Levantamos cedo, acabamos de arrumar as malas, tomamos um reforçado café da manhã no Sofitel Villa Borghese em Roma, descemos para fazer o check out. Eu queria pagar parte da conta com vouchers que imprimi por ter acumulado pontos no A-Club da Rede Accor, mas eram 17 vouchers e cada um deles tem que ser registrado pela recepção. Como não tínhamos muito tempo, resolvi usá-los em outro hotel durante a viagem. Paguei a conta com cartão de crédito, enquanto aguardava um táxi que havia solicitado logo no início do check out. Não chovia, mas o frio continuava intenso. O hotel fica perto da estação Roma Termini, por isso chegamos meia hora antes do horário da partida do trem para Nápoles, nossa próxima parada. Pela corrida de táxi, pagamos dez euros. O trem rápido encostou na plataforma 9 dez minutos antes do previsto. Andamos quase toda a extensão da plataforma, pois viajamos de primeira classe e nosso bilhete, comprado no Brasil, indicava que nossos assentos estavam no vagão 2. Colocamos as malas em compartimento acima de nossos assentos, ambos na janela, um de frente para o outro, em poltronas individuais. Na primeira classe, há serviço de bordo, quando jornais, revistas, bebidas e lanche são servidos. A viagem durou uma hora e dez minutos. Ao chegarmos na Estação Central de Nápoles chovia e o frio parecia com o de Roma. Ainda dentro da estação, algumas pessoas ofereciam táxi. Preferi seguir para o lado de fora e entrar na fila, que não tinha praticamente ninguém. Muitas opções de táxis, pegamos o primeiro disponível, mostramos o endereço do hotel Mercure Angioino Napoli Centro (Via Agostino Depretis, 123) para o motorista, que acenou com a cabeça afirmativamente. Além da tarifa a pagar, o taxímetro também mostrava a duração da corrida. Demoramos pouco mais do que seis minutos para chegar ao hotel. O que li sobre os motoristas de táxi da cidade já foi confirmado na primeira corrida. No taxímetro, o valor a pagar era menos de seis euros. Dei uma nota de dez euros, o motorista agradeceu e não me deu troco nenhum. Não quis reclamar. Entramos logo no hotel por causa da chuva e do frio. O check in foi muito rápido, cordial e simpático. O recepcionista fez questão de falar conosco somente em italiano, mas falava tão pausadamente que entedia tudo. Ficamos em um quarto no terceiro andar, com vista para a rua. Desfiz a mala naquilo que achava essencial, marquei no mapa que recebemos na recepção do hotel o roteiro da tarde e saímos a caminhar pela cidade. Mais de meio-dia, decidimos almoçar antes de começar as visitas aos locais turísticos. Tinha escolhido duas famosas pizzarias da cidade, ambas situadas na mesma rua: Via dei Tribunale. Caminhamos por cerca de vinte minutos para chegar até esta via. Nela, percebemos como a cidade é suja. Muito lixo pelo chão, muita confusão, muita gente fumando, falando alto. Há uma certa decadência proposital na cidade. Parece ser esta a marca registrada desta terceira mais populosa cidade italiana. Escolhemos a pizzaria que nos pareceu com melhor aparência. Há uma produção de pizzas sem parar. Ao chegarmos, por volta de 13:15 horas, ainda havia lugar, mas logo formou-se uma longa fila de espera. É certo que o local não é grande, mas é famoso tanto entre os locais quanto entre os turistas. Há apenas uma garçonete para atender a todas as mesas. Ela é elétrica, parece que trabalha somente em ritmo acelerado. As pizzas são individuais, em tamanho exagerado. Só vimos quando elas chegaram à mesa. O preço era tão baixo, que achamos que chegaria apenas uma fatia para cada um. Para se ter uma ideia, a pizza Margherita, inventada em Nápoles, custou apenas três euros. Para esquentar um pouco o corpo, resolvi acompanhar Ric em uma garrafa de vinho. Cometi um erro enorme, pois na carta só havia seis opções, sem separação entre branco e tinto. Pedi um dos mais caros do menu (apenas seis euros a garrafa), não percebendo que o vinho escolhido era branco. Só vi depois que a garçonete já tinha aberto a