Lá fui eu para a estreia da mais nova turnê de Madonna no Brasil. Éramos treze pessoas conhecidas com ingressos para conferir o show MDNA no dia 02 de dezembro, domingo, no Parque dos Atletas, localizado no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro. Contratamos uma van para nos levar e buscar, pagando R$ 500,00 no total. A van chegou pontualmente, às 18 horas, no ponto marcado, em frente ao prédio onde eu estava hospedado em Ipanema. Marcamos este horário porque no ingresso estava impresso que o show tinha início previsto para 20 horas, embora tínhamos lido ao longo do dia informações contraditórias na imprensa e em portais na internet que indicavam outros horários. Resolvemos não arriscar e chegar no horário indicado, sem correr risco de perdermos o show. O tempo estava nublado, indicando que choveria a qualquer instante. O trânsito, mesmo sendo domingo, estava bem pesado. Parecia que todo mundo se dirigia para o mesmo local. Demoramos mais de uma hora e meia para chegar. No caminho, começou a chover, uma chuva fraca. Assim que chegamos na região do Parque dos Atletas, ainda dentro da van, vimos a bilheteria, local onde deveríamos buscar os brindes que pagamos junto com o ingresso para a pista premium. Ela ficava afastada dos portões de entrada e havia uma pequena fila em frente aos guichês. Preferimos ignorar os tais brindes, seguindo para um ponto mais perto possível da entrada para o espaço destinado à pista. Assim como no show da Lady Gaga, realizado no mesmo local, paramos em frente à futura Vila dos Atletas, localizada tão logo termina o espaço do Riocentro. Este seria nosso ponto de encontro para a volta, nosso plano A. Para evitar problemas na saída do show, combinamos um plano B com o motorista da van, que escolheu um outro ponto para nos pegar caso não conseguisse se dirigir para onde tínhamos escolhido como nosso primeiro ponto de encontro. Para o B, teríamos que caminhar um bom pedaço até a Estrada dos Bandeirantes, que passa atrás do Riocentro, onde o motorista nos pegaria em frente a uma fábrica de telhas. Escolhidos os locais, era hora de entrarmos. Não chovia. Alguns vendedores ambulantes ofereciam capas de chuva por R$ 10,00 a unidade. Resolvi me arriscar, não comprando nenhuma. Estava de boné e bota impermeáveis. Se chovesse e não encontrasse capa de chuva dentro do espaço do show, não ficaria com os pés molhados. Passamos pelo primeiro controle de ingressos, onde os contratados pela organização do evento pouco olhavam se as pessoas tinham bilhetes nas mãos. Caminhamos até a entrada, onde o ingresso foi conferido, passamos pelas catracas, fomos revistados rapidamente, e paramos para colocarem uma pulseira cor de rosa no pulso. Perguntei o motivo de colocar a tal pulseira e não souberam explicar. Embora tenha pedido para não apertarem, a pulseira ficou muito justa no meu pulso. Não fiquei nem quinze minutos com ela no meu braço, arrancando logo e ninguém me questionou pelo fato de ficar sem pulseira durante todo o show. Já era perto de 20 horas e o local estava bem cheio, com muito mais gente do que no show de Lady Gaga. A fila para o banheiro masculino era quilométrica, mas andava rápido. Preferi enfrentá-la logo na chegada, pois a tendência era piorar. Alguns apressadinhos não enfrentavam a fila, indo para trás do posto médico para urinar nos tapumes que cercavam a área. Logo vieram os seguranças e enquadraram quem usava deste expediente. Meus amigos não me esperaram, indo direto para a pista para escolher um bom local para ver o show. Logo me encontrei com eles. Ficamos posicionados à direita do palco, com boa visão de tudo. A fome começou a dar sinal de vida. Enfrentar fila para comprar qualquer comida era desanimador. Esperei passar um vendedor ambulante com cachorro quente, mas não fui feliz. Uma amiga enfrentou a fila do caixa e comprou um para mim. Simples, sem molho, mas saboroso e deu para enganar a fome. O local enchia e nenhum sinal de vida no palco. Perto de 21 horas, a dupla de DJs Felguk entrou em cena, tocando por uma hora. Tocaram um set list chato, que pouco empolgou a galera. Olhando em volta, observei que quem estava perto de mim estava pouco se importando com o que rolava no palco. Alguns gritavam para os DJs acabarem logo o show, pois queriam ver Madonna. Quando eles anunciaram a última música, muitos aplaudiram, sinal de que realmente não agradaram à maioria dos presentes. Tive a sensação que eles estavam deslumbrados por estarem fazendo a abertura para a grande cantora pop mundial. Ainda esperamos mais uma hora após o final da apresentação dos DJs para ter início ao show de Madonna. Assim que as luzes se apagaram, ouvimos os primeiros acordes do canto gregoriano que abre o show, entoado pelo grupo espanhol Kalakan. Neste momento, houve muitas vaias pelo atraso. Afinal, esperamos