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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

GASTRONOMIA EM VITÓRIA (ES) - SOETA



Endereço: Rua Desembargador Sampaio, 332, Praia do Canto, Vitória, ES. (www.soeta.com.br)

Contatos: 27 3026 4433 ou 27 8875 1388.

Diferencial: o menu degustação, com 27 passos. É uma orgia gastronômica que deve ser experimentada com tempo.

Especialidade: culinária contemporânea, dando destaque a alguns produtos genuinamente brasileiros, mas não se esquecendo de alguns clássicos da culinária internacional. Está sob o comando dos chefs Bárbara Verzola e Pablo Pavon.

Quando fui: jantar do dia 31 de janeiro de 2013, quinta-feira. Éramos cinco pessoas. Ficamos em mesa para seis em um ambiente fechado, como se fosse a varanda da casa onde está instalado.

Serviço: muito bom, com eficiência e presteza. Conjunto de louça bem diferente para cada prato, bonito e funcional. O ponto negativo fica por conta das taças em que servem espumantes e vinhos. Pelo nível do restaurante, estas taças deveriam ser de cristal.

O que bebi: água mineral com gás Pedra Azul Premium que acompanhou uma garrafa de espumante Chandon do Brasil (R$ 69,00) e o uma garrafa do vinho tinto Crasto Etiqueta Negra 2009 (R$ 84,00), produzido na região do Douro, em Portugal. O espumante fez um belo papel na harmonização com os primeiros pratos da degustação, a maioria deles elaborado com peixes ou frutos do mar. O vinho é muito bom, elegante, encorpado, com presença, pedindo uma harmonização com comida, o que casou com os pratos finais da degustação, antes das sobremesas.



