Saí correndo da Funarte, onde vi o ótimo espetáculo Luís Antônio-Gabriela, em direção à Praça do Museu Nacional da República, ponto de encontro do Cena Contemporânea e local do show de Gaby Amarantos. Ric já me esperava com as pulseiras de acesso à área próxima ao palco, cortesia de nossa amiga da produção do festival. Apenas esperamos Fabíola, uma amiga do trabalho, para entrarmos na área reservada. Uma multidão já se espremia na grade que separava a área em que ficamos do público. Quem ficou na grade estava muito próximo do palco. O show integrava a programação do Latinidades - Festival da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha, em parceria com o Cena. Eram pouco mais do que 23:30 horas quando anunciaram a cantora paraense. No palco, sua banda, composta por cinco instrumentistas e duas backing vocals. Gaby entrou com figurino desenhado pelo estilista Walério Araújo, todo preto, com alguns detalhes em dourado, além dos penduricalhos de fibra ótica, comuns nos trajes da cantora. De longe, a roupa parecia ser toda negra, mas quem estava perto, percebia que a blusa, transformada em uma espécie de mini macacão, era uma destas camisetas de malha com estampa da banda de heavy metal Iron Maiden. Não foi à toa que algumas taxas douradas, típicas dos metaleiros, foram aplicadas nos ombros da camiseta. Uma saia com uma calda longa, na qual ela pisou algumas vezes, mas sem perder a pose em nenhum momento, ficava por cima da blusa. Na parte da frente da saia, que era mais curta, saíam fios de fibra ótica, com luzes nas pontas, como se fossem tentáculos de um polvo. Como colar, no estilo de figurinos dos filmes de ficção científica da década de sessenta, mais fios de fibra ótica. Meias pretas que cobriam as pernas por inteiro e uma sapatilha preta com detalhes dourados completavam o figurino. Ela entrou poderosa, cantando de cara uma canção que foi sucesso na voz de Clara Nunes, Canto das Três Raças. Tudo a ver com o tema do festival Latinidades. Depois desta canção, falou um pouco sobre sua origem, em Jurunas, bairro da periferia de Belém, de seu orgulho em ser negra e não ter o padrão de corpo esbelto ditado pela sociedade. Foi um delírio da plateia que já estava nas mãos de Gaby desde a sua entrada no palco. Em seguida, vieram os sucessos Faz o T, com a galera acompanhando na coreografia de braços, Xirlei, a canção que mais gosto, e Ela Tá Beba Doida, cujo refrão era cantado em plenos pulmões pelos milhares de fãs presentes, incluindo uma alegre e ruidosa turma de jovens paraenses que se espremiam na grade e gritavam o nome de Gaby a todo o instante. Muito solta, Amarantos deu seu recado, cantando o que gostava, tanto músicas de seu repertório, quanto sucessos nacionais e internacionais (estes em versões bem humoradas). Assim, ela cantou Vem Dançar Com Tudo, tema de abertura da novela Avenida Brasil, dançando o kuduro no palco, Ainda Bem, sucesso de Marisa Monte, em versão dançante ao ritmo do tecnobrega, Tchê Tcherê Tchê Tchê, sucesso de Gusttavo Lima, Fogo e Paixão, mega hit de Wando, também cantada em uníssono pela plateia, e versões hilárias, entre outras, para Loka, de Shakira, e Ring My Bell, sucesso da era disco na voz de Anita Ward, onde o refrão "ring my bell" se transformou em "eu não vou pro céu". Quando chegou a hora de cantar seu maior hit, Ex-Mai Love, tema de abertura de Cheias de Charme, ela dedicou a canção a uma das atrizes da novela, Chandelly Braz, que estava presente na área reservada, juntamente com os atores Samuel Toledo e Igor Angelkorte, parceiros de elenco da peça (Des)conhecidos, além de músicos da banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju. A coreografia de braços como folhas de palmeiras ao vento dominou o público durante a música Ex-Mai Love. Galera da Laje e Chuva, duas outras canções que estão no cd Treme, foram cantadas após insistentes pedidos da turma paraense que estava atrás de mim. Outro pedido atendido foi Hoje Eu Tô Solteira, versão para o sucesso Single Ladies (Put A Ring On It), de Beyoncé, quando ela disse que tinha muito orgulho de ser comparada à cantora americana, sendo chamada de Beyoncé do Pará, mas que ela era Gaby Amarantos do Pará. Nova explosão da galera. Antes de começar a cantá-la, Gaby tirou a saia, deixando à mostra seus atributos que fazem jus à comparação. Com quase duas horas de show, ela se despediu do público, dizendo que voltaria em uma semana para a estreia do projeto Invasão Paraense no CCBB, que seu disco estava à venda nas lojas especializadas, livrarias, no iTunes e na internet para quem quisesse baixar, mostrando que não se importa muito com os downloads gratuitos e piratas que imperam na rede. Ela afirmou que o importante era que as pessoas ouvissem sua música e ficassem felizes. Saiu do palco, mas logo voltou, calçada com uma sandália Crocs todo cheia de purpurina dourada, repetindo dois de seus sucessos: Ex-Mai Love e Xirlei. Foi um show alegre, alto astral. Diversão máxima.
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