Contatos: 27 3026 4433 ou 27 8875 1388.
Diferencial: o menu degustação, com 27 passos. É uma orgia gastronômica que
deve ser experimentada com tempo.
Especialidade: culinária contemporânea, dando
destaque a alguns produtos genuinamente brasileiros, mas não se esquecendo de
alguns clássicos da culinária internacional. Está sob o comando dos chefs Bárbara Verzola e Pablo
Pavon.
Quando fui: jantar do dia 31 de janeiro
de 2013, quinta-feira. Éramos cinco pessoas. Ficamos em mesa para seis em um
ambiente fechado, como se fosse a varanda da casa onde está instalado.
Serviço: muito bom,
com eficiência e presteza. Conjunto de louça bem diferente para cada prato,
bonito e funcional. O ponto negativo fica por conta das taças em que servem
espumantes e vinhos. Pelo nível do restaurante, estas taças deveriam ser de
cristal.
O que bebi: água
mineral com gás Pedra Azul Premium que acompanhou uma garrafa de espumante
Chandon do Brasil (R$ 69,00) e o uma garrafa do vinho tinto Crasto Etiqueta
Negra 2009 (R$ 84,00), produzido na região do Douro, em Portugal. O espumante
fez um belo papel na harmonização com os primeiros pratos da degustação, a
maioria deles elaborado com peixes ou frutos do mar. O vinho é muito bom,
elegante, encorpado, com presença, pedindo uma harmonização com comida, o que
casou com os pratos finais da degustação, antes das sobremesas.
O que comi: para servir o menu
degustação (R$ 158,00), todos os integrantes da mesa devem pedi-lo. Não houve
resistência de ninguém. Assim, durante quase três horas de jantar, degustamos
os 27 pratos servidos no menu degustação da casa. Antes de dar o início, o
garçom perguntou se havia alguma restrição alimentar, já que a composição dos
pratos era surpresa, um autêntico menu confiance. As restrições podem ser
individuais e o foram (kani, ovas e álcool). Eu não tive nenhuma. O início de tudo são chips de
batata doce, crocantes e sequinhos. A seguir, os demais 26 passos da degustação
da noite:
02) drinque de uísque com suco de
maracujá, servido na casca da fruta. O ácido do suco combinou bem com a bebida.
03) torrada mexicana com
guacamole. Ótima versão estilizada da tortilha típica da culinária mexicana.
Tem bela apresentação, é bem crocante e muito saborosa. O guacamole estava com
coentro em excesso para meu paladar.
04) pérola de vôngole. São dois vôngoles, um com coloração acinzentada, envolto em uma espécie de gelatina
feita com a própria água do molusco; e outro com coloração escura, feito com shoyo.
O melhor é comer o mais claro primeiro, pois o gosto do segundo é mais forte.
Não apreciei o primeiro deles, com gosto de mar, enquanto o segundo estava
ótimo.
05) pele de tilápia com sal de
ervas. Parece uma pururuca, bem salgadinha. Muito bom.
06) cristal de caipirinha com
açúcar demerara. Um dos melhores pratos da degustação (ou seria um drinque?).
Tem que colocar rapidamente na boca, pois o cristal vai derretendo.
Sensacional.
07) dois leites de macadâmia. São
dois tipos, sendo um com a oleaginosa crua e o outro com ela torrada, fazendo
um belo contraste no prato entre o branco e o creme. Por cima, há a mesma
macadâmia, só que ralada. Prato sem graça, tendo mais beleza do que sabor.
08) tempura de quiabo. Exemplo de
uma culinária fusion que impera no Soeta. O melhor prato da noite. Quiabo
sequinho,muito bem temperado.
09) mini berinjela com pasta de
gergelim. Sabor forte, nem sempre agrada a todos. Foi o que aconteceu na mesa.
Como gostei, acabei comendo o que sobrou de quem não gostou.
10) azeitona italiana com toque de
anchova. O prato me lembrou festas que frequentava na década de 70, onde a
azeitona imperava entre os salgadinhos servidos. O prato é salgado e muito bom,
pedindo uma bebida para suavizá-lo, o que fiz com o espumante.
