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segunda-feira, 14 de março de 2011

FÉRIAS - DIA 17 - SEGUNDA-FEIRA - 14/03/2011 - BRUGGE

A segunda-feira amanheceu nublada, permanecendo assim o dia inteiro. Sem pressa, sem horários rígidos sobre nós, tomamos café tranquilamente ao lado de um mesa onde havia um casal de brasileiros com um filho. Diferente do domingo, o salão do café estava tranquilo, bem vazio. Nossa programação para o dia: viagem a Brugge, a 59 minutos de trem de Bruxelas. Pegamos o metrô na estação Bruxelles-Central, localizada atrás do nosso hotel, fizemos uma conexão para chegar à estação Bruxelles-Midi, de onde partem trens de meia em meia hora para a cidade medieval mais conservada da Europa. A estação é grande, mas logo nos localizamos, caminhando a passos largos para a plataforma 16, pois o trem sairia às 11:05 horas. Embora tenhamos chegado ao local de embarque ainda com o trem de portas abertas, o funcionário da companhia de trens não nos deixou entrar, pois já havia soado o sinal da partida daquela composição. De qualquer forma, ele foi muito simpático, se desculpando pelo ocorrido. Deu tempo de perguntar sobre a necessidade de convalidar o bilhete e quando sairia o próximo trem para Brugge. Ele respondeu que a convalidação se dava dentro do trem e que em vinte minutos um outro seguiria para a cidade medieval, saindo da plataforma em frente, o seja, a de número 15. Aproveitamos o tempo que tínhamos para localizar de onde saem os trens para Paris, facilitando nossa vida para o dia seguinte. Realmente às 11:26 horas um novo trem saiu para Brugge. Trem de dois andares, vazio. Fomos no segundo andar. A viagem foi muito silenciosa. Há apenas uma parada no trajeto. Ela fica em Gent, outra cidade que consta dos guias para ser visitada na Bélgica. No meu caso, ficará para uma outra oportunidade. Às 12:25 horas descemos na estação de Brugge, seguindo a pé em direção ao centro da cidade. De cara, achamos o local muito bonito, muito limpo, mas com placas escritas em holandês não há como entender nada. Eu tinha um mapa pequeno. O melhor foi seguir em direção às altas torres das igrejas góticas da cidade. Dizem que a cidade é impraticável no verão, de tão cheia que fica de turistas, especialmente nos finais de semana. Como estamos no inverno e em uma segunda-feira, onde nenhum museu da cidade abre, nem mesmo as principais igrejas estão abertas, a cidade não estava tão cheia, mas nos deparamos, por mais de uma vez, com turmas de brasileiros com máquinas fotográficas nas mãos, perguntando sobre locais baratos para almoçar na cidade. Seguindo pelas ruas medievais, me senti dentro de uma cidade de brinquedo, daqueles tijolinhos que eu brincava na infância. As casas são iguais à desenhadas nos tais tijolinhos de madeira. Como em todas as cidades por que passamos nesta viagem, Brugge também tem vários locais em reformas. Passamos pela principal rua do comércio local, com muitas lojas de chocolates e de rendas, produto típico da cidade, chegando à principal praça, a Markt, onde outrora funcionava o mercado da cidade. Hoje é dominada por prédios históricos nos quais funcionam lojas ou restaurantes. No centro, um obelisco e muitas charretes. Pode-se conhecer a cidade em uma destas charretes. Preferimos a caminhada. Na mesma praça está uma enorme torre na qual se pode subir os seus 366 degraus para se ter uma vista da cidade, além de ver de perto seus mais de quarenta sinos. Nesta viagem, minha cota de escadaria já se esgotou. Quando estávamos caminhando, vi várias placas em restaurantes informando o horário do almoço - de 12 às 14 horas. Olhei o relógio. 13 horas em ponto. Era hora de escolher onde almoçar. Desta vez, estava entregue à sorte, pois não havia pesquisado nenhum restaurante na cidade. Verificamos na praça onde havia mais gente almoçando. Seguimos para o mais lotado, o Le Panier d'Or (Markt, 28), onde encontramos um garçom muito atencioso, que entendia um pouco de português. Embora estivesse fazendo frio, todos os que entravam preferiam ficar nas mesas do lado de fora. Foi o que também fizemos. Almoçamos na principal praça da cidade vendo o movimento intenso de turistas, de micro-ônibus utilizados para um city tour, de charretes, de bicicletas (como tem bicicleta na cidade!). Fiquei no menu de três pratos na categoria "peixes", pois havia um de carne, escolha de Ric, e outro do dia, o mais barato deles. No menu de peixe, há quatro opções de entrada, quatro de prato quente e três de sobremesa. Escolhi comer os famosos croquetes de camarão da região como entrada (são duas unidades grandes, que chegam à mesa fumegante, com mini camarões enfeitando o prato juntamente com mini rúculas - estavam ótimos), e um bacalhau com creme de ovos e batatas cozidas. O bacalhau era fresco, totalmente sem tempero. Não gostei. Para a sobremesa, escolhi o primeiro sorvete nesta viagem: baunilha com calda quente de chocolate. Terminamos com um expresso regular, servido em uma enorme xícara. Depois do almoço, seguimos para outra praça, bem perto da Markt, local onde a cidade foi fundada. Ela se conecta onde estávamos por uma rua somente para pedestres lotada de lojas de souvenirs. Chegamos em dois minutos (como o garçom nos disse quando perguntei em que direção era a praça) na praça Burg. Nela estão prédios de várias épocas, destacando-se o prédio da prefeitura e duas igrejas, ambas abertas para visitação gratuita e no mesmo edifício. Uma fica em cima e a outra no piso térreo. Subimos as escadas de acesso à Heilig