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segunda-feira, 7 de março de 2011

FÉRIAS - DIA 10 - SEGUNDA-FEIRA - 07/03/2011 - POMPEIA - DIA DE SOL

Acordamos cedo nesta segunda-feira, mas deu preguiça de levantar. A princípio, perderíamos novamente a ida para Pompeia. Sem pressa, tomamos o café da manhã mais reforçado, para, em seguida, fazermos uma grande caminhada. A decisão foi pegar um trem mais tarde para a cidade de Pompeia, já que há trens de meia em meia hora no trajeto Nápoles-Sorrento, trecho que inclui as escavações da cidade italiana devastada pelas lavas do vulcão Vesúvio no ano 79 dC. Orientados pela máxima de que a melhor forma de conhecer uma cidade é caminhando, fomos do hotel para a estação Circunvesuviana a pé, em ruas e avenidas nas quais ainda não tínhamos passado. Pela primeira vez na viagem, o céu estava claro, muito azul, com um sol tentando esquentar o dia, mas o vento era tão forte, que parecia mais frio do que os outros dias. Em espaços mais abertos, tínhamos a sensação de que seríamos levados pelo vento. Meu boné voou em um destes espaços. Tive que correr atrás dele para resgatá-lo. Com meia hora, chegamos à estação. Eram 11:05 horas e o próximo trem para Sorrento já estava na plataforma 7, de onde partiria às 11:09 horas. Em quatro minutos, compramos o bilhete válido por 24 horas (pode ser usado durante o dia inteiro, descendo em qualquer das estações e pegando outro trem, em seguida, o que facilita conhecer a região), que custou cada um 4,70 euros, descemos correndo as escadas, passando pelas catracas eletrônicas (a catraca que eu escolhi resolveu recusar meu bilhete e ficou imediatamente fora de serviço, me obrigando a passar em outra catraca), e, finalmente, entrando no trem. Estava cheio, especialmente de turistas. Como a cidade, o trem não prima pela limpeza. Assim que sai de Nápoles, já vistamos o Vesúvio das janelas do trem. Paramos em várias estações, incluindo outra cidade também arrasada pelo vulcão na mesma época chamada Herculano (Ercolano), onde também há escavações a serem visitadas. Preferimos seguir em frente, para ver a maior delas. Após trinta e sete minutos de viagem, chegamos à estação Pompeii-Scavi, situada a poucos metros de uma das entradas para o sítio arqueológico de Pompeia. A entrada se chama Porta Marina. O ingresso custa onze euros cada um. Para quem for visitar mais de um sítio de escavações, como o de Herculano, pode-se comprar um ingresso conjugado ao preço de vinte euros, dando direito a entrar em quatro sítios na região. Optamos pelo ingresso simples, pois sabíamos que andaríamos muito por ali. Depois que compramos os ingressos, temos acesso a um libreto sobre a cidade e um mapa do sítio arqueológico. O local é muito grande. Para se ver tudo, creio que sejam necessárias, pelo menos, três horas de caminhada. Tínhamos três objetivos: ver o anfiteatro, a Casa do Fauno e o local onde estão alguns corpos petrificados com rocha vulcânica. No caminho destas três atrações, vimos uma série de templos, termas, villas (casas enormes, geralmente de propriedade dos mais ricos da cidade), o local onde estavam as tabernas, vários vinhedos, todos em recuperação, um horto, e muitas casas pequenas. Há locais fechados à visitação, pois as escavações continuam. Há muito ainda a ser descoberto no local. Nada indicava onde estavam os tais corpos. Induzi que estariam num local chamado Villa dei Misteri (e acertei!). O templo dedicado a Apolo impressiona pela grandeza e pelas colunas enormes. O anfiteatro também é muito grande e há um templo em frente dominando a cena. Em frente ao teatro, o maior vinhedo, mas fechado à visitação. Dá para ver por alguns buracos nas paredes. Seguindo por ruas e vielas, chegamos à famosa Casa do Fauno, assim conhecida por uma estátua de fauno que foi encontrada intacta na frente da casa, ainda no mesmo lugar. O local é enorme. Há interessantes