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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SOLOS EM CENA - 45 MINUTOS



Na noite do último sábado fui conferir uma peça que já vinha perseguindo algum tempo. Fui duas vezes em São Paulo, tentando comprar entrada para a peça 45 Minutos, mas sem sucesso. Ao saber que tal peça integrava a programação do Solos em Cena, projeto em sua quarta edição que traz à Brasília uma série de monólogos, tratei logo de garantir entrada. Solos em Cena é mais um projeto que faz parte do Ocupação Funarte 2011. Sua programação começou em 23 de novembro e se estende até o próximo dia 11 de dezembro, com espetáculos no Teatro Plínio Marcos.
45 Minutos dura exatos quarenta e cinco minutos, tendo Caco Ciocler como um ator que mora nos fundos de um teatro e tem a função de tentar entreter o público pelo tempo indicado no título do monólogo. A direção é de Roberto Alvim para texto escrito por Marcelo Pedreira. Sem querer fazer trocadilho com o sobrenome do autor da peça, o texto é uma pedrada no público. Ciocler provoca a plateia o tempo todo, chegando, inclusive, a marcar em relógio digital posicionado no centro do palco, pendurado no teto, trinta segundos para quem quisesse sair do teatro. Ninguém sai, mas ao longo do texto, é visível o incômodo que o texto vai provocando nas pessoas. É o tipo de peça que divide as opiniões em ame ou odeie. Uma das frases mais emblemáticas foi "dizer o que se tudo já foi dito?", o que falar para uma plateia que já ouviu e viu uma infinidade de coisas, boas e ruins? Sobra espaço para críticas às atuais peças, como quando o ator sugere que se alguns recursos cênicos estivessem sendo utilizados, o tempo passaria mais rápido, citando o uso de música ou de projeções (algo que virou lugar comum nas peças encenadas nos últimos anos). Outra crítica, sutil, é para as chamadas stand up comedy, pois o ator nada mais faz do que tentar entreter quem estava ali no teatro, valendo-se inclusive de dar risadas sem a menor graça, tentando fazer com que os espectadores também rissem. Um providencial palhaço entra em cena por duas vezes, numa evidente provocação ao público, pois ele chama muito mais a atenção do que o ator que Caco Ciocler interpreta, em um figurino sóbrio e escuro. Mais uma provocação ao público vem quase ao final, quando o ator retira dos seus bolsos pedaços de papel rasgados, lendo frases de pensadores/escritores famosos, como Marx, Dostoiévski e Nietzsche, numa clara alusão que os grandes clássicos foram esquecidos. O texto é uma grande bofetada. Quando saí, fiquei sem ter uma opinião formada de imediato. Foi necessário refletir um pouco para concluir que gostei muito do que vi.

teatro

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