Em março de 2013, eu comprei ingresso para a primeira noite da edição 2013 do Rock in Rio, ou seja, com seis meses de antecedência. No palco principal, o chamado Palco Mundo, a atração principal estava confirmada: Beyoncé. E ainda tinha Ivete Sangalo como a grande atração nacional. No prazo indicado quando da aprovação da compra, em junho, os ingressos chegaram em minha casa. Eram quatro: o meu e os de Fabiola, Diana e Michael. Fiz a reserva de hotel com antecedência, assim como emiti o bilhete aéreo, deixando apenas a questão do transporte até a Cidade do Rock para depois, esperando abrir a venda do Riocard para utilizar nos ônibus especiais que sairiam de vários pontos da cidade com destino ao local dos shows. Como não acompanhava o site do Rock in Rio, perdi o momento de comprar o passe para o ônibus especial. Quando vi, era tarde demais, pois os tais passes já estavam esgotados para os horários/locais de partida mais próximos do meu hotel. Lembrei da forma como fui para a Cidade do Rock na edição de 2011, assim como para os shows de Lady Gaga e Madonna, ambos em 2012. Entrei em contato com a empresa que fez o traslado e contratei o serviço privativo para quatro pessoas ao preço de R$ 400,00. O serviço contratado consistia em buscar na porta do hotel em horário previamente combinado, levando até a Cidade do Rock e, assim que quiséssemos, o mesmo carro nos levaria de volta ao hotel, o que poderia acontecer após terminado todos os shows programados para o dia. Com interesse em ver a última atração do Palco Sunset, o inusitado encontro de Angélique Kidjo com o grupo Living Colour, programado para acontecer às 19:30 horas, combinamos para que o carro, um Ford Fusion, estivesse na porta do Hotel Mirador Rio, em Copacabana, às 16 horas. Um dia antes, na quinta-feira, recebi um e-mail do dono da empresa que efetuaria o serviço, dizendo que a Prefeitura do Rio de Janeiro fecharia o acesso de carros particulares e táxis para a Cidade do Rock, fazendo barreiras cerca de 1,5 km do portão de entrada. Assim, teríamos que terminar o percurso a pé, bem como no nosso retorno, caminhando até o ponto onde o carro nos largaria. Pontualíssimo, o transporte estava nos esperando na sexta-feria, 13 de setembro de 2013. Thomaz, o próprio dono da empresa, nos conduziu. Com um atraso de dez minutos, causado por nós mesmos, saímos da porta do hotel. Ainda em Copacabana, o trânsito já estava muito travado e assim foi até perto da Barra, onde o trânsito, por incrível que pareça, fluía melhor. No local onde deveria haver o bloqueio, os carros estavam passando, mesmo com cones e agentes de trânsito. No nosso carro tinha um adesivo de morador, já que Thomaz reside em um dos condomínios próximos à Cidade do Rock. Mais à frente, outro bloqueio, mas nosso carro foi autorizado a passar. Ficamos muito contentes, pois Thomaz conseguiu chegar bem perto dos portões de entrada. Tivemos que caminhar uns 500 metros a partir do ponto onde o carro parou. Combinamos que ali seria o local para nos encontrarmos na volta. Demoramos 2 horas e quinze minutos para fazer o percurso de Copacabana até a Cidade do Rock de carro. No pedaço em que caminhamos, muita gente fazia o mesmo. O relógio marcava 18:30 horas, quando fogos anunciaram o início do Tributo à Cazuza. Ainda estávamos do lado de fora, quando ouvimos a primeira canção. Era preciso ficar atento, pois havia muita gente caminhando e ladrões se aproveitavam da euforia de estar ali ou da distração das pessoas para roubar celulares, bolsas, ingressos e mochilas. Havia policiamento, mas eles ficavam por detrás de barreiras de ferro, que, aliás, diminuíram o já estreito espaço até os portões. Vimos dois moleques passarem por nós correndo com duas mochilas nas mãos. Para evitar que fossem pegos, colocaram as mochilas dentro de um contêiner de lixo. Enquanto um saiu, o outro ficou a vigiar o lixo. Uma senhora encostou em Michael, perguntando se ele tinha achado uma máquina fotográfica, apontando para o bolso dele. Ela caminhava bem perto, insistindo nisto e olhava para outros moleques. Parece que era um golpe. Ela esperava que Michael tirasse seu celular do bolso e os moleques passariam correndo e o tirariam da sua mão. Diana, mãe atenta, percebeu e disse que ele não tinha achado nada. Apressamos o passo, passando por corredores estreitos, mas sem nenhum controle. Antes da conferência dos ingressos, placas indicavam que quem portava mochilas e bolsas deviam se dirigir para a direita onde elas seriam revistadas. Eu estava com mochila, já que carregava uma máquina fotográfica digital, uma camisa de malha de manga comprida, que precisei usar no início da madrugada, e uma canga, essencial para sentar no chão durante os intervalos entre os shows. A revista era para inglês ver. Pediram para abrir a bolsa, deram uma olhada pelo alto e apalparam de leve as bordas. Caso eu levasse alguma arma enrolada em uma roupa ou drogas, passaria tranquilo. Claro que não carregava nada disto. Em seguida, andamos mais um pouco até as catracas, onde o ingresso foi checado. A