Enfim conheci o aclamado Restaurante Roberta Sudbrack, único carioca a
figurar na seleta lista dos 100 melhores restaurantes do mundo, segundo a
conceituada revista inglesa The Restaurant. Na lista divulgada em abril de
2013, ele figura na classificação nº 80. Já na primeira lista dos 50 melhores
restaurantes da América Latina, organizada pela mesma revista, ele está no
décimo lugar. Karina me acompanhou no jantar em uma noite de muita chuva no Rio
de Janeiro.
Endereço: Rua Lineu de Paula Machado, 916, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ.
Contato: (21) 3874
0139.
Especialidade: cozinha
contemporânea, sob o comando da chef Roberta
Sudbrack. O menu é fechado, não existindo uma carta específica. Ele é alterado de acordo com os ingredientes da estação e com as invenções e pesquisas
da chef.
Quando fui: noite de 18 de
outubro de 2013, sexta-feira. Éramos 02 pessoas, com reserva feita com dez dias
de antecedência. O restaurante ocupa um sobrado, onde mesas estão colocadas na
varanda externa, em um salão no primeiro andar, além de estarem dispostas em
dois salões no andar superior, onde também fica a cozinha, cuja movimentação é
possível ver para quem se senta no primeiro ambiente do piso superior, onde ficamos.
Fomos acomodados em uma mesa ao centro do salão. O interessante é que a mesa é
grande e cabe um grupo grande, mas foi disposta de uma maneira para abrigar
duas pessoas de um lado e duas de outro, com uma bela montagem com orquídeas no
centro da mesa, como se fosse uma divisória. Fica elegante e preserva a
privacidade das conversas de cada lado. De onde sentamos era possível ver a chef e sua equipe em um frenético balé
de preparação dos pratos da noite.
Serviço: ótimo
serviço de reserva, com atendimento cordial e perfeito. Nossa reserva estava
para 21 horas, mas ficamos presos no engarrafamento nas imediações da Lagoa
Rodrigo de Freitas, o que me fez ligar para informar de um possível atraso,
quando fui muito bem atendido, com a garantia de que minha mesa estava pronta à
nossa espera. Assim que chegamos, um funcionário nos buscou no táxi, já que
caía uma fina chuva. Na recepção, onde há um lindo bar, confirmaram a reserva,
nos encaminhando, de imediato para o piso superior. Os garçons foram
atenciosos, explicando o sistema de funcionamento da casa, assim como os itens
do menu. Carta de vinhos excelente, com variadas opções de exemplares do novo e
do velho mundo. Há três possibilidades de pedidos dentro do menu fechado,
chamadas “experiências”. A de número 1 (R$ 195,00) inclui três pratos, sendo
que o prato principal, denominado prato do dia, não está descrito no menu. A
experiência 2 é composta por 5 pratos + queijo (R$ 295,00), sendo que um dos
pratos deve ser escolhido dentre as opções de amuses. Já a experiência 3 é a
mais completa, com 9 pratos + queijo (R$ 350,00), ou seja, todos os itens do
menu. Houve uma falha no serviço, quando nosso primeiro prato quente chegou
antes da amuse por nós escolhida. Assim que percebi o erro, chamei um garçom
que perguntou se queríamos devolver o prato, sendo servida a amuse, ou se
queríamos comer aquele prato quente e depois vir o prato frio. Achei estranha a
segunda alternativa, o que desconstrói toda a lógica da refeição. Obviamente
que preferimos seguir o curso normal do menu, iniciando pela amuse, o prato
frio da noite. No restante, o serviço funcionou bem, inclusive na hora de ir
embora, quando providenciaram um táxi para nós.
