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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PIANTELLA - PAULO LAUREANO - JANTAR HARMONIZADO

Os melhores jantares harmonizados em Brasília são os oferecidos no Restaurante Piantella (SCLS 202, Bloco A, Loja 34, Asa Sul). Na noite de sexta-feira, dia 21 de outubro de 2011, o Piantella, em parceria com a Adega Alentejana, trouxe o premiadíssimo enólogo português Paulo Laureano, responsável pelos emblemáticos vinhos Pera Manca e Mouchão. O jantar ocorreu no segundo piso do restaurante, onde funciona uma loja da importadora Expand. Em meio a estantes com muitas garrafas de vinho foi montada uma mesa única para cerca de vinte pessoas. A mesa não chegou a ter todos os seus lugares ocupados. Foi um grupo pequeno de apreciadores da enogastronomia que prestigiaram a degustação. Marcada para ter início às 20 horas, houve um atraso de quase uma hora para começar. Na medida em que as pessoas chegavam, elas eram levadas até a mesa e serviam, de imediato, uma taça do espumante português Vértice Millésime 2006 (R$ 76,00), produzido nas encostas do Alto DouroPortugal, pela casa Caves Transmontanas. Com 12 % de teor alcoólico, é bem refrescante, servindo para abrir as papilas gustativas para o que viria em seguida. De conhecidos, éramos seis pessoas. Resolvi pagar logo quando cheguei para evitar esperas ao final do jantar. Cada comensal pagou R$ 220,00 por um jantar com quatro pratos - entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa - seis vinhos, água mineral com e sem gás e café. Vale muito a pena, pois os vinhos degustados são servidos continuamente. Não ficam regulando a quantidade nas taças como em outras degustações que já fui. Contando com os promotores da noite, estavam sentados à mesa 17 pessoas. Quem abriu a noite foi o Sr. Manoel, um português do Alentejo radicado no Brasil há 35 anos e responsável pela importadora Adega Alentejana. Ele apresentou a estrela do jantar, o enólogo e engenheiro Paulo Laureano, também do Alentejo, criador dos vinhos da noite, todos da vinícola Paulo Laureano Vinus, com exceção do espumante de boas vindas servido antes de tudo começar e do porto que acompanhou a sobremesa. O primeiro vinho servido na degustação foi o branco Dolium Escolha 2009 (R$ 139,00), produzido com 100% da casta antão vaz e 14% de álcool. Já escrevi aqui por mais de uma vez que não sou um apreciador de vinhos brancos, mas este caiu no meu gosto. Senti aromas de casca de manga e de tangerina e o sabor é leve, macio, untuoso. Sua produção ocorre somente em grandes safras. A safra de 2009 teve apenas 3.300 garrafas. Enquanto apreciávamos o vinho, foi servido o primeiro prato: polpettine de bacalhau com amêndoas e mini salada. Alguns vidros de azeite da argentina Zuccardi foram colocados na mesa, fazendo Manoel uma mea culpa, pois Laureano também produz azeites. Os polpettines estavam maravilhosos, nada de salgado, com sabor crocante e macio ao mesmo tempo. A harmonização foi perfeita, em especial com o molho ácido colocado na salada, pois a untuosidade do vinho deu o equilíbrio correto. Após a entrada, dois vinhos tintos foram servidos simultaneamente para a harmonização com o segundo prato. Foram os tintos Dolium Reserva 2007 (R$ 196,00) e Paulo Laureano Selection Tinta Grossa 2006 (R$ 159,00). O primeiro tem 13,5% de álcool, é feito com um corte das castas alicante bouschet e trincadeira. Chocolate e tabaco fresco logo vieram às narinas. Na boca mostrou-se redondo, com taninos presentes, mas tranquilos. Produção de apenas 6.000 garrafas. Já o segundo vinho tinto é mais alcoólico, com 14%, feito com 100% de uma casta que nunca eu tinha ouvido falar, a tinta grossa. No nariz, muita erva fresca e especiarias, enquanto na boca mostrou-se com taninos mais fortes e agressivos do que o primeiro. No entanto, ele evoluiu melhor do que o Dolium Reserva, ficando excelente após alguns minutos na taça e com uma perfeita harmonização com o primeiro prato da noite, um raviole de coelho com molho rústico. A agressividade aparente dos taninos sumiu quando harmonizado com a carne de coelho. A combinação com o molho rústico, onde o aroma do aipo se sobressaía quando os pratos vieram à mesa, também se mostrou perfeita. Gostei dos dois vinhos, mas o segundo soou melhor em meu paladar. Neste momento, um dos comensais deu um belo testemunho sobre seu amor pelos vinhos, mostrando-se um conhecedor dos vinhos produzidos por Laureano. Ao final de uma longa fala, mas não cansativa, convidou a todos os presentes para um sábado em sua chácara, com muito verde e pássaros cantando, para degustarmos vinhos de Portugal. Ele deixou a responsabilidade de organizar este encontro com um dos funcionários do Piantella. Nesta altura, com muito vinho servido, os presentes já estavam mais soltos, falando muito e trocando as impressões que estavam tendo durante o jantar. As explicações do enólogo já não eram mais seguidas atentamente por todos. Como eu estava sentado bem próximo a ele, continuei a prestar atenção quando foi servido o quarto vinho de sua lavra, o emblemático Paulo Laureano-Laura Regueiro Velho Mundo VI 2007 (R$ 420,00), resultado de um desafio entre dois enólogos importantes de PortugalLaureano, do Alentejo, e Regueiro, do Douro. Apenas 150 garrafas de uma pequena produção total de 2.000 chegaram ao Brasil. De longe, o melhor da noite. Mesmo com 15% de álcool, ele é redondo na boca. Nem senti tanto esta potência alcoólica. Em sua composição, um corte de alicante bouchet, tinta grossa, tinta roriz, touriga franca e touriga nacional. No aroma, muita fruta negra, com boca redonda, macia, acidez marcante, mas bem harmoniosa. Um grande vinho que combinou bem com o segundo prato, cubos de carne feitos na cerveja escura em berço de polenta cremosa. A carne estava com o sal em quantidade um pouco acima, mas se ingerida com a polenta, não se sentia tanto este pequeno excesso. Com muitas pessoas já em pé, tirando fotos com o enólogo e conversando com os presentes, foi servida a sobremesa, um semi freddo de nutella, em textura macia, parecendo uma mousse, acompanhada por um Burmester Port Twany 10 Anos (R$ 118,00), com 20% de álcool, tendo as castas tinta amarela, tinta roriz, touriga franca e touriga nacional em sua composição. Os enólogos responsáveis por sua produção são Francisco Gonçalves e Pedro Sá. Um porto sempre é bem vindo ao final de um belo jantar. Finalizei com um café expresso. Ótima noite.



Vértice Millésime 2006


Dolium Escolha 2009


Entrada: polpettine de bacalhau com amêndoas e mini salada


Dolium Reserva 2007


Paulo Laureano Selection Tinta Grossa 2006


Primeiro pratoraviole de coelho com molho rústico


Paulo Laureano-Laura Regueiro Velho Mundo VI 2007


Segundo prato: cubos de carne feitos na cerveja escura em berço de polenta cremosa



Sobremesa: semi freddo de nutella


Burmester Port Twany 10 Anos


Gastronomia Brasília
vinho







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