primeira coisa que fizemos ao entrar foi eternizar nosso momento em uma foto. Identificamos onde seria nosso ponto de encontro em eventual desencontro: ao lado do mastro da bandeira do Brasil. O show em homenagem a Cazuza rolava no Palco Mundo, mas decidimos fazer um reconhecimento de área, em especial onde poderíamos comer alguma coisa e onde eram os banheiros mais próximos. Passeamos pela Rock Street, passando antes por alguns stands de patrocinadores que traziam atrações para as pessoas que os visitavam. No stand da Sky, Michael enfrentou uma fila para fazer uma frase com a qual concorreria a uma tatuagem ainda naquela noite. Ele foi um dos ganhadores, recebendo um SMS durante o show do David Guetta para comparecer ao stand e fazer sua tatuagem, que durou todo o restante do show do DJ francês, o intervalo, e o show de Beyoncé. Vimos pequenos grupos se apresentando na Rock Street, em especial uma bandinha onde os integrantes estavam vestidos como escoceses tocando gaita de fole. Visitamos a tenda eletrônica na qual os shows programados começariam a partir de 22:30 horas. Voltamos para o espaço em frente ao Palco Mundo para ainda ver Ney Matogrosso finalizando o tributo à Cazuza. Aproveitando o intervalo, fomos conhecer o outro lado da Cidade do Rock, onde ficava o Palco Sunset e várias opções de alimentação que não eram sanduíches do Bob's. Para minha alegria, entrava no Sunset a última atração daquele palco na noite, Living Colour e Angélique Kidjo. Um pouco antes de terminar este show, voltamos para o Palco Mundo, pois estava perto de começar o show de Ivete Sangalo, durante o qual dançamos muito. Foi neste show que vimos as primeiras confusões, com brigas (ou simulação delas), momento em que várias pessoas eram furtadas, principalmente celulares. Fiquei mais atento ao meu bolso, pois era do tipo faca, sem botão ou qualquer outra forma de ficar fechado. Quando Ivete terminou, fomos para o mastro da bandeira brasileira para encontrar Michael. Ali ficamos até o final de todos os shows, com saídas estratégicas para ir ao banheiro e para comer. Por falar em comer, durante o show de David Guetta, aproveitei que acho ele bem chato e que a pista estava completamente lotada com gente histérica gritando, além de muito jovem totalmente travado de tanto ácido, para tentar comprar um sanduíche no Bob's. Caos total. Atendentes mal treinados, gente gritando por sua bebida/comida, gente se aproveitando da desorganização para se dar bem, pois vi mais de uma pessoa sem ficha ganhar no grito copos de cerveja e sanduíches. Depois de enfrentar uma fila semi-organizada para pagar pelo pedido e receber uma ficha, a dificuldade era conseguir retirar os itens comprados. Não havia fila, os atendentes estavam perdidos. Parecia que estava na China, onde a noção de fila não existe e as pessoas abrem caminham no empurra-empurra. Fabiola estava comigo e conseguiu chegar perto do balcão. Eu fiquei mais atrás. No aglomerado, enfiaram a mão no meu bolso onde estava meu celular por duas vezes, mas não conseguiram levar nada. Achei mais prudente ficar mais atrás, esperando Fabiola pegar a sua cerveja, o meu refri e meu sanduba. Mesmo com menos 15.000 pessoas em relação a 2011, em determinados momentos e locais era bem difícil se locomover. Afinal eram 85.000 pessoas que se moviam por todos os lados, especialmente durante os intervalos. Os fogos de artifício que sinalizam o final dos shows no Palco Mundo, quando a canção tema do Rock in Rio é executada, foram ao ar às 01:50 horas, logo após o término do show de Beyoncé. Esperei terminar o barulho para ligar para Thomaz, dizendo que estávamos de saída. Ele já estava nos aguardando no mesmo local em que nos deixara. A saída foi problemática, pois a maioria das pessoas deixavam a Cidade do Rock no mesmo momento, passando pelo estreito espaço de uma única vez. A caminhada foi lenta. Gastamos meia hora num percurso que faríamos em menos de dez minutos. Para piorar, vendedores ambulantes estavam parados no meio do caminho com aquelas caixas de isopor atrapalhando a passagem. Pelo menos neste momento, não vi ninguém ser roubado. Pelo que li depois nos sites de notícias, o furto imperou dentro do espaço do festival. Celulares de última geração e câmaras fotográficas digitais semiprofissionais foram os mais visados. Quando chegamos no local marcado, Thomaz nos aguardava ao lado do Ford Fusion. O trajeto até o hotel durou 40 minutos. Poderia ter sido mais rápido, mas nosso carro foi parado na Operação Lei Seca, quando Thomaz teve que descer, apresentar os documentos do carro e soprar o bafômetro. De todos os que foram parados, apenas nosso motorista não teve problemas. Chegamos no hotel pouco depois de 3 horas da madrugada. Minhas impressões sobre os shows da noite estarão em postagens específicas. Quanto ao Rock in Rio, mesmo com todos os percalços aqui relatados, vou continuar a frequentar, sempre tendo alguns cuidados adicionais. De preferência, das próximas vezes vou ficar na área VIP.
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