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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

LIMA - DIA 2


Oceano Pacífico visto de Miraflores - Lima - Peru


Palacio del Bispo - Plaza Mayor - Centro - Lima - Peru

Acordei cedo. Foi bom, pois tive tempo de desfazer a mala, guardando as roupas no local adequado. Descemos para um belo café da manhã no hotel, com direito a experimentar o suco de papaya peruano, delicioso. Também como novidade a fruta tumbo, da família do maracujá, só que menos ácida. Manga e mexerica muito doces. O combinado era todos se encontrarem no hall do hotel às 10 horas da manhã, pois contratamos, na noite anterior, uma van para ficar conosco por 12 horas, além de um guia para um passeio em Lima Centro. Guia e grupo a postos no horário marcado, menos a van. Levamos um bolo. O guia ligou para conseguir outro transporte. Pediram quarenta minutos. Aproveitamos para caminhar pelo bairro, indo no mesmo local que tiramos foto no fim da tarde do dia anterior. Novas fotos, pois a luminosidade era outra. Ligaram para o guia pedindo mais um tempo. Fomos caminhando até o Parque Kennedy, onde fica a Prefeitura de Miraflores. Caminhamos mais um pouco até chegar ao Mercado Índio, com várias bancas de artesanato peruano. Confesso que não tenho muita paciência para este tipo de mercado. Apenas acompanhei os amigos. Quando já passava das onze horas da manhã, nova ligação para o guia pedindo mais tempo para nos pegar. Desistimos do transporte, resolvendo ir de táxi para o Centro. Negociamos preço. Cobraram s/.10 pela corrida. Mais uma experiência inusitada no caótica trânsito limenho. Descemos na Plaza Mayor, cheia de turistas, no momento em que havia a troca da guarda no Palacio de Gobierno. A praça é muito bem cuidada. Nela estão também o Palacio del Bispo com seus balcões imponentes em estilo mudejar, a Prefeitura de Lima, a Catedral Metropolitana e prédios antigos pintados na cor amarela, com grandes balcões de madeira. O conjunto arquitetônico é muito bonito. Ao centro da Plaza Mayor há uma fonte que é esvaziada no dia 28 de julho, Dia da Independência do Peru. No lugar da água, enchem a fonte de pisco e durante as festividades todos podem tomar a bebida típica peruana. A catedral domina uma parte da paisagem. Ela é pintada anualmente, quando aproveitam para trocar a sua cor. Entramos na catedral, pagando um ingresso de s/.10 por pessoa. O interior é simples, pois depois da independência do país, queriam apagar todos os vestígios dos espanhóis, transformando o interior barroco em estilo neoclássico. Para suportar os abalos sísmicos, a catedral é construída com pilastras ocas de madeira, além de placas de bambus nas paredes. O teto também é todo em madeira. Os ossos de Pizarro, o conquistador espanhol, foram encontrados na catedral por duas vezes. Hoje, sabe-se que o verdadeiro corpo foi o segundo a ser encontrado, debaixo do piso próximo ao altar. O detalhe curioso é que a cabeça foi encontrada em uma caixa com os dizeres que se tratava da cabeça do espanhol. Entramos nas catacumbas, onde há corpos de poderosos membros da igreja e de nobres. O mais antigo data de 1575 e o mais recente é do ano 2000. Também visitamos o Museo de Arte Religioso, cuja entrada se dá pela sacristia da catedral. Com pinturas a óleo dos séculos 17 e 18, também tem uma importante coleção de peças sacras, onde se destacam imagens cusquenhas e uma rara imagem de Cristo crucificado com quatro chagas, conforme está no evangelho apócrifo atribuído a Santa Brígida. Fizemos uma breve pausa para beber uma Inca Kola na pequena cafeteria da catedral. Comprei uma imagem de Santa Rosa de Lima, a principal santa de devoção do Peru, para a coleção de minha mãe. Saímos da catedral e fomos caminhando até a imponente Igreja e Convento de San Francisco, onde não é permitido tirar fotos. Cobra-se um ingresso no valor de s/.7 por pessoa. No pátio em frente à igreja, concentra-se os pombos que são alimentados pelos turistas. Hoje o convento ainda abriga 40 monges, mas uma parte do edifício é aberto para visitação, como um dos claustros todo com parede em azulejos de Sevilha, datados de 1620. No alto das paredes, pinturas a óleo de um artista peruano. Quando foram restaurar as pinturas, descobriram, pintado nas paredes, murais datados do século XVI. Tais pinturas ficaram escondidas por mais de dois séculos. Hoje, só fragmentos das pinturas podem ser apreciados, pois os desenhos originais se perderam com o tempo. Tivemos uma visão parcial do interior da igreja. Mais parece uma mesquita pelo estilo mourisco aplicado em seu interior. Vimos um pequeno museu com peças sacras, mas o mais interessante é o Museu das Catacumbas. São três níveis abaixo do altar da igreja, mas está acessível ao público apenas o primeiro nível. Percorremos um labirinto, vendo milhares de ossos, especialmente o fêmur e o crânio, que possuem ossatura mais resistente. Nestas catacumbas eram enterrados os sem dinheiro. Os monges usavam cal para queimar os corpos. Em cada fosso eram colocados