O que comi: para servir o menu degustação (R$ 158,00), todos os integrantes da mesa devem pedi-lo. Não houve resistência de ninguém. Assim, durante quase três horas de jantar, degustamos os 27 pratos servidos no menu degustação da casa. Antes de dar o início, o garçom perguntou se havia alguma restrição alimentar, já que a composição dos pratos era surpresa, um autêntico menu confiance. As restrições podem ser individuais e o foram (kani, ovas e álcool). Eu não tive nenhuma. O início de tudo são chips de batata doce, crocantes e sequinhos. A seguir, os demais 26 passos da degustação da noite:
02) drinque de uísque com suco de maracujá, servido na casca da fruta. O ácido do suco combinou bem com a bebida.
03) torrada mexicana com guacamole. Ótima versão estilizada da tortilha típica da culinária mexicana. Tem bela apresentação, é bem crocante e muito saborosa. O guacamole estava com coentro em excesso para meu paladar.
04) pérola de vôngole. São dois vôngoles, um com coloração acinzentada, envolto em uma espécie de gelatina feita com a própria água do molusco; e outro com coloração escura, feito com shoyo. O melhor é comer o mais claro primeiro, pois o gosto do segundo é mais forte. Não apreciei o primeiro deles, com gosto de mar, enquanto o segundo estava ótimo.
05) pele de tilápia com sal de ervas. Parece uma pururuca, bem salgadinha. Muito bom.
06) cristal de caipirinha com açúcar demerara. Um dos melhores pratos da degustação (ou seria um drinque?). Tem que colocar rapidamente na boca, pois o cristal vai derretendo. Sensacional.
07) dois leites de macadâmia. São dois tipos, sendo um com a oleaginosa crua e o outro com ela torrada, fazendo um belo contraste no prato entre o branco e o creme. Por cima, há a mesma macadâmia, só que ralada. Prato sem graça, tendo mais beleza do que sabor.
08) tempura de quiabo. Exemplo de uma culinária fusion que impera no Soeta. O melhor prato da noite. Quiabo sequinho,muito bem temperado.
09) mini berinjela com pasta de gergelim. Sabor forte, nem sempre agrada a todos. Foi o que aconteceu na mesa. Como gostei, acabei comendo o que sobrou de quem não gostou.
10) azeitona italiana com toque de anchova. O prato me lembrou festas que frequentava na década de 70, onde a azeitona imperava entre os salgadinhos servidos. O prato é salgado e muito bom, pedindo uma bebida para suavizá-lo, o que fiz com o espumante.
11) papel de parmesão com toque de balsâmico. É um papel comestível, salgadinho por causa do queijo parmesão ralado que fica grudado nele. O aceto balsâmico é um diferencial neste prato. Inusitado e muito bom.
12) ostra fresca com ar de água do mar acompanhada de um cálice de chá gelado de maçã. Não gosto de ostra fresca e com este prato não foi diferente. Nem o chá de maçã, mais doce, amenizou o sabor de mar que a ostra tem.
13) tempura de ostra com ova de cavala. Aqui foi diferente, pois a ostra não estava crua. Crocante como deve ser um tempura. Achei interessante este prato com ostra vir em seguida a outro com o mesmo molusco, pois fica evidente a alteração de sabor em texturas diferentes. Muito bom.
14) salmão cozido a baixa temperatura com conservas asiáticas. Mesmo cozido, tinha a textura de um shasimi, o que tornou o prato diferente. Sabor leve e muito agradável ao paladar.
15) canapé de pignole. Simples e saboroso, preparando o paladar para a sequência de sabores mais fortes que viriam em seguida.
16) nhoque de polenta, queijo parmesão e um toque de café. O prato já começa a ser inusitado por ser feito de polenta. O nhoque derretia na boca, com uma leve sensação de explosão na língua. Um dos pratos que mais gostei.
17) carpaccio de filé com azeitona e kinkan. Suave. São dois sabores distintos. Um vem com um molho em forma circular feito com azeitona, dando um sabor mais salgado ao filé, enquanto o molho de laranjinha kinkan deu um toque ácido à carne. Preferi o segundo. A composição visual do prato, intercalando as cores dos molhos de azeitona e kinkan, é muito bonita.
18) fondue de camarão. São três peças de camarão levemente cozidos, com um molho de peixe. Um dos pratos mais “simples” da degustação.
19) espaguete com manteiga defumada e champignon. Aroma forte, sabor marcante. Harmonizou bem com o vinho tinto.
20) anéis de lula. Em um molho que leva o nome da casa, Soeta, os anéis estavam no ponto correto e muito saborosos.
21) sopa de champignon selvagem. Nacos de champignon escuro são servidos em um caldo ralo. Muito bom.
22) canapé de caça. O segundo prato que mais gostei. Uma fina barra de chocolate amargo faz a vez de base para uma também fina camada de fígado de ave. Sensacional a mistura de sabores. Não harmonizou com o vinho tinto, pois o prato tinha mais personalidade. Mesmo assim, uma experiência no paladar incrível.
23) rabada com vinho, tortinha de batata e agrião. Versão estilizada para o famoso prato da culinária brasileira. Muito bem feito.
24) chá de cogumelo e jambu. O jambu é bem discreto, apenas para dar uma leve sensação de dormência na boca. Aqui, o prato serviu para limpar as papilas gustativas para o início da sequência de sobremesas.
25) lago de violeta. Uma bela apresentação, onde o lago é uma fina camada de gelo, salpicada com violeta em pó e uma bola de sorvete de uva. O ideal é experimentar os sabores conjuntamente na boca. Refrescante.
26) mangue. Sobremesa que chama a atenção pelo formato, lembrando um mangue. É uma mistura de chocolate, banana e açaí. Não gosto de açaí, motivo pelo qual acho que ele estragou o que poderia ser um belo doce.
27) seleção de petit fours. Encerramento da degustação com vários docinhos, alguns lembrando doces de infância, como a maria mole. Ideal para acompanhar um café espresso bem tirado. Foi o que fizemos. No meu caso, pedi um café descafeinado, da marca Nespresso.


tempura de quiabo


canapé de caça

Valor individual da conta: R$ 247,00.

Minha avaliação: * * * * 1/2. Experiência sensorial interessante, onde paladar, olfato, visão e tato (muitos pratos são para comer sem talheres, diretamente com as mãos) são instados a sensações diferenciadas. Recebeu vários prêmios desde sua inauguração. Detém uma estrela no ranking do Guia Quatro Rodas.

Gastronomia Vitória (ES)

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