Acordei mais tarde na manhã desta quarta-feira. Amanheceu com céu parcialmente encoberto. Descemos para o café da manhã um pouco mais tarde, por volta de 10:00 horas. Primeiro dia sem os remédios para emagrecer. Comi o mesmo tanto que vinha comendo. Acho que os remédios tem um efeito depositário. Estou me sentindo muito bem, com as roupas já totalmente soltas em meu corpo (em 45 dias de dieta, emagreci 10 quilos). Quero manter o peso com o qual viajei para retornar ao processo de emagrecimento ao final das férias. Enquanto estávamos ainda no café da manhã, o tempo fechou. Tomamos a decisão mais acertada, ou seja, era o momento de irmos a algum lugar fechado, sem ficar andando pelas ruas como no dia anterior, quando ficamos completamente ensopados. Pegamos um táxi na porta do hotel direto para ver as várias obras dos Museus do Vaticano (Musei Vaticani). A corrida ficou em 13 euros. Chegamos antes do meio dia. Aconselha-se a chegar neste museu (são vários museus em um único prédio) ainda pela manhã, pois costuma-se formar fila enorme após o almoço. Há passagem obrigatória dos pertences em raio X. A bilheteria para quem vai comprar bilhete individual fica dois níveis acima da entrada. O ingresso único custou 15 euros para cada um. Como o lugar é muito grande, decidimos previamente o que queríamos ver: a Capela Sistina e os aposentos de Júlio II, redecorados por Rafael (Raffaello) no século XVI. Hoje o local destes aposentos se chama Stanze Raffaello. É fácil andar no museu, pois ele é bem sinalizado, principalmente em relação à sua atração principal, ou seja, a Capela Sistina. Começamos por ver parte dos famosos Jardins do Vaticano (Giardini Vaticani) de um dos terraços do museu, para em seguida, entrarmos em um amplo jardim de inverno, chamado Cortile della Pigna. Uma beleza o lugar. A partir dele, seguimos as setas para a famosa capela. Passamos por corredores e ambientes surpreendentes, como a Galleria delle Carte Geografiche, com vários mapas de regiões da Itália nas paredes, em um grande corredor de mais de cem metros. Mas o que mais impressiona neste corredor é o teto. Os mapas também são do século XVI. Logo a seguir a esta galeria, um escuro ambiente, com maravilhosos tapetes do século XVI com motivos religiosos. Não deixamos passar em branco a imensa coleção de estatuária greco-romana, com grandes sarcófagos em mármore, lindamente decorados, até chegarmos à Capela Sistina, um trabalho primoroso de Michelangelo, que demorou quatro anos para ter concluídas suas pinturas. Era a segunda vez que eu ia à esta capela, mas confesso que desta vez ela me impressionou mais. Na primeira, era verão, o museu estava cheio demais e na capela era quase impossível de se andar. Agora, pude ver cada detalhe das pinturas no teto e nas paredes laterais. A famosa pintura de Deus criando Adão é muito pequena e fica no meio de um emaranhado de afrescos no teto. O mais impactante para mim é a parede que retrata o Juízo Final. Impressionante a capacidade deste grande artista do Renascimento italiano. Fizemos uma grande volta para chegarmos às Stanze di Raffaello, incluindo uma passagem por galerias e ambientes já vistos. As pinturas nas paredes e no teto são impressionantes. Não tem como não apreciar "A Escola de Atenas", ou "O Incêndio na Cidade". Raffaello era outro gênio. Fizemos uma passagem meteórica pela coleção de arte contemporânea, a parte mais vazia do museu, com quadros de Marc Chagall, Lucio Fontana, Salvador Dalí, entre outros. A saída é outro ponto forte do museu. A escada que temos que descer é suntuosamente decorada em sua borda, tendo o formato de um caracol. Todos os turistas param para fotografar a escada do alto, fazendo aquele efeito