11) papel de parmesão com toque de
balsâmico. É um papel comestível, salgadinho por causa do queijo parmesão
ralado que fica grudado nele. O aceto balsâmico é um diferencial neste prato.
Inusitado e muito bom.
12) ostra fresca com ar de água do
mar acompanhada de um cálice de chá gelado de maçã. Não gosto de ostra fresca e
com este prato não foi diferente. Nem o chá de maçã, mais doce, amenizou o
sabor de mar que a ostra tem.
13) tempura de ostra com ova de
cavala. Aqui foi diferente, pois a ostra não estava crua. Crocante como deve
ser um tempura. Achei interessante este prato com ostra vir em seguida a outro
com o mesmo molusco, pois fica evidente a alteração de sabor em texturas
diferentes. Muito bom.
14) salmão cozido a baixa
temperatura com conservas asiáticas. Mesmo cozido, tinha a textura de um
shasimi, o que tornou o prato diferente. Sabor leve e muito agradável ao
paladar.
15) canapé de pignole. Simples e
saboroso, preparando o paladar para a sequência de sabores mais fortes que
viriam em seguida.
16) nhoque de polenta, queijo
parmesão e um toque de café. O prato já começa a ser inusitado por ser feito de
polenta. O nhoque derretia na boca, com uma leve sensação de explosão na
língua. Um dos pratos que mais gostei.
17) carpaccio de filé com azeitona
e kinkan. Suave. São dois sabores distintos. Um vem com um molho em forma
circular feito com azeitona, dando um sabor mais salgado ao filé, enquanto o
molho de laranjinha kinkan deu um toque ácido à carne. Preferi o segundo. A
composição visual do prato, intercalando as cores dos molhos de azeitona e
kinkan, é muito bonita.
18) fondue de camarão. São três
peças de camarão levemente cozidos, com um molho de peixe. Um dos pratos mais “simples”
da degustação.
19) espaguete com manteiga
defumada e champignon. Aroma forte, sabor marcante. Harmonizou bem com o vinho
tinto.
20) anéis de lula. Em um molho que leva o nome da casa, Soeta, os anéis estavam no ponto correto e muito saborosos.
21) sopa de champignon selvagem.
Nacos de champignon escuro são servidos em um caldo ralo. Muito bom.
22) canapé de caça. O segundo
prato que mais gostei. Uma fina barra de chocolate amargo faz a vez de base
para uma também fina camada de fígado de ave. Sensacional a mistura de sabores.
Não harmonizou com o vinho tinto, pois o prato tinha mais personalidade. Mesmo
assim, uma experiência no paladar incrível.
23) rabada com vinho, tortinha de
batata e agrião. Versão estilizada para o famoso prato da culinária brasileira.
Muito bem feito.
24) chá de cogumelo e jambu. O
jambu é bem discreto, apenas para dar uma leve sensação de dormência na boca.
Aqui, o prato serviu para limpar as papilas gustativas para o início da
sequência de sobremesas.
25) lago de violeta. Uma bela
apresentação, onde o lago é uma fina camada de gelo, salpicada com violeta em
pó e uma bola de sorvete de uva. O ideal é experimentar os sabores
conjuntamente na boca. Refrescante.
26) mangue. Sobremesa que chama a
atenção pelo formato, lembrando um mangue. É uma mistura de chocolate, banana e
açaí. Não gosto de açaí, motivo pelo qual acho que ele estragou o que poderia
ser um belo doce.
27) seleção de petit fours.
Encerramento da degustação com vários docinhos, alguns lembrando doces de
infância, como a maria mole. Ideal para acompanhar um café espresso bem tirado. Foi o que fizemos. No meu caso, pedi um café descafeinado, da marca Nespresso.
tempura de quiabo
canapé de caça
Valor individual da conta: R$ 247,00.
Minha avaliação: * * * * 1/2. Experiência sensorial
interessante, onde paladar, olfato, visão e tato (muitos pratos são para comer
sem talheres, diretamente com as mãos) são instados a sensações diferenciadas. Recebeu vários prêmios desde sua inauguração. Detém uma estrela no ranking do Guia Quatro Rodas.
Gastronomia Vitória (ES)
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