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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PASSEANDO PELOS BAIRROS LASTARRIA, BELLAS ARTES E BELLA VISTA - SANTIAGO, CHILE

Acordei mais tarde nesta quarta-feira, sentindo dores nas pernas devido ao esforço de subir, no dia anterior, a escadaria do Cerro Santa Lucia. Decidi que a andança do segundo dia inteiro de turismo em Santiago seria mais devagar. Cerejas frescas no café da manhã. Banho tomado, filtro solar no corpo, calor forte, bermuda, chapéu na cabeça e saí. O início foi igual ao da terça-feira, pois caminhei do hotel até a Estación Escuela Militar do metrô, onde comprei uma garrafa de água mineral para refrescar a boca ($ 450). Linha vermelha, direção San Pablo. Desci na oitava estação, Baquedano, onde fiz baldeação para a linha verde, direção Plaza Maipú, descendo na primeira estação, Bellas Artes. Em todas as estações do metrô da cidade há obras de arte, algumas presente de metrô de outras cidades, como o de Lisboa. O projeto chama-se Metroarte. Uma interessante obra de Osvaldo Peña, chamada La Puente, está na estação Baquedano. Um tronco de árvore está colocado acima do trilho, em toda a largura da estação, e um boneco o atravessa altivo. A entrada da Estación Bellas Artes tem um mural multicolorido. Ao sair da estação, andei pouco mais de duzentos metros para chegar na primeira parada do dia: Museo Nacional de Bellas Artes. O prédio é muito bonito, tanto externamente, quando internamente, lembrando construções francesas clássicas. No lado esquerdo da porta, há uma escultura de um touro do artista Palolo Valdés muito impactante pela expressão de dor do animal. Paga-se $ 600 para entrar, com direito a ver todas as exposições temporárias e o acervo do museu. Mochila deve ficar na chapelaria. Cinco exposições temporárias ocupavam a maior parte dos espaços expositivos, em seus três níveis (subsolo, térreo e piso superior). Comecei pela maior delas, justamente do mesmo artista autor do touro do lado de fora do museu. Palolo Valdés se inspirou na Grécia para criar várias esculturas de cavalos, touros, homens e mulheres, mas sempre com um aspecto de envelhecidos, diferente do mármore reluzente que estamos acostumados a ver nos museus mundo afora. Bela montagem. A segunda mostra que vi dialogava com a exposição que havia visto no dia anterior, pois homenageava o centenário de Roberto Matta, chamada Matta 100. Ocupava todo o subsolo, em sala que recebe o nome do artista. Não havia nada de novo em relação ao que verifiquei no Centro Cultural Palacio La Moneda. Mesmo assim, gostei muito de observar a presença constante do erotismo e do surrealismo nas pinturas, desenhos e esculturas do artista. Fiz uma leitura dinâmica na terceira exposição, pois tinha os ganhadores da X Bienal de Videos Y Artes Mediales. O motivo da pressa foi que videoarte não me é muito atraente. Passei logo para a quarta exposição. Dois artistas, Patricia Vargas e Rodrigo Verga, dividem o mesmo espaço em montagem chamada Pinturas Recientes. Acontece que a primeira fez esculturas em miniatura, sempre retratando pares românticos (há um casal homossexual) em posições sensuais/sexuais. Estas esculturas estão colocadas em prateleiras de madeira que lembram uma cadeira, penduradas na parede e com um foco de luz em cada uma delas, parecendo pinturas. Já o segundo artista fez telas que lembram natureza morta, mas com objetos modernos, como um secador de cabelo. São quadros pequenos colocados propositalmente acima da linha horizontal dos olhos. Embora retratem coisas recentes, as pinturas estão envelhecidas, contrastando com o título da exposição. Pequena, pode-se vê-la em dez minutos. Em seguida, entrei nas salas que contém o acervo do museu, em montagem sobre retratos. Como não conhecia nenhum dos pintores expostos, não fiquei muito entusiasmado. Parti para a quinta exposição temporária chamada Efímero, da artista Maria Angelica Echaverri. São apenas cinco obras gigantes feitas com uma espécie de palha trançada, destas que se usam em cestos artesanais. Muito interessante. Parei para um café na cafeteria local, pagando $ 1.000 por ele. De volta para a rua, fui até o Rio Mapocho. Nesta região, seu leito é limpo e em ambos os lados há parques bem cuidados. Um destes parques é o Parque Florestal, por