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sábado, 6 de agosto de 2011

I LOVE JAZZ

Final de semana de excelentes shows na programação do festival I Love Jazz que teve sua terceira edição em Belo Horizonte, com entrada franca. O festival ocorreu em duas deliciosas praças da capital mineira. No final das manhãs de sábado e domingo os shows aconteceram na Praça da Liberdade, coroando o local que abriga o Circuito Cultural da Liberdade, ainda em fase de conclusão (faltam alguns prédios para terminar todo o projeto, algo que deve acontecer no próximo ano). E nas noites de sexta-feira, sábado e domingo, como na edição anterior, os shows aconteceram em palco montado na Praça do Papa, local de visual belíssimo em Belo Horizonte. Tive a oportunidade de ir à Praça do Papa nas duas primeiras noites. A organização do festival me chamou a atenção. Local limpo, amplo, com muitas cadeiras de plástico branco para os que primeiro chegavam se sentar, além de cobertura protegendo do frio para os que ficavam sentados bem em frente ao palco. Para quem lotou o gramado e as escadas da praça, um poderoso telão garantia aos frequentadores uma qualidade de imagem muito boa. Na parte superior da praça havia um espaço montado especialmente para o festival. Um vendia comidinhas, com o sugestivo nome I Love Food, outro vendia bebidas (o vinho tinto foi, de longe, a bebida mais consumida na primeira noite), o I Love Drinks, e um terceiro vendia lembrancinhas do festival e alguns discos dos músicos que fizeram parte do evento, o I Love Gifts. E não faltaram banheiros químicos, estrategicamente localizados e sempre limpos. Uma raridade em eventos públicos como este: ter papel higiênico em cada um das cabines masculinas (não sei como estavam as femininas). A noite de sexta-feira foi fria, muita fria. Um vento constante nos fazia ter uma sensação de um frio maior ainda. Todos bem agasalhados, mas para quem foi desprevenido, a lojinha montada na praça vendia mantas vermelhas com a inscrição do nome do festival. Fui de ônibus, pois tive dificuldades de pegar táxi no Centro da cidade. Acho que o horário ajudou nesta dificuldade, pois estava procurando táxi na Praça Sete às 18:30 horas. Havia muito tempo que não circulava de ônibus em BH e achei ótimo. Paguei R$ 2,45 e desci na Praça do Papa, exatamente no horário programado para ter início o primeiro show da noite, ou seja, às 19:30 horas. Ainda tinha cadeira desocupada. Sentei-me em um bom local, agasalhei-me e esperei por dez minutos, quando foi anunciada a primeira atração da noite, o alemão Axel Zwingenberger. Pianista, com cara de bonachão, ele entrou, cumprimentou o público com um aceno de cabeça e tocou duas ótimas músicas. Boogie woogie era o estilo de seu show. Após mais alguns números instrumentais, chamou ao palco a cantora americana Lila Ammons, que entoou várias canções que fizeram as pessoas se sacudirem nas cadeiras. O frio apertava, mas todos estavam ligados no espetáculo, que durou uma hora exata. Não houve bis. Apenas quinze minutos para arrumarem o palco, que era decorado com um bar de madeira à direita, com duas cadeiras altas, um abajour e um gramofone. No lado direito, havia uma mesa, duas poltronas e outro abajour. Mais quatro abajours de pé estavam localizados entre estes dois lados. A segunda atração da noite era a mais aguardada do festival. Incensada pela crítica especializada como a nova diva do jazz, a cantora Stacey Kent fez um lindo show para um público que lotava a Praça do Papa. Apaixonada pelo Brasil, se derramou por Belo Horizonte, pois seus professores de português nos Estados Unidos são da cidade. Ela chegou a pedir para tirar fotos do público para enviar por e-mail para estes professores. Sempre falou em português, mostrando a versatilidade e facilidade de falar línguas, já que ela sabe italiano, espanhol e francês, além de sua língua natal, o inglês. Por falar em francês, seu último