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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

FREQUÊNCIA AO TEATRO

Navegando pela internet, li uma pequena nota sobre uma pesquisa que a Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro - Fecomércio-RJ realizou com mil pessoas no Brasil sobre a frequência que o brasileiro vai o teatro. Em 2010, apenas 7% responderam que foram conferir alguma peça teatral. Quando se verifica o motivo pelo qual o público não frequenta o teatro, para surpresa de muitos, não foi o valor das entradas o fator preponderante, mas sim a falta de hábito. Este motivo foi apontado por 42 % daqueles que responderam à pesquisa. Esta pesquisa acaba por derrubar, em certa medida, a reclamação de muitos de que os valores praticados no Brasil são muito altos. Se compararmos com outros países, especialmente com espetáculos da Broadway ou mesmo dos cabarés franceses, vemos que os preços são nivelados tanto lá quanto aqui. E ainda temos uma variedade enorme de espetáculos com preços muito acessíveis. Basta olhar a programação dos mais importantes centros culturais do país para vermos que os preços praticados são bem baixos. Cito aqui a Caixa Cultural, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Itaú Cultural, o sistema SESC, o Santander Cultural, entre muitos e muitos outros. Todos estas casas de cultura tem programação gratuita ou a preços bem baixos. Fora a infinidade de espetáculos gratuitos que integram mostras e festivais espalhados pelo país. É claro que se formos considerar os musicais que tanto fazem sucesso no eixo Rio-São Paulo e as peças com atores "globais", os preços dos ingressos são bem salgados, mas há público que paga o valor cobrado. Assim, os preços continuam alto. Confesso que, sempre que posso, assisto a um musical quando em viagem a São Paulo. Mas também vasculho a programação das cidades em que estou procurando uma peça em cartaz para conferir. Sempre acho. Aproveito para conhecer o teatro e conferir bons espetáculos de grupos locais ou regionais, a preços bem acessíveis.
Voltando à pesquisa, a constatação de que falta hábito é preocupante, mas há uma luz no final do túnel. Se falta hábito, basta criá-lo. Para isto o investimento em formação de público é muito importante. Esta formação de público não é só necessária para as artes cênicas, mas para qualquer forma de arte. Felizmente, venho notando, mesmo que timidamente, esta preocupação nos produtores brasileiros. Formação de público é lenta, pois não se crie um hábito da noite para o dia. É preciso persistência. Investir em todas as faixas etárias, dialogar a linguagem do grupo, são fatores que devem ser observados. Investir na criança e no adolescente é algo vital para se criar hábito, mas este investimento passa também pela educação dos pais e porque não dos idosos, já aposentados, que tem tempo livre e disposição para ver um espetáculo ou uma exposição. Os programas educativos já são presença constante nas mostras de artes plásticas nos centros culturais que citei linhas acima. Como sou um aficionado por cultura, vivencio o máximo que posso as atrações em cartaz na cidade, seja a que moro, seja onde estou, a passeio ou a trabalho. Tenho notado que há sessões específicas para escolas públicas em determinadas atrações teatrais, geralmente gratuitas. Isto é muito bom, mas não pode ficar só em uma ou duas sessões, tem que haver uma expansão desta política para todas as produções em cartaz. É o lado da responsabilidade social das empresas que são as produtoras destes eventos, não interessando se houve ou não houve dinheiro público ou renúncia fiscal envolvido no financiamento do espetáculo em si. Outra ação que sei que funciona são as campanhas anuais para atrair público para o teatro. Belo Horizonte já tem uma campanha de fomento às artes cênicas há pelo menos duas décadas. Acontece no mês de janeiro, quando há filas para adquirir entrada para uma peça de teatro, já que os preços são mais baixos nesta época. Forma-se público, há mercado de trabalho para atores, atrizes e técnicos, além de manter uma cultural pulsante na cidade. São Paulo tem um programa de distribuição gratuita de entradas para os espetáculos em cartaz que também movimenta bem o cenário. Com poucos exemplos que citei, vê-se que há uma luz e que há movimento no sentido de que o hábito seja criado no brasileiro, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Vida longa ao teatro no Brasil

2 comentários:

  1. Parabéns pela análise. Mostra que gosta e quer evolução do teatro no Brasil. Acessei o seu blog por indicação de um amigo. Vou ser frequentador assíduo.
    Sebastião Flores

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  2. Caro Sebastião.

    Obrigado pela presença no blog.

    Abraços.

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