que Hitchcock tornou famoso em seus filmes. Quando saímos, a chuva insistia em cair. A pé, margeando o grande muro que cerca o Vaticano, chegamos às arcadas da impressionante Piazza San Pietro, projeto de Bernini do século XVII. Mesmo com chuva, não há como não andar por toda a sua extensão, vendo as duas fontes laterais, o grande obelisco, as colunatas de ambos os lados e a enorme Basílica de São Pedro ao fundo. Depois de fotos e mais fotos na praça, entramos em uma desorganizada fila para entrar na Basílica. Tivemos que empurrar algumas pessoas que insistiam em entrar em nossa frente. Embora grande a fila, ela andava rápido. O motivo desta fila é o controle para entrada na Basílica. Os pertences tem que passar pelo raio X. A entrada somente para a Basílica é gratuita. Logo à direita de quem entra, outra obra clássica de Michelangelo, "Pietà", protegida por um vidro, pois já foi alvo de um vândalo. A cena que se vê é parecida com a "Mona Lisa", de Leonardo Da Vinci, no Museu do Louvre, em Paris: muita gente se espremendo e se empurrando para tirar uma foto. Fizemos o mesmo. O interior da Basílica é impressionante e quanto mais se adentra, mais sentimos seu esplendor. Muito mármore no chão, nas paredes e nos nichos. O baldaquino central é de tirar o fôlego de tão belo, mais uma obra de Bernini. Michelangelo é o responsável pela construção da cúpula deste templo religioso. Há muitos detalhes para se ver. O púlpito relicário de bronze que protege o trono de São Pedro é outra obra de Bernini, mas tivemos que apreciar de longe e sem iluminação. Para nossa sorte, enquanto observávamos alguns detalhes, um grupo de freiras teve acesso ao local onde fica o púlpito e as luzes se ascenderam, provocando uma corrida para filmagens e fotos. Realmente é de uma beleza incrível. Outro detalhe são os turistas que colocam a mão no pé direito da estátua medieval de São Pedro. Ric fez o mesmo, fazendo questão de tirar uma foto. Algumas partes da Basílica estão em obras de restauração, oportunidade para se ver o trabalho minucioso destes artesãos que preservam a arte universal. Passando por uma fonte linda com água benta, peguei um pouco e passei no meu rosto. A fome apertou. Eram mais de 15:30 horas. Era hora de sair. Lá fora, mais frio e chuva fina. Descemos pela lateral direita da Basílica, vimos dois guardas da Guarda Suíça, responsável pela segurança local, com seu uniforme característica escondido debaixo de capas de chuva, mas vimos o final das calças justas no corpo com listras verticais nas cores laranja e azul marinho. Na Praça de São Pedro, tiramos mais fotos. Decidimos procurar um restaurante nas redondezas, pois a região é cheia de turistas, assim a possibilidade de achar algo interessante aberto era grande. Andamos um pouco até a movimentada Piazza Risorgimento, onde achamos um café que tinha lugar no interior. Entramos e uma simpática atendente nos colocou em uma mesa. Percebendo que falávamos português, disse que era cunhada de um brasileiro. O restaurante é o Ris Café (Piazza Risorgimento, 16). Foi-nos oferecido dois cardápios, um tradicional e outro dito especial. Ficamos no segundo. Os quatro pediram a mesma entrada, uma simples, mas bela e saborosa, Salada Caprese (a mussarela de búfala estava macia, fresquinha, uma delícia). Cesta de pães veio a mesa. Como prato principal, escolhi um peito de frango grelhado com vegetais, também feitos na grelha. Os vegetais estavam mais saborosos do que o frango, que veio muito branco, mas bem temperado. Os vegetais eram beringela, abobrinha e pimentões. Todos apenas grelhados, quase crus, temperados apenas com azeite e sal. Muito bons, por sinal. O café expresso foi o mais curto e forte que