A manhã do dia 01º de novembro foi toda para descanso. A mente queria conhecer novos lugares, mas o corpo exigia uma pausa. Roberto e David sairam para outras compras, enquanto eu e Ric ficamos no hotel, descendo para o café da manhã, voltando imediatamente para o quarto. Dormi novamente. Só deixamos o hotel no início da tarde, por volta de 13:30 horas. A ideia era passar uma tarde em Coyoacán, um bairro arborizado, cheio de mansões coloniais onde fica o Museo Frida Kahlo. Resolvemos tentar o metrô. Estação Insurgentes. Não havia fila na bilheteria. Comprei quatro bilhetes, ao custo unitário de M 3. Quando passei a catraca, lembrei dos antigos bilhetes. Tentaria usá-los no retorno. Pegamos a linha rosa em direção à Pantitlán, descendo na estação Balderas, quando pegamos a linha verde em direção à Universidad. No trajeto, em cada estação vendedores ambulantes entravam anunciando seus produtos: Vick Vaporub, chicletes, pastilhas, pirulitos, películas para proteger smartphones, canetas, jornais (com direito a performance de dois vendedores com pinturas de caveira nos rostos. Afinal era véspera do Dia dos Mortos), e cd, quando o vendedor tinha uma caixa de som em sua mochila. O cara resolveu parar ao lado do meu ouvido, com o som gritando. Era música eletrônica. A sorte é que na estação seguinte eles descem. Parece que há um acordo tácito entre os ambulantes, pois nunca eles estão no mesmo vagão. Durante esta pequena viagem (algo em torno de vinte minutos), vi passageiros comprando alguns destes produtos. Descemos na estação Miguel Ángel de Quevedo, que fica no cruzamento da avenida de mesmo nome com a Avenida Universidad. Na saída, fiquei novamente perdido, pois as indefectíveis barracas azuis dos camelôs estavam espalhadas por toda a parte. Depois de conseguir sair do labirinto delas, deparamo-nos com um trânsito caótico no cruzamento das avenidas. Atravessamos, entrando na Avenida Miguel Ángel de Quevedo. Afastamos duas quadras do cruzamento, entrando em uma rua pequena, chamada Salvador Novo, sem movimento, com casas de muros bem altos e muita segurança privada em frente aos portões. Um destes portões estava aberto para um carro sair, quando pudemos ver o que escondiam: mansões nos padrões de Hollywood.
Para minha surpresa, em uma delas havia uma placa em azulejos, algo comum no bairro, com os dizeres "La Escondida". Abaixo deste nome, a informação de que naquela casa morara a grande atriz mexicana Dolores Del Rio durante 40 anos, de 1943 a 1983, ano de sua morte. Pausa para fotos, obviamente. Ao final da rua, uma outra mansão, parecendo uma vila, agora é a sede do Museo Nacional de La Acuarela. Ela fica na esquina com a arborizada e gostosa Avenida Francisco Sosa, considerada a via mais bonita da Cidade do México e uma das mais antigas da América Latina. Tal via é show para fotos. As mansões são seculares, algumas datadas do século XVIII, muito bem conservadas, com belos muros, janelas de ferro, portas de madeira com batentes e dobradiças pesadas de ferro. Alguns destes muros tem desenhos geométricos destacados. A pintura dos muros é outro destaque, ora com branco, ora com core vivas, como o vermelho e o verde. Muitas destas casas estavam enfeitadas com motivos que lembravam o Halloween ou o Dia dos Mortos, com altar alusivo à data, repletos de caveiras vestidas (chamam-nas de catrinas).
Casa Albarrado
Logo quando entramos nesta avenida, uma casa me chamou a atenção por seu muro e por ser a sede da Fonoteca. Trata-se da Casa Albarado. Seguimos em frente. Eu já procurava algum lugar para almoçar, quando vi uma casa com a placa La Pause (Francisco sosa, 287, Col. Santa Catarina, Coyoacán). Paramos, vimos o cardápio, sentamos no quintal. É um misto de bistrô, café, livraria e galeria Após o almoço, continuamos caminhando pela avenida repleta de casas coloniais.
Plaza Santa Catarina
Iglesia Santa Catarina
Iglesia Santa Catarina
Paramos em uma agradável praça, a Plaza Santa Catarina, onde nos disseram que contadores de histórias ali se reúnem aos domingos, quando ela fica repleta de gente. Na praça, há café, restaurante, uma bela igreja cuja fachada é na cor amarela, e a Casa de La Cultura Jesús Reyes Heroles, um centro cultural que anunciava uma montagem de O Processo, de Kafka para o início da noite. Seguimos em frente até o final da rua, onde o movimento era intenso de carros e de pessoas. Ali fica a Plaza Hidalgo.