mosaicos no chão (o mais interessante eles, o que mostra a Batalha de Alexandre, O Grande, está exposto no Museu Arqueológico Nacional, em Nápoles). As pinturas nas paredes também são muito bonitas e impressionam pelo intenso uso da cor vermelha. Continuando nossa caminhada, passamos pela Via dell"Abbondanza, onde funcionavam diversas pousadas. As ruas de pedra são um destaque à parte, mas é preciso tomar cuidado para não torcer o pé. Vi alguns turistas se machucando neste sentido. O melhor é usar um calçado confortável, mas firme no pé. Depois de muito andar, com quase duas horas dentro das ruínas, chegamos à Via delle Tombe, onde funcionava o cemitério local. Ao final da rua, passando por uma guarita, a melhor vista do Vesúvio. Todos param para fotos! Deste local, avistamos a Villa dei Misteri, uma casa enorme, com colunas, mosaicos e pinturas bem preservados e muito bonitos. Neste local estão expostos, dentro de caixas de vidro, dois corpos que viraram pedra após o esfriamento da lava vulcânica. É impressionante, pois tomaram a forma exata dos corpos. Ao sair desta casa, chegamos a uma das saídas do sítio arqueológico. Como já tínhamos visto tudo o que queríamos, resolvemos procurar um local para almoçar. O problema é que todos os restaurantes que víamos pelo caminho já estavam fechados, afinal já passavam das duas horas da tarde, além de ser segunda-feira, um dia de menos movimento no local. A decisão foi tomar o trem de volta para Nápoles. Andamos cerca de 600 metros entre a saída das escavações até a estação Pompeii-Scavi. Convalidamos o nosso bilhete na máquina própria e fomos para o binário 2, onde o trem para Nápoles partiria às 14:22 horas. Um anúncio gravado em italiano, inglês, francês e espanhol anuncia a chegada do trem, na hora prevista. A volta foi mais rápida, pois pegamos um trem que não parou em todas as estações. Não quisemos descer em Herculano, embora tinha programado uma visita quando fiz o roteiro no Brasil, por três motivos: fome (provavelmente teríamos a mesma dificuldade de achar algo aberto para almoçar), cansaço e ver mais do mesmo (embora dizem que em Herculano as construções são mais preservadas, pois o estrago foi menor do que em Pompeia). Descemos na estação Napoli-Garibaldi vinte e cinco minutos depois. A Piazza Garibaldi tem um trânsito louco, com uma disputa constante entre pedestres e automóveis. O interessante daqui é que os pedestres não tem medo. Entram no meio dos carros, obrigando-os a parar imediatamente. Já percebi que realmente todos os carros freiam em cima da hora, mas freiam. Porém, se o pedestre titubear, os motoristas aceleram imediatamente. O negócio é erguer a cabeça e atravessar com confiança, como os napolitanos fazem. Caminhamos em direção ao hotel, procurando um local aberto para almoçar, quando chegamos à Via Duomo e lembrei-me de outra pizzaria indicada por vários guias da cidade. Decidimos ir para lá. O restaurante é o sempre cheio Di Matteo - Antica Pizzeria e Friggitoria (Via dei Tribunale, 94). Quando chegamos, não havia mesa vazia, nem no primeiro piso, nem no térreo. Esperamos cinco minutos até uma mesa vagar no térreo. Sentamos rapidamente nela, mas demoraram a vir tirar os pratos sujos e trocar a tolha (de papel, diga-se de passagem). Não há cardápio. As opções estão em um cartaz na parede com os respectivos preços. Pedi uma pizza Margherita com beringela. Massa igual às demais pizzas que já comemos nestes oito dias na Itália. Além de turistas, várias mesas estavam ocupadas por nativos que devem trabalhar por perto. Foi a conta mais barata até aqui, apenas 12 euros, já incluído o serviço. Seguimos nossa caminhada do dia pelas ruas do bairro, descendo pela Via Armeno, lotada de lojas de artesanato local, especialmente presépios e figuras para presépios. Entrando em outras ruas, chegamos à Piazza San Domenico Maggiore, onde estão alguns restaurantes mais