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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

CRUZEIRO PELA PATAGÔNIA - DIA 1

Acordei e logo abri as cortinas. Montanhas nevadas compunham a paisagem. Estava diante do Fiorde Almirantazgo. Já navegávamos na Baía Ainsworth, onde o navio ancorou. Às 8 horas anunciaram que o café da manhã já estava sendo servido no Comedor Patagônia. Serviço de buffet, com opções de pães, tortas doces, muffins, bolos, frios, embutidos, queijos, iogurte, leite, café, chocolate quente, ovos mexidos, tostadas francesas, mini panquecas. Alguns estrangeiros eram avessos à fila no buffet e, sem cerimônia, enfiavam o prato ou a mão na frente de onde estávamos para pegar alguma coisa. Pareciam mortos de fome. O café da manhã ficava disponível por uma hora. Depois disto (e mesmo antes das 8 horas), um pequeno serviço, também self service, ficava à disposição dos passageiros de 6 horas às 18 horas no Salão Sky. Conforme orientação amplamente divulgada, às 09:15 horas estávamos vestidos com roupas para enfrentar o frio de 8º C, piso com lama e umidade, além de ostentar o colete salva vidas no corpo, devidamente ajustado. O ponto de encontro para nossa turma era o Salão Sky, onde recebemos instruções de como entrar no bote Zodiac que faria o nosso transporte do Stella Australis para terra firme, em frente ao Glaciar Marinelli, integrante da Cordilheira Darwin. Cada bote comportava até 12 passageiros, além do condutor. Antes de embarcar, cada um teve que retirar uma plaqueta que ficava presa ao colete salva-vidas com o número da cabine que ocupava. Era para o controle dos tripulantes para saber quem saiu e quem voltou ao barco. O local de embarque era atrás do navio, no nível da primeira coberta. Para entrar no Zodiac, apoia-se o pé na borda de borracha para ficar em pé rapidamente dentro do bote, sentando-se imediatamente na borda e deslizando, assentado, até perto do condutor, onde ficava o motor. Entra-se um de cada vez, indo, alternadamente, para os lados, até ficar completo. O trajeto é bem rápido. Em terra, desliza-se sentado até a borda contrária ao motor e, sentado, gira-se para o lado, colocando os dois pés em terra firme. Retirei o colete, deixando-o no chão, com uma pedra em cima para identificar que era o por mim usado (já que estava ajustado para meu corpo). O grupo de brasileiros, 26 no total, seria acompanhado por toda a expedição pelo guia Cristóbal, um chileno que adora o Brasil (tem uma namorada brasileira em Valinhos, São Paulo) e domina o português. Neste primeiro passeio, conhecemos um pouco da fauna, quando vi um pé de calafate, frutinha parecida com o mirtilo e onipresente nas refeições no navio, pés carregados de chaura (amarga), uma fruta local que, segundo dizem, quem dela come retorna à Patagônia, pés de frutilla del diablo, uma pequena fruta parecida com o morango mas que, se ingerida, provoca uma intensa diarreia. Tanto no navio, quanto no passeio, sempre fomos alertados para não comer nada que encontrássemos sem perguntar ao guia, pois podíamos nos dar mal. Além deste morango do diabo, há muitos mariscos nas pedras, mas o local tem a chamada maré vermelha, o que deixa tais mariscos tóxicos. Vimos, de longe, a geleira Glaciar Marinelli. Mesmo à distância, é impressionante. Entramos no pequeno bosque perto da praia, conhecendo as únicas três espécies de árvores da Patagônia e uma castoreira, mas não vimos nenhum castor. Este animal foi introduzido na década de quarenta (25 casais) na região por ter clima semelhante ao seu habitat natural, o Canadá, com o objetivo de vender a pele no mercado internacional. Mas logo descobriram que a pele era ruim, motivo pelo qual não mais foram abatidos/caçados. Hoje viraram uma praga por toda a região, estimando-se que existam mais de 150 mil castores. Segundo o guia disse, há pesquisas que dizem que a pele do castor para ficar macia e com alto valor de mercado, é necessária adrenalina e como não há predadores naturais deste animal na Patagônia, os ursos, por exemplo, eles não soltam adrenalina pois nunca se veem em perigo. O passeio termina às margens de um pequeno riacho que desemboca na mesma praia onde desembarcamos. Um dos brasileiros, um senhor já com mais de 60 anos, resolveu tirar toda a roupa, ficando apenas de cueca, para entrar na gelada água. Entrou, nadou, saiu, se secou, vestiu a pesada roupa de inverno e voltou para o navio. Corajoso. Na volta, novamente vestidos com nossos coletes, o bote foi em direção a uma ilhota de pedra onde um casal de elefantes marinhos com dois filhotes tomavam um pouco de sol. Pausa para fotos e retorno ao navio, onde tivemos tempo livre até ser servido o almoço, a partir de 13 horas. Assim que cheguei de volta, peguei a plaqueta de meu colete, retornei à cabine, tomei um ótimo banho e fui até à loja comprar uma calça impermeável, pois a calça que levei, própria para andar na neve, era muito grande e fiquei parecendo uma pata choca, sem bunda. Por U$ 47 comprei uma calça à prova de água e corta-vento, que vem embalada em seu próprio bolso traseiro. Muito prática e leve, ocupando pouco espaço em uma mala. Veste-se por cima de uma calça jeans, por exemplo. Quando anunciaram que o almoço estava servido, tratamos de ir logo para evitar as filas no buffet. Intitulado "Buffet Italiano", tinha as seguintes opções: berinjela, salada italiana, tomates, queijo de cabra, azeitonas, presunto cru, ovos de codorna, anchovas, pimentão vermelho, mussarela, ratatouille (quem disse que este prato é italiano?), anéis de lulas fritos, peru cozido, ravióli de espinafre, talharim, nhoque, lasanha à bolonhesa. Uma variedade grande de doces fazia a alegria de quem gosta de sobremesa. Entre as opções, sorvete de calafate, que experimentei e gostei. Após o almoço, um longo período de descanso, que aproveitei para dormir, enquanto o navio navegava em direção às Ilhotas Tucker, local escolhido por uma colônia de 2 mil pinguins para sua reprodução. Os passageiros foram divididos por grupos, pois não havia a possibilidade de  todos desembarcarem juntos, já que o passeio dura uma hora sem que ninguém saia dos botes Zodiac. Minha turma só desembarcou às 17:50 horas. Como não haveria desembarque em terra, não foi necessário tirar a plaqueta do colete, mas seu uso é obrigatório em toda saída do navio durante o cruzeiro. Fiquei com o guia Cristóbal. Ele foi falando sobre as aves que também escolheram as ilhas para se reproduzirem, como os cormorões e os chimangos. A primeira parte visitada da ilha são as pedras onde ficam as aves, depois chegamos à praia onde estavam os pinguins. São 17 espécies de pinguins existentes no mundo, todas somente no Hemisfério Sul. Os que estávamos vendo são os pinguins de magalhães. São pequenos, com o corpo em preto e branco e muito barulhentos. Foi uma ótima experiência. Voltamos ao barco vendo um belo revoar de pássaros. O tempo ajudava, pois o céu estava azul e o sol brilhava. No Stella Australis, era hora de se preparar para o jantar.

