Final de domingo nublado no Rio de Janeiro. Ideal para ir ao cinema ou ao teatro. Estava em um restaurante no Leblon com Vera, Emi e Rogério, em um almoço longo. Despedimo-nos de Vera, que retornava naquela noite para Brasília, e fomos caminhando até o Shopping Leblon, onde fica o Teatro Oi Casa Grande. A escolha foi ver Tim Maia - Vale Tudo, O Musical, muito badalado pela crítica. A sessão começava às 19 horas e não tínhamos ingresso. Tentamos a sorte. Chegamos quando faltavam vinte minutos para ter início o espetáculo. Não vimos nenhum cambista. Havia duas filas. A maior para a troca de ingressos para quem comprou pela internet e uma menor para os que tentavam comprar entrada de última hora. Era o nosso caso. Ficamos na fila, enquanto uma funcionária do teatro passava avisando que só havia cadeiras extras, ao fundo da plateia, ao preço de R$ 100,00. Perguntei a ela se na posição que estávamos conseguiríamos comprar e se daria tempo para ver o musical. A resposta foi positiva para ambas as perguntas. Emi não queria ver nada e ficou reclamando até desistir, indo embora. Ficamos eu e Rogério. Ficamos bem acomodados, embora em cadeiras não confortáveis, já que eram extras, mas com o mesmo preço das poltronas do teatro. Uma mulher alta estava sentada na última fileira de poltronas à minha frente, mas como as extras ficam encostadas na parede, pude levantar quando ela se mexia (e como ela se mexia!). Houve um atraso de quinze minutos para começar o espetáculo, tempo suficiente para que todos se acomodassem, inclusive os que compravam entradas na fila da última hora. Sempre gostei muito de Tim Maia. Comprava os seus discos em vinil quando era mais jovem e tive uma rara oportunidade de assistir a um show deste ótimo cantor no estacionamento do Minas Shopping em Belo Horizonte, recheado de hits. Quando a era do cd chegou, substitui os LPs que tinha de Tim pelos disquinhos prateados, além de comprar mais alguns que ainda não possuía em minha coleção. As músicas de Tim Maia sempre compuseram trilhas para meu estado de espírito, seja eloquente, bem dançante, quanto mais intimista, com melodias suaves e românticas. Quando ele morreu em 1998 foi um choque para mim, mesmo sabendo que ele abusava de drogas e de bebidas alcoólicas, além da comida em excesso. No caso de Tim, segui a máxima do show business, ou seja, ouça o disco, veja o show, leia o livro. Assim que saiu a biografia do cantor, escrita por Nelson Motta, o livro entrou na minha lista de leitura obrigatória, mas foi na mesma época em que a minha vista começou a ficar cansada e, sem óculos, ficava difícil ler. A solução imediata foi comprar um áudio livro, narrado de forma gostosa por Nelson Motta. Ouvia o livro em minhas viagens aéreas e foi uma "viagem" conhecer a vida deste doidão. Para continuar o mandamento do show business, faltava o musical. Foi o próprio Nelson Motta que adaptou seu texto para o formato de musical, cuja direção coube a João Fonseca. O musical conta os principais fatos da vida de Tim Maia, desde a infância na Zona Norte carioca, quando tinha como amigos Erasmo Carlos, Jorge Benjor, Carlos Imperial e Roberto Carlos, passando pelos tempos em que viveu nos Estados Unidos, onde foi preso e ficou fã da música negra americana, até a volta ao Brasil, o sucesso, a difícil vida amorosa, a formação da Banda Vitória Régia, de sua própria gravadora, o consumo de drogas e álcool, a conversão aos "ensinamentos" contidos no livro Universo em Desencanto, a decepção com esta filosofia, a volta ao sucesso, as faltas recorrentes aos shows e gravações, até sua morte em uma gravação para o Multishow em Niterói. Quem sustenta esta rica história é um elenco de poucos atores-cantores, com destaque para Tiago Abravanel, jovem que encarnou como ninguém o velho e bom Tim Maia. Em certos momentos, a caracterização, a postura cênica e a sua voz davam a impressão de que Tim "baixara" no palco. Os demais atores-cantores são: Isabella Bicalho, Lilian Valeska, André Vieri, Bernardo La Roque, Reiner Tenente, Evelyn Castro, Pablo Ascoli, Aline Wirley e Letícia Pedroza. Todos eles interpretam mais de um personagem, com ótimas atuações, excelente vocal e uma sintonia total com os músicos que integram a banda que dá sustentação rítmica ao musical. As músicas são todas conhecidas e acompanhadas baixinho pela plateia. O legal de tudo é poder identificar o momento pelo qual o cantor passava quando fez suas canções, a maioria delas virando hits imediatos que até hoje são gravados pelo Brasil, como Chocolate, Vale Tudo, Não Quero Dinheiro, Coroné Antônio Bento, A Bela e A Fera, Você, Me Dê Motivo, Azul da Cor do Mar, entre tantas outras. São 150 minutos de espetáculo, com direito a intervalo de quinze minutos, que passam sem se notar de tão envolvente é a encenação. Ao final, um set de grandes sucessos é cantado pelo elenco, já com as luzes acesas, com forte participação da plateia. Gostei muito. Agora falta o filme...
musical
artes cênicas
Seus comentários sempre deixam a gente com uma vontade de ouvir TIM MAIA...
ResponderExcluirDepois do musical, peguei meu iPod e fiz uma lista só de Tim Maia.
ResponderExcluirAbraços.
Eu concordo com tudo que foi escrito. Assiti duas vezes. A primeira no balcão superior e na segunda vez, na cara do palco, Platéia Vip (Fileira B poltrona 10). E pude desfrutar com mais detalhes o elenco, as musicas e o grande Thiago Abravanel, na pele do síndico o grande TIM MAIA. Esse muiscal merece ganhar todos os troféus do teatro brasileiro.
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