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domingo, 21 de novembro de 2010

BANAL

Passei o sábado em casa. No início da noite, estava novamente no CCBB para ver mais uma peça. Horário diferente para o início de um espetáculo: 19:30 horas. O centro cultural estava lotado. Há uma exposição que ainda não vi, O Mundo Mágico de Escher, que está fazendo sucesso. Também acontece no mesmo local a quinta edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, ambos com entrada franca. Além destas atrações, há duas peças de teatro. Estava com Ric, mas ele acabou não entrando, pois perdeu seu ingresso. O pior é que eu lhe entreguei a entrada já no CCBB. A peça está em cartaz no Teatro II, sem lugar marcado. O espaço é pequeno. Para sentar, pequenos puffs brancos, mesma cor de todo o espaço. A sensação é que estávamos em uma caixa branca, o que veio se confirmar durante o espetáculo, pois ele se desenvolve em um museu de arte moderna chamado Cubo Branco. Trinta e nove pessoas conferiram o espetáculo Banal, com texto e direção de Alessandra Colasanti, e interpretado por Carol Portes, Fabrício Belsoff, Fernanda Félix, João Velho e Thiare Maia. É a segunda vez que vejo uma encenação com texto de Colasanti. Todos os dois são brilhantes, inteligentes, misturam a realidade com ficção, jogo bem frequente em Banal. Os atores ficam em pé a maioria do tempo. Em frente a cada um, um microfone. Ao fundo, uma projeção de fotos, muitas delas do acervo dos próprios atores e da diretora. Nas laterais, três televisões passam três vídeos diferentes. Durante a interpretação, fatos da vida real dos atores se misturam a situações de ficção. O tema é a violência urbana, em todas as suas formas: assassinato, roubo, furto, agressão física, coação psicológica, uso de droga, bala perdida. Citam até pequenos furtos que faziam quando crianças nas Lojas Americanas, Mesbla, Tok & Stok, Casa Mattos. O Rio de Janeiro é o local citado, mas podia ser qualquer cidade. João Velho, irmão de Rafael Mascarenhas, o filho de Cissa Guimarães que morreu atropelado em um túnel do Rio, quando andava de skate. Este fato é citado pelo próprio ator como parte do texto da peça. Alessandra Colasanti, filha dos escritores Affonso Romano de Sant'Anna e Marina Colasanti, mostra que teve uma excelente base em sua educação, pois o seu texto faz citações de Kandinsky, Woody Allen, Ingmar Bergman, Foucault, Caetano Veloso.Também há citações visuais de alguns dos grandes museus de arte mundiais: Centre Georges Pompidou (Paris), MoMA e Guggenheim Museum (New York), Museo del Prado (Madri). Há momentos de stand up comedy, afinal os atores estão de pé no palco o tempo inteiro, quando contam algumas piadas com elementos clássicos: a loura, o padre, a criancinha. De leve, faz uma crítica à educação atual dos jovens, quando  Thiare Maia conta a piada da professora que pergunta aos alunos o que o pai faz. Respostas óbvias aparecem, como médico, engenheiro, mas o último aluno responde que o pai toca fagote. A professora logo o corrige, é pa-go-de! Hilário. Vale a pena conferir este espetáculo. O senão fica pela falta de conforto dos tais puffs brancos, mas a peça tem pouco mais do que uma hora, o que ameniza a possibilidade de dores nas costas.

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