Quinta-feira, 25 de agosto, terceira noite do 12º Cena Contemporânea. Mais uma peça para assistir. Ingresso comprado com antecedência, por R$ 16,00 a inteira, para conferir Vida, trabalho baseado na obra de Paulo Leminski, interpretado pelo grupo companhia brasileira de teatro, oriundo de Curitiba, Paraná. O grupo é patrocinado pela Petrobrás, integrando, portanto, a Mostra Petrobrás. A peça estava marcada para ter início às 19:30 horas. Cheguei com quinze minutos de antecedência. Ainda havia gente comprando ingresso nas bilheteria do Teatro Plínio Marcos, no Complexo Cultural da Funarte. Enquanto esperávamos do lado de fora, em noite muito agradável, a mesma trupe que fez a performance na abertura do festival chegou fazendo alarde, divulgando as peças dos grupos presentes no festival que são patrocinados pela empresa estatal do petróleo. Assim que a porta se abriu, uma pessoa ligada à produção informou que havia um erro no catálogo em relação à duração do espetáculo. O tempo correto era 120 minutos e não 90 como constava impresso. Alguns tinham comprado ingresso para a peça Amarillo e não daria tempo de terminar de ver Vida e seguir para o Teatro Nacional. Dado o recado, entramos. Os lugares não eram marcados. Sentei-me na terceira fileira, em frente ao palco. O público compareceu em bom número. Do lado direito do palco, uma pessoa era responsável por manejar os computadores e tocar um instrumento de sopro. A trilha sonora, incluindo uma música em russo, é de autoria de André Abujamra, enquanto texto e direção são de responsabilidade de Márcio Abreu. O espetáculo é leve, divertido, mas nos faz refletir sobre nossas atitudes, sobre os tipos que existem em nossa volta, sobre a convivência em sociedade, sobre o irritante politicamente correto e seus patrulhadores. Tudo isto se passa em um local fechado onde uma banda ensaia uma apresentação para as comemorações do jubileu de uma determinada cidade. No início, apenas um ator, Rodrigo Ferrarini, parece ser um professor que explana sobre as inflexões de algumas frases até que entra em cena Giovana Soar para o didatismo ser em duas línguas, o português e o inglês. Um mapa mundi enfeita a parede do fundo no qual Ferrarini utiliza uma caneta de foco vermelho para mostrar como a humanidade, mesmo falando línguas diferentes, interage. Em dado momento, um lado do quadro se desprende e ele fica pendurado. Os atores lidaram bem com isto, pois me pareceu não fazer parte da encenação este acidente com o mapa. Outro ator entra em cena, o ótimo Ranieri Gonzalez. Os três começam o ensaio. Ferrarini com pratos de bateria, Giovana com um bumbo e Ranieri cantando uma música em russo. Bem mais à frente, entra em cena a guitarrista, vivida por Nadja Naira, que passa a maior parte do tempo muda, em contraponto à falante Giovana. Durante o ensaio, estas personagens vão viver situações inusitadas, sonhos, dramas, dúvidas e aflições da vida. Aplaudido em cena aberta, Ranieri dá um show vestido de mulher cantando uma triste canção (na verdade só entoando a canção, que não tem letra) como se estivesse em um cabaré, enquanto os três outros atores fazem coreografias tipo chacretes e boletes. Outra cena ótima é quando Giovana tira o vestido de Ranieri, deixando-o apenas com cueca e salto alto, com suas várias tatuagens à mostra. Giovana explica a maioria das tatuagens no corpo de Ranieri. Hilária a cena. Quando Nadja enfim fala, após um black out proposital no teatro, despeja uma verborragia inacreditável. Os demais ficam surpresos e sem reação. A cena final é linda, mas não vou contar para não estragar a surpresa.Vida é cheia de energia positiva, é cheia de vida, mostrando que viver vale a pena, mesmo com todas as nossas aflições e fantasmas. Viva a Vida! Para quem perdeu, o grupo avisou, ao final de longos aplausos, que a peça voltará a ser encenada em Brasília no Teatro da Caixa, em fevereiro de 2012.
Rodrigo Ferrarini, Giovana Soar, Nadja Naira e Ranieri Gonzalez agradecem os aplausos do público ao final da peça Vida.
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