tomamos até aqui. Também foi o restaurante mais barato em que comemos nestes três dias de estadia em Roma. Pegamos um táxi de volta para o hotel, pagando 10 euros pela corrida. Preferimos não mais sair, pois queríamos descansar um pouco para aproveitar o jantar no único restaurante com três estrelas em Roma concedidas pelo Guia Michelin. Fiz a reserva por e-mail, ainda no Brasil, recebendo a confirmação rapidamente. Por via das dúvidas, pedi ao concierge do hotel para reconfirmar, o que foi feito na terça-feira. Inicialmente, somente eu e Ric iríamos, pois nossos amigos não trariam na bagagem nenhum blazer, nem sapatos, exigências do code dress do restaurante. No entanto, eles acabaram trazendo. Pedi na manhã desta quarta-feira ao concierge que consultasse ao restaurante a possibilidade dos amigos se juntarem a nós na reserva e se podiam ir de jeans. Ambas as respostas foram positivas. Todos iremos ao La Pergola (Via Alberto Cadlolo, 101 - Roma Cavalieri Waldorf Astoria Colection Hotel) na noite desta magnífica quarta-feira.
Pegamos um táxi para o restaurante por volta de 20:40 horas. Ele fica em outro ponto da cidade, no alto de um morro, com belíssima vista de Roma e do Vaticano. O La Pergola fica no nono andar do Roma Cavalieri Hotel. Não estava cheio. A decoração é um tanto quanto over, com muito vermelho e dourado, especialmente os talheres e baldes de gelo. São três salões, com uma parede toda envidraçada, com deslumbrante vista da noite romana. Nossa mesa, já reservada, não ficava perto do vidro, mas tínhamos uma boa visão. Serviço impecável, com todos os garçons falando em inglês e tirando todas as nossas dúvidas. Pedi um Brunelo di Montalcino, safra 2008, muito bom, mas não me recordo a vinícola. Lembro-me do preço: 100 euros. Serviram um amuse bouche, o tira gosto de boas vindas do chef, vongole levemente cozido no vapor com croutons, gelatina de aipo e espuma de cenoura. Ótimo sabor. Pães eram oferecidos sem parar. Primeiro restaurante que nos ofereceu junto com os pães uma deliciosa manteiga, azeite especial da Toscana, sal branco do Hawaí e sal negro da Sicília. Molhar o pão no azeite e no sal é uma ótima pedida. Como primeiro prato, pedi flor de abobrinha frita com vongole e caviar ao molho de açafrão. O prato já é belo de se olhar. A delicadeza da flor de abobrinha e a mistura de sabores do caviar e do molho de açafrão foram de comer ajoelhado. Divina experiência. Antes do prato de fundo, o chef nos brindou com um outro primeiro prato, como os italianos costumam chamar. Foi um espaguete ao dente com molho leve de queijo e pimenta do reino, com pequenos camarões marinados em limão siciliano. O prato consta do cardápio, mas não nos foi cobrado. Gentileza do chef. Como viram que eu anotava tudo e tirava fotos dos pratos, talvez tenham pensado que eu era algum gourmet que escrevia sobre gastronomia. Percebi que nossa mesa era a mais paparicada de todas. Esta oferta também estava deliciosa. Como prato de fundo, pedi uma vitela recheada com pinhões secos e cebolas cozidas com radicchio. Carne macia, tenra, cuja harmonia com o sabor forte da cebola e do radicchio ficou perfeito. Há mais de cinquenta dias não comia carne vermelha, nem bebia vinho. Foi uma ótima pedida voltar a provar estas duas iguarias em um restaurante tão bom, além da ótima companhia de Ric e de nossos amigos de Brasília. Ainda pedimos a sobremesa. O meu pedido foi uma surpreendente bola de suco de romã gelado. Uma bola oca, apenas uma casca fina. Fiquei curiosa como a faziam. Embaixo da bola, um creme de avelã. Fechei com chave de ouro a noite. Ainda vieram docinhos variados em uma mini cômoda de metal, cheia de gavetinhas. Em cada gaveta, um docinho diferente. Também nos levaram uma caixa cheia de chocolates variados para acompanhar o café. Pedi um expresso descafeinado. Veio como se bebe em Roma, curto e forte. A conta foi cara, mas valeu a pena ter esta experiência. Ainda tivemos a visita do chef alemão Heinz Beck, muito simpático e cortês, nos desejou uma ótima férias na Itália. Foi o primeiro restaurante três estrela do Guia Michelin que eu fui na minha vida. Voltamos para o hotel de táxi. Mais uma bela jornada encerramos em Roma.
