Aproveitando que estava no Rio de Janeiro para ver o show da Madonna, consultei a agenda cultural para o final de semana. Entre as muitas opções estava o musical Alô, Dolly!, em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, localizado bem próximo de onde eu estava hospedado. Dois amigos de Brasília que estavam comigo toparam ir. Era sábado, perto de 20 horas. A peça começava às 21 horas. Verifiquei, antes de sair, se havia ingresso disponível para aquela noite. Consultando o site que vende as entradas para o musical, confirmamos que havia lugar disponível. Fomos rapidamente para a bilheteria do teatro, onde encontramos uma pequena fila. Cinco pessoas estavam à nossa frente. Enquanto esperávamos, fui surpreendido por um abraço de um conhecido de Brasília, formado em artes cênicas pela Faculdade Dulcina de Moraes. Ele mora no Rio de Janeiro e trabalha na produção do espetáculo. Ele conseguiu colocar nós três em uma lista chamada lista amiga. Assim, ao invés de pagar R$ 150,00 por cada ingresso, pagamos o mesmo valor por três deles, ao custo unitário de R$ 50,00 e ainda ficamos em local excelente, na sexta fileira, com ótima visão do palco. Faltava meia hora para o início do espetáculo quando entramos. Estava com fome. Aproveitamos o tempo para um lanche rápido na cafeteria que funciona dentro do teatro. O local não ficou completamente lotado, mas recebeu um excelente público, a maioria pessoas com mais de sessenta anos de idade. Gosto de ver espetáculos no Rio e em São Paulo porque nestas cidades o público mais velho costuma sair de casa para conferir as peças teatrais em cartaz. Com dez minutos de atraso as cortinas se abriram. Começava o musical Alô, Dolly!, uma adaptação para a famosa comédia musical Hello, Dolly!, que estreou na Broadway na década de sessenta, ganhando vários prêmios Tony. Teve uma versão para o cinema em 1969, dirigida por Gene Kelly e estrelada por Barbra Streisand e Walter Matthau. Nesta nova adaptação brasileira (já houve outras montagens em solo nacional, inclusive uma com Bibi Ferreira e Paulo Autran no elenco), há o encontro inédito nos palcos de Marília Pêra, vivendo Dolly Levi, com Miguel Falabella, interpretando Horace Vandergelder. A atual versão e a direção ficaram a cargo de Falabella. Ainda no elenco estão os atores Frederico Reuter, Ubiracy Paraná do Brasil, Thiago Machado, Brenda Nadler, Alessandra Verney, Ricardo Pêra, Ester Elias e Patrícia Bueno. Na história, Dolly é contratada por Vandergelder para arranjar uma mulher para ele se casar. Ela até arruma uma pretendente, mas decide que ela própria fisgará o milionário bronco do interior e começa uma série de situações inusitadas e atrapalhadas para conseguir seu objetivo. São duas horas e meia de duração, computados os quinze minutos de intervalo. As trocas de cenários são engenhosas e garantem agilidade ao enredo, não atrapalhando o desenrolar da história. Alguns efeitos cênicos são bem criativos, como o das sombrinhas abertas que os atores rodam de frente para a plateia simulando um trem de ferro se movendo sobre os trilhos. Há predominância de diálogos em relação aos números musicais. O tom do espetáculo é de comédia pastelão, o que me fez lembrar de dois programas da televisão: Sai de Baixo, pois Falabella continua sendo o Caco Antibes, apenas com um sotaque carregado de fazendeiro do interior de Minas Gerais; e Zorra Total, especialmente na segunda parte do musical, quando acontecem as cenas no restaurante Jardim das Delícias. A caracterização do maitre do restaurante, com cabelo arrepiado, tipo cientista maluco, é a expressão máxima do pastelão que se tornou o musical. No frigir dos ovos, o musical é divertido, desopila o fígado. Dei boas risadas, principalmente com as caras e bocas de Marília Pêra. É um espetáculo para ir sem compromissos de encontrar mensagens subliminares ou fazer reflexões filosóficas. É para ir se divertir. Foi o que fiz, me diverti bastante com o musical, mas quando acabou, acabou.
artes cênicas
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