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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A SAGRADA FAMÍLIA

Desde que o Museu Nacional dos Correios foi reaberto em Brasília, tenho tentado acompanhar a sua programação, especialmente as exposições que ocupam suas galerias. Em cartaz desde o dia 29 de agosto, consegui um tempo neste domingo, 13 de outubro, último dia da exposição, para conferir A Sagrada Família. Tratava de um recorte do barroco e da arte popular atual, demonstrando que o tema "religião" esteve sempre ligado à arte escultória no Brasil, especialmente a popular, aquela longe de museus, galerias e ateliês. As esculturas sacras estavam expostas no terceiro andar do museu e eram divididas em dois espaços. O primeiro deles, à direita de quem entrava, era mais sombrio, com paredes cinzas, iluminação mais baixa, focada nas peças. Das paredes saíam cones que lembravam espinhos, o que potencializava o caráter de reverência e de tristeza das peças, todas elas produzidas nos Sécs. XVIII e XIX, representando o barroco brasileiro. Eram peças lindas, bem esculpidas em madeira ou em pedra, a maioria delas de autores desconhecidos. No outro lado da sala, o cenário era bem mais alegre, com vários buquês de flores do cerrado presos em finas cordas formando uma cortina sobre a parede amarela. As peças eram atuais, produzidas no Séc. XXI, mantendo a religiosidade como tema central, mas se revestindo de uma alegria, mesmo quando retratavam momentos tristes da vida de Jesus. O material utilizado vai além de madeira e pedra, com a presença de obras em barro, metal, e até mesmo em madeira de coqueiro. Uma certa subversão da ordem se notava nos presépios, com elementos bem brasileiros. No maior deles, a Sagrada Família é toda formada por pessoas negras. Nesta parte moderna, os autores são identificados, mas ainda há peças atuais cuja autoria ainda é desconhecida. Gostei muito de poder ter apreciado obras de épocas tão diferentes, com técnicas tão diversas, mas que falam a mesma língua.


Sagrada Família - escola mineira - Séc. XVIII - madeira - Coleção Hecilda e Sérgio Fadel


Pietá - Humberto Araújo, 2007 - coleção particular


Pai eterno - autor desconhecido (Portugal) - Séc. XVIII - madeira - coleção particular


arte sacra

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