trabalho é nesta língua, incluindo uma interessante versão para Águas de Março, de Tom Jobim, chamada Les Eaux de Mars, versão de Georges Moustakique. Ela a incluiu no set list do show. Também de Tom Jobim, só que cantada em português e acompanhada em uníssono pelo público, ela interpretou sedutoramente a música Corcovado. Samba da Benção, de Vinícius de Moraes & Baden Powell, em versão francesa, também fez parte do repertório de seu show. Em praticamente todas as músicas, ela deixava um momento para um belo solo de sax. O saxofonista de sua banda é também seu marido, Jim Tomlinson. O show terminou após uma hora de muitos elogios ao Brasil e à música brasileira. Com muitos aplausos e pedidos de mais um, ela voltou e cantou What A Wonderful World (Bob Thiele, George David Weiss e Robert Thiele Jr.), eternizada na voz de Louis Armstrong. Líndissma a interpretação. O público não se contentou com o bis e pediu mais um insistentemente. Ela retornou e fez mais três números, encerrando a primeira noite do festival por volta de 22:30 horas. Repetindo a experiência da ida, retornei até o Centro de ônibus. Desci na Praça Sete e, enfim, tomei um táxi para retornar à casa de meus pais.
Sábado, dia 06/08. Não havia vento, portanto fazia menos frio do que na noite de sexta-feira. Na programação do festival, três shows. Fui de carona com amigos de Brasília que agora moram em BH. O primeiro show estava programado para 17 horas, mas somente começou às 17:45 horas, horário que chegamos à praça. Ficamos sentados em local bem próximo ao palco, mas com uma visão que era atrapalhada pela grua da cinegrafista. No entanto, não nos atrapalhou em curtir os shows. A primeira cantora era uma uruguaia arretada, acostumada com performances em musicais da Broadway, Maria Noel Taranto. Ótimo show, voz lindíssima, agitadíssima, interpretou músicas alegres e para cima, mas também houve momentos para um bolerão e uma homenagem a Judy Carmichael, atração deste mesmo festival na Praça da Liberdade que estava presente no camarote montado pela Rádio Guarani FM. Taranto também incluiu uma música francesa em seu repertório, a sempre contagiante La Vie En Rose. Ao final de seu show, ela chamou Marcelo Costa para tocar trompete em uma música. Ela o apresentou como o responsável por estar ali naquela noite. Ele é o organizador do I Love Jazz. O show durou uma hora, com direito a bis. Em seguida, após quinze minutos para arrumar os instrumentos em cena, foi a vez da Paulistânea Jazz Band fazer o show. São seis músicos que se juntaram após décadas de separação exclusivamente para a segunda edição do festival, em 2010. Deu tão certo a união que não se separaram mais. Comemoraram um ano de banda no local onde ela nasceu, ou seja, em Belo Horizonte. Seis músicos experientes, seis instrumentistas, seis nacionalidades diferentes: um chileno ao piano, um italiano na guitarra, um português no baixo acústico, um brasileiro na bateria, um escocês no trombone, um americano no trompete e um argentino no saxofone e na clarineta. O show foi recheado de standards do jazz, com músicas assinadas por George & Ira Gershwin, por exemplo. A Paulistânea Jazz Band celebrou o jazz tradicional. Ao final, também chamaram ao palco Marcelo Costa para executar uma música com eles. A última atração da noite entrou no palco às 20:35 horas. Era o sexteto americano John Alfred Sextet, que também tiveram no set list grandes nomes do jazz. Do show, fomos jantar, encerrando uma bela noite em Belo Horizonte. Infelizmente não pude conferir a programação de domingo na última noite do festival na Praça do Papa, quando se apresentaram a brasileira Gabriela Pepino, os americanos do Howard Alden Trio e os também americanos do Jon Faddis Quartet. Para os que moram em Brasília, o mesmo festival ocorre no próximo final de semana no Parque da Cidade, também com entrada gratuita.

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