onde fiz uma caminhada até a Puente Puríssima, já na Plaza Italia, divisão imaginária da região chique para a região mais popular da cidade. Voltei pela Calle Merced até chegar na Calle José Victorino Lastarria onde está a pequena Plaza Mulato Gil de Castro, endereço dos museus Museo de Artes Visuales (MAVI) e Museo Arqueologico de Santiago. Um movimentado Café do Museo fica neste local. Infelizmente, mais um local turístico fechado para reformas. Entrei na bela construção na esquina à esquerda da praça, onde funciona um coletivo de designers de moda chilena. Peças interessantes a preços convidativos, mas não estava com espírito de compras. Segui caminhando, passando pelo cinema El Biografo, local de filmes de arte, pela pequena, mas sombreada, Plazuela Vera Cruz, onde muita gente fazia a siesta. Vi por fora a Iglesia Vera Cruz, inaugurada em 1857, com fachada de uma coloração vinho bem forte. Para variar, estava fechada. Hora de almoçar. Nesta rua há muitas opções de restaurantes transados, bem decorados e cheios de gente interessante. Optei pelo rústico Sur Patagónico. Após o almoço, voltei a caminhar pela Calle Merced, verificando as lojas de presentes, as sorveterias e cafés, todos sempre cheios. Fui até a Calle Mosqueto, que me lembrou as ruas de Copacabana, no Rio de Janeiro, pelas árvores e pelas sombras dos altos prédios. Outra rua com uma série de restaurantes bacanas. O final desta rua é em frente à entrada do Museo de Arte Contemporaneo (MAC), obviamente fechado. Ele fica nas costas do Mueso Nacional de Bellas Artes, em prédio anexo, mas independente. Na praça em frente à sua fachada principal está a escultura El Caballo, de Fernando Botero. Hora de cruzar o Rio Mapocho pela primeira vez. Atravessei-o pela Puente José Maria de La Barra, entrando, à direita, na Calle Bella Vista, onde há várias casas e prédios grafitados com cores vibrantes. Estas paredes grafitadas são marca registrada do bairro Bella Vista, como notei em meu passeio por ele. Andei até a entrada do Patio Bella Vista, uma espécie de shopping a céu aberto, lotado de bares e restaurantes, além de lojas para presentes. A presença maciça é de turistas, motivo pelo qual o câmbio ale é muito desfavorável, mais até do que no aeroporto. Como foi o único câmbio que vi pela frente, acabei trocando R$100,00. Andei sem rumo neste centro de entretenimento, saindo na Calle Constitución, a mais fervida do lugar. É um restaurante mais bonito do que o outro ao longo da extensão da rua. É por ela que se tem acesso à rua sem saída Fernando Márquez de La Plata onde funciona a Casa Museo La Chascona, uma das três residências do poeta Pablo Neruda no Chile, a única em Santiago. Cheguei lá às 15:15 horas. Só se conhece a casa em visita guiada, limitado em dez pessoas por vez. Tive sorte de ter vaga na turma das 15:30 horas com guia em espanhol. Paguei $ 3.500 pelo ingresso. Nove pessoas seguiram o guia pelos apertados cômodos da casa, construída em diversos níveis, respeitando o terreno acidentado. A casa foi toda concebida como se fosse um barco, embora Neruda não soubesse nadar e tivesse receio do mar. Ao longo de quarenta minutos aprende-se sobre a vida deste ganhador do prêmio Nobel de literatura (a medalha está exposta na biblioteca da casa, último lugar da visita). Neruda deu o nome de La Chascona por causa de sua terceira mulher, que tinha os cabelos grandes e revoltos. La Chascona quer dizer a descabelada. Dizem que a casa foi construída de forma irregular por causa dos cabelos de sua mulher. Durante a visita, me identifiquei com o poeta, pois ele gostava de colecionar tudo, desde garrafas vazias até bonecos antigos. Uma estranha peça desenhada por Oscar Niemeyer é mostrada pelo guia, assim como pinturas de Diego Rivera, Fernand Léger e Roberto Matta. Gostei muito desta visita guiada. Passeio obrigatório para quem vier a Santiago. Já cansado, resolvi voltar para o hotel. Estava a quinze minutos a pé da Estación Baquedano, linha vermelha. Fiz o trajeto de volta para o Novotel. Tive três horas e meia para descansar antes de sair novamente, desta vez para jantar no La Mar do aclamado chef peruano Gastón Acurio. Tinha reservado no dia anterior para 20:30horas. Na hora exata lá estava. Fechei a noite em grande estilo.

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