Começo esta postagem esclarecendo que o título está grafado de maneira correta: conSerto, com "s" mesmo, como está escrito no fôlder do espetáculo. Durante o mês de outubro, mês da criança, a programação do Teatro I do CCBB de Brasília tem como alvo o público infantil, embora adultos também são fortes candidatos a gostar. De 04 a 27 de outubro, com sessões às sextas, sábados e domingos, está em cartaz Udi Grudi e Orquestra em Conserto. Como já tinha visto dois espetáculos deste grupo de circo-teatro brasiliense, dos quais gostei, embora tenham um pé no "clown", gênero que não aprecio muito, resolvi conferir este novo show, comprando entrada (R$ 5,00) para a sessão das 17 horas de domingo, 13 de outubro, quando também ocorria a primeira Virada Cultural do CCBB em comemoração ao aniversário do Banco do Brasil e da unidade do centro cultural de Brasília, além de ser o primeiro final de semana da exposição Mestres do Renascimento - Obras-Primas Italianas. Imaginando que o local estaria cheio, cheguei com duas horas de antecedência. Não foi difícil estacionar, mas a fila para ver as pinturas italianas era imensa. Aproveitei o tempo para comer algo, pois ainda não tinha almoçado. Por volta de 16:30 horas a minha amiga Karina chegou. Entramos logo para o teatro, que teve lotação completa. Uma meninada fazia alvoroço nas cadeiras, em clima bem festivo. E foram os meninos que ficaram impacientes e começaram a bater palmas, pois o show estava atrasado. Logo as luzes se apagaram, a cortina se abriu, mostrando a orquestra já postada à direita do palco. Uma violinista entrou, cumprimentou a plateia, deu o tom para os seus companheiros, tomando seu lugar, quando a maestrina Michelle Fiúza se posicionou, dando o sinal para os primeiros acordes. Foi a deixa para a trupe do Circo Teatro Udi Grudi entrar em cena: Marcelo Beré, Luciano Porto, Márcio Vieira, Ana Flávia Garcia e Nonato Veras. A direção do espetáculo coube a Leo Sykes, também diretora do grupo. O Udi Grudi ficou conhecido por fabricar seus próprios instrumentos musicais a partir de material reciclado, objetos inusitados como garrafas pet ligadas com mangueiras de plástico; canos de pvc que se transformam em instrumentos de percussão; roda d'água; raladores de cozinha; e até uma bacia amassada. Assim, sempre há números musicais em seus espetáculos, que seguem uma estética clown, mas sem as pinturas e vestimentas características de um palhaço. Um elemento ou outro, como um sapato com bico mais alongado usado por um dos integrantes do grupo, ou um penteado parecido com um cientista louco, aparecem para não deixar dúvidas que a inspiração deles é o universo circense, mais especificamente o dos palhaços. Diferente dos outros espetáculos que assisti do grupo, este também se utiliza de instrumentos ortodoxos, não só pela presença da orquestra, chamada Sinfonieta de Brasília, mas também por alguns instrumentos percussivos usados em cena. Uma historinha de cowboy é encenada de forma bem simples, entremeada por números musicais instrumentais e cantados, além de citações de cinema, como o agonizante fundo musical para a famosa cena do assassinato da mocinha no chuveiro de Psicose, de Alfred Hitchcock. Segundo o fôlder, nove números musicais, pinçados do rol de clássicos brasileiros e mundiais, integram o programa, entre eles Maria Bonita, de Antônio dos Santos, Marcha Nupcial, de Felix Mendelssohn, e Peixe Vivo, de domínio público. Todas as apresentações são revestidas de um tom de comédia, mas sem descaracterizar as famosas músicas. A participação do público cresce na medida em que o show vai chegando ao fim, terminando com a meninada encostada no palco, querendo subir, provocando alguns bons improvisos dos integrantes do grupo. Os guris gostaram muito, aplaudindo, rindo, gritando, pulando das cadeiras e correndo nos espaços livres do teatro. Os adultos se esqueceram por um instante que eram adultos e se entregaram, participando ativamente do show. Foi um divertido final de tarde de um domingo quente e bonito na cidade.
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