Bloedbasiliek (Basílica do Sangue Sagrado). Nas paredes das escadas alguns cartazes me chamaram a atenção. Eles mandavam ficar atentos pois ali havia a ação de trombadinhas. Entramos numa bela igreja, na verdade uma capela, com decoração com predominância do dourado. No fundo de quem entra, está uma espécie de altar onde fica um sacerdote sentado. Vi pessoas subindo as escadas, parando em frente ao padre, colocando a mão em um vidro, ficando alguns minutos. Procurei saber do que se tratava. Uma placa em várias línguas (não havia em português) indicava que ali era um local sagrado, próprio para meditação e devoção para os que professam a fé católica. Dentro do tal vidro, uma ampola contém o que dizem ser o sangue de Cristo (daí o nome da basílica). Exitei em ir, mas acabei indo. Subi as escadas, mirei o padre nos olhos que, com um balanço de cabeça, me acenou a ampola. Coloquei minhas mãos no vidro e senti uma sensação de paz instantânea. Um filme rápido passou pela minha cabeça. Nem sei o que pensei, só sei que saí do local em alguns minutos bem leve. Ric, por sua vez, não quis subir ao altar. Voltamos à praça, entrando na igreja de baixo, a Capela de São Basílio, construída no século XII, mas com imagens com data anterior à sua fundação, pois vimos uma imagem datada de 1.127. As colunas da igreja parecem aquelas colunas que vemos em castelos medievais. Mais tarde, ao ler sobre a praça, fiquei sabendo que a primeira construção do local foi um castelo. Na diagonal oposta às igrejas que visitamos, uma construção moderna, uma espécie de pavilhão de vidro e ferro, obra do artista Toyo Ito de 2002 para celebrar o ano em que Brugge foi eleita a capital cultural da Europa. Tal pavilhão está situado onde outrora ficava uma catedral totalmente destruída quando da invasão francesa na cidade. Atravessamos a única passagem em arco da praça, chegando à Blinde Ezelstraat (Rua do Burro Cego), onde tivemos o primeiro contato visual com o belo canal que corta a cidade. Ali, descobri que outra maneira de se conhecer parte da cidade é fazer um passeio de barco pelo canal. Um dos pontos de partida fica justamente debaixo da ponte onde vai dar a tal rua do burro cego. Preferimos continuar o passeio a pé. Seguimos uma turma de turistas japoneses, chegando a uma praça onde havia quatro esculturas de homens montados em cavalos. Estas esculturas representam os quatro cavaleiros do Apocalipse. Estávamos diante do museu Memlingmuseum e Sint-Janshospitaal, que não abre às segundas-feiras. Seguimos adiante. Praças, ruas, espaços abertos, pontes sobre o canal foram os pontos por que passamos. Não tendo muito mais a ver, pois muitas das atrações turísticas fecham às segundas, resolvemos voltar a pé para a estação de trens. Paramos algumas vezes para fotos nas margens do canal. Chegamos à estação, conferimos o próximo trem para Bruxelas. Tínhamos em torno de quinze minutos para um café. O trem partiu no horário exato: 16:35 horas. Descemos diretamente na estação Bruxelles-Central, bem próxima de nosso hotel. Eu comprei os bilhetes de trem ainda no Brasil. Eles são entregues sem data e horário, apenas com validade de um mês (no nosso caso, de 14/03 a 13/04/2011). Este foi o motivo pelo qual pudemos escolher os horários tanto para ir quanto para voltar de Brugge. A cidade é muito legal. Quero voltar, com certeza, numa época mais animada, quem sabe até dormir uma noite e fazer os diversos passeios disponíveis para o turista: bicicleta, micro-ônibus, charrete, barco e a pé. Voltamos para o hotel para descansar antes de nossa despedida da fria noite belga. Nesta terça-feira, seguiremos para Paris.
A despedida tinha que ser em uma das praças mais bonitas do mundo, na Grand'Place. À noite ela tem uma iluminação especial, valorizando os detalhes de seus prédios. Noite fria, mas sem chuva. Muitos turistas tiravam fotos na escura praça. Escolhemos um dos restaurantes instalados na praça, o Le Roy d'Espagne (Grand'Place, 1) para nosso jantar de despedida. Estava cheio. O local é muito frequentado por turistas que querem beber as várias cervejas produzidas na Bélgica. A decoração lembra uma taberna antiga, daquelas que a gente vê em filmes da época medieval. Até cavalo empalhado faz parte da decoração, onde a madeira predomina. No centro, uma lareira aquece o ambiente interno. As mesas são coletivas, podendo sentar pessoas estranhas ao seu grupo, basta sobrar espaço. Tivemos a companhia de três alemães na nossa mesa. Pedi, para encerrar a estadia em Bruxelas, um prato chamado Degustação Belga. São três cumbucas contendo algumas das especialidades do país: carne cozida em molho espesso, peito de frango cozido em molho de legumes e almôndega mista de carne de boi e de porco com bastante molho de tomate. Para acompanhar, pedimos um vinho tinto italiano, um Montepulciano. Os garçons descem e sobrem as escadas em ritmo frenético, mostrando o movimento da casa. O garçom que nos serviu disse que o país mais bonito do mundo, em sua opinião, era o Brasil e que era doido para passar um carnaval no Rio de Janeiro. Ele está juntando dinheiro para fazer esta viagem. Incentivemos este seu desejo. Ele foi muito simpático o tempo inteiro. Ao sair, demos uma volta nas ruas em torno da praça, apreciando as lindas vitrines das lojas de chocolates, já enfeitadas para a Páscoa que se aproxima. E a viagem continua. Nesta terça-feira, seguiremos em trem rápido para a França. Destino: Paris, onde a proposta é um roteiro mais brando.

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