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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CENA CONTEMPORÂNEA 2011 - DIA 7 - PROPAGANDA


Segunda-feira também é dia de ir ao teatro. Lá fui eu conferir mais um espetáculo do Cena Contemporânea. Desta vez no Teatro Plínio Marcos, no Complexo Cultural da Funarte, para conferir Propaganda, do grupo australiano Acrobat. Na verdade, o grupo é uma família que dedica a vida e a sua arte ao circo e a divulgar um meio de viver melhor, sem agressões ao meio ambiente, pregando a paz e harmonia. Quando cheguei, uma longa fila já se formava na porta do teatro, pois os ingressos (R$ 16,00 a inteira) não tinham assento previamente marcados. Mesmo bem atrás na fila para entrar, sentei-me, junto com um amigo que lá encontrei, na primeira fileira de cadeiras. As pessoas tem medo de ficar muito próximo ao palco, temendo ter alguma interatividade entre artista e público e acabar tendo que participar de determinada cena. Não tenho este receio. O espetáculo é circense. Assim, o que vi como cenário lembrava um picadeiro, mas de forma diferente, com objetos decorativos mais rústicos e vasos de plantas ao redor. O casal Simon Yates e Jo-Ann Lancaster entram em cena com regadores, molhando as plantinhas. O primeiro número é uma série de acrobacias que exigem muita força física e concentração do casal. Ao mesmo tempo em que mostram o vigor, a sincronicidade e movimentos difíceis, eles sempre simulam quedas, dando um toque de comédia à cena. Aliás, a comicidade perpassa todo os sessenta minutos que dura o espetáculo. Como uma das filosofias que eles pregam e fazem propaganda (daí o nome da peça) é o andar nu, em alguns números Jo-Ann fica com os peitos desnudos, mostra a bunda e tem um nu frontal de relance, enquanto Simon Yates fica só de cueca branca. Os números se desenvolvem em um clima alegre, lembrando as comédias do cinema mudo ou desenho animado. Há um número em que um saco com pedras com a palavra CAUSA nele escrita é alçado e posicionado de forma a cair no trampolim armado. Do outro lado do trampolim fica Yates, com uma placa pendurada no pescoço com a palavra EFEITO. Ele puxa uma corda, o saco cai sobre o trampolim e o joga para trás. Em um salto mortal de costas, ele cai em cima de um colchão segurado por duas pessoas. Causa-Efeito de forma didática e divertida. As caras e bocas que ele fez me lembrou o desenho do Papa Léguas com o Coiote. Ótimo! O melhor de tudo para mim, uma escolha difícil, confesso, foi o número de equilíbrio na corda bamba (funambulismo). Yates primeiro dorme na corda, depois se senta, levanta para tomar o café da manhã, é servido por Jo-Ann, derrama o suco de laranja, derrama os cereais, derrama o leite, um ovo cai em sua cabeça, toma uma ducha, veste camisa, calças, coloca gravata e paletó, sem nunca sair de cima da fina corda. O término deste número é mais um toque de comédia. Quando ele pega uma valise, puxa uma corda de dentro dela, desce da corda bamba e segue caminhando na corda que vai saindo da mala se estendendo pelo chão firme do palco, como se o caminhar em corda bamba fizesse parte de sua vida. E não é que faz parte de todas as nossas vidas um eterno andar e equilibrar em uma corda bamba invisível? Em outra parte do espetáculo, a filha do casal é alçada em uma cadeira, como se fosse um anjo (a foto usada na divulgação é deste número), com asas de material usado. Lá do alto, ela exibe cartazes com mensagens escritas em português, tais como "seja gentil", "coma seus vegetais", "desligue a televisão","ame seus inimigos", entre outras. Para cada frase, o público aplaudia, algumas com mais intensidade. O número final foram acrobacias em cima de uma bicicleta que ficava rodando em círculos no picadeiro. Mais uma mensagem do casal: ande mais de bicicleta, deixe o carro de lado, é mais saudável e pode ser divertido. Os australianos nos mostraram um circo diferente, que nos possibilitou um novo olhar para velhos números rotineiros nos espetáculos circenses. Sensacional. Ao final, a trupe distribuiu para a plateia um folheto com algumas mensagens para viver melhor, a Propaganda do viver de maneira simples e positiva. Gostei muito.








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