garrafa. A pizza chegou rápido. No meu caso, pedi uma capricciosa, recheada de cogumelos paris, azeitonas pretas, alcachofras, molho de tomate e mussarela. Estava melhor do que a pizza que comi em Roma, mas a massa era difícil de partir. Ao olhar ao redor de nossa mesa, notei que a maioria dos italianos presentes comia as fatias com as mãos. Fiz o mesmo. O restaurante é tão especializado em pizza que nem café vende. Pagamos a menor conta até aqui, 19,50 euros, já incluída a taxa de serviço. A pizzaria se chama Sorbillo (Via dei Tribunale, 38). Devidamente alimentados, começamos nossa peregrinação pelas inúmeras igrejas desta região da cidade, a maioria delas dos séculos XIV, XV e XVI. A mais curiosa de todas é a San Lorenzo Maggiore, com acesso pela própria Via dei Tribunale. Ela foi construída em cima de onde funcionava, durante a Idade Média, o mercado da cidade e parte do teatro de arena. Desta época, ainda resta o poço, localizado hoje no claustro da igreja, e as ruínas no subsolo, que também podem ser visitadas, além do museu com peças antigas da própria igreja e vestígios de objetos, pinturas, mosaicos encontrados nas escavações arqueológicas. Tudo isto pode ser conhecido, pagando-se um único ingresso, ao custo unitário de 9 euros. Saindo desta igreja, damos de cara com outra, a de San Paolo Maggiore, que curiosamente foi construída em cima de um templo dedicado ao Deus da Cura em épocas muito passadas. As colunas de sua fachada pertenceram ao templo. Em seguida, fomos para a Cattedrale San Genaro, a maior e mais bem decorada de todas que vimos nesta tarde de sábado. Nela há uma capela dedicada a San Genaro, o padroeiro da cidade. Nesta capela, há um grande relicário em forma de busto no qual está o crânio deste santo e um vidro com seu sangue coagulado. Diz a lenda local que se o sangue não ficar líquido três vezes ao ano é sinal de má sorte para a cidade. Também na mesma catedral, em sua cripta, está um pote com vários ossos do mesmo santo. Tanto na capela dedicada ao santo padroeiro quanto na cripta, os fieis jogam moedinhas, fazendo os seus pedidos. Há um belíssimo batistério do século V, todo em mármore, logo na entrada da igreja, em seu lado esquerdo. Demos uma parada para um rápido café e seguimos nosso destino, ou seja, mais igrejas. Passamos pela Santa Maria di Donna Regina, que estava fechada, e entramos por ruelas escuras e sujas, até sairmos em frente à igreja San Giovanni a Carbonara, decadente por fora, mas totalmente recuperada por dentro, com belos exemplares de obras de arte da Idade Média. Um casamento estava para começar quando chegamos. Os convidados estavam muito elegantes, mas pareciam estar uniformizados, pois todos usavam sobretudos escuros. Nesta mesma Via Carbonara está o hotel Palazzo Caracciolo, onde inicialmente fiz a reserva, mas desisti depois de ler sobre ele no Trip Advisor. Na verdade, ele é muito elogiado, mas a região é muito criticada, não só pela sujeira, mas também é apontada como ponto de prostituição e de drogas, o que a torna perigosa a partir do final da tarde. Voltamos a pé pela Via dei Tribunale, passando por outras igrejas, até sairmos na Piazza Dante, totalmente pichada. Um descuido da prefeitura ou é a tal decadência proposital? A principal rua de comércio da cidade corta a praça. Descemos, então tal rua, a Via Toledo, em direção ao mar, passando por várias construções antigas, todas elas chamadas de palazzos. Do lado direito da Via Toledo, já chegando perto de onde ela começa, está o famoso Quarteirão Espanhol, cuja característica principal são as roupas penduradas nas janelas e sacadas dos prédios antigos e suas ruas estreitas. Muitos restaurantes estão ali localizados. Chegamos à Galleria Umberto I, belíssimo shopping coberto. Para quem conhece a Galleria Vittorio Emanuelle em Milão, a de Nápoles seria a sua prima pobre, mas não deixa de ter seu esplendor. Saímos pela ala que dá acesso ao suntuoso Teatro San Carlo, palco de inúmeras óperas e balés. Havia filas