Quando de minha primeira viagem de 2012 a São Paulo, decidi que conheceria ou revisitaria um dos vários museus da cidade cada vez que tiver que viajar até lá, seja a trabalho (quando sobrar tempo) ou a lazer. Assim, após dois dias de trabalho na primeira semana do ano, dediquei parte de um sábado quente para conhecer o Museu Afro-Brasil que ocupa o Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, um dos vários projetos de Oscar Niemeyer dentro do Parque do Ibirapuera. Cheguei por volta de dez horas da manhã, não pagando nada para entrar, pois a entrada é gratuita. Não é permitido percorrer os espaços expositivos com mochilas e bolsas grandes, motivo pelo qual tive que colocar a que carregava no guarda-volumes localizado na entrada do museu. São três pavimentos: subsolo, térreo e piso superior. Preferi começar visitando onde está a exposição do acervo, no piso superior. Uma rampa nos conduz ao andar desembocando na Biblioteca Carolina Maria de Jesus, especializada em livros que abordam o tema da negritude. Passando pela biblioteca, já tem início a exposição do rico acervo do museu, em concepção museológica um tanto quanto estranha à primeira vista, pois todos os espaços disponíveis são utilizados, do chão ao teto, passando por paredes, colunas e divisórias de madeira. A estranheza inicial logo passou, pois fiquei entusiasmado com o que via. São várias exposições permanentes ou de longa duração dentro do mesmo espaço, fundindo-se uma com as outras, às vezes por conexão com o tema, outras pela disparidade entre eles, dando um contraste interessante. Passeando sem uma direção certa, tive contato com obras de pintores negros brasileiros, muitos deles desconhecidos para mim. Quadros lindos, de um apuro técnico fantástico, estavam nesta seção. Sem ser na ordem de visitação, passei por objetos que remetiam à África; ao tempo da escravidão no Brasil; às religiões afro-brasileiras; além de ver uma galeria de grandes expoentes negros da história de nosso país. Toda forma de arte está representada neste andar do museu: pintura, escultura, instalação, fotografia, arte popular. O cinema, o teatro e a televisão também são lembrados, uma vez que a grande atriz Ruth de Souza empresta seu nome ao teatro que se localiza no extremo oposto da biblioteca. Um dos artistas plásticos que mais admiro é Nelson Leirner, presente com instalação tanto na exposição do acervo (O Cortejo, 2009), quanto na mostra temporária que vi no subsolo do museu. Outro destaque para mim foi a parte dedicada às religiões, com várias figuras de orixás de diversos tamanhos. Para ver tudo com calma, entendo ser necessário mais de uma visita ao museu. Não adianta querer esgotar tudo em um único dia, pois a dinâmica da visitação é cansativa e há muita informação escrita, além da informação visual diversificada. Quando vi que estava cansado, resolvi encerrar a visita ao piso superior, após duas horas e vinte minutos percorrendo as obras expostas. Saí um pouco, tomei um ar fresco, fiz um pequeno lanche fora do museu, retornando para conferir as exposições temporárias. A primeira delas, espalhada pelo subsolo e térreo, era sobre o sertão e o homem sertanejo. Chama-se O Sertão: Da Caatinga, Dos Santos, Dos Beatos e Dos Cabras da Peste. Claro que Lampião e Maria Bonita tinham um espaço reservado para eles. Utilizando de diversos recursos museológicos e o que a tecnologia oferece, a mostra consegue aproximar o visitante ao sertão. São pinturas, fotos, vestuário, esculturas, instalações, ex-votos (uma das partes que mais gostei), documentos, luzes, som, projeções, que permitem à mais urbana das pessoas ter uma noção do que é viver no sertão. Em uma parte do térreo, uma outra exposição, muito colorida e singela, mostra as infinitas possibilidades de se fazer brinquedos com material simples. É a exposição Brincar com Arte - O Brinquedo Popular do Nordeste. Ambas as exposições estão em cartaz até o dia 01º de abril de 2012. Com certeza voltarei mais vezes ao Museu Afro-Brasil.
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