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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

UM OLHAR SOBRE O BRASIL - A FOTOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DA NAÇÃO

Duas horas e quarenta e cinco minutos. Este foi o tempo que gastei para ver as 350 fotografias que integram a exposição Um Olhar Sobre o Brasil - A Fotografia na Construção da Imagem da Nação, em cartaz desde 20 de agosto nas Galerias 1 e 3 do CCBB de Brasília. Aproveitei o burburinho em torno da Virada Cultural que tomou conta do centro cultural dias 12 e 13 de outubro para conferir esta exposição que tem curadoria de Boriz Kossoy, com Lilia Moritz Schwarcz como curadora adjunta. Junto com a identificação da foto, com seu autor, data e local, há uma descrição sintética sobre o momento histórico que vivia o nosso país. A mostra cobre um período de 120 anos, indo de 1883 a 2003 (o fôlder diz 170 anos, mas ao fazer as contas do intervalo temporal, vemos que há um erro), mostrando aspectos culturais, religiosos, políticos, econômicos, esportivos, vida cotidiana e cenários do Brasil. Os curadores buscaram em coleções públicas e privadas fotografias, a maioria em preto e branco, fazendo um recorte para passear pela história brasileira, com a preocupação de mostrar exemplares que não se restringem ao eixo mais comum nestas mostras: São Paulo-Rio de Janeiro-Brasília, mas perpassam praticamente todos os estados do país, com fotos tiradas tanto nas capitais quanto em cidades do interior. Como o período abrangido é extenso, todos os tipos de fotografias estão representadas, desde aquelas montadas em estúdios, que foram famosas no final do Império e no início da República, até aquelas em tons realistas, escancarando mazelas e condições de milhares de brasileiros, passando por alguns exemplares do fotojornalismo. Muita coisa já conhecia, seja por intermédio de estudos, da literatura, do cinema, seja por outras mostras de fotografias, mas ao ler cada descrição, aprendi mais um pouco da nossa história, como a febre de cartões de visitas estampados com fotografias que dominou o fim do Império, seja para eternizar o momento para gerações futuras, seja para os fotógrafos lucrarem com a venda de cartões com fotos dos escravos para abastados europeus que gostavam de exotismo em suas coleções. Todos os grandes fotógrafos que atuaram no Brasil no período abrangido pela exposição, sejam eles estrangeiros ou brasileiros, tem, pelo menos, um exemplar exposto. Assim, há obras de Araquém Alcântara, Evandro Teixeira, Orlando Brito, Sebastião Salgado, Mário Cravo Neto, Pierre Verger, Haruo Ohara, Marc Ferrez, entre outros. Fatos marcantes da história, como o golpe militar de 1964, os comícios pelas diretas, os protestos dos cara pintadas pedindo o impeachment de Collor, as eleições de Collor, FHC e Lula, o famoso discurso de João Goulart para os camponeses sobre a reforma agrária, a passeata dos cem mil, Guga erguendo a taça de campeão em Roland Garros, as conquistas da Copa do Mundo de futebol em 1958 e 1970, flagrantes da vida da família de D. Pedro II, a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, a parada gay de São Paulo, além de imagens de festas religiosas e profanas do nosso país. Fotos de várias cidades captadas na primeira década do século XX me chamaram a atenção. Neste setor, na Galeria 1, por onde começa o percurso da mostra, estão fotos de Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Velho, Manaus, Belém, João Pessoa, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais. O senão ficou por conta da escrita embaralhada de muitas descrições das fotos, o que dificultou a leitura, especialmente para quem usa óculos como eu. Na Galeria 1, algumas destas descrições estão localizadas abaixo das fotografias. Para conseguir ler tudo, precisei de me curvar ou abaixar em frente a estas fotos. No mais, foi um passeio sensacional pela história do Brasil. Para quem ainda não foi e se interessa em ir, tem que correr, pois a exposição fica em cartaz somente até o próximo dia 20 de outubro.

fotografia

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