enormes para entrar. As pessoas estavam muito elegantes. Demos um volta pela região, chegando à enorme Piazza Plebiscito, onde de um lado está o Palazzo Reale e do outro, a igreja San Francesco di Paola. Aqui não há vez para os carros. Digo isto porque em toda a cidade há uma disputa constante entre pedestres e automóveis. Voltamos para o hotel, passando em frente ao Castel Nuovo, parte de um roteiro que faremos em outro dia. A cidade está em obras, ampliando sua linha de metrô, porque em 2013 será sede de uma conferência mundial de cultura. Assim, há vários desvios que devemos fazer, seja em carro, transporte coletivo ou caminhando. No hotel não há internet gratuita como em Roma. Comprei um cartão para usar durante três horas por 3 euros. Acompanha o cartão, um bônus de 24 horas, ou seja, paguei três euros para navegar na internet por 27 horas. Já localizei no mapa todos os demais lugares turísticos a visitar, além dos restaurantes previamente escolhidos. Todos estão a poucos metros de distância do hotel. Caminhadas de, no máximo, quinze minutos. A localização do hotel é excelente.
Para jantar, já tinha reserva confirmada, desde o Brasil, no premiado restaurante La Cantinella (Via Cuma, 42), uma estrela no Guia Michelin, edição Itália. Reserva para 20 horas, sem dress code. Fomos a pé, caminhada pela avenida que corre ao longo do mar. Levamos dez minutos para lá chegar. Não havia ninguém no restaurante, fomos os primeiros, mas logo o restaurante encheu. A decoração é duvidosa, com paredes e tetos forrados de bambus, cadeiras de vime, umas pilastras em V separando o grande salão em três ambientes. Alguns quadros com motivos camponeses completavam o kit. Nem todos os garçons falavam outra língua, mas tivemos um excelente tratamento. Serviço de primeira. Embora estrelado, não há frescuras no menu e nem exigências de todos na mesa (no caso, eu e Ric) terem que optar pelos menus sugeridos, caso um se interessasse pela fórmula montada. Ric escolheu um primo e um secondo piatto, enquanto eu pedi o menu vegetariano. Para beber, escolhemos um vinho tinto da Lombardia, com bom preço e excelente sabor. Assim como nos restaurantes estrelados de Roma, este também ofereceu um amuse bouche. Era um bolinho de peixe, mas como eu tinha pedido a opção vegetariana, meu mimo foi sem o peixe. Veio uma bolinha de batata com mussarela, muito gostosa. Em seguida, veio uma sopa de lentilhas, das menores, que já foi em quantidade suficiente para matar a minha fome. O próximo prato foi um rigatoni muito bem montado no prato de vidro retangular, em forma de uma pirâmide, apenas com molho de tomates frescos. Massa ao dente, com o molho aderindo perfeitamente nos espaços do rigatoni. Ótimo prato. Depois, uma escarola recheada com queijo em leito de creme de abóbora moranga. Muito bom, leve, mas não consegui comer tudo. Era hora da sobremesa, mas não aguentei. Como Ric queria sobremesa, ele ficou com a prevista no meu menu. O garçom arrumou a mesa para os dois, "just in case", disse ele. Um detalhe raro: trocaram os guardanapos para a sobremesa. Retiraram os brancos e trouxeram novos amarelos. Veio duas mini taças com uma espécie de chocolate branco com coco, cobertos com avelãs. Ric comeu tudo, eu nem mexi na minha. Pensávamos que era minha sobremesa, mas era mais um mimo do chefe, um amouse bouche para o sabor doce. Em seguida, foi colocado em frente ao Ric um enorme prato, com vários tipos de doces feitos com chocolate, entre eles um sorvete, um mini petit gateau, uma mousse com menta no fundo. Além deste prato, um outro, com vários mini doces ficou à nossa disposição para acompanhar o café expresso. Ambos pedimos descafeinado. Curto e forte. Depois de duas horas no La Cantinella, chegou a hora de pagarmos a conta, nem tão cara como nos restaurantes em Roma e voltarmos a pé para o hotel, escolhendo um outro caminho, para ver o movimento noturno da cidade. Vimos vários jovens com fantasias, o que nos fez lembrar que é tempo de carnaval.