até oito corpos, um em cima do outro. Em um ano e meio, os corpos já tinham virado ossos e pó. Os ossos eram retirados e levados para um ossário, e novos corpos eram colocados no fosso. Existem sete ossários no local, mas apenas um, o mais profundo, com onze metros, pode ser visto na visita. Além de guardar os ossos, eles também serviam como proteção da igreja contra os abalos sísmicos. Obra de um arquiteto português. Segundo o guia, não há notícias de outro no mundo. Ainda no convento, visitamos a parte superior do claustro, com uma bela vista do jardim interno e a biblioteca, considerada a segunda mais importante biblioteca franciscana da América Latina (perde para a de Quito, Equador). Para evitar incêndio, não se podia usar velas no local, motivo pelo qual há grandes clarabóias no teto, permitindo uma invasão da luz do sol no ambiente. A biblioteca é muito bonita, com exemplares de livros do século XVI que não podem ser consultados devido ao estado de conservação, mas ficam visíveis nas estantes que ocupam dois níveis. Para o segundo nível, escadas de madeira em caracol compõem o ambiente. Já eram duas horas da tarde quando saímos. Pagamos U$ 34 pelos serviços do guia. Negociamos dois táxis para o restaurante La Rosa Náutica (Espigón 4 Circuito de Playas). O valor acordado foi s/.20. Peguei um táxi estreito. Fomos amassados atrás. O melhor foi mais uma experiência inacreditável no trânsito de Lima. O motorista freava bruscamente em cima dos carros, buzinava, cortava os carros em zigue zague em alta velocidade, tirava fino nos outros carros, avançava sinal e errou o caminho. Para voltar, queria fazer uma impossível conversão. Estávamos subindo uma rua, ele parou o carro no acostamento da direita e queria virar para a esquerda, sendo que descia muitos carros em alta velocidade. O detalhe maior é que havia uma curva que não enxergávamos quem vinha descendo. Perguntado se não teria um retorno mais acima, ele resmungou qualquer coisa, mas subiu, virando bruscamente à esquerda, deu uma ré, colocou a mão para fora e apertou o acelerador, virando o carro para a esquerda. Uma loucura. Aliviados, chegamos no horário de nossa reserva. La Rosa Nautica é um tradicional restaurante de Lima, onde estive em um jantar há onze anos atrás, especializado na cozinha peruana. Fica em uma espécie de deque que entra no Oceano Pacífico, construído em madeira e vidro, pintado na cor verde. Logo na entrada, samambaias choronas e uma parede cheia de avencas, fazendo-me recordar de minha infância, pois minha mãe tinha estas duas plantas em casa. O restaurante estava cheio. Ficamos sentados de frente para o mar, possibilitando-nos ver a revoada de pássaros negros que se alimentam dos restos de pescados e mariscos do restaurante. São milhares de pássaros em um belo espetáculo. Nosso amigo com origens peruanas tinha grandes expectativas quanto ao restaurante. Foi uma frustração generalizada. O serviço é ruim. Demoraram a nos atender. Pedimos mais pão por três vezes antes de sermos atendidos. De entrada, pedimos quatro piqueos: um ceviche limeño, um polvo com molho de azeitonas pretas, lulas fritas em uma farinha local e causas com molho de camarões. O prato é bem apresentado, onde cada piqueo vem dentro de uma concha, além de uma ornamentação vegetal, com alface, brócolis e abóbora. O ceviche estava sem o ácido que lhe é característico. Destaco mais uma vez a batata doce que acompanha o ceviche. Alaranjada, muito doce e saborosa. Gostei do polvo com molho de azeitonas pretas e achei interessante no paladar os aneis de lula empanadas na tal farinha local. Como prato principal, pedi mais uma vez um ceviche, chamado Ceviche Colorado. O prato é bem montado, mas é pequeno para quem está com fome (custa s/.46). São polvos, lulas e peixe marinados no limão, acompanhados de cebola roxa, molho de rocoto (uma pimenta local) e milho frito. Dei nota seis ao prato. Os demais também tinham restrições às suas escolhas. Quatro pratos que seriam quentes vieram de morno para frios à mesa. Resolvemos não pedir mais nada, apenas a conta. Total de s/.707. Nova negociação com táxi. Mais uma vez nos cobraram s/.20 para um trajeto bem curto, pois estávamos indo para o Shopping Larcomar, fincado nas encostas de frente para o Pacífico. De onde estávamos, podíamos vê-lo logo em frente, no alto. Parecia tão perto, mas a volta que o táxi deu foi enorme para chegar lá. Em frente ao shopping está o imponente prédio do JW Marriott Hotel, todo envidraçado. Demos uma volta no shopping, todo aberto, pois praticamente não chove em Lima, parando para um café no Café Havana, uma franquia do famoso café argentino. Tomei apenas uma Coca Cola Light e comi uma pequena barra de doce leite. Ficamos pouco no local. Decidimos contratar uma van para ficar à nossa disposição para a noite. Voltamos a pé para o hotel, percorrendo o passeio no alto da encosta, com uma bela vista do por do sol no Pacífico. Tempo para descansar, pois a noite nos aguarda em Lima.

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