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terça-feira, 29 de novembro de 2011

SIMPLES MORTAIS

Em Brasília, três histórias distintas se desenvolvem na tela. Três histórias envolvendo personagens da classe média. Personagens com seus problemas, com suas frustrações. Três histórias que não se cruzam, ou melhor, os personagens, por viver na mesma cidade, acabam se cruzando, mas não interagem nas histórias alheias. Um núcleo é formado por um servidor público, Amadeu, e seu filho. Ambos procuram na música uma satisfação maior na vida. São procuras distintas, mas com o mesmo objetivo. Outro núcleo mostra um escritor, também professor de literatura, em crise conjugal, em crise criativa e que se vê apaixonado por uma de suas alunas. O terceiro núcleo tem uma apresentadora de jornal televisivo bem sucedida na profissão, mas frustrada por não conseguir ficar grávida de seu jovem marido, um ator teatral. Em apertada síntese, são estas histórias que vemos em cerca de 80 minutos de projeção do filme Simples Mortais, dirigido por Mauro Giuntini em sua estreia em longa metragem. O elenco tem Leonardo Medeiros vivendo Jonas, o professor de literatura, Tatiana Muniz, como Yara, a aluna que provoca, de maneira sensual, Jonas e uma série de atores e atrizes de Brasília, tais como Chico Sant'Anna (Amadeu, o servidor público), Narciza Leão (Diana, a apresentadora de TV), Sérgio Sartório (Gabriel, marido de Diana, o ator de Romeu e Julieta, encenada durante o desenrolar do filme), Alice Stefânia (a mulher de Jonas), Eduardo Moraes (Kdu, filho de Amadeu), entre outros.
O filme acabou de estrear nos cinemas, mas o vi pela primeira vez em 2007 durante uma sessão da Mostra Brasília, dentro da programação do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no mesmo Cine Brasília em que estive na quarta-feira, dia 23/11/2011 para o seu lançamento nacional. Em 2008, o filme participou do Cine PE, onde o atores Chico Sant'Anna e Eduardo Morares ganharam como melhor ator e melhor ator coadjuvante, respectivamente. E o melhor do filme está na história dos personagens que estes atores vivem. Há duas cenas que se destacam, mostrando a interpretação forte do excelente ator Sant'Anna, presença forte nos palcos de Brasília. Em uma destas cenas, pai e filho fumam maconha e travam uma conversa ótima, terminando na cozinha, onde dominados pela famosa larica, preparam um jantar. A outra é no aniversário de 50 anos de Amadeu, quando seu filho o presenteia com uma puta. Hilária e densa, ao mesmo tempo.
As outras duas histórias são mais fracas, não convencem em termos de vericidade. As cenas dos ensaios teatrais são desnecessárias. Talvez apenas uma delas fosse suficiente. No entanto, há momentos interessantes nelas, como quando Diana (Narciza Leão), em surto, começar a rir de uma notícia que está dando ao vivo. 
O filme tem seus méritos, mas fiquei com uma sensação ao final da projeção que o roteiro quis ter um ar de filmes como Crash - No Limite (Crash, 2004), vencedor do Oscar de melhor filme, dirigido por Paul Haggis, ou Babel (Babel, 2006), de Alejandro González Iñarritu. Ambos são filmes com histórias que não se conectam, mas tem um elo em comum. Em Simples Mortais, tais elos são fracos. Não funcionou. Faltou algo.
Além da atuação de Chico Sant'Anna, gostei também de ver que Brasília foi retratada como mais uma cidade, sem mostrar seus monumentos, sem centrar as histórias em intrigas políticas, embora os políticos estejam presentes, já que uma das personagens é uma jornalista. Giuntini conseguiu humanizar Brasília. Afinal, ele retrata simples mortais.
Como bom colecionador, assim que estiver disponível para venda direta ao consumidor, vou comprar o dvd, embora considere o filme mediano.

filme

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