Para jantar, já tinha reserva confirmada, desde o Brasil, no premiado restaurante La Cantinella (Via Cuma, 42), uma estrela no Guia Michelin, edição Itália. Reserva para 20 horas, sem dress code. Fomos a pé, caminhada pela avenida que corre ao longo do mar. Levamos dez minutos para lá chegar. Não havia ninguém no restaurante, fomos os primeiros, mas logo o restaurante encheu. A decoração é duvidosa, com paredes e tetos forrados de bambus, cadeiras de vime, umas pilastras em V separando o grande salão em três ambientes. Alguns quadros com motivos camponeses completavam o kit. Nem todos os garçons falavam outra língua, mas tivemos um excelente tratamento. Serviço de primeira. Embora estrelado, não há frescuras no menu e nem exigências de todos na mesa (no caso, eu e Ric) terem que optar pelos menus sugeridos, caso um se interessasse pela fórmula montada. Ric escolheu um primo e um secondo piatto, enquanto eu pedi o menu vegetariano. Para beber, escolhemos um vinho tinto da Lombardia, com bom preço e excelente sabor. Assim como nos restaurantes estrelados de Roma, este também ofereceu um amuse bouche. Era um bolinho de peixe, mas como eu tinha pedido a opção vegetariana, meu mimo foi sem o peixe. Veio uma bolinha de batata com mussarela, muito gostosa. Em seguida, veio uma sopa de lentilhas, das menores, que já foi em quantidade suficiente para matar a minha fome. O próximo prato foi um rigatoni muito bem montado no prato de vidro retangular, em forma de uma pirâmide, apenas com molho de tomates frescos. Massa ao dente, com o molho aderindo perfeitamente nos espaços do rigatoni. Ótimo prato. Depois, uma escarola recheada com queijo em leito de creme de abóbora moranga. Muito bom, leve, mas não consegui comer tudo. Era hora da sobremesa, mas não aguentei. Como Ric queria sobremesa, ele ficou com a prevista no meu menu. O garçom arrumou a mesa para os dois, "just in case", disse ele. Um detalhe raro: trocaram os guardanapos para a sobremesa. Retiraram os brancos e trouxeram novos amarelos. Veio duas mini taças com uma espécie de chocolate branco com coco, cobertos com avelãs. Ric comeu tudo, eu nem mexi na minha. Pensávamos que era minha sobremesa, mas era mais um mimo do chefe, um amouse bouche para o sabor doce. Em seguida, foi colocado em frente ao Ric um enorme prato, com vários tipos de doces feitos com chocolate, entre eles um sorvete, um mini petit gateau, uma mousse com menta no fundo. Além deste prato, um outro, com vários mini doces ficou à nossa disposição para acompanhar o café expresso. Ambos pedimos descafeinado. Curto e forte. Depois de duas horas no La Cantinella, chegou a hora de pagarmos a conta, nem tão cara como nos restaurantes em Roma e voltarmos a pé para o hotel, escolhendo um outro caminho, para ver o movimento noturno da cidade. Vimos vários jovens com fantasias, o que nos fez lembrar que é tempo de carnaval.
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