12:55 horas. Estava a postos no saguão do Teatro Nacional para a visita guiada em seu interior. A decoração do saguão já dá uma pista do que veremos lá dentro. Suntuosidade, requinte e luxo estão presentes em cada detalhe de portas, vidros, piso, teto, lustres, espelhos e colunas do saguão. O guia apareceu e junto com ele um casal de idosos vindos da Alemanha. O grupo estava formado. Éramos três pessoas. A visita começou pontualmente no horário, às 13 horas. Fotografias são permitidas, desde que sem flash. A construção do teatro foi uma ideia dos grandes produtores de café, que queriam um local ao estilo europeu para apresentação de grandes espetáculos. A proposta foi apresentada ao governo que a aceitou, já que os cafeicultores iriam financiar a sua construção. No entanto, com tantas peças importadas da Europa e dos Estados Unidos, além dos artistas estrangeiros contratados para fazer a decoração, a obra ficou infinitamente mais cara, tendo o governo que arcar com 85% do orçamento. Para tanto, foi criado um imposto e a população mais pobre acabou pagando o pato. Hoje, o teatro é considerado patrimônio nacional e incentivam os costarriquenhos a frequentá-lo, com espetáculos a preços populares todas às quintas-feiras no final da tarde e aos domingos pela manhã. Qualquer pessoa pode ver estes espetáculos, pagando o mesmo valor do ingresso. O teatro foi inaugurado em 1897. Mármore de carrara é o principal material do piso do hall de acesso às escadas, que também tem seus degraus no mesmo mármore. Os pisos de azulejo hidráulico são procedentes da Bélgica e formam belos desenhos. Tudo muito limpo e brilhante. No teto sobre o salão que fica entre o saguão de entrada e o auditório está um imenso mural que retrata a colheita do café, pintado pelo italiano Aleardo Villa. Segundo o guia, há muitos erros na pintura, pois o café não se planta no litoral e a maneira que a principal figura masculina, ao centro do mural, carrega um cacho de bananas está totalmente equivocada. Subimos as escadas para ter uma melhor visão do mural e, em seguida, entramos numa espécie de salão nobre, onde estavam colocando cadeiras de madeira centenárias oriundas da República Tcheca, pois haveria ali um concerto de câmara no dia seguinte. O salão é lindíssimo, com espelhos enormes cujas molduras são douradas e alguns dos detalhes são folheados a ouro. Amplas janelas permitem a entrada da luz natural. O piso deste salão chama a atenção por ser de parquê feito com mais de dez espécies de madeiras nobres, todas provenientes da própria floresta nativa da Costa Rica. Em posição destacada no salão está a estátua original que encimava a fachada do teatro. Por causa das intempéries do tempo, preferiram colocar as três originais dentro do teatro e réplicas ficam hoje no exterior. Descemos um nível para entrar em um dos camarotes do teatro, com poltronas originais. Entramos no que fica ao lado do Camarote Presidencial. Dali, tivemos uma ótima noção do palco, da platéia, dos camarotes, das frisas que não mais são usadas e das galerias, local mais alto e com visão limitada, motivo pelo qual os preços são mais baratos. Em seguida, entramos no auditório, que tem formato de ferradura. Suas poltronas também são centenárias, fabricadas em Nova Iorque. Elas são negras, tem o assento em couro e a estrutura é de ferro forjado. São bem confortáveis e estão perfeitamente preservadas, assim como tudo no teatro. O enorme lustre foi feito inteiramente na Costa Rica. O chão do auditório pode ser levantado, ficando no mesmo nível do tablado. O sistema que levanta e abaixo o chão é totalmente manual, necessitando de oito pessoas para rodar a manivela, como naquelas moendas puxadas por bois. Antes de operacionalizar este sistema, todas as poltronas são retiradas, permitindo uma nova configuração. Fazem isto quando há necessidade de um lugar específico para acomodar a orquestra, já que não ha fosso para ela no teatro. Outro detalhe curioso é que ao levantar o chão e sem colocar nenhuma cadeira, o local se transforma em um salão de baile, fato que está rareando nos últimos anos. Depois de quarenta minutos de visita, chegava ao fim nosso tour pelas áreas principais do teatro. Ao sair, aproveitando a excelente luz do sol que iluminava o frontal do teatro, parei para fotografar o pequeno jardim que fica em frente da sua entrada principal, onde há um busto de Chopin à direita de quem entra, doação da comunidade polonesa e Embaixada da Polônia na Costa Rica. Do lado esquerdo, fica uma estátua de mármore de tamanho natural chamada "Flautista", de Jorge Jiménez Deredia. Saindo do teatro, andei pela pequena praça que fica em frente, chamada Parque Mora Fernández, onde está o hotel mais antigo da cidade, o Gran Hotel Costa Rica, fundado em 1930, cujas paredes azuis dominam a paisagem. Em frente à sua entrada estão palmeiras e muitos bancos onde as pessoas ficam vendo a vida passar. Uma estátua do primeiro presidente do país, Juan Mora Fernández, completa a decoração da praça.
detalhe do Mural do Café, de Aleardo Villa, no teto do salão entre o saguão principal e o auditório
piso de ladrilho hidráulico vindos da Bélgica enfeita os corredores do teatro
turismo
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