O que bebemos: três
garrafas de água mineral com gás de 350 ml Prata (R$ 4,50), uma garrafa do
vinho tinto português Luis Pato Bairrada 2010 (R$ 155,00), que estava bem
elegante, com bons taninos que não agrediram o paladar e harmonizou bem com os
pratos sem peixe, especialmente com o prato principal. Ao final, um bem tirado
café espresso Nespresso (R$ 7,00), que foi acompanhado de uma sinfonia de docinhos maravilhosa.
docinhos que acompanharam o café espresso
O que comemos: tanto eu quanto Karina
escolhemos a Experiência 2, com cinco pratos + queijo. Antes da sequência,
alguns mimos da chef foram servidos. Primeiro uma porção de uma espécie de salame fresco
vindo do Rio Grande do Sul, fatiado de forma muito fina, cuja orientação era
para comer com as mãos, sem cortar os pedaços com a faca. Saboroso, mas nada de
diferente. Um pão da casa, acompanhado de manteiga, excelente, diga-se de passagem,
foi servido em seguida. Uma marmita de alumínio (farnel para os mais finos) foi
colocada na mesa. Nela a surpresa da chef: duas unidades de castanha do Pará frescas
cobertas por uma farinha de banana, decoradas com mini flores. Também para se
comer com as mãos, colocando tudo de uma vez na boca. A farinha de banana é um
pouco amarga, o que contrastou com o sabor da castanha e deu um toque inusitado no paladar. Gostei. Em seguida, o
melhor dos mimos, gougères, espécies de pequenos pães de queijo que estavam
quentinhos e no contato com a língua praticamente derretiam. Depois deste couvert
que abriu nosso apetite e aguçou as expectativas, começou a ser servido o menu.
salame fresco fatiado
gougères
castanha do pará com farinha de banana
Prato 1: escolhemos a
mesma amuse dentre quatro opções: atum cru, fruta pão cristalizada, cumaru. Uma
mistura de sabores fantástica, com o prato sendo completado na nossa frente,
quando uma sopa fria regou o atum que estava envolto em uma fina fatia de fruta
pão cristalizada, apresentado em forma de um mini vulcão. Disparado foi o melhor
prato da sequência.
Prato 2: linguado em
vinagrete de ora-pro-nóbis. Achei o linguado cozido um pouco além do ponto, mas
seu sabor era tenro e o tal vinagrete deu um toque interiorano, com sabor de
casa de vó. Afinal, o ora-pro-nóbis não é verdura fácil de se encontrar por aí.
Prato 3: arroz
envelhecido, açafrão e parmigiano. Não gostei do sabor. Realmente o gosto do
arroz era de algo velho e o queijo não amenizou isto. A aparência do prato também
não me agradou, pois era um amarelo esmaecido, sem muita vivacidade.
Prato 4: ojo de bife na
brasa, bérnaise e farinha de banana. Prato com boa aparência, com a carne
firme, vermelha. A harmonia do molho
bérnaise com o tostado da farinha de banana ao se juntar com a carne me
surpreendeu. Gostei bastante.
Queijo: um fatia de queijo
(que não me recordo qual era), acompanhada de uma geleia de kinkan servida na
própria casca e de uma fatia de broa de milho assada. Não aprecio broas, embora
tenha experimentado a que veio neste prato, mas fixei minha atenção na
adstringência do queijo misturada com a doçura da geleia. Aprovado.
Prato 5: a sobremesa,
chamada de Divino, maravilhoso! Trata-se de uma composição de pele de rapadura,
chocolate branco acidificado, framboesa e licuri (fruto de uma palmeira de
mesmo nome, típica do cerrado). Muito doce por causa do chocolate branco e da
pele de rapadura. Nem a acidez da framboesa, servida fresca, ajudou a amenizar
a doçura do prato.
Valor total da conta: R$
874,50 (só aceita cartões de crédito da bandeira Mastercard).
Minha avaliação: * * * *. Restaurante que deve ser
conhecido por quem aprecia a culinária contemporânea, especialmente porque a
chef Roberta Sudbrack valoriza os produtos e ingredientes do nosso país,
elaborando pratos diferenciados e com combinações inusitadas. Minha nota
poderia ser maior, mas a falha no serviço e não ter atingido minhas
expectativas pesaram para a avaliação desta noite. Resumindo, os pratos estavam
muito bem feitos, mas não me surpreenderam.
Gastronomia Rio de Janeiro
(RJ)
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