No sábado, dia 18 de fevereiro de 2012, eu e meus dois amigos de Brasília, David e Roberto, dedicamos a manhã ensolarada, mas muito fria, ao Hotel Dreams, onde havíamos dormido de sexta para sábado. Punta Arenas não tem muito o que fazer e já tínhamos percorrido todo o centro desta pequena cidade chilena na noite anterior. O forte do turismo local são as saídas/chegadas de cruzeiros e o trecking nas montanhas geladas do seu entorno, além de navegar pela baía. Mesmo assim, após fazer o check out no hotel, caminhamos a pé pela orla da baía que dá acesso ao Estreito de Magalhães, bem ao lado do hotel, onde funciona um cassino que funciona 24 horas. A cidade tem dois centros de compras livres de tributação, que ficam afastados do centro. Muitos táxis-lotação levam turistas para fazer compras, mas este não era nosso objetivo, já que embarcaríamos para um cruzeiro de quatro noites pelas frias águas da Patagônia. Aproveitamos o tempo para um novo passeio pelo centro, parando nas lojas que vendem roupas de inverno, mas sem nada comprar. Na feira de artesanato da Plaza de Armas, a praça principal da cidade, comprei um gorro impermeável com proteção para os ouvidos para me proteger do vento frio que encontraríamos pela frente. Na hora do almoço, fomos para o bar-restaurante indicado pelos guias sobre a cidade: La Luna, lotado de turistas. Assim que terminamos o almoço, voltamos para o hotel onde tínhamos deixado nossa bagagem. Contratamos, ainda no Brasil, um transfer do hotel para o local onde faríamos o check in no navio Stella Australis. Às 16 horas em ponto a van encostou para nos levar. O trajeto durou pouco mais do que cinco minutos. O check in não é feito no porto por falta de estrutura, mas sim no escritório da empresa Cruceros Australis localizado em uma das esquinas da Plaza de Armas. Logo que descemos da van, os carregadores levaram nossa bagagem para dentro. Entramos. Havia um grupo enorme de franceses fazendo o check in, que poderia ser feito a partir de 13 horas, mas o embarque só seria liberado às 18 horas. Assim que perguntamos se havia fila, recebemos alguns formulários para preencher, incluindo um em que concordávamos que a empresa não se responsabilizaria por nenhum problema de saúde que tivéssemos durante o cruzeiro. Outro grupo, desta vez de alemães, chegou, acompanhado por uma guia local. O tumulto estava armado. Perguntamos novamente sobre a ordem de atendimento. Um dos funcionários disse para pegarmos uma senha. Onze era nosso número, enquanto o painel marcava o atendimento para a senha oito. Mais um grupo estrangeiro chegou, também com uma guia local que nitidamente era amiga de todos os que ali trabalhavam. Ela cumprimentou uma da atendentes, lhe entregando os passaportes de seus passageiros. Ao ver aquilo, perguntamos à atendente se não iria respeitar a ordem das senhas, quando, para nossa surpresa, recebemos a resposta que não estavam atendendo por senha. Foi o bastante para protestarmos, confrontando os dois atendentes que nos responderam coisas totalmente díspares. Ficaram sem resposta, mostrando a falta de profissionalismo e o favorecimento aos amigos. Independentemente do valor pago (e pagamos caro pelo cruzeiro!), deveria haver uma organização no check in. Já tinha observado em outras viagens que a falta de educação dos estrangeiros, especialmente dos europeus, estava ficando cada vez mais frequente, especialmente em questões de enfrentar filas (chineses eu nem falo, pois eles não tem a cultura de fazer filas), o que ficou evidenciado no check in para embarcar no Stella Australis. Voltando ao nosso atendimento, o terceiro atendente tentou se justificar dizendo que as pessoas costumavam pegar senha no outro balcão, motivo pelo qual criava certa confusão. Rechaçamos de pronto, pois isto não acontecera. Não havia ninguém no outro balcão e o número no display daquele setor indicava algo acima de vinte. Ele, muito sem graça, pegou nossos documentos e fez os procedimentos de praxe para o embarque. Recebemos as instruções, um cartão para ingresso no porto, identificamos nossas malas para a devida colocação de etiquetas e, quando saíamos, uma senhora, que parecia a gerente do escritório local, perguntou se houve algum problema. Limitamo-nos a dizer nossa péssima impressão em relação ao atendimento que recebemos e que esperávamos que a bordo a situação fosse diferente. Ela insistiu em conversar, mas dissemos que já tínhamos anotado o nome dos atendentes e que preferíamos escrever para a empresa relatando nossa experiência negativa. Como ainda faltava quase uma hora para o embarque, voltamos para o saguão do Hotel Dreams, que fica praticamente ao lado do porto, onde podíamos ficar sentados e ter acesso à internet. Aproveitamos o tempo para comer churros no café do saguão do hotel, mas não foi uma boa ideia, já que eles estavam crus. Às 18 horas fomos a pé para o porto. Com o cartão de acesso, foi rápida nossa entrada, indo direto para o controle de imigração sem necessidade de mostrar o passaporte já que a empresa cuidaria dos procedimentos de carimbo, passamos pelo raio X, para, em seguida, ficar em uma sala de espera para entrar em um micro-ônibus que conduzia os passageiros até o navio em um trajeto de pouco mais do que cem metros. Alguém perguntou se não poderia ir caminhando, mas as leis chilenas impedem o acesso a pé em portos onde haja movimentação de mercadorias. Chamavam por cabines, mostrando que ali havia organização. Os primeiros que foram chamados eram os ocupantes das cabines do quarto andar. Fiquei para a segunda leva, pois minha cabine era no terceiro andar. Por volta de 18:30 horas entrei no Stella Australis, dando início ao meu cruzeiro de expedição, denominação dada pela empresa para nosso passeio de quatro dias pelos mares da Patagônia.
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