turismo

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

CRUZEIRO PELA PATAGÔNIA - NOITE 1

Assim que entrei no navio, uma pequena fila se formava em frente ao balcão da loja localizada no segundo piso, onde checavam os nomes dos passageiros e respectivas cabines, recolhendo o passaporte que só seria devolvido no final do cruzeiro. Um membro da equipe acompanhava os passageiros até o seu quarto. Serviço individualizado por cabine. A minha era no terceiro andar, tinha o número 326, situada perto das escadas de acesso aos demais andares e ao restaurante. A cabine tem um tamanho bom, com ampla janela permitindo uma ótima visão. Todas as cabines tem janelas, nenhuma é interna, afinal trata-se de um cruzeiro de expedição e, mesmo navegando, há muita coisa para se ver. Quem quiser, pode ficar na cabine e desfrutar de belas paisagens, além de poder avistar leões marinhos, golfinhos, muitas aves e até mesmo, com sorte, alguma baleia. Minha mala chegou rapidamente à cabine. Fiz um breve reconhecimento do quarto, provando o colete salva-vidas, seguindo as orientações do tripulante que me acompanhou até o quarto. O colete era do tamanho correto. Depois, parti para um recorrido, como dizem os de língua espanhola, em todo o navio, passando, antes, na cabine de meus amigos, localizado no quarto piso, de mesmo tamanho (apenas a janela era um pouco maior). Às 19 horas, ainda com o navio atracado no porto de Punta Arenas, foi servido um coquetel de boas vindas no Salão Darwin (5º piso) para os passageiros que seguiriam a expedição na língua inglesa e no Salão Sky (4º piso) para os passageiros que seguiriam a programação nas línguas portuguesa, espanhola e francesa. Passei primeiro no 5º piso para conhecer o bar, seguindo para a 4ª coberta, como eles chamam os andares, onde os oficiais e a equipe do navio Stella Australis foram apresentados, sempre nas três línguas. Durante esta apresentação foram servidas taças de espumante da vinícola chilena Undurraga, água, cerveja, refrigerante, canapés, bruschettas, salsichas, entre outros petiscos. Seguiu-se, nos mesmos locais do coquetel, um vídeo contendo instruções de segurança e informações sobre nossa rotina a bordo nos quatro dias da expedição. Terminada esta etapa, às 20 horas em ponto o navio deixou o porto em direção ao Estreito de Magalhães. Já navegando, o jantar de boas-vindas foi anunciado no sistema de som. O restaurante ficava na 1ª coberta, no Comedor Patagônia. Todos, diferente dos cruzeiros de turismo, fazem as refeições no mesmo horário, pois o navio leva, no máximo, algo em torno de 220 passageiros. Nossa mesa era a de número 19, situada mais ao fundo, no centro do salão, perto das mesas dos turistas brasileiros. A mesa 19 era somente para nós três, nenhum estranho nos fez companhia durante o cruzeiro. Nosso garçom se chamava Cristian e sempre procurava nos atender muito bem. Antes do jantar ser servido, o chefe de equipe informou que havia 18 nacionalidades diferentes entre os passageiros. Pediu que, ao chamar cada país, os respectivos passageiros se manifestassem. Obedeceu a ordem alfabética, em língua espanhola, deixando, como nos grandes torneios esportivos, o Chile por último. O nome do país era anunciado e uma turma levantava os braços ruidosamente, sendo recebidos com palmas pelos demais passageiros. Os países representados eram: Brasil, Chile, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Guatemala, Austrália, Espanha, Inglaterra, França, Itália, Suíça, Holanda, Alemanha, Áustria, Polônia, Bélgica e Lichenstein. Não precisa dizer que os mais alegres e ruidosos fomos nós, os brasileiros. Parecia que todos já esperavam por nossa alegria, pois o chefe de equipe anunciou o Brasil com outra entonação, mais vibrante, enquanto os estrangeiros abriram um grande sorriso para nós. O jantar sempre consistia de entrada (duas opções), prato principal (duas opções) e sobremesa. Nesta primeira noite, escolhi tartare de salmão com tapenade de azeitonas pretas como entrada e filé de albacora (um peixe branco) ao vinho tinto, bacon crisp, batatas cozidas e abobrinha ao tomilho como prato de fundo. Ambos os pratos estavam bem feitos, com ótima apresentação e saborosos. Finalizei com um zabaione de chirimoya alegre, uma fruta parecida com a pinha. Para cada refeição sempre havia um vinho tinto e outro branco, ambos de vinícolas chilenas, além de água, refrigerante, suco, cerveja. Não anotei a ordem em que os vinhos foram servidos, mas eram os seguintes rótulos durante os quatro dias de expedição: Viña Terra Andina Sauvignon Blanc; Viña Terra Andina Grande Vidure, Viña Miguel Torres Santa Digna Chardonnay, Viña Santa Rita Medalla Real Cabernet Sauvignon, Viña Santa Rita Medalla Real Sauvignon Blanc, Viña Santa Rita Medalla Real Merlot, Viña Santa Julia Chardonnay, Viña Santa Julia Malbec, Viña Miguel Torres Santa Digna Gewurztraminer, e Viña Miguel Torres Santa Digna Shiraz. Bebi sempre as opções de vinho tinto e apenas durante os quatro jantares a bordo. Terminado o jantar, um merecido descanso, apreciando a vista da janela da cabine até anoitecer totalmente, o que ocorreu depois das 21:30 horas. Subimos para o Salão Sky para ouvir uma palestra sobre a rota de navegação. Cansado, fui deitar antes de dar meia-noite. Dormi tranquilamente sem sentir o balanço do barco, que era mínimo. Navegamos pelo Estreito de Magalhães, entrando no Canal Whiteside, em direção à Baía Ainsworth, nossa primeira parada na manhã de domingo.

turismo

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PUNTA ARENAS E EMBARQUE NO NAVIO STELLA AUSTRALIS

No sábado, dia 18 de fevereiro de 2012, eu e meus dois amigos de Brasília, David e Roberto, dedicamos a manhã ensolarada, mas muito fria, ao Hotel Dreams, onde havíamos dormido de sexta para sábado. Punta Arenas não tem muito o que fazer e já tínhamos percorrido todo o centro desta pequena cidade chilena na noite anterior. O forte do turismo local são as saídas/chegadas de cruzeiros e o trecking nas montanhas geladas do seu entorno, além de navegar pela baía. Mesmo assim, após fazer o check out no hotel, caminhamos a pé pela orla da baía que dá acesso ao Estreito de Magalhães, bem ao lado do hotel, onde funciona um cassino que funciona 24 horas. A cidade tem dois centros de compras livres de tributação, que ficam afastados do centro. Muitos táxis-lotação levam turistas para fazer compras, mas este não era nosso objetivo, já que embarcaríamos para um cruzeiro de quatro noites pelas frias águas da Patagônia. Aproveitamos o tempo para um novo passeio pelo centro, parando nas lojas que vendem roupas de inverno, mas sem nada comprar. Na feira de artesanato da Plaza de Armas, a praça principal da cidade, comprei um gorro impermeável com proteção para os ouvidos para me proteger do vento frio que encontraríamos pela frente. Na hora do almoço, fomos para o bar-restaurante indicado pelos guias sobre a cidade: La Luna, lotado de turistas. Assim que terminamos o almoço, voltamos para o hotel onde tínhamos deixado nossa bagagem. Contratamos, ainda no Brasil, um transfer do hotel para o local onde faríamos o check in no navio Stella Australis. Às 16 horas em ponto a van encostou para nos levar. O trajeto durou pouco mais do que cinco minutos. O check in não é feito no porto por falta de estrutura, mas sim no escritório da empresa Cruceros Australis localizado em uma das esquinas da Plaza de Armas. Logo que descemos da van, os carregadores levaram nossa bagagem para dentro. Entramos. Havia um grupo enorme de franceses fazendo o check in, que poderia ser feito a partir de 13 horas, mas o embarque só seria liberado às 18 horas. Assim que perguntamos se havia fila, recebemos alguns formulários para preencher, incluindo um em que concordávamos que a empresa não se responsabilizaria por nenhum problema de saúde que tivéssemos durante o cruzeiro. Outro grupo, desta vez de alemães, chegou, acompanhado por uma guia local. O tumulto estava armado. Perguntamos novamente sobre a ordem de atendimento. Um dos funcionários disse para pegarmos uma senha. Onze era nosso número, enquanto o painel marcava o atendimento para a senha oito. Mais um grupo estrangeiro chegou, também com uma guia local que nitidamente era amiga de todos os que ali trabalhavam. Ela cumprimentou uma da atendentes, lhe entregando os passaportes de seus passageiros. Ao ver aquilo, perguntamos à atendente se não iria respeitar a ordem das senhas, quando, para nossa surpresa, recebemos a resposta que não estavam atendendo por senha. Foi o bastante para protestarmos, confrontando os dois atendentes que nos responderam coisas totalmente díspares. Ficaram sem resposta, mostrando a falta de profissionalismo e o favorecimento aos amigos. Independentemente do valor pago (e pagamos caro pelo cruzeiro!), deveria haver uma organização no check in. Já tinha observado em outras viagens que a falta de educação dos estrangeiros, especialmente dos europeus, estava ficando cada vez mais frequente, especialmente em questões de enfrentar filas (chineses eu nem falo, pois eles não tem a cultura de fazer filas), o que ficou evidenciado no check in para embarcar no Stella Australis. Voltando ao nosso atendimento, o terceiro atendente tentou se justificar dizendo que as pessoas costumavam pegar senha no outro balcão, motivo pelo qual criava certa confusão. Rechaçamos de pronto, pois isto não acontecera. Não havia ninguém no outro balcão e o número no display daquele setor indicava algo acima de vinte. Ele, muito sem graça, pegou nossos documentos e fez os procedimentos de praxe para o embarque. Recebemos as instruções, um cartão para ingresso no porto, identificamos nossas malas para a devida colocação de etiquetas e, quando saíamos, uma senhora, que parecia a gerente do escritório local, perguntou se houve algum problema. Limitamo-nos a dizer nossa péssima impressão em relação ao atendimento que recebemos e que esperávamos que a bordo a situação fosse diferente. Ela insistiu em conversar, mas dissemos que já tínhamos anotado o nome dos atendentes e que preferíamos escrever para a empresa relatando nossa experiência negativa. Como ainda faltava quase uma hora para o embarque, voltamos para o saguão do Hotel Dreams, que fica praticamente ao lado do porto, onde podíamos ficar sentados e ter acesso à internet. Aproveitamos o tempo para comer churros no café do saguão do hotel, mas não foi uma boa ideia, já que eles estavam crus. Às 18 horas fomos a pé para o porto. Com o cartão de acesso, foi rápida nossa entrada, indo direto para o controle de imigração sem necessidade de mostrar o passaporte já que a empresa cuidaria dos procedimentos de carimbo, passamos pelo raio X, para, em seguida, ficar em uma sala de espera para entrar em um micro-ônibus que conduzia os passageiros até o navio em um trajeto de pouco mais do que cem metros. Alguém perguntou se não poderia ir caminhando, mas as leis chilenas impedem o acesso a pé em portos onde haja movimentação de mercadorias. Chamavam por cabines, mostrando que ali havia organização. Os primeiros que foram chamados eram os ocupantes das cabines do quarto andar. Fiquei para a segunda leva, pois minha cabine era no terceiro andar. Por volta de 18:30 horas entrei no Stella Australis, dando início ao meu cruzeiro de expedição, denominação dada pela empresa para nosso passeio de quatro dias pelos mares da Patagônia.