Azulejo na Francisco Sosa
Altar na Francisco Sosa
Azulejo na Francisco Sosa
Uma rua transversal da Francisco Sosa
Decoração alusiva ao Halloween em casa na Francisco Sosa
Pichação chique na Francisco Sosa
Decoração alusiva ao Dia dos Mortos na Francisco Sosa
Entramos na Avenida Centenario, caminhando seis quadras à esquerda até chegar na rua Londres onde está o Museo Frida Kahlo (Londres, 247, Coyoacán).
Muros internos do Museo Frida Kahlo
Detalhe do Altar do Dia dos Mortos no Museo Frida Kahlo
Detalhe do Altar do Dia dos Mortos no Museo Frida Kahlo
Detalhe do Altar do Dia dos Mortos no Museo Frida Kahlo
Detalhe do Altar do Dia dos Mortos no Museo Frida Kahlo
Entrada do Museo Frida Kahlo
Museo Frida Kahlo - A Casa Azul
Também conhecido com A Casa Azul por causa da cor vibrante de seus muros e paredes, o museu tinha fila pela lado de fora para comprar entradas. Entramos na fila, que andou rápido. O ingresso custa os mesmos M 51 de todos os outros museus que visitamos. Mochilas devem ser deixadas na chapelaria, sem custos, que fica ao lado da bilheteria. É muito fácil de percorrer a casa onde viveu Frida Kahlo e Diego Rivera. O início do percurso é pela esquerda, após passar pela catraca. Fomos percorrendo os cômodos da casa, observando os quadros destes dois artistas, mas também os objetos pessoais que decoravam o lar do casal. Há belas pinturas, mas o que encanta são os móveis coloridos, sempre de cores vivas, como o amarelo e o azul. A cozinha é um delírio de cores. Linda! Há um cômodo dedicado à fotografia, a maioria de autoria de Diego Rivera. Há uma série que ele tirou em no interior de Pernambuco, quando conheceu e ficou amigo de Pierre Verger, que também possui alguns exemplares de suas fotos exibidas na parede. A emoção fica por conta do quarto da artista, onde até o espartilho que ela usava para suportar as dores na coluna está exposto. A exposição permanente termina no jardim. E que jardim ela cultivava. Arejado, pleno de verde, contrastando com a cor azul das paredes internas. Há uma loja e um café, ambos bem movimentados, com mesas do lado de fora, em meio a muitas folhagens. Ainda no jardim, uma reprodução de uma pirâmide, pintada em cores fortes. Ao fundo dos jardins, em uma espécie de anexo, fica o local para exposições temporárias. Lá estava montado o mais belo altar para o Dia dos Mortos que vi nesta viagem. Obviamente que a foto do morto que encimava o altar era a de Frida Kahlo. Ficamos em torno de uma hora e meia no museu.
Caveiras infláveis à venda em barraca na Avenida Centenario
Detalhe de um altar alusivo ao Dia dos Mortos em uma casa em Coyoacán
Mercado de Coyoacán
Plaza Hidalgo
Desempregados acampadas na Plaza Hidalgo
Plaza Hidalgo
Plaza Hidalgo
Fantasiados na Plaza Hidalgo
Ao invés de voltar pelo mesmo caminho, entramos pelo bairro, conhecendo novas construções, percorrendo o mercado de frutas e legumes local, cheio de itens alusivos ao Dia dos Mortos, passamos em frente a um outro centro cultural, paramos em uma papelaria para comprar plástico bolha para embrulhar os objetos de quebrar que Ric tinha comprado (não sabia como dizer em espanhol, mas me saí bem na base de explicações e mímica. Ao final, descobri que era simples: plastico de burbujas), chegando na movimentada Plaza Hidalgo, onde havia barracas montadas com desempregados acampados, um show de música, muitos altares com caveiras, vendedores ambulantes e muita gente fantasiada, adultos e crianças. Era uma festa. Gastamos um tempo na praça, apreciando o movimento, tirando fotos, participando da festa. Quando já caía a tarde, paramos para tomar um café na Francisco Sosa. O tal café era ao lado de um brechó, onde Ric resolveu comprar um daqueles pesados telefones pretos com disco que dominava todas as casas que tinham telefone até a década de setenta. Voltamos a pé até a estação de metrô, fazendo a mesma baldeação da ida. Desta vez, testei os antigos bilhetes comprados em 2004 e funcionou. Eles ainda valiam. Guardei os comprados nesta temporada. Quem sabe ainda volto e os uso. Já no hotel, encontramo-nos com os amigos, combinando o jantar no belo San Angel Inn, um restaurante montado na sede de uma antiga fazenda no elegante bairro de Altavista. Fomos e voltamos de táxi.
turismo
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