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sábado, 19 de novembro de 2011

A PELE QUE HABITO


Filme novo de Pedro Almodóvar nos cinemas. Não há como deixar de ir. Estive na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi Brasília e, como sempre acontece, não saí de lá de mãos vazias. Entre as compras, o número mais recente da revista Preview, que traz como cortesia um ingresso para ver o novo filme (há salas em que ele não pode ser usado) do diretor catalão. Verifiquei em que cinemas estava em cartaz e se havia restrição de utilização do ingresso. Uni o útil ao agradável escolhendo a Sala 4 do Cinemark Iguatemi, três dias após a compra da revista. Peguei a seção das 21:30 horas de uma quarta-feira. A sala recebia um bom público, mas não encheu. Gosto das salas desta unidade do Cinemark porque os assentos são marcados no ato da aquisição do bilhete. No meu caso, passei na bilheteria para a troca do convite pelo ingresso. Vamos ao filme.
Além de ser um Almodóvar, o que já me faria ir de qualquer forma, temos a volta de Antonio Banderas trabalhando com o diretor que o projetou para o mundo. Também temos Marisa Paredes, uma das atrizes prediletas de Almodóvar. São 120 minutos de filme. Quando acabou a projeção, notei que o diretor ainda causa impacto na plateia. E que impacto! Não vou contar aqui tudo o que acontece, mas vou roubar uma palavra do filho adolescente de uma colega de trabalho que resume bem A Pele Que Habito (La Piel Que Habito): "perturbador". Uma senhora que estava na mesma fileira que eu não parava de dizer alto que Almodóvar tinha pirado de vez, que tinha feito um filme louco. Banderas é Robert Ledgard, um famoso e requisitado cirurgião plástico, que após sua mulher ter todo o corpo queimado em um acidente de carro, fica obcecado em conseguir produzir uma pele artificial que seja imune às chamas, bem como às picadas de insetos. O médico se torna tão obcecado, fator potencializado com um fato marcante na vida de sua filha, que abandona tudo para se dedicar aos seus planos que se tornam cada mais mais macabros. Em sua casa retirada do centro da cidade de Toledo, Espanha, ele tem a companhia de Marilia (Paredes), uma governanta que ajuda a cuidar da casa e de uma paciente enigmática, Vera Cruz, interpretada pela bela atriz Elena Anaya, que não pode sair do quarto, onde fica confinada. Além deste núcleo central, um jovem filho de uma dona de um brechó, Vicente (Jan Cornet), é peça chave na história. Não podiam faltar alguns elementos clássicos do cinema de Pedro Almodóvar no seu mais recente filme: um personagem bizarro (Zeca, sempre fantasiado de tigre); referências ao Brasil (pelos diálogos de Zeca com Marilia, percebemos que ele morou algum tempo na Bahia, e uma canção cantada em português pela filha de Ledgard); a obsessão por algo diferente, como a do Dr. Robert; temática gay, mesmo que escamoteada; uma cantora aparecendo na história executando uma música ao vivo (a cantora espanhola Concha Buika); cenas de sexo filmadas por ângulos pouco usuais; o uso de cores (mesmo que mais discretamente do que em outras oportunidades, mas há uma interessante cena onde Vera picota todos os vestidos, pega um aspirador de pó e aspira, em ritmo frenético, pedaço por pedaço das peças multicoloridas). Nesta fita, Almodóvar flerta com o gênero terror, mas sem seres fantásticos, chuvas de sangue, instrumentos bizarros. É um terror que assusta, mas que não faz com que viremos a cara ou fechemos os olhos. Durante a primeira metade do filme, há dicas importantes para a chave do enigma, mas isto se percebe somente quando ele é desvendado. Gostei muito.

filme

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