turismo

domingo, 26 de fevereiro de 2012

FILIPE CATTO - FÔLEGO




Ouvir Filipe Catto é experimentar uma mistura de estilos diferentes, tornando-se uma coisa única, exclusiva, deste cantor gaúcho radicado em São Paulo. Já tinha postado aqui na série Música Que Ouço o seu primeiro trabalho: Fôlego. Ele tem a irreverência de Eduardo Dusek, a ousadia de Caetano Veloso, a dramaticidade de Maísa e um timbre de voz que nos lembra Ney Matogrosso. Seu cd está sempre em rotação no player de meu carro. Ao ler que ele seria uma das atrações do Festival Internacional de Artes de Brasília, que ocupou vários espaços da cidade durante os meses de janeiro e fevereiro, tratei logo de ir atrás do ingresso. Todo o festival teve entrada gratuita, mediante a retirada de um par de ingressos por pessoa a partir de 14 horas do dia marcado para o espetáculo. Cheguei de Recife no dia 01º de fevereiro, mesmo dia do show, já perto de 18 horas Antes de ir para casa, Ric me levou à bilheteria do Teatro Nacional Cláudio Santoro, onde consegui entrada para me sentar em uma das últimas filas. Antes de Filipe Catto, se apresentaria a banda brasiliense Innatura. Cheguei no horário marcado, às 20 horas, sem dificuldades para estacionar. A Sala Villa-Lobos estava com pouco menos de 2/3 ocupada. Com apenas dez minutos de atraso o show de reggae começou. Confesso que não sou fã deste ritmo e acabei o show continuando sem gostar. Meu interesse principal era ver em cena o cantor gaúcho. Montaram rapidamente o palco para, em seguida, ele ser anunciado. O público já tinha baixado para menos da metade do teatro, evidenciando que muitos foram ver e prestigiar a banda Innatura. O cenário é bem simples, com apenas as letras que formam a palavra fôlego dispostas irregularmente do lado ao contrário. A ideia que me passou era que os músicos estavam em um telhado de um edifício em meio aos letreiros de um grande painel luminoso. Foram quase duas horas de um espetáculo arrebatador. Filipe Catto é mil vezes melhor em cena. Ele interpreta cada canção com tanta carga emotiva que mais parece um ator. Ouvir Garçon, clássico brega de Reginaldo Rossi, na voz de Catto, parece uma outra canção. Crime Passional, Gardênia, Saga, Ave de Prata, todas músicas de seu cd, ficam superiores na interpretação ao vivo. Quem já o conhecia, cantava as suas músicas junto com ele. Quem ainda não sabia quem ele era, ficava extasiado, comentando que compraria o cd. Visivelmente emocionado, Catto terminou um belo show dizendo que aquele tinha sido seu maior público até então em sua carreira. Tenho certeza que ele ainda lotará os teatros pelo Brasil. Grande show. E o melhor: gratuito.

música

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

SHAKIRA LIVE FROM PARIS - BLU-RAY



Em 2011 assisti ao show de Shakira no estacionamento do então Estádio Mané Garrincha. Gostei tanto que assim que saiu em blu-ray, imediatamente comprei. Em uma noite de insônia, ao invés de ver um filme, resolvi recordar o show. Gravado em Paris, no Palais Omnisports de Paris-Bercy, nos dias 13 e 14 de junho de 2011, o show mantém a vibração do concerto ao vivo. Shakira não usa muitos efeitos tecnológicos durante os cerca de 100 minutos de apresentação para uma plateia que cantava junto vários de seus sucessos, tanto em inglês quanto em espanhol. Já quase no final, ela interpreta Je L'Aime A Mourir, em clara homenagem à França. Um fato a destacar é a desenvoltura com que Shakira fala em francês (ela fez o mesmo quando nos shows no Brasil, mostrando que domina também o português). O forte do espetáculo é a própria cantora, que troca pouco de figurino, sempre valorizando o seu corpo escultural. Sucessos como Gypsy, Whenever Wherever, Ojos Así, Loca, She Wolf não podem faltar e estão todos presentes. A última música é a eletrizante Waka Waka (This Time For Africa), quando dança e canta com vários jovens no palco. Um ótimo show, que vi ao vivo e agora posso rever quantas vezes quiser no aconchego de meu lar.


música

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

COMING OUT


Depois de algum tempo sem ver filme de temática homossexual, peguei o alemão Coming Out, lançado em 1989, para ver em dvd. Tenho o filme em minha filmoteca. É dirigido por Heiner Carow com duração aproximada de 113 minutos. Os principais atores são Mathias Freihof (o professor Philipp), Dirk Kummer (Mathias) e Dagmar Manzel (Tanja). O professor Philipp não consegue se assumir gay e acaba se envolvendo com Tanja, colega de trabalho, culminando com namoro e pedido de casamento. Tudo ia bem até aparecer Jakob, um amigo de Tanja, antigo amor de Philipp. Foi o bastante para ele ficar confuso, voltar a frequentar um bar gay e conhecer Mathias, por quem se apaixona. No entanto, ele não consegue largar Tanja e começa a ter uma vida dupla, com direito a frequentar parques públicos, numa autêntica caça ao sexo. O mote daria uma ótima história, mas Carow não conseguiu imprimir ritmo ao enredo, tornando-o enfadonho, chato de se ver. O roteiro é truncado, com cortes sem sentido. Ele deixa algumas cenas sem acabamento, ficando a cargo de quem assiste concluir o que aconteceu, mas nem sempre é fácil de se tirar conclusões, pois parece que falta algo ao filme. As atuações também são lastimáveis. Há uma festa a fantasia em um clube gay totalmente sem graça. Vemos claramente que os figurantes estão forçados na festa. No mesmo bar que acontece a festa, há uma outra cena, quando Phillip tem um ataque e acaba chorando sentado em uma mesa com um senhor de 70 anos que faz um discurso sobre a perseguição nazista aos homossexuais na época de Hitler, quando chegou a ir para um campo de concentração, sendo salvo pelo Partido Comunista. O seu discurso era para mostrar que a Alemanha estava melhor para todos, com exceção dos gays. A cena é interessante, mas o próprio filme desmente o discurso do velho, pois em uma das cenas iniciais, três brancos agridem um negro (em cena totalmente ensaiada, nitidamente falsa) em um vagão de metrô e ninguém ajuda. Textualmente os agressores demonstram que socam o negro somente por ele ser negro. O enredo poderia explorar melhor a causa de tanta repressão interna de Phillip, mostrando bem superficialmente que a família o sufocou na adolescência quando descobriu que ele gostava de homens.  O final é péssimo, com uma cena horrível na sala de aula, quando o professor será avaliado por uma equipe do colégio (os avaliadores tem cara de nazistas). Não há uma conclusão. Da forma que começou, terminou. Detestei.

