Assim que entrei no navio, uma pequena fila se formava em frente ao balcão da loja localizada no segundo piso, onde checavam os nomes dos passageiros e respectivas cabines, recolhendo o passaporte que só seria devolvido no final do cruzeiro. Um membro da equipe acompanhava os passageiros até o seu quarto. Serviço individualizado por cabine. A minha era no terceiro andar, tinha o número 326, situada perto das escadas de acesso aos demais andares e ao restaurante. A cabine tem um tamanho bom, com ampla janela permitindo uma ótima visão. Todas as cabines tem janelas, nenhuma é interna, afinal trata-se de um cruzeiro de expedição e, mesmo navegando, há muita coisa para se ver. Quem quiser, pode ficar na cabine e desfrutar de belas paisagens, além de poder avistar leões marinhos, golfinhos, muitas aves e até mesmo, com sorte, alguma baleia. Minha mala chegou rapidamente à cabine. Fiz um breve reconhecimento do quarto, provando o colete salva-vidas, seguindo as orientações do tripulante que me acompanhou até o quarto. O colete era do tamanho correto. Depois, parti para um recorrido, como dizem os de língua espanhola, em todo o navio, passando, antes, na cabine de meus amigos, localizado no quarto piso, de mesmo tamanho (apenas a janela era um pouco maior). Às 19 horas, ainda com o navio atracado no porto de Punta Arenas, foi servido um coquetel de boas vindas no Salão Darwin (5º piso) para os passageiros que seguiriam a expedição na língua inglesa e no Salão Sky (4º piso) para os passageiros que seguiriam a programação nas línguas portuguesa, espanhola e francesa. Passei primeiro no 5º piso para conhecer o bar, seguindo para a 4ª coberta, como eles chamam os andares, onde os oficiais e a equipe do navio Stella Australis foram apresentados, sempre nas três línguas. Durante esta apresentação foram servidas taças de espumante da vinícola chilena Undurraga, água, cerveja, refrigerante, canapés, bruschettas, salsichas, entre outros petiscos. Seguiu-se, nos mesmos locais do coquetel, um vídeo contendo instruções de segurança e informações sobre nossa rotina a bordo nos quatro dias da expedição. Terminada esta etapa, às 20 horas em ponto o navio deixou o porto em direção ao Estreito de Magalhães. Já navegando, o jantar de boas-vindas foi anunciado no sistema de som. O restaurante ficava na 1ª coberta, no Comedor Patagônia. Todos, diferente dos cruzeiros de turismo, fazem as refeições no mesmo horário, pois o navio leva, no máximo, algo em torno de 220 passageiros. Nossa mesa era a de número 19, situada mais ao fundo, no centro do salão, perto das mesas dos turistas brasileiros. A mesa 19 era somente para nós três, nenhum estranho nos fez companhia durante o cruzeiro. Nosso garçom se chamava Cristian e sempre procurava nos atender muito bem. Antes do jantar ser servido, o chefe de equipe informou que havia 18 nacionalidades diferentes entre os passageiros. Pediu que, ao chamar cada país, os respectivos passageiros se manifestassem. Obedeceu a ordem alfabética, em língua espanhola, deixando, como nos grandes torneios esportivos, o Chile por último. O nome do país era anunciado e uma turma levantava os braços ruidosamente, sendo recebidos com palmas pelos demais passageiros. Os países representados eram: Brasil, Chile, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Guatemala, Austrália, Espanha, Inglaterra, França, Itália, Suíça, Holanda, Alemanha, Áustria, Polônia, Bélgica e Lichenstein. Não precisa dizer que os mais alegres e ruidosos fomos nós, os brasileiros. Parecia que todos já esperavam por nossa alegria, pois o chefe de equipe anunciou o Brasil com outra entonação, mais vibrante, enquanto os estrangeiros abriram um grande sorriso para nós. O jantar sempre consistia de entrada (duas opções), prato principal (duas opções) e sobremesa. Nesta primeira noite, escolhi tartare de salmão com tapenade de azeitonas pretas como entrada e filé de albacora (um peixe branco) ao vinho tinto, bacon crisp, batatas cozidas e abobrinha ao tomilho como prato de fundo. Ambos os pratos estavam bem feitos, com ótima apresentação e saborosos. Finalizei com um zabaione de chirimoya alegre, uma fruta parecida com a pinha. Para cada refeição sempre havia um vinho tinto e outro branco, ambos de vinícolas chilenas, além de água, refrigerante, suco, cerveja. Não anotei a ordem em que os vinhos foram servidos, mas eram os seguintes rótulos durante os quatro dias de expedição: Viña Terra Andina Sauvignon Blanc; Viña Terra Andina Grande Vidure, Viña Miguel Torres Santa Digna Chardonnay, Viña Santa Rita Medalla Real Cabernet Sauvignon, Viña Santa Rita Medalla Real Sauvignon Blanc, Viña Santa Rita Medalla Real Merlot, Viña Santa Julia Chardonnay, Viña Santa Julia Malbec, Viña Miguel Torres Santa Digna Gewurztraminer, e Viña Miguel Torres Santa Digna Shiraz. Bebi sempre as opções de vinho tinto e apenas durante os quatro jantares a bordo. Terminado o jantar, um merecido descanso, apreciando a vista da janela da cabine até anoitecer totalmente, o que ocorreu depois das 21:30 horas. Subimos para o Salão Sky para ouvir uma palestra sobre a rota de navegação. Cansado, fui deitar antes de dar meia-noite. Dormi tranquilamente sem sentir o balanço do barco, que era mínimo. Navegamos pelo Estreito de Magalhães, entrando no Canal Whiteside, em direção à Baía Ainsworth, nossa primeira parada na manhã de domingo.
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