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sábado, 9 de fevereiro de 2013

AOS NOSSOS FILHOS

Aos Nossos Filhos é o nome da peça em cartaz no Teatro I do CCBB de Brasília. Com ingresso a R$3 (meia entrada), está bem concorrido. Fui conferir o espetáculo no final de semana em que estreou, mais precisamente no domingo, dia 03 de fevereiro, sessão das 20 horas. Duas amigas estavam comigo. Ficamos na fileira I, em posição centralizada com ótima visão para o palco. Antes de entrar, passei pela enorme fila de espera em frente à bilheteria. Eram as pessoas que aguardavam a liberação das cortesias não trocadas por ingressos. O teatro estava lotado. O cenário tem a cor atijolada, numa bela montagem de Rodrigo Cohen, que também assina o figurino. O texto é de Laura Castro e a direção do experiente João das Neves. Em cena, a também atriz Laura Castro no papel de Tânia, e a portuguesa Maria de Medeiros, com sua primeira peça no Brasil, interpretando Vera, a mãe de Tânia. Atriz e cantora, mais conhecida pelos filmes que fez ao longo da carreira, especialmente Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, e Henry & June, de Philip Kaufman, Maria de Medeiros começa o espetáculo cantando, em francês, uma versão para Aos Nossos Filhos, música de Ivan Lins, que ficou famosa na interpretação de Elis Regina. Ela é acompanhada, ao vivo, pelo pianista Filipe Bernardo. A peça dura pouco mais do que 80 minutos, concentrando em um diálogo entre mãe e filha, com algumas cenas de flasback, necessárias para contextualizar o diálogo e as reações das personagens. Vera foi casada três vezes, militou contra a ditadura no Brasil, se exilou, teve dois filhos, entre eles Tânia. Sua filha é lésbica, vive uma relação homoafetiva de quase quinze anos e resolve ter um filho com sua companheira. Tânia procura a mãe não só para contar a novidade, mas para buscar apoio psicológico para a empreitada de ser mãe. Quem está gestante é sua companheira. O diálogo travado entre as duas é muito interessante, pois traz uma discussão sobre conflitos de gerações, sobre preconceitos, tangencia a época de chumbo no país, mas, sobretudo, abre um bom debate sobre as novas famílias, fato caso vez mais comum na sociedade brasileira. Há centenas de casais homossexuais que escolhem ter filhos e a peça permite uma reflexão sobre a relação das crianças com o fato de terem duas mães ou dois pais e as consequências disto dentro da comunidade em que vivem ou viverão. Embora o tema possa ser denso, o texto de Laura é leve, com algumas ótimas tiradas cômicas, mas há momentos de lirismo puro, quando a canção de Ivan Lins sempre vem ajudar a cena. As duas atrizes estão bem soltas no palco e o português de Maria de Medeiros é bem próximo do modo como os brasileiros falam, quase sem sotaque. Gostei muito. A peça fica em cartaz até o dia 24 de fevereiro e os ingressos podem ser comprados pela ingresso.com.

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