filme
dvd

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

CONTOS DE AREIA - 70 ANOS DE CLARA NUNES


Os primeiros shows que fui neste ano de 2012 aconteceram no CCBB de Brasília, dentro do projeto Contos de Areia - 70 Anos de Clara Nunes que teve lugar no Teatro I daquele centro cultural durante o mês de janeiro. Foram seis shows, dos quais vi dois. Confesso que comecei a gostar de Clara Nunes recentemente, quando ouvi um especial no rádio. Acabei por comprar um cd duplo com os sucessos desta sambista nascida em Minas Gerais. Quando li sobre o projeto, tratei de comprar ingressos para os dois shows que coincidiam com a minha estadia na cidade. Cada ingresso custou R$ 3,00 (meia entrada), motivo pelo qual as sessões estavam sempre lotadas. Todos os seis shows tinham dois intérpretes desfilando o repertório de Clara Nunes, sempre acompanhados pelo mesmo time de músicos, liderados por Luís Felipe de Lima, um dos idealizadores do projeto. Fora os shows, ainda houve uma mesa redonda com Hermínio Bello de Carvalho, Nei Lopes e Vagner Fernandes. Durante cada espetáculo, projeções com depoimentos de gente que conheceu a cantora mineira ou que se lembrava dela passavam entre um bloco e outro. Os shows foram:

1) Monarco e Verônica Ferriani.
2) Joyce e Teresa Cristina.
3) Délcio Carvalho e Maíra Freitas.
4) Nei Lopes e Nilze Carvalho.
5) Mariene de Castro e Pedro Miranda.
6) Elton Medeiros e Fabiana Cozza.

Vi os dois primeiros.

Monarco e Verônica Ferriani



O show começou com Verônica Ferriani, uma sambista paulistana da nova geração. Foi a segunda vez que a vi no palco. Voz gostosa, leve, disse que se tornou sambista ao ouvir Clara Nunes, embora quando nasceu, a homenageada já tinha morrido. O show foi dividido em quatro blocos. No primeiro, Ferriani cantou quatro músicas, sendo muito ovacionada pela plateia. Em seguida, foi a vez de Monarco, representante da Velha Guarda da Portela e amigo de Clara, ser aplaudidíssimo quando cantou sucessos da cantora de sua autoria, como Jardim da Solidão e Rancho da Primavera. Entre uma música e outra, ele contava casos sobre Clara Nunes. O terceiro bloco teve Verônica novamente com mais sucessos da mineira, como a linda Menino Deus. A quarta parte do show foi a vez dos dois juntarem as vozes e colocarem a plateia para cantar e dançar. Belo show.

Joyce e Teresa Cristina



Sou fã de Teresa Cristina, tendo ido em quase todos os shows que ela fez em Brasília. Joyce sempre esteve no meu toca discos, mas nunca a tinha visto nos palcos. Foi a minha chance de vê-la. Achei ótimo. Ela era amiga e vizinha de Clara Nunes e Paulo César Pinheiro, o que possibilitou bons casos durante o show. A estrutura da apresentação foi a mesma do show anterior, dividido em quatro blocos. Destaque para as interpretações dos sucessos Morena de Angola, em versão mais cadente, Novo Amor, ambas de Chico Buarque, e Embala Eu, de Clementina de Jesus, com a qual Joyce e Teresa Cristina fecharam o ótimo show.



Pena que não pude ver os outros quatro shows, pois soube por amigos que foram tão bons quanto os que assisti.

música
show

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

CIRQUE DU SOLEIL - VAREKAI


Gosto de circo de qualquer forma, seja montado nas periferias das cidades, sejam espetáculos grandiosos como o Circo Imperial  da China ou o famoso Cirque du Soleil do qual já vi três montagens: Allegria, Ovo e Quidan. Meus pais também gostam muito e foram comigo no Quidan. Assim, quando anunciaram a vinda da montagem Varekai, pedi a minha mãe para ficar atenta na data de venda para Belo Horizonte. Ela comprou logo na primeira semana após a pré-venda para os portadores dos cartões de crédito que patrocinam a turné do circo pelo Brasil. Ficamos garantidos para a sessão do dia 21 de janeiro de 2012, um sábado, às 17 horas. Fui para BH somente para conferir o espetáculo. Na manhã de sábado, ao ler o jornal, fiquei sabendo que, devido às obras na região da Pampulha, o trânsito estava problemático para chegar à Avenida Clóvis Salgado, onde o circo montou sua tenda amarela e azul. Resolvemos sair com grande antecedência de casa, pegando um táxi às 15 horas. Realmente o trânsito ficou lento perto da Lagoa da Pampulha, na altura da Toca da Raposa, mas chegamos com uma hora de antecedência. Bilhetes conferidos, era hora de passear pela loja de souvenir, de onde saí com algumas lembranças (imã de geladeira, chaveiro, caneca e um nariz de palhaço para dar para minha afilhada Amanda). Também comprei o balde pequeno de pipoca, não porque estava com vontade, mas porque gostei do recipiente, parecendo um grande copo de plástico, devidamente tampado. Claro que tudo foi uma pequena fortuna. Quando deram o sinal, rapidamente nos acomodamos, em local privilegiado. Tínhamos uma excelente visão do palco, ficamos de frente, sem nada nos atrapalhando. Com dez minutos de atraso, as luzes se apagaram, com lotação plena. Varekai é dividido em dois atos, como sempre acontece nas montagens do Cirque du Soleil.  Diferente de Quidan, a última montagem que vi, esta é mais colorida, mais vibrante, muito alegre. Os números de palhaço são um caso à parte, especialmente para mim, que nunca gostei muito deste ícone circense. Os dois atores que fazem os números cômicos não estão caracterizados como palhaços e são realmente hilários. Impagável a cena em que o homem dubla Edith Piaf cantando Ne Me Quite Pas tentando ficar onde o canhão de luz apontava. Ele percorreu todo o picadeiro, além da plateia. Ótimo. Já os números circenses são muito bons, cheios de precisão e de alta performance dos artistas. Só não gostei do número com as crianças equilibristas. Achei chato e desnecessário. O mais vibrante é o número final, uma mistura de trapézio com trampolim. Muito bom. Os números que abrem os dois atos são plasticamente muito bonitos. Ambos começam do alto da tenda. Outro número que gostei muito foram dois artistas vestidos com roupa amarela e preta que faziam piruetas e cambalhotas em cima das pernas do outro. Um verdadeiro show. Com duas horas e meia de espetáculo, com intervalo de vinte e cinco minutos, acabou o belíssimo Varekai, ficando uma vontade de ver novamente. Quem sabe quando chegar em Brasília...


artes cênicas

domingo, 19 de fevereiro de 2012

EPHIGÊNIA BISTRÔ - GASTRONOMIA EM BELO HORIZONTE (MG)




Endereço: Rua Grão Pará, 20, Santa Efigênia, Belo Horizonte, MG.

Especialidade: culinária internacional.
Ambiente: fica em uma casa antiga, com mesas na varanda, de frente para a rua, um bar logo na entrada, com um aconchegante lugar para esperar mesas internas, que ficam em dois salões laterais, um à esquerda e outro à direita do bar. Ficamos no salão da esquerda, onde as mesas estão dispostas colocadas às paredes, revestidas de traços coloridos. Toalhas brancas e cadeiras de madeira também coloridas, destacando-se as amarelas. No centro das mesas, um vaso branco com flores de diversas cores.


Serviço: médio, pois nem todos os garçons estão no mesmo nível. Há um sommelier na casa que nos auxiliou na escolha do vinho. O garçom que nos atendeu era esforçado e sempre respondeu nossas indagações, que foram muitas. Ele também fez algumas sugestões de pratos.

Quando fui:  jantar do dia 21 de janeiro de 2012, um sábado. Éramos três pessoas na mesa.

O que bebi: água com gás São Lourenço acompanhando o vinho tinto espanhol Peique, safra 2009, produzido na região de Berzo com a casta mencia. O vinho é digno, nada de excepcional. Harmonizou bem com meu prato principal.



O que comi: aceitamos o couvert da casa, composto por pães variados e algumas pastas. Dispensável. Demos uma olhada nas entradas e várias delas nos chamaram a atenção, por serem releituras de alguns clássicos franceses, com a Coquille Saint-Jacques. Tínhamos lido que a casa oferecia como petisco testículos de boi com jiló frito, mas não constava do menu. Perguntamos ao garçom que confirmou esta opção de entrada e que tinha muita saída desde que começou a ser oferecida. Deixamos para uma outra oportunidade. Quando vi o cardápio, meus olhos pararam na opção bochecha de boi no sal aromático com molho de brotos de legumes, acompanhada de purê de mandioquinha (batata baroa). Não tive dúvidas em escolher este prato. A carne estava quase desmanchando, bem cozida e com um perfume fantástico. O molho escuro e espesso deu personalidade ao prato. O contraste da cor do molho com o alegre amarelo do purê de mandioquinha reflete o clima descontraído da casa, conversando com a própria decoração interna. Aprovadíssimo. Empolgado com o prato principal, escolhi uma releitura do creme brulée, pois o creme era feito de milho verde, com uma porção de doce de leite acima da capa crocante, um fino chips de chocolate e um único mirtilo para dar o toque internacional ao prato com sotaque mineiro. Estava ótimo.


bochecha de boi com purê de mandioquinha


creme brulée de milho verde

Quanto paguei: R$ 138,00, valor individual.

Minha avaliação: +++ 1/2. Vou voltar, com certeza, para conferir outras invenções e releituras do chef Robson Viana.

Gastronomia Belo Horizonte (MG)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

DE SANTIAGO PARA PUNTA ARENAS

Acordei bem disposto no meu último dia em Santiago nesta viagem. Arrumei a mala, tomei café da manhã, um bom e demorado banho, me aprontei. Aina faltavam duas horas e quinze minutos para eu deixar o hotel. Não pensei duas vezes. Dava tempo de conhecer o Museo de La Moda, localizado a menos de 100 metros do hotel. Antes, na recepção, reservei um táxi para me levar ao aeroporto para meio-dia. Cheguei na porta do museu com ele ainda fechado. Faltavam cinco minutos para sua abertura. Passado o tempo, o segurança me convidou a entrar. O Museo de La Moda fica em uma bela casa de arquitetura moderna e minimalista, rodeada de muito verde. Um ambiente bem agradável, até mesmo para um descompromissado almoço no seu belo café. Paguei $ 3.500 pelo ingresso, sendo alertado que fotos são permitidas desde que sem uso do flash, pois a luz afeta os tecidos das roupas expostas. Por causa desta sensibilidade, toda a parte do museu onde há roupa em exposição tem iluminação bem fraca, mas nada que impeça admirar as verdadeiras obras de arte de estilistas famosos como Armani, Givenchy, Muggler, Gaultier, Westwood, Saint-Laurent, Dior, Channel, entre muitos outros. Segundo me explicou um dos seguranças, o acervo do museu é muito grande, não sendo possível colocar todas as peças à mostra de uma única vez. São organizadas exposições temáticas e de acordo com o motivo escolhido, roupas, acessórios, calçados, móveis e objetos de decoração são apresentados ao público. Tive a sorte de visitar o local durante a exposição De Volta aos 80 II, uma ode à década de oitenta, com todos os seus excessos. Logo na entrada, um painel com fitas cassete nos conduz ao primeiro ambiente, onde o carro usado na trilogia De Volta Para O Futuro está exposto, juntamente com a jaqueta utilizada pelo personagem principal, enquanto cenas dos filmes passam em monitores de televisão da década de oitenta. Durante todo o trajeto ouve-se música, grandes sucessos da época nas vozes de Madonna, Titãs, Billy Idol, Sting, Cindy Lauper, B52's, The Smiths, Culture Club, Michael Jackson, Duran Duran, Bananarama, The Cure, Elton John, Soda Stereo, com direito a uma sala onde os clips destes artistas passavam sem pausas. Nos corredores, reproduções de capas e propagandas das revistas chilenas da década retratada. Alguns cômodos da casa tinham reproduções de salas, dormitórios e saletas com móveis e objetos de decoração que refletiam a rebeldia dos 80. Após esta ambientação visual e sonora, aparecem as salas onde vestidos, camisetas, jaquetas, sapatos, pulseiras, aneis, brincos, colares, ternos, gravatas, chapéus e afins, desenhados e usados na época em questão. Foi uma explosão de cores e formas, com direito a ver jaquetas de couro usadas por Arnold Schwarzenegger em O Extermiandor do Futuro e por Elton John em uma de suas turnês. Os relógios de plástico coloridos que trocavam as pulseiras também se fizeram pressentes, assim como o Atari, o walkman da Sony e um computador portátil da Philips que lembrava um capacete de piloto de Fórmula 1. Até uma prova do vestido de noiva usado por Lady Di em seu casamento com o Príncipe Charles ganha destaque na exposição. Quando me dei conta, já passavam de 11:30 horas. Voltei para o hotel, fiz o check out, quando a van que me levou ao aeroporto já me esperava. Este luxo custou-me $ 21.000, lançados na conta do hotel. O trajeto até o aeroporto durou 20 minutos. Rapidamente fiz meu check in no balcão da Lan, despachando minha pesada bagagem, já com 23,8 quilos, passando oitocentos gramas do máximo permitido pela companhia. A atendente quis me cobrar excesso de peso, mas com uma boa conversa, ela deixou passar. Ao sair do balcão da companhia, ouvi alguém chamar por mim. Era David que acabara de chegar, junto com Roberto, do Brasil para seguir viagem comigo. Com fome, lanchamos rapidamente no aeroporto antes de entrarmos para o salão de embarque. O voo teve um atraso de quinze minutos para decolagem, descontados no ar, pois chegamos antes da hora marcada em Punta Arenas, onde um frio de 11º C nos esperava. Tínhamos traslado pago desde o Brasil. Logo vimos uma mulher com a placa com o nome de David. Chegamos no hotel por volta de 17:15 horas. O Hotel Dreams, onde estamos, destoa totalmente das construções da cidade, não só pela altura, mas também por sua arquitetura, mesclando uma parte toda em vidro espelhado e outra parecendo um templo greco-romano, onde funciona o concorrido cassino para o qual os hóspedes não pagam para entrar. Deixamos para conhecê-lo mais tarde, pois descansamos por mais ou menos uma hora e saímos em seguida para conhecer a minúscula cidade, tirando fotos, sentindo um vento gelado potencializar mais ainda a sensação de frio. Caminhamos até perto de 21 horas, quando tínhamos reserva, feita na recepção do hotel, para o melhor restaurante da cidade, o Sotito's. Comida típica da Patagônia: centolla e cordeiro. Após o jantar, pegamos nossa cortesia para conhecer o cassino, mas não ficamos muito tempo lá dentro, pois o cheiro de cigarro era muito forte. Parece que todos fumam para esquentar o corpo. Demos uma rápida passagem no 11º andar do hotel par conhecer o Sky Bar, com vistas tanto para o mar quanto para a cidade. Todo iluminado com lâmpadas azuis, conferindo ao lugar um certo ar futurista. Vimos, colocamos um X e cada um foi para o seu quarto descansar.

turismo

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MÚSICA QUE OUÇO LXXXVII



Freddie Mercury - nostalgia...


música

FLANANDO EM VITACURA, LAS CONDES, PROVIDENCIA E PARQUE ARAUCO - SANTIAGO, CHILE

Quinta-feira belíssima em Santiago. O calor continuou forte o dia todo. Sem nenhum museu programado para o dia, saí do hotel às 10:30 horas. Fui bater perna pela chiquérrima região de Las Condes. Para tanto, peguei o caminho habitual, ou seja, a Avenida Americo Vespucio para a direita do hotel. Hoje descobri que o seu canteiro central é um parque que recebe o mesmo nome da avenida. No cruzamento com a Avenida Presidente Riesco, entrei à direita, observando os edifícios com seus belos jardins na esquerda da via, pois à direita fica o Clube de Golf Los Leones. Nesta avenida,  fui até a Calle El Golf, onde virei à esquerda, chegando na sombreada Plaza Loreto. Nesta praça há uma bela fonte, bancos debaixo de frondosas árvores, uma igreja e muitos prédios modernos. Em frente à fonte termina a Avenida Isidora Goyenechea onde nas calçadas de ambos os lados havia uma exposição de artes plásticas. Todas as obras eram enquadradas em molduras pretas do mesmo tamanho. O recheio do "quadro" ficava por conta do artista. Escultura e instalação viraram "pinturas"! Estas obras ocupavam três quadras da avenida. Muito interessante. A via é larga e está recheada de edifícios espelhados, bancos para descansar, muitos bares e restaurantes, desde os mais chiques até os de ferveção, cafés, incluindo dois Starbucks (parei em um deles para um providencial frappuccino, banheiro e acesso à internet wi-fi) e um Juan Valdés. Este último fica no mesmo prédio do luxuoso Hotel W. Ainda no mesmo prédio há a loja El Mundo del Vino, onde entrei, passei os olhos em rótulos e mais rótulos de vinhos chilenos, e comprei duas garrafas - Antyal e El Principal, além de acessórios. Feliz com a compra, mas com um peso a mais na mochila durante o resto do dia. Em frente ao hotel está a simpática Plaza Peru, onde muitas crianças aproveitavam o sol do final da manhã para utilizar os brinquedos coloridos. Um local que deve ser visitado na região é a Calle La Pastora que liga a Avenida Isidora Goyenechea ao Teatro Municipal de Las Condes. Nesta rua está o Paseo de Las Esculturas La Pastora, com obras instigantes. Passavam de 12:30 horas quando ainda tirava fotos destas esculturas e a fome deu sinal de vida, pois o café da manhã tinha sido mais cedo e bem frugal. Estava perto da Estación El Golf, linha vermelha. Aproveitei para colocar mais $1.500 no cartão do transporte público e pegar o metrô na direção San Pablo, descendo na Estación Manoel Montt, que fica na Avenida Providencia, em bairro de mesmo nome. Ali o comércio é mais popular, com restaurantes mais simples, repleta de galerias, livrarias, sebos e outlets de lojas esportivas. Nesta avenida fica o Senartur, órgão oficial de turismo do país, onde se pode pegar informações sobre passeios em todo o Chile e acessar a internet wi-fi gratuitamente. Ao lado, há uma biblioteca e a galeria El Patio, com restaurante de comida natural, livraria e lojinhas de artigos indianos e exotéricos. A minha ida até o bairro tinha um único objetivo: almoçar no Astrid & Gastón do premiado chef peruano Gastón Acurio. Foi o que fiz. Um belo almoço, por sinal. Depois de saciar a fome com iguarias peruanas, fiz o mesmíssimo trajeto de volta, com um sol de rachar na minha cabeça, chegando ao hotel por volta de 15:30 horas. Meu corpo estava todo dolorido. Deitei e dormi por mais de uma hora. Refeito do cansaço, saí de novo a pé. Não poderia deixar a cidade sem ir ao seu maior shopping. Em quinze minutos cheguei no gigante Parque Arauco. Nele encontra-se praticamente todas as lojas, sorveterias e cafés que são recomendados nos guias da cidade em endereços espalhados pelos bairros. Quem tiver pouco tempo e gosta de provar o que a cidade oferece em matéria de guloseimas, o melhor é concentrar esforços no shopping. Nele estão filiais da loja de vinhos El Mundo del Vino e das três mais conceituadas sorveterias da cidade, Bravíssimo, La Copellia e Emporio La Rosa. Nesta última tomei um duplo nos sabores laranja/gengibre e lúcuma (adoro esta fruta!). Comprei um presentinho para Getúlio na pet shop do centro de compras. As três lojas de departamento da cidade também estão presentes, vendendo de um tudo e cheia de brasileiros: Ripley, Falabella e Paris. Por falar em Brasil, algumas marcas de nosso país se fazem presentes com lojas próprias, como Ellus, Banco Itaú, Via Uno e Colcci. O Parque Arauco tem três pisos e ainda conta com uma enorme área externa, batizada de Boulevard del Parque, onde predominam restaurantes e cafés, entre eles uma unidade do Tanta, outro restaurante de Gastón Acurio. É do boulevard que saem os passeios vendidos pela Turistik para as vinícolas próximas da cidade. A unidade desta agência de viagens no local é concorridíssima. Fiquei quase duas horas observando o movimento e as vitrines das lojas. Quando meu corpo deu sinais de esgotamento, voltei para o hotel, passando por dentro do bairro Vitacura, um oásis de tranquilidade, muito arborizado e limpo, em meio a avenidas tão movimentadas. Sem fome, fui arrumar a mala para seguir viagem na sexta-feira. Não saí mais.

turismo

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PASSEANDO PELOS BAIRROS LASTARRIA, BELLAS ARTES E BELLA VISTA - SANTIAGO, CHILE

Acordei mais tarde nesta quarta-feira, sentindo dores nas pernas devido ao esforço de subir, no dia anterior, a escadaria do Cerro Santa Lucia. Decidi que a andança do segundo dia inteiro de turismo em Santiago seria mais devagar. Cerejas frescas no café da manhã. Banho tomado, filtro solar no corpo, calor forte, bermuda, chapéu na cabeça e saí. O início foi igual ao da terça-feira, pois caminhei do hotel até a Estación Escuela Militar do metrô, onde comprei uma garrafa de água mineral para refrescar a boca ($ 450). Linha vermelha, direção San Pablo. Desci na oitava estação, Baquedano, onde fiz baldeação para a linha verde, direção Plaza Maipú, descendo na primeira estação, Bellas Artes. Em todas as estações do metrô da cidade há obras de arte, algumas presente de metrô de outras cidades, como o de Lisboa. O projeto chama-se Metroarte. Uma interessante obra de Osvaldo Peña, chamada La Puente, está na estação Baquedano. Um tronco de árvore está colocado acima do trilho, em toda a largura da estação, e um boneco o atravessa altivo. A entrada da Estación Bellas Artes tem um mural multicolorido. Ao sair da estação, andei pouco mais de duzentos metros para chegar na primeira parada do dia: Museo Nacional de Bellas Artes. O prédio é muito bonito, tanto externamente, quando internamente, lembrando construções francesas clássicas. No lado esquerdo da porta, há uma escultura de um touro do artista Palolo Valdés muito impactante pela expressão de dor do animal. Paga-se $ 600 para entrar, com direito a ver todas as exposições temporárias e o acervo do museu. Mochila deve ficar na chapelaria. Cinco exposições temporárias ocupavam a maior parte dos espaços expositivos, em seus três níveis (subsolo, térreo e piso superior). Comecei pela maior delas, justamente do mesmo artista autor do touro do lado de fora do museu. Palolo Valdés se inspirou na Grécia para criar várias esculturas de cavalos, touros, homens e mulheres, mas sempre com um aspecto de envelhecidos, diferente do mármore reluzente que estamos acostumados a ver nos museus mundo afora. Bela montagem. A segunda mostra que vi dialogava com a exposição que havia visto no dia anterior, pois homenageava o centenário de Roberto Matta, chamada Matta 100. Ocupava todo o subsolo, em sala que recebe o nome do artista. Não havia nada de novo em relação ao que verifiquei no Centro Cultural Palacio La Moneda. Mesmo assim, gostei muito de observar a presença constante do erotismo e do surrealismo nas pinturas, desenhos e esculturas do artista. Fiz uma leitura dinâmica na terceira exposição, pois tinha os ganhadores da X Bienal de Videos Y Artes Mediales. O motivo da pressa foi que videoarte não me é muito atraente. Passei logo para a quarta exposição. Dois artistas, Patricia Vargas e Rodrigo Verga, dividem o mesmo espaço em montagem chamada Pinturas Recientes. Acontece que a primeira fez esculturas em miniatura, sempre retratando pares românticos (há um casal homossexual) em posições sensuais/sexuais. Estas esculturas estão colocadas em prateleiras de madeira que lembram uma cadeira, penduradas na parede e com um foco de luz em cada uma delas, parecendo pinturas. Já o segundo artista fez telas que lembram natureza morta, mas com objetos modernos, como um secador de cabelo. São quadros pequenos colocados propositalmente acima da linha horizontal dos olhos. Embora retratem coisas recentes, as pinturas estão envelhecidas, contrastando com o título da exposição. Pequena, pode-se vê-la em dez minutos. Em seguida, entrei nas salas que contém o acervo do museu, em montagem sobre retratos. Como não conhecia nenhum dos pintores expostos, não fiquei muito entusiasmado. Parti para a quinta exposição temporária chamada Efímero, da artista Maria Angelica Echaverri. São apenas cinco obras gigantes feitas com uma espécie de palha trançada, destas que se usam em cestos artesanais. Muito interessante. Parei para um café na cafeteria local, pagando $ 1.000 por ele. De volta para a rua, fui até o Rio Mapocho. Nesta região, seu leito é limpo e em ambos os lados há parques bem cuidados. Um destes parques é o Parque Florestal, por onde fiz uma caminhada até a Puente Puríssima, já na Plaza Italia, divisão imaginária da região chique para a região mais popular da cidade. Voltei pela Calle Merced até chegar na Calle José Victorino Lastarria onde está a pequena Plaza Mulato Gil de Castro, endereço dos museus Museo de Artes Visuales (MAVI) e Museo Arqueologico de Santiago. Um movimentado Café do Museo fica neste local. Infelizmente, mais um local turístico fechado para reformas. Entrei na bela construção na esquina à esquerda da praça, onde funciona um coletivo de designers de moda chilena. Peças interessantes a preços convidativos, mas não estava com espírito de compras. Segui caminhando, passando pelo cinema El Biografo, local de filmes de arte, pela pequena, mas sombreada, Plazuela Vera Cruz, onde muita gente fazia a siesta. Vi por fora a Iglesia Vera Cruz, inaugurada em 1857, com fachada de uma coloração vinho bem forte. Para variar, estava fechada. Hora de almoçar. Nesta rua há muitas opções de restaurantes transados, bem decorados e cheios de gente interessante. Optei pelo rústico Sur Patagónico. Após o almoço, voltei a caminhar pela Calle Merced, verificando as lojas de presentes, as sorveterias e cafés, todos sempre cheios. Fui até a Calle Mosqueto, que me lembrou as ruas de Copacabana, no Rio de Janeiro, pelas árvores e pelas sombras dos altos prédios. Outra rua com uma série de restaurantes bacanas. O final desta rua é em frente à entrada do Museo de Arte Contemporaneo (MAC), obviamente fechado. Ele fica nas costas do Mueso Nacional de Bellas Artes, em prédio anexo, mas independente. Na praça em frente à sua fachada principal está a escultura El Caballo, de Fernando Botero. Hora de cruzar o Rio Mapocho pela primeira vez. Atravessei-o pela Puente José Maria de La Barra, entrando, à direita, na Calle Bella Vista, onde há várias casas e prédios grafitados com cores vibrantes. Estas paredes grafitadas são marca registrada do bairro Bella Vista, como notei em meu passeio por ele. Andei até a entrada do Patio Bella Vista, uma espécie de shopping a céu aberto, lotado de bares e restaurantes, além de lojas para presentes. A presença maciça é de turistas, motivo pelo qual o câmbio ale é muito desfavorável, mais até do que no aeroporto. Como foi o único câmbio que vi pela frente, acabei trocando R$100,00. Andei sem rumo neste centro de entretenimento, saindo na Calle Constitución, a mais fervida do lugar. É um restaurante mais bonito do que o outro ao longo da extensão da rua. É por ela que se tem acesso à rua sem saída Fernando Márquez de La Plata onde funciona a Casa Museo La Chascona, uma das três residências do poeta Pablo Neruda no Chile, a única em Santiago. Cheguei lá às 15:15 horas. Só se conhece a casa em visita guiada, limitado em dez pessoas por vez. Tive sorte de ter vaga na turma das 15:30 horas com guia em espanhol. Paguei $ 3.500 pelo ingresso. Nove pessoas seguiram o guia pelos apertados cômodos da casa, construída em diversos níveis, respeitando o terreno acidentado. A casa foi toda concebida como se fosse um barco, embora Neruda não soubesse nadar e tivesse receio do mar. Ao longo de quarenta minutos aprende-se sobre a vida deste ganhador do prêmio Nobel de literatura (a medalha está exposta na biblioteca da casa, último lugar da visita). Neruda deu o nome de La Chascona por causa de sua terceira mulher, que tinha os cabelos grandes e revoltos. La Chascona quer dizer a descabelada. Dizem que a casa foi construída de forma irregular por causa dos cabelos de sua mulher. Durante a visita, me identifiquei com o poeta, pois ele gostava de colecionar tudo, desde garrafas vazias até bonecos antigos. Uma estranha peça desenhada por Oscar Niemeyer é mostrada pelo guia, assim como pinturas de Diego Rivera, Fernand Léger e Roberto Matta. Gostei muito desta visita guiada. Passeio obrigatório para quem vier a Santiago. Já cansado, resolvi voltar para o hotel. Estava a quinze minutos a pé da Estación Baquedano, linha vermelha. Fiz o trajeto de volta para o Novotel. Tive três horas e meia para descansar antes de sair novamente, desta vez para jantar no La Mar do aclamado chef peruano Gastón Acurio. Tinha reservado no dia anterior para 20:30horas. Na hora exata lá estava. Fechei a noite em grande estilo.

turismo

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

UM DIA PASSEANDO PELO CENTRO DE SANTIAGO

Acordei bem disposto, tomei um reforçado café da manhã no Novotel Vitacura para aguentar um longo dia de caminhada pela região do Centro de Santiago. O dia amanheceu lindo, céu azul, sol a pino, calor acima de 30º. Claro que passei filtro solar antes de sair. Bermuda, tênis, camisa pólo, chapéu e mochila formaram minha vestimenta. Decidi pegar o metrô. A estação mais próxima ficava cerca de vinte e cinco minutos do hotel em caminhada de turista. O trajeto é muito agradável, sem necessidade de virar nenhuma rua. Sempre na mesma Avenida Americo Vespucio, caminhando pelo seu espaçoso canteiro central. Na verdade, é um parque, pois tem muito verde, esculturas, banheiros químicos, brinquedos infantis, bancos, sombra. No centro dele, em um caminho de saibro, os chilenos caminham, correm, andam de bicicleta, passeiam com o cachorro, sempre na coleira. O local é muito bem conservado e limpo. Ao longo dos dois lados da avenida, edifícios majestosos. Saí do hotel às 09:50 h, chegando meia hora depois na Estación Escuela Militar, onde carreguei com $ 3.000 o cartão de transporte da cidade, válido para todo o sistema de transporte público. Linha vermelha, em direção a San Pablo. Na décima segunda estação, a La Moneda, desci do metrô. Era o começo de um grande périplo pelo centro da cidade, conhecendo os seguintes locais:

01) Palacio La Moneda - estiloso, tem sua fachada principal voltada para a Avenida Libertador Bernardo O'Higgins, exatamente onde fica o mastro da enorme bandeira que comemora o bicentenário da independência chilena. Um espelho d'água fica no meio da esplanada em frente ao palácio. Dois militares em farda especial estavam montados a cavalo, fazendo a alegria de turistas que tiravam fotos, inclusive eu. Depois das fotos, fui até a entrada, assim como outros turistas, mas, ao contrário do que informam os guias, não se pode mais entrar para ver os pátios internos. Segundo o guarda que estava na portaria, ainda existe visita guiada, desde que agendada previamente pelo site do palácio. Dei meia volta e vi as fontes de água serem ligadas. Elas ficam nas duas laterais do espelho d'água.