três horas em pé, sem nenhum conforto. A cantora entrou no palco de forma espetacular, dentro de uma espécie de oratório suspenso, onde fazia uma espécie de oração. Três grandes painéis de led compõem o principal efeito cênico, onde são projetadas imagens que interagem com as músicas do show. No início, ainda na execução do canto gregoriano, as imagens projetadas simulam o interior de uma igreja. É neste contexto que aparece o oratório suspenso, de onde a cantora é libertada para cantar Girl Gone Wild, incendiando a plateia logo no início. Acordes de Give It 2 Me e Material Girl são enxertados nesta primeira música. Madonna emenda Revolver e Gang Bang em seguida, com cenografia que remete aos filmes de James Bond e principalmente aos dirigidos por Quentin Tarantino, com direito a muito sangue e cérebro estourado nos telões. Seguiram-se Papa Don't Preach em versão reduzida, Hung Up, I Don't A, com direito à participação especial de Nicki Minaj nos telões. Este set mostrou que o show não seria dançante, mas um grande espetáculo visual, com muitas referências ao cinema e às artes visuais, principalmente à videoarte. Já vestida de líder de torcida, com baliza nas mãos, Madonna entrou para interpretar Express Yourself. Nesta canção, ritmistas vestidos de soldados com uniforme de desfile de parada americana entram pendurados no teto por cabos de aço, dando um efeito visual sensacional. Nesta música, Madonna aproveitou para alfinetar Lady Gaga, cantando o refrão de Born This Way, música que ela alega que foi chupada de Express Yourself. Ela termina cantando a frase "she's not me", enquanto no telão uma animação mostra a cantora sendo coroada. Realmente, ela é a rainha do pop. Em seguida vieram Give Me All Your Luvin', Turn Up The Radio e Open Your Heart, quando várias pessoas levantaram balões vermelhos em forma de coração. Nesta canção, voltou em cena o grupo espanhol Kalakan para cantar Sagarra Jo, música do repertório do grupo, acompanhada por Madonna, e emendaram com a cantora Masterpiece. Após esta apresentação, a cantora saiu do palco para troca de figurino, enquanto um clip diferente de parte da canção Justify My Love foi apresentado. Ela retornou para cantar Vogue, com direito a caras e bocas dos seus bailarinos e um desfile dos rostos de atores e atrizes de Hollywood aparecem nos telões. Continuou com Candy Shop, quando citou um pedacinho de Erotica, e Human Nature. Veio a parte do show onde ela mais interagiu com o público. Ela falou em inglês, com frases soltas, ora em português, ora em espanhol, que era uma periguete, fazendo a plateia rir muito. Ao virar de costas para o público, estava tatuado na parte de cima de suas costas PERI. Ela virou novamente para a galera, dedicando a música seguinte a todas as periguetes do mundo, cantando, somente acompanhada de um piano, uma quase irreconhecível Like a Virgin. Esta versão ficou muito lenta, sussurrada, muito sofrida. Não gostei, pois ficou longa e arrastada. O que salvou a música foi a encenação de Madonna, como uma dançarina de boate, recebendo dinheiro da plateia e retirando o corselete, deixando aparecer a continuação da tatuagem em suas costas com o restante das sílabas que formam a palavra PERIGUETE. O show já caminhava para seu final. Madonna interpretou ainda Love Spent, I'm Addicted e I'm a Sinner, antes de incendiar o Parque dos Atletas com seu megassucesso Like a Prayer, acompanhada por um enorme coro gospel no palco. Foi a música mais cantada pelo público. Ela encerrou o espetáculo com Celebration, também com citações de Girl Gone Wild e Give It 2 Me. Fim de um show de duas horas de duração. Não houve bis, confirmando que o show tem um roteiro rígido, com poucas escapadas da cantora. Também ninguém pediu mais um, como se todos já soubessem disto. E realmente com a internet, a maioria ficou sabendo que Madonna não deu bis em suas apresentações anteriores desta turnê mundial. Gostei do show, mas houve quem reclamasse na saída de que não foi dançante como o de sua turnê anterior. Este foi muito mais um espetáculo para se ver do que para dançar. Mesmo tendo gostado, conclui que não quero ir mais a shows onde ficamos em pé. O atraso de três horas e o desconforto de ficar em pé foram decisivos para esta decisão. A saída foi tranquila, sem tumulto. Todos nos reunimos no ponto de encontro do plano A, onde a van não estava. Ligamos para o motorista e ele nos disse que estava difícil chegar até o local. Desde o início pensei que ele usaria o plano B. E foi o que aconteceu. Caminhamos um pouco até nosso outro ponto de encontro, entramos na van e voltamos para Ipanema. Quando chegamos ao apartamento já passavam de três horas da madrugada.
Madonna durante a interpretação de Like A Virgin
(foto de autoria de meu amigo Pedro Helder)
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