhuma iluminação grandiosa. O que importa no show é a voz, linda como sempre, de Gal e os arranjos moderníssimos para as duas dezenas de canções que ela interpretou magistralmente durante os cerca de 100 minutos de espetáculo, já contado o tempo das quatro músicas do bis. A direção do show é de Caetano Veloso, que embora ausente no dia, tem presença quase que total na autoria das canções do repertório do show. Das 23 músicas, 17 tem Caetano como autor, seja individualmente ou em parceria com alguém. Do mais novo trabalho, o experimental e ótimo Recanto, mesmo nome do show, apenas três músicas ficaram de fora do set list. O que me chamou a atenção é que houve uma mescla de canções do trabalho atual, datado de 2011, com músicas gravadas pela cantora entre 1969 e 1985. Assim que entra no palco, Gal se senta em uma banquinho e canta Da Maior Importância, pinçada do disco Índia, de 1973, em arranjo que conversa claramente com as duas seguintes, Tudo Dói e Recanto Escuro, as duas de seu trabalho de estúdio mais recente. E assim foi durante todo o show. Canções do passado, com arranjos modernos, com músicas de Recanto. Folhetim, de Chico Buarque, a primeira canção do show que não tem Caetano Veloso como autor, mereceu aplausos calorosos da plateia, que, vez ou outra, gritava um "linda!" ou um "maravilhosa!". Barato Total, Dom de Iludir, Baby, Vapor Barato foram outras canções que também fizeram o público explodir em palmas. A interpretação para Neguinho, do disco Recanto, foi a que mais gostei das novas canções. Ao vivo ficou mais vibrante, assim como Miami Maculelê, a última música antes do bis. Antes dela, o destaque ficou para a homenagem que Gal fez para Tim Maia, seu parceiro no dueto de Um Dia de Domingo, mega sucesso radiofônico gravado no disco Bem Bom, de 1985. No show, Gal faz uma espécie de paródia, cantando toda a sequência gravada por Tim em tom grave, mostrando a versatilidade que tem com sua voz. Aplaudidíssima, obviamente. Assim que saiu de cena, o público invadiu o espaço entre o palco e a primeira fileira, pedindo a volta da cantora para o bis, o que ela atendeu de imediato. Claro que ninguém voltou para os lugares, fazendo com que muita gente ficasse de pé para vê-la interpretar mais quatro canções: Mansidão; Força Estranha; Meu Bem, Meu Mal, cujo refrão foi entoado a plenos pulmões pelos que estavam mais à frente, encerrando com Modinha para Gabriela. Durante todo o show uma explosão de flashs se via no teatro. Gal moderna, antenada com os novos tempos e com o que acontece nos grandes shows pelo mundo afora: não houve anúncio de proibição de fotos ou filmagens do espetáculo. Afinal, quem respeita isto hoje com tantos celulares e máquinas digitais com recursos para trabalhar em ambientes bem escuros, sem barulho e sem luzes que incomodam o cantor ou o próprio público? Como todo show que vi de Gal Costa, saí muito satisfeito com o que vi e ouvi. Com tão bela voz e com músicos tão afinados, realmente a falta de cenário não fez nenhuma falta.
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