02) Centro Cultural Palacio La Moneda - é um espaço moderno localizado no subsolo da esplanada e do espelho d'água do palacio com entradas pelas duas ruas laterais. Tem biblioteca, cinemateca, loja de artesanato de todas as regiões do Chile, dois cafés (um de cada lado), além de espaços para exposições temporárias, tudo espalhado em três níveis. Há uma bilheteria, mas as mostras em cartaz eram gratuitas. Tinham três exposições: uma sobre Violeta Parra, que não pude entrar por estar em manutenção; uma chamada Color & Vibración, sobre as cores e os sons acoplados a ela. Muito tecnológica, interativa, atraindo a moçada jovem. Rápida de se ver. A terceira era a maior, ocupando as duas salas maiores no piso -3, além de um dos espaços laterais do mesmo nível, trazia uma retrospectiva do artista plástico Roberto Motta, por ocasião de seu centenário, chamada Matta - Centenário 11.11.11. Não conhecia nada deste artista e fiquei entusiasmado com algumas de suas pinturas, principalmente pelas cores fortes e pelo tom apocalíptico que ele usava para denunciar os horrores da guerra. Depois de ficar mais de uma hora no local, precisava tomar um refresco. Optei pelo Torres Café, uma filial do centenário café da cidade, o segundo mais antigo da América do Sul. Foi ótimo porque aproveitei para acessar a internet, já que havia wi-fi gratuito para os clientes. Apenas um café expresso, bem forte, por sinal, e uma água com gás Porvenir, totalizando $ 2.400, já incluído o serviço.

03) Plaza de La Constitución - as costas do Palacio La Moneda dá para esta conservada praça, onde ocorre a troca de guarda do palácio em dias alternados, sempre às 10 horas da manhã. Como já passava do meio-dia, não presenciei este espetáculo. Alguns prédios ao redor da praça chamam a atenção por sua arquitetura. O semi-círculo de bandeiras chilenas é um dos destaques do local, além de um estátua de Salvador Allende na ponta esquerda de quem olha para o palácio.

04) Plaza de Armas - muito movimentada de locais, turistas, pintores, aposentados, jogadores de xadrez, vendedores de flores (14 de fevereiro se comemora o dia dos namorados no Chile), operários em obra de restauração da rua lateral. Nela estão vários prédios indicados como pontos turísticos, descritos logo a seguir. O curioso na praça é o contraste de arquitetura, com a catedral muito antiga ladeada por um prédio moderno, todo espelhado, que reflete a lateral da igreja. Todos tiram foto deste belo contraste.

05) Catedral Metropolitana de Santiago - a fachada atual data de 1789, onde as grandes portas de madeira se destacam. O interior é escuro, mas bem amplo, com muitos lustres pendurados nas pilastras de sustentação. Quando entrei começava uma missa, impedindo-me de visitar todo o templo, mas voltei mais tarde (igrejas são ótimos locais para se sentar, respirar, meditar, durante um dia de turismo a pé), e pude ver tudo. O altar é muito bonito, mas não há nada do que já tinha visto antes.

06) Municipalidad de Santiago - é o terceiro prédio a contar de quem sai da catedral. Sede da prefeitura, não permite visitas turísticas.

07) Museo Histórico Nacional - o prédio se chama Palacio de la Real Audiencia, é pintado de amarelo e tem objetos da história chilena. Já cansei de ver museus deste tipo. Não entrei.

08) Correo Central - sede do correio, é belíssimo, tanto por fora quanto por dentro. O teto é de metal com vidro e dele pende um conservado e grande lustre.

09) Palacio de Los Tribunales de Justicia - só passei na porta e tirei foto, pois não estava aberto para visitações.

10) Ex-Congresso Nacional - o congresso chileno funciona em Valparaíso. A sua antiga sede é um bela construção que fica atrás da catedral. Não estava aberto, mas deu para ver seu bem cuidado jardim pelas grades. Lembra a sede do parlamento francês.

11) Museo Chileno de Arte Precolombiano - queria muito ver este museu somente por causa de uma múmia mais antiga do que as egípcias, mas, infelizmente, ele estava fechado devido às reformas que lá acontecem.

12) Mercado Central - igual a qualquer mercado, cheio de gente, de bancas de frutas, restaurantes e mais restaurantes, repletos de turistas provando a variedade de mariscos dos mares chilenos. Passei só para ver as bancas de frutos do mar, muitos deles completamente estranhos para mim: centolla, locos, machas, jaiva, piure, picoroco, entre outros. A estrutura de aço do prédio é um ponto de destaque. Saí de lá o mais rápido possível, porque o cheiro de peixe fresco me enjoa. Quase em frente ao mercado fica a antiga estação ferroviária, hoje transformada no Centro Cultural Mapocho. O prédio é bonito, mas não havia nada em cartaz no momento, estando, pois, de portas fechadas.

13) Rambla Gaudí - é uma reprodução da obra de Gaudí no Parc Guell em Barcelona. Fica na entrada da sede da empresa Água Andina. Em frente ao prédio está o mal cuidado Parque de Los Reyes, onde há esculturas interessantes. Por trás do parque, corre o Rio Mapocho, que nesta parte estava bem sujo, com muito lixo.

14) Bolsa de Comercio - prédio clássico localizado em uma região chamada de City, por abrigar várias sedes de bancos, além da própria bolsa de valores. Apenas vi por fora o edifício, passeando pelas Calles Bolsa e Nueva York.

15) Iglesia de San Francisco e Museo Colonial de San Francisco - ficam na movimentada Avenida Libertador Bernadrdo O'Higgins, próximos da sede da Universidad de Chile (um prédio amarelo). A igreja é a mais antiga da cidade e seu interior não desmente isto. As colunas são feitas de pedras aparentes, sem tamanhos definidos e o teto é todo em madeira trabalhada. Como a catedral, seu interior também é bem escuro. Ao lado funciona o museu no primeiro piso do convento ainda em atividade com 14 frades morando no segundo andar. Paga-se $ 1.000,00 para entrar. Mochilas ficam na bilheteria. O grande trunfo do museu fica na chamada Gran Sala, onde estão expostas 54 telas que contam a vida de São Francisco. Segundo a vendedora da entrada do museu, são as peças de arte mais valiosas de todo o país. No mais, imagens de santos, pinturas, prataria, vestimentas, móveis relativos à atividade da igreja.

16) Paris-Londres - um pequeno bairro por detrás da Igreja de São Francisco. Nem parece que estamos em Santiago e no centro da cidade, pois as ruas são calmas (até demais), limpas, calçadas em paralelepípedo, prédios em estilo francês, muito bem conservados. Nada além disto. É conhecer, tirar fotos e ir embora.

17) Biblioteca Nacional - ocupa uma quadra inteira, em estilo francês. Qualquer pessoa pode entrar para visitar ou consultar um livro. Fiquei do lado de fora.

18) Paseo Ahumada - rua de pedestre, muito movimentada, cheia de lojas populares e galerias (chamadas pasajes). O diferente do local são os cafés Haiti e Caribe, chamados de cafés con piernas. O balcão é vazado, deixando à mostra as pernas das atendentes, todas com corpão, usando microvestidos. Para atiçar mais ainda a vontade dos frequentadores, a maioria senhores de idade, elas ficam em um tablado mais alto do que o chão, facilitando a visão dos clientes. Um outro café, localizado na maior galeria da rua (Pasaje Edward) é mais explícito ainda, pois as atendentes servem usando biquínis. O café chama-se Macumba e tem suas paredes de vidro cobertas com película escura. Só quem entra, vê a cena. O curioso é que em frente ao café está a escada que dá acesso ao cinema no subsolo. Detalhe: a programação só tem filmes "adultos".

19) Casa Colorada e Museo Santiago - a mais antiga casa colonial de dois pavimentos da cidade ainda de pé, onde funciona o museu da cidade. Mais um ponto turístico fechado. Aproveitei que ali estava para almoçar no charmoso Ambrosia, que fica atrás da Casa Colorada, que tem este nome por causa do vermelho de suas paredes.

20) Cerro Santa Lucia - terminei o passeio fazendo uma loucura: subir as escadarias deste parque público. Cansativo e sem nada de interessante. Para entrar e subir a escadaria é preciso se identificar na portaria,colocando nome e nacionalidade na lista de presença. Totalmente dispensável.

Cansado, com as pernas doendo, desci as escadas do Cerro Santa Lucia para pegar o metro na Estación Santa Lucia, linha vermelha em direção a Los Dominicos. Doze estações depois, desci na Escuela Militar, refazendo o caminho que tinha feito de manhã. Cheguei no hotel exausto. Antes de tomar um banho de banheira, resolvi fazer uma reserva para jantar, mas depois de oito tentativas, desisti. Noite de dia de namorados, não havia nenhum restaurante que eu queria conhecer com lugar disponível. Precavido, fiz uma reserva no La Mar para o jantar da quarta-feira. Comi no restaurante do hotel mesmo. Uma surpresa agradável.

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