refinados, incluindo um duas estrelas do Guia Michelin para o qual temos reserva na nossa última noite na cidade, e a entrada lateral da igreja que dá nome à praça. Entramos para visitá-la. É linda, bem conservada (a aparência externa pode enganar as pessoas sobre o seu interior), com capelas cheias de obras de arte. Esta igreja foi concluída no século XIV em estilo gótico. Seu interior é riquíssimo. Destaque para o altar, todo em mármore, para o grande órgão atrás deste altar e para a Capellone del Crocifisso na qual está uma obra medieval retratando a crucificação, que teria falado com São Tomás de Aquino (isto está escrito em letras garrafais em um cartaz em frente à capela). Continuamos nossa jornada pelo bairro, passando em frente a várias igrejas pequenas, todas fechadas, até chegarmos à enorme igreja Santa Chiara, outra construção do século XIV, mas com um interior muito diferente. A igreja é austera, escura, e tem pouca coisa original, pois ela foi severamente bombardeada na Segunda Guerra Mundial. Destaque para o altar medieval e para o túmulo de alguns descendentes da dinastia Bourbon em uma as capelas mais suntuosas. A igreja é escura, mas não deixa de ter sua beleza. Já muito cansados, resolvemos nos dirigir para perto do hotel, mas com o frio que fazia, um café era necessário. Embora um pouco distante de onde estávamos, propus andar até o Storico Gran Caffè Gambrinus (Via Chiaia, 1-2), não só por sua importância histórica, mas também pelo seu interior belamente decorado com grandes pinturas do século XIX de artistas italianos. Sentamos no salão interno, com uma espécie de pequeno teatro ao fundo. Pedi um chocolate com leite quente (aqui tem que especificar que se quer com leite, porque se costuma servir com água) e um doce, pois sua doceria é famosa. O doce que pedi se chama Vesúvio (uma homenagem ao dia). Embora bem apresentado, não gostei do doce. Muito seco. Dali, voltamos para o hotel, com muito vento e frio. Dominado pelo cansaço, deitei e dormi por três horas. Já passavam de 21 horas, quando nos arrumamos para enfrentar o frio noturno. Resolvemos jantar em um restaurante perto do hotel, desde que não fosse pizza. Encontramos um chamado Nenè Pizzabistrot (Piazza Municipio, 2). Obviamente que com pizza no nome, o cardápio era dominado por esta unanimidade gastronômica de Nápoles, mas tinha outros pratos. Pedimos a carta de vinho, mas o garçom disse as opções de vinho tinto que havia. O top da casa era um Benito Ferrara, safra 2006. Resolvi experimentar e gostei. Uma grande mesa fazia muito barulho, afinal, eram italianos comemorando alguma coisa. Acatamos a sugestão do garçom em servir um antipasto da casa e um primo piatto. Para nossa surpresa, o antipasto já era uma refeição completa: uma focaccia quente do tamanho das pizzas individuais que temos almoçado, um seleção de presuntos crus, mussarela de búfala (fresquinha, uma delícia) e um saco de papel lotado de bolinhos fritos, cada um diferente do outro. Ao ver aquilo tudo, percebi que tínhamos exagerado no pedido e com o agravante de não termos muita fome. Deixamos mais da metade de tudo o que veio. Preocupado, o garçom perguntou se não tínhamos gostado. Não era isto, mas sim a quantidade era imensa e ainda viria um outro prato com massa, o tal primeiro prato (e último da noite): um papardelle com funghi porcini fresco e nozes. Dei algumas garfadas e deixei tudo no prato. Realmente, não era mais possível comer. Parece que meu estômago se acostumou a comer pouco. Já são sete dias sem os remédios, e continuo no mesmo ritmo, comendo menos. Acho que até emagreci mais um pouco, graças às imensas caminhadas diárias. Ainda bebi um café expresso antes de pagarmos a conta, voltando para o hotel. A previsão do tempo para nosso último dia em Nápoles é muito sol, com um frio mais intenso. Hora de deitar e dormir.

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