Pegamos um táxi para o restaurante por volta de 20:40 horas. Ele fica em outro ponto da cidade, no alto de um morro, com belíssima vista de Roma e do Vaticano. O La Pergola fica no nono andar do Roma Cavalieri Hotel. Não estava cheio. A decoração é um tanto quanto over, com muito vermelho e dourado, especialmente os talheres e baldes de gelo. São três salões, com uma parede toda envidraçada, com deslumbrante vista da noite romana. Nossa mesa, já reservada, não ficava perto do vidro, mas tínhamos uma boa visão. Serviço impecável, com todos os garçons falando em inglês e tirando todas as nossas dúvidas. Pedi um Brunelo di Montalcino, safra 2008, muito bom, mas não me recordo a vinícola. Lembro-me do preço: 100 euros. Serviram um amuse bouche, o tira gosto de boas vindas do chef, vongole levemente cozido no vapor com croutons, gelatina de aipo e espuma de cenoura. Ótimo sabor. Pães eram oferecidos sem parar. Primeiro restaurante que nos ofereceu junto com os pães uma deliciosa manteiga, azeite especial da Toscana, sal branco do Hawaí e sal negro da Sicília. Molhar o pão no azeite e no sal é uma ótima pedida. Como primeiro prato, pedi flor de abobrinha frita com vongole e caviar ao molho de açafrão. O prato já é belo de se olhar. A delicadeza da flor de abobrinha e a mistura de sabores do caviar e do molho de açafrão foram de comer ajoelhado. Divina experiência. Antes do prato de fundo, o chef nos brindou com um outro primeiro prato, como os italianos costumam chamar. Foi um espaguete ao dente com molho leve de queijo e pimenta do reino, com pequenos camarões marinados em limão siciliano. O prato consta do cardápio, mas não nos foi cobrado. Gentileza do chef. Como viram que eu anotava tudo e tirava fotos dos pratos, talvez tenham pensado que eu era algum gourmet que escrevia sobre gastronomia. Percebi que nossa mesa era a mais paparicada de todas. Esta oferta também estava deliciosa. Como prato de fundo, pedi uma vitela recheada com pinhões secos e cebolas cozidas com radicchio. Carne macia, tenra, cuja harmonia com o sabor forte da cebola e do radicchio ficou perfeito. Há mais de cinquenta dias não comia carne vermelha, nem bebia vinho. Foi uma ótima pedida voltar a provar estas duas iguarias em um restaurante tão bom, além da ótima companhia de Ric e de nossos amigos de Brasília. Ainda pedimos a sobremesa. O meu pedido foi uma surpreendente bola de suco de romã gelado. Uma bola oca, apenas uma casca fina. Fiquei curiosa como a faziam. Embaixo da bola, um creme de avelã. Fechei com chave de ouro a noite. Ainda vieram docinhos variados em uma mini cômoda de metal, cheia de gavetinhas. Em cada gaveta, um docinho diferente. Também nos levaram uma caixa cheia de chocolates variados para acompanhar o café. Pedi um expresso descafeinado. Veio como se bebe em Roma, curto e forte. A conta foi cara, mas valeu a pena ter esta experiência. Ainda tivemos a visita do chef alemão Heinz Beck, muito simpático e cortês, nos desejou uma ótima férias na Itália. Foi o primeiro restaurante três estrela do Guia Michelin que eu fui na minha vida. Voltamos para o hotel de táxi. Mais uma bela jornada encerramos em Roma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário