Acordei bem disposto, tomei um reforçado café da manhã no Novotel Vitacura para aguentar um longo dia de caminhada pela região do Centro de Santiago. O dia amanheceu lindo, céu azul, sol a pino, calor acima de 30º. Claro que passei filtro solar antes de sair. Bermuda, tênis, camisa pólo, chapéu e mochila formaram minha vestimenta. Decidi pegar o metrô. A estação mais próxima ficava cerca de vinte e cinco minutos do hotel em caminhada de turista. O trajeto é muito agradável, sem necessidade de virar nenhuma rua. Sempre na mesma Avenida Americo Vespucio, caminhando pelo seu espaçoso canteiro central. Na verdade, é um parque, pois tem muito verde, esculturas, banheiros químicos, brinquedos infantis, bancos, sombra. No centro dele, em um caminho de saibro, os chilenos caminham, correm, andam de bicicleta, passeiam com o cachorro, sempre na coleira. O local é muito bem conservado e limpo. Ao longo dos dois lados da avenida, edifícios majestosos. Saí do hotel às 09:50 h, chegando meia hora depois na Estación Escuela Militar, onde carreguei com $ 3.000 o cartão de transporte da cidade, válido para todo o sistema de transporte público. Linha vermelha, em direção a San Pablo. Na décima segunda estação, a La Moneda, desci do metrô. Era o começo de um grande périplo pelo centro da cidade, conhecendo os seguintes locais:
01) Palacio La Moneda - estiloso, tem sua fachada principal voltada para a Avenida Libertador Bernardo O'Higgins, exatamente onde fica o mastro da enorme bandeira que comemora o bicentenário da independência chilena. Um espelho d'água fica no meio da esplanada em frente ao palácio. Dois militares em farda especial estavam montados a cavalo, fazendo a alegria de turistas que tiravam fotos, inclusive eu. Depois das fotos, fui até a entrada, assim como outros turistas, mas, ao contrário do que informam os guias, não se pode mais entrar para ver os pátios internos. Segundo o guarda que estava na portaria, ainda existe visita guiada, desde que agendada previamente pelo site do palácio. Dei meia volta e vi as fontes de água serem ligadas. Elas ficam nas duas laterais do espelho d'água.
02) Centro Cultural Palacio La Moneda - é um espaço moderno localizado no subsolo da esplanada e do espelho d'água do palacio com entradas pelas duas ruas laterais. Tem biblioteca, cinemateca, loja de artesanato de todas as regiões do Chile, dois cafés (um de cada lado), além de espaços para exposições temporárias, tudo espalhado em três níveis. Há uma bilheteria, mas as mostras em cartaz eram gratuitas. Tinham três exposições: uma sobre Violeta Parra, que não pude entrar por estar em manutenção; uma chamada Color & Vibración, sobre as cores e os sons acoplados a ela. Muito tecnológica, interativa, atraindo a moçada jovem. Rápida de se ver. A terceira era a maior, ocupando as duas salas maiores no piso -3, além de um dos espaços laterais do mesmo nível, trazia uma retrospectiva do artista plástico Roberto Motta, por ocasião de seu centenário, chamada Matta - Centenário 11.11.11. Não conhecia nada deste artista e fiquei entusiasmado com algumas de suas pinturas, principalmente pelas cores fortes e pelo tom apocalíptico que ele usava para denunciar os horrores da guerra. Depois de ficar mais de uma hora no local, precisava tomar um refresco. Optei pelo Torres Café, uma filial do centenário café da cidade, o segundo mais antigo da América do Sul. Foi ótimo porque aproveitei para acessar a internet, já que havia wi-fi gratuito para os clientes. Apenas um café expresso, bem forte, por sinal, e uma água com gás Porvenir, totalizando $ 2.400, já incluído o serviço.
03) Plaza de La Constitución - as costas do Palacio La Moneda dá para esta conservada praça, onde ocorre a troca de guarda do palácio em dias alternados, sempre às 10 horas da manhã. Como já passava do meio-dia, não presenciei este espetáculo. Alguns prédios ao redor da praça chamam a atenção por sua arquitetura. O semi-círculo de bandeiras chilenas é um dos destaques do local, além de um estátua de Salvador Allende na ponta esquerda de quem olha para o palácio.
04) Plaza de Armas - muito movimentada de locais, turistas, pintores, aposentados, jogadores de xadrez, vendedores de flores (14 de fevereiro se comemora o dia dos namorados no Chile), operários em obra de restauração da rua lateral. Nela estão vários prédios indicados como pontos turísticos, descritos logo a seguir. O curioso na praça é o contraste de arquitetura, com a catedral muito antiga ladeada por um prédio moderno, todo espelhado, que reflete a lateral da igreja. Todos tiram foto deste belo contraste.
05) Catedral Metropolitana de Santiago - a fachada atual data de 1789, onde as grandes portas de madeira se destacam. O interior é escuro, mas bem amplo, com muitos lustres pendurados nas pilastras de sustentação. Quando entrei começava uma missa, impedindo-me de visitar todo o templo, mas voltei mais tarde (igrejas são ótimos locais para se sentar, respirar, meditar, durante um dia de turismo a pé), e pude ver tudo. O altar é muito bonito, mas não há nada do que já tinha visto antes.
06) Municipalidad de Santiago - é o terceiro prédio a contar de quem sai da catedral. Sede da prefeitura, não permite visitas turísticas.
07) Museo Histórico Nacional - o prédio se chama Palacio de la Real Audiencia, é pintado de amarelo e tem objetos da história chilena. Já cansei de ver museus deste tipo. Não entrei.
08) Correo Central - sede do correio, é belíssimo, tanto por fora quanto por dentro. O teto é de metal com vidro e dele pende um conservado e grande lustre.
09) Palacio de Los Tribunales de Justicia - só passei na porta e tirei foto, pois não estava aberto para visitações.
10) Ex-Congresso Nacional - o congresso chileno funciona em Valparaíso. A sua antiga sede é um bela construção que fica atrás da catedral. Não estava aberto, mas deu para ver seu bem cuidado jardim pelas grades. Lembra a sede do parlamento francês.
11) Museo Chileno de Arte Precolombiano - queria muito ver este museu somente por causa de uma múmia mais antiga do que as egípcias, mas, infelizmente, ele estava fechado devido às reformas que lá acontecem.
12) Mercado Central - igual a qualquer mercado, cheio de gente, de bancas de frutas, restaurantes e mais restaurantes, repletos de turistas provando a variedade de mariscos dos mares chilenos. Passei só para ver as bancas de frutos do mar, muitos deles completamente estranhos para mim: centolla, locos, machas, jaiva, piure, picoroco, entre outros. A estrutura de aço do prédio é um ponto de destaque. Saí de lá o mais rápido possível, porque o cheiro de peixe fresco me enjoa. Quase em frente ao mercado fica a antiga estação ferroviária, hoje transformada no Centro Cultural Mapocho. O prédio é bonito, mas não havia nada em cartaz no momento, estando, pois, de portas fechadas.
13) Rambla Gaudí - é uma reprodução da obra de Gaudí no Parc Guell em Barcelona. Fica na entrada da sede da empresa Água Andina. Em frente ao prédio está o mal cuidado Parque de Los Reyes, onde há esculturas interessantes. Por trás do parque, corre o Rio Mapocho, que nesta parte estava bem sujo, com muito lixo.
14) Bolsa de Comercio - prédio clássico localizado em uma região chamada de City, por abrigar várias sedes de bancos, além da própria bolsa de valores. Apenas vi por fora o edifício, passeando pelas Calles Bolsa e Nueva York.
15) Iglesia de San Francisco e Museo Colonial de San Francisco - ficam na movimentada Avenida Libertador Bernadrdo O'Higgins, próximos da sede da Universidad de Chile (um prédio amarelo). A igreja é a mais antiga da cidade e seu interior não desmente isto. As colunas são feitas de pedras aparentes, sem tamanhos definidos e o teto é todo em madeira trabalhada. Como a catedral, seu interior também é bem escuro. Ao lado funciona o museu no primeiro piso do convento ainda em atividade com 14 frades morando no segundo andar. Paga-se $ 1.000,00 para entrar. Mochilas ficam na bilheteria. O grande trunfo do museu fica na chamada Gran Sala, onde estão expostas 54 telas que contam a vida de São Francisco. Segundo a vendedora da entrada do museu, são as peças de arte mais valiosas de todo o país. No mais, imagens de santos, pinturas, prataria, vestimentas, móveis relativos à atividade da igreja.
16) Paris-Londres - um pequeno bairro por detrás da Igreja de São Francisco. Nem parece que estamos em Santiago e no centro da cidade, pois as ruas são calmas (até demais), limpas, calçadas em paralelepípedo, prédios em estilo francês, muito bem conservados. Nada além disto. É conhecer, tirar fotos e ir embora.
17) Biblioteca Nacional - ocupa uma quadra inteira, em estilo francês. Qualquer pessoa pode entrar para visitar ou consultar um livro. Fiquei do lado de fora.
18) Paseo Ahumada - rua de pedestre, muito movimentada, cheia de lojas populares e galerias (chamadas pasajes). O diferente do local são os cafés Haiti e Caribe, chamados de cafés con piernas. O balcão é vazado, deixando à mostra as pernas das atendentes, todas com corpão, usando microvestidos. Para atiçar mais ainda a vontade dos frequentadores, a maioria senhores de idade, elas ficam em um tablado mais alto do que o chão, facilitando a visão dos clientes. Um outro café, localizado na maior galeria da rua (Pasaje Edward) é mais explícito ainda, pois as atendentes servem usando biquínis. O café chama-se Macumba e tem suas paredes de vidro cobertas com película escura. Só quem entra, vê a cena. O curioso é que em frente ao café está a escada que dá acesso ao cinema no subsolo. Detalhe: a programação só tem filmes "adultos".
19) Casa Colorada e Museo Santiago - a mais antiga casa colonial de dois pavimentos da cidade ainda de pé, onde funciona o museu da cidade. Mais um ponto turístico fechado. Aproveitei que ali estava para almoçar no charmoso Ambrosia, que fica atrás da Casa Colorada, que tem este nome por causa do vermelho de suas paredes.
20) Cerro Santa Lucia - terminei o passeio fazendo uma loucura: subir as escadarias deste parque público. Cansativo e sem nada de interessante. Para entrar e subir a escadaria é preciso se identificar na portaria,colocando nome e nacionalidade na lista de presença. Totalmente dispensável.
Cansado, com as pernas doendo, desci as escadas do Cerro Santa Lucia para pegar o metro na Estación Santa Lucia, linha vermelha em direção a Los Dominicos. Doze estações depois, desci na Escuela Militar, refazendo o caminho que tinha feito de manhã. Cheguei no hotel exausto. Antes de tomar um banho de banheira, resolvi fazer uma reserva para jantar, mas depois de oito tentativas, desisti. Noite de dia de namorados, não havia nenhum restaurante que eu queria conhecer com lugar disponível. Precavido, fiz uma reserva no La Mar para o jantar da quarta-feira. Comi no restaurante do hotel